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2.3 Qualidade De Vida No Trabalho

2.3.1 QVT no Brasil

No Brasil, a preocupação e estudos sobre QVT surgem mais tardiamente, aproximadamente na década de 1980, impulsionada pela competitividade acirrada das empresas, em contexto de maior abertura para a importação de produtos estrangeiros, pela globalização, pelo desenvolvimento das tecnologias que trouxeram novas exigências em relação ao trabalho e na esteira dos programas de qualidade total (FERNANDES, 1996).

Estes fatores ocasionaram, na vida dos trabalhadores, elevados índices de pressão, aumento de responsabilidade, insegurança, levando à fadiga e ao stress, afetando assim a baixa produtividade e na pouca qualidade dos produtos e serviços (ROCHA, 2012).

No início dos anos de 1990, houve a abertura da economia brasileira, o que acirrou ainda mais a competição com a entrada de produtos e negócios estrangeiros no país, fazendo com que as organizações tivessem de cortar custos para tornarem-se competitivas. Com esse corte de custos, a saída encontrada pelos empresários para esse desafio foi cortar pessoal. A recessão da economia, bem como a excessiva busca pela automação dos processos da fabricação e dos serviços também contribuíram para ceifar milhares de empregos (LUZ, 2003,).

Conforme Luz (2003), as empresas brasileiras tiveram que adotar uma série de estratégias para sobreviver ao aumento da competição, entre tantas estratégias, as principais foram o intenso uso da automação, a terceirização, redução dos níveis hierárquicos e a privatização, as fusões. O principal objetivo dessas estratégias constituía-se em reduzir gastos, aumentar a eficiência e a produtividade que eram as dificuldades que enfrentavam.

Porém, conforme Luz (2003, p.9), “[...] essas estratégias ceifaram milhares de empregos e contribuíram para mudar o comportamento dos trabalhadores [...] insegurança, desconfiança quanto à segurança no emprego”.

Existem várias demandas de QVT nas empresas brasileiras, diante disto, várias delas promovem ações, programas e projetos para a melhora da QVT em sua empresa. A QVT despertou interesses de empresários e administradores brasileiros pela contribuição que possa oferecer para elevar o nível de satisfação do empregado, e claro, da produtividade empresarial (ROCHA, 2012).

Com o intuito de conhecer algumas dessas empresas, a revista Você S/A/EXAME lançou em 1997, e vem editando a cada ano, uma edição especial denominada Guia Exame – “As 100 Melhores Empresas Pra Você Trabalhar”, com a missão de valorizar as empresas que melhor cuidam de seus colaboradores, a qual foi se aperfeiçoando ao longo dos anos, tornando-se mais abrangente, crítica e rigorosa quando ganhou a parceria da Fundação Instituto de Administração (FIA), em 2006. Em 2013 ela apresentou, “as 150 melhores empresas no Brasil para se trabalhar”, de acordo com os “Índices de Felicidade no Trabalho (IFT)”, isto é, as empresas destacaram-se pelo grau de satisfação dos seus colaboradores em trabalhar nestes empreendimentos.

No Quadro 2, são apresentadas algumas das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil em 2013 e seus respectivos setores de atuação.

Quadro 2 – As melhores empresas para trabalhar no Brasil

Fonte: VOCÊ S/A / EXAME, disponível em http://www.150melhoresempresas.com.br/.

Avaliações assim permitem saber o que o funcionário pensa e está sentido a respeito da empresa e, neste sentido, Luz (2003) afirma que permite às organizações identificar as percepções de seus empregados sobre diferentes aspectos que influenciam o seu bem-estar no trabalho, permite aprimorar continuamente a qualidade do ambiente de trabalho e, consequentemente, a QVT. Além disto, permite identificar oportunidades de melhoria da qualidade dos produto/serviços, da produtividade, do comprometimento dos empregados com os resultados da empresa e, por conseguinte, aumentar a própria rentabilidade das organizações.

Executivos funcionários na casa (anos)

Tecnologia e Computação

Google 498 91 30 3 90,7

Atacado Grupo Sinagro 239 62 29 4 86,8

Autoindústria Volvo 3.530 255 36 9 89,5 Bancos e Serviços Financeiros Consórcio Nacional Embracon 2.646 328 33 5 79,2 Bens de consumo Moinho Globo Alimentos 168 33 34 11 84,5

Construção Pomarde Portas 405 28 33 10 86,1 Cooperativas Unimed São José

do Rio Preto 438 37 34 6 81,6 Energia Elektro 3.650 131 34 8 90,5 Farmacêutico Ourofino Agronegócio 1.228 175 33 5 82,6 Indústrias diversas Embraco 6.384 320 34 10 87,2 Instituições Públicas Eletrobrás/Eletron orte 345 21 44 16 84,3 Mineração Sama 695 56 38 12 90,5 Papel e Celulose International Paper 2.730 170 37 12 76,4 Química e Petroquímica Cristal Pigmentos do Brasil 389 67 40 14 86,3

Serviços Algar Empreend. E Participações 261 175 42 12 84,3 Serviços de Saúde Laboratório Sabin 1.274 106 33 6 90,3 Siderurgia e Metalurgia Ata Indústria Mecânica 381 26 31 3 84,5 Varejo Gazin 6.016 289 30 6 88,8

No ambiente de ensino no Brasil existem algumas pesquisas sobre a QVT dos profissionais ligados à educação. Petroski (2005) teve como propósito analisar a QVT percebida pelos professores da Universidade Federal de Santa Catarina, no qual obteve como resultados que a qualidade de vida no trabalho estava aquém das necessidades dos professores; a metade dos professores está satisfeita com a QVT; o sexo masculino apresenta percepção de melhor QVT que o sexo feminino; os professores de atuam no ensino de graduação/especialização apresentam percepção de melhor QVT que os professores que atuam no mestrado/doutorado; quanto melhor a QVT percebida menor é o estresse percebido pelos professores; não houve diferença significativa entre os sexos referente aos hábitos de atividade física; pouco mais da metade dos professores são ativos ou muito ativos fisicamente entre outras conclusões obtidas com o estudo.

Outro estudo é o de Pereira (2006) que buscou identificar os perfis sócio-profissionais de docentes universitários de uma instituição pública e outra privada do leste de Minas Gerais, o significado atribuído à QVT e a ocorrência de estresse e/ou outros distúrbios no trabalho. Foi identificado que, apesar das diferentes realidades dos docentes pesquisados, o principal significado de QVT é ter condições adequadas à execução de trabalho, percebeu-se que são grupos maduros profissionalmente, que estão satisfeitos com as condições de QVT, mas que ressaltam modificações em aspectos pertinentes ao trabalho. Outra conclusão foi a de que ficam estressados e apresentam sintomas de Burnout em épocas de maiores demandas de trabalho e o significado de QVT está relacionado às condições materiais e não materiais adequadas à execução do trabalho.

Em pesquisa mais recente, Catapan et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de analisar a percepção do nível de QVT dos profissionais docentes do ensino médio e superior que atuam no Brasil. Neste sentido, foram aplicados questionários com docentes do Brasil e obtiveram como resultado dois grupos. O primeiro grupo ainda busca realizar-se profissionalmente em suas vidas e as condições de trabalho não os satisfazem integralmente, condições as quais são alcançadas nos respondentes do segundo grupo, o que demonstra um indicativo de melhor QVT.

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