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Com toda a preocupação mundial em torno do trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919, editou várias convenções e recomendações com a intenção de diminuir os efeitos do uso do trabalho infanto-juvenil. Dentre todas as convenções, merecem destaque as: de n°. 138, de 1973, que em seu conteúdo almeja que os países que a ratifiquem se comprometam em adotar uma política que garanta a efetiva eliminação do trabalho infantil e a elevação da idade mínima para o ingresso em atividades laboral, de acordo com o desenvolvimento do adolescente; a de n°.182, de 199 9, que traz em seu contexto a proibição das piores formas de trabalho infantil, informando que os países ratificantes deveriam estabelecer mecanismo de fiscalização e estes deveriam prestar assistência direta para livrar as crianças das piores formas de trabalho, garantindo uma reabilitação social e acesso à educação.

Em relação à recomendação, a de n°. 146 da OlT poss ibilitou aos Estados-Membros determinar a idade mínima, para o ingresso no trabalho, tentando assim, alcançar os objetivos da Convenção de n°. 13 8. O Brasil em 1998, com a Emenda Constitucional n°. 20, fixou o limite mínimo de idade para o trabalho em 16 anos, permitindo que, com 14 anos pudessem ingressar apenas na condição de aprendiz. Esta emenda permitiu que o Brasil ratificasse a Convenção de n°.138 da OIT. Assim, os jovens até 16 anos não poderiam trabalhar, de acordo com a Constituição Federal de 1988; era permitido o trabalho de 16 a 18 anos de idade, e de 14 a 16, apenas como aprendiz. Vale dizer que antes da Emenda Constitucional nº 20 o trabalho poderia ser exercido a partir de 14 anos.

3.4 Trabalho infanto-junvenil na zona rural e urbana brasileira

O trabalho infanto-juvenil rural é aquele que se utiliza da mão-de-obra de crianças e adolescente e ocorre, principalmente, na região Nordeste. Isto se deve ao fato de a que a maioria das famílias trabalharem por produção, ou seja, o ganho final depende de quanto se conseguiu produzir. Assim o trabalhador rural arregimenta toda a sua família para participar do processo produtivo. Via de regra, como os contratados são os pais, essas crianças e adolescentes acabam por ficar à margem dos benefícios trabalhistas e sociais.

Esses trabalhadores infanto-juvenis ativam-se em trabalhos considerados insalubres até mesmo para adultos, atuando na capinação, manipulação de agrotóxicos, carregamentos de sacos com produtos de colheita, pastoreio de animais, dentre outras atividades inerentes ao trabalho rural. Dessa forma ficam expostos à radiação solar, pesos excessivos, esforços repetitivos, excesso de ruídos, mutilação por motoserras, contato com sílica e poeira e quedas.

No âmbito urbano, muitas crianças passam seus dias nos lixões, selecionando material reciclável para venda, alimentação e objetos para uso próprio, dentre eles carrinhos e bonecas. Nesse trabalho, entram em contato com agentes biológicos nocivos à saúde.

Há ainda crianças trabalhando de forma eventual ou não na venda de pequenos produtos como balas, chicletes, refrigerantes, jornais, de entorpecentes, além da vigilância de veículos.

3.5 Fundamentos da proteção ao trabalho infanto-juvenil

Os fundamentos estão diretamente relacionados com a necessidade do Estado em resguardar a integridade física e psíquica do ser humano que está em fase de desenvolvimento.

A maturidade física e a constituição fisiológica do trabalhador infanto-juvenil são fatores relevantes, que não podem ser desdenhados na regulamentação das condições de trabalho no mundo moderno. O Estado deve preocupar-se não só com a tutela social, mas também com a integridade biológica do trabalhador menor o qual está em fase de desenvolvimento.

A atuação do Estado na proteção dos direitos do trabalhador infanto-juvenil está balizada em motivos de ordem fisiológica, de segurança pessoal, de salubridade, de moralidade e de cultura.

Os motivos fisiológicos são destinados a proteger o desenvolvimento físico normal do menor, pela imposição de limites naturais aos trabalhos de duração excessiva, noturnos, insalubre, perigosos, penosos, que exigem dispêndio de força e energia, protegendo o seu desenvolvimento físico.

Os motivos de segurança pessoal são destinados a proteger o trabalhador infanto-juvenil da exposição a riscos de acidentes de trabalho, decorrentes de sua própria debilidade etária, evitando que se possa exigir do menor uma atenção maior do que o mesmo é capacitado a dar.

Os motivos da salubridade são destinados a proteger o trabalho em condições agressivas à sua saúde ou em contato com sustâncias prejudiciais à sua saúde e incolumidade física.

Os motivos da moralidade são destinados a proteger trabalhador infanto-juvenil do trabalho em atividades que, embora lícitas, sejam de moralidade duvidosa, afastando o mesmo de ambientes que coloquem em risco ou prejudiquem a sua formação moral.

Os motivos culturais são destinados a proteger o trabalhador infanto-juvenil para que o mesmo tenha uma formação educacional adequada, não se permitindo que se dedique exclusivamente ao trabalho em detrimento de seu estudo e educação.

Os fundamentos de proteção ao trabalhador infanto-juvenil são de extrema importância ao pleno desenvolvimento físico, emocional, cognitivo, social e cultural do mesmo, e devem ser preservados por meio de uma ação efetiva do Estado.

Cabe também ao Estado o dever de adotar medidas para proteger o adolescente que necessita trabalhar, para que sua atividade laborativa não venha a prejudicar o seu crescimento, nem o afaste da família e da escola, onde seguramente receberá todas as lições necessárias à sua formação e à sua inserção na sociedade.

Vale notar que o trabalho do adolescente deve ser norteado pela observância de todos os fundamentos de proteção, uma vez que o trabalho precoce ou em condições impróprias acarretam seqüelas irreparáveis.

4 TRABALHO PERMITIDO

Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a Consolidação das Leis do Trabalho (CL T), em seu artigo 446, tem a maioridade aos 18 anos e, no artigo 402, considera menor o trabalhador de 14 até 18 anos, sendo de 14 a 16 apenas na condição de aprendiz.

Na permissão constitucional ao trabalho do adolescente, de acordo com o ECA, verifica-se tratar de uma relação de emprego com todos os requisitos necessários, tais como: prestar um serviço subordinado, contínuo e remunerado. A tal empregado são assegurados todos os direitos trabalhistas previstos na CLT.

Contudo, há normas de proteção à escolaridade, como é observado nos artigos 427, 136,134 § 2° da CL T. De acordo com estes artigos v ê-se o empregado menor de 18 anos terá o direito de suas férias laborais coincidirem com as férias escolares; no local da atividade que ocupar menores, o empregador será obrigado a conceder o tempo necessário para a frequência escolar; tendo este mais de trinta menores analfabetos em seu estabelecimento e a escola for distante mais de dois quilômetros, terá a empresa que manter local apropriado, para que estes jovens possam ter a instrução primária.

Como já foi citado, a Constituição Federal de 1988 proíbe em seu artigo 7º, inciso XXXIII, o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos.

Segundo Minharro (2003, p.66, apud Oliveira, 1994, p.71-72), a proteção legal especial dada a estes jovens justifica-se através de três pontos: o primeiro ponto refere-se ao fato de o organismo dos menores ser mais suscetível aos agentes agressivos, sofrendo as consequências físicas e psicológicas da insalubridade, periculosidade e penosidade; no segundo ponto ele afirma que quanto maior a pobreza, maior será a fragilidade orgânica, tomando-os mais propensos às doenças;

por último, indica que manter o trabalho de crianças e adolescentes em condições impróprias pode causar um alto custo social, visto que utilizaram mais cedo o sistema de saúde e o sistema previdenciário.

O trabalho noturno é aquele realizado entre as 22 horas de um dia às 5 horas do dia seguinte (art. 404 da CLT), que são justificados por razões de ordem biológica, social e econômica. O ECA, no art. 67, inciso I, também segue a mesma orientação. A problemática esta na ausência de esclarecimentos a respeito dos horários noturnos dos trabalhadores rurais menores. A Legislação que regulamenta o trabalho rural (Lei n° 5.889/73), artigos 7º e 8º a firma que o horário é de 20 horas de um dia e às 4 horas do dia seguinte e das 21 horas às 5 horas do dia seguinte se for exercidas as atividades na agricultura. O ECA não faz qualquer menção à estes tipos de trabalho, assim é possível a aplicação da Lei nº 5.889/73, por esta ser especial e trazer em seu conteúdo uma melhor condição ao empregado.

Vê-se a proibição também em relação às atividades exercidas em locais perigosos ou insalubres (art. 405, I da CLT). São consideradas perigosas as atividades desenvolvidas de forma não eventual que impliquem contato com substâncias inflamáveis, explosivos e com eletricidade, em condições de risco acentuado, de acordo com a recomendação n°.190 da O IT, e as insalubres são aquelas que pressupõem exposição a agentes químico, físico e biológico prejudiciais à saúde. Justifica-se esta vedação legal pelo fato do organismo dos menores está em crescimento e assim não reagirem de forma igual a um adulto, pois seu sistema imunológico é mais frágil. A relação das atividades perigosas ou insalubres proibidas aos menores está prevista na Portaria MTE/SIT n°. 0 6, de 2001.

Os incisos III e IV do artigo 67 do ECA e o artigo 403, parágrafo único da CLT prevê uma proibição quanto ao exercício de atividades laborais por adolescentes em locais prejudiciais à sua formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social, bem como vedam os trabalhos realizados em horários e locais que não permitam o acesso à escola. Sendo considerado trabalho prejudicial à formação moral do menor, as atividades realizadas em teatro de revista, boates, cassinos, cabarés, empresas circenses (podendo ser autorizada pelo Juiz da Infância e Juventude); as atividades ligadas à venda a varejo de bebidas alcoólicas e à confecção e veiculação de impressos comprometedores dos bons costumes (art.

405, § 30 da CLT). Os trabalhos prejudiciais à formação social são aqueles que segregam os adolescentes do restante do convívio social. Já os trabalhos

prejudiciais à integridade física são aqueles que coincidem com os realizados em atividades insalubres, perigosas e penosas.

Em relação ao trabalho penoso, o ECA não se manifestou no sentido de esclarecer o que viria a, ser esta forma de trabalho, portanto, por analogia aplica-se o disposto na recomendação n°. 95 de 1952 da OIT, q ue considera trabalho penoso aquele que implique em levantar, empurrar ou retirar grandes pesos, ou que envolva esforço físico excessivo ao qual o trabalhador não está acostumado.

É proibido ainda o trabalho de menores no subsolo, de acordo com a CL T no artigo 301. Existem outras vedações aos menores de 18 anos em leis e decretos que tratam de atividades específicas, porém não serão abordadas neste trabalho.

4.1 Discriminação na relação de emprego

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A discriminação na relação de emprego é uma ofensa direta ao princípio da igualdade. O ato de discriminar compreende a distinção, exclusão ou preferência fundada em um preconceito social, que tem como finalidade alterar ou anular a igualdade de oportunidades ou de tratamento no emprego ou profissão, de acordo com o artigo 1º da Convenção nº 111 da OIT, de 1958.

Esta discriminação caracteriza-se pela negação da igualdade necessária ao empregado e dessa forma ocorre a criação de desigualdades entre os trabalhadores. De acordo com Brito Filho (2002, p.44), a discriminação é classificada quanto à forma, quanto ao momento, quanto aos efeitos e quanto ao motivo. Quanto à forma verifica-se o ferimento de regras, de forma aberta, direta, ou simulando o seu cumprimento. Quanto ao momento, poderá ocorrer, na admissão, no curso do contrato, e na extinção do pacto, assim poderá ocorrer em todas as etapas do pacto laboral. Já em relação aos efeitos não é possível prever todas as hipóteses, pois variam de acordo com a situação. No tocante aos motivos, funda-se em raízes psicossocial, educacional ou econômico, podendo listá-las: o ódio, a supremacia

racial, a antipatia, os preconceitos, a ignorância, o temor, a intolerância e a política meditada e estabelecida (OIT apud BARROS, 2005, p.l 066).

Segundo Alice Monteiro de Barros (2005, p. 1069), a discriminação, manifesta-se de forma direta, indireta e oculta.

A primeira é conceituada como o ato por meio do qual se atribui ao empregado um tratamento desigual, com efeitos prejudiciais, fundado em razões proibidas, enquanto a discriminação indireta traduz um tratamento formalmente igual, mas que produzirá efeito diverso sobre determinados grupos. Já a discriminação oculta, prevista no direito francês, se funda em motivo proibido, mas não confessado. Ela se distingue da discriminação indireta porque aquela pressupõe a intenção da discriminar, o que não ocorre com esta última.

Independe da classificação e da forma de manifestação, a existência da discriminação fere diretamente o Título II da Constituição Federal de 1988, onde são elencados os direitos e garantias fundamentais, que abrangem cinco espécies, dentre elas, as mais importantes (para esse estudo) são os direitos individuais e coletivos e os direitos sociais. O artigo 5º caput é a base legal para o princípio da igualdade, o qual afirma que todos são iguais perante a lei, garantindo o direito à vida, à liberdade, à igualdade. Nos direitos sociais, que estão no capítulo II da Carta Magna, mais precisamente no artigo 7º, inciso XXX, define os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e proíbe expressamente a diferença de salários, de exercício de funções e critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. A Carta Magna veda expressamente a discriminação, em seu art. 227, o qual dispõe que é dever da família, da sociedade e do Estado colocar a criança e o adolescente a salvo de toda forma de discriminação.

Diante deste contexto, o Tribunal Superior do Trabalho vem corroborando com os dispositivos constitucionais, como por exemplo, ao anular cláusulas do Acordo Coletivo 1996/1997, homologado entre os sindicatos de trabalhadores e indústrias alimentícias do Rio Grande do Sul, consideradas discriminatórias a trabalhadores menores de 18 anos. O Ministro João Oreste Dalazen, ao anular os efeitos das cláusulas, afirmou que:

Reputo discriminatórias as cláusulas, uma vez que excluem o trabalhador, em razão da idade, da incidência do salário normativo, bem como do piso salarial ajustado para toda a categoria profissional. Não há qualquer peculiariedade a justificar a diferença no pagamento de salários para os empregados menores, que contribuem com sua forחa de trabalho da mesma forma que os trabalhadores maiores ocupantes de funções semelhantes, máxime se não há distinção no tocante à jornada de trabalho. (RODC 96946/2003-900-04-00.6-Seção Especializada em Dissídios Coletivos; 13/09/2005).

Assim, por meio de seus julgados, o Tribunal Superior do Trabalho vem combatendo a discriminação de forma contundente, conforme é evidente nos julgados, onde é possível observar que a discriminação salarial do menor empregado é expressamente combatida:

RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO ANULATÓRIA INTERPOSTO PELO SINDICATO DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS CONTÁBEIS, ASSESSORAMENTO, PERÍCIAS, INFORMAÇÕES E PESQUISAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL-SESCON. qualquer proibição de prática do ato que o Ministério Público do Trabalho procura, mediante pedido de obrigação de não fazer, obter; porquanto, das normas geradoras da nulidade não se pode extrair a conclusão de que os sindicatos nao devam incluir determinada cláusula em instrumentos normativos. Recursos Ordinários em Ação Anulatória aos quais se nega provimento.

DECISÃO

Por unanimidade, I- recurso do sindicato patronal-rejeitar a preliminar de perda do objeto da Ação Anulatória e, no mérito, negar provimento ao recurso; II- recurso do Ministério Público do Trabalho- negar-lhe provimento.

ORIGEM-TST, decisדo: 07/02/2000; ROAA 602945, Recurso Ordinário em Ação Anulatória, Turma-DC; Orgão Julgador: Seção Especializada em Dissídios Coletivos.

PISO NORMATIVO DE EMPREGADO MENOR. VULNERA O ARTIGO QUINTO,

Observa-se que o prestigiado entendimento do Tribunal Superior do Trabalho é claro em não permitir que citada discriminação não ocorra habitualmente, visto que não há motivos para ocorrência dessa pratica.

4.2 Trabalho aprendizagem

A aprendizagem tem seu conceito no ECA (art.62), a qual é definida como formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. A definição de aprendizagem também pode ser extraída do artigo 428 da CLT, com redação dada pela Lei n°. 10.097/00, que a conceitua, como formação técnico-profissional metódica compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico do aprendiz.

No Brasil, de acordo com o art. 431 da CLT, existem duas formas de realizar a aprendizagem. Uma das espécies é a aprendizagem escolar, que se trata de uma relação entre estabelecimento de ensino e aluno, com fins educativos, não gerando, portanto, vínculo empregatício. A outra espécie é a aprendizagem empresária, que discorre de uma relação empregatícia estabelecida através de contrato, onde o aprendiz tem com função estudar e aprender um ofício que demande uma formação profissional (MINHARRO, 2002, p. 76).

Conforme dispõe o art. 428 da CLT, o contrato de aprendizagem é um contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica e compatível com o desenvolvimento do principiante. Este contrato tem como requisito a inscrição do adolescente em programas de aprendizagem desenvolvidos por entidades qualificadas, como SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem no Transporte).

Vale ressaltar que o contrato de aprendizagem não se aplica a todos os trabalhos, devendo, portanto, a atividade estar inserida na relação constante de Portaria do Ministério do Trabalho, que determina quais são as atividades sujeitas à aprendizagem.

O adolescente, para ser aprendiz, deverá ter idade entre 14 e 18 anos, com fundamento no art. 428 da CLT em consonância com o art. 7º, inciso XXXIII da Carta Magna. Impende destacar na legislação consolidada (art. 432) que a jornada diária do novato não poderá ser superior a seis horas, incluídas as atividades teóricas e práticas, sendo proibidas a prorrogação e a compensação da mesma. No entanto, o limite de seis horas poderá ser ultrapassado em até 2 horas, se o aprendiz já tenha completado o ensino fundamental (art.432, § 1°, CLT).

No que tange à remuneração do aprendiz, a Lei n°. 1 0.097/00, ao derrogar o art. 80 da CLT, encerrou a controvérsia entre este tema. Assim, é pacífico

o entendimento que ao aprendiz será garantido o salário-mínimo-hora, conforme reza o inciso §2° do art.428 da Consolidação das Le is do Trabalho.

4.3 Trabalho educativo

O trabalho educativo também é conhecido como trabalho assistido, sendo esta terminologia usada por Amauri Mascaro Nascimento. Ocorre que a Constituição Federal vigente traz em seu texto apenas duas formas de trabalho permitindo para menores de 18 anos, ou o menor é empregado ou é aprendiz, não prevendo, direito a cidadania plena, dentre eles, o direito à profissionalização, que está inserido ao nível de direito fundamental (art. 227).

O Estatuto da Criança e do Adolescente segue as diretrizes da. Carta Magna preceituando o trabalho educativo (art. 68) como sendo o trabalho realizado sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, nas quais as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevaleçam sobre o aspecto produtivo, e que a remuneração percebida ou a participação na venda de produtos do seu trabalho não desfigure o caráter educativo, tem por fim assegurar que o adolescente tenha condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

O conceito de trabalho educativo deixa patente a preocupação legislatlva emo priorizar as exigências pedagógicas em relação às produtivas. Nesse sentido, o trabalho educativo, em sua essência, não pode ser interpretado como uma exigência do trabalho comum, mas apenas um meio para que o menor possa alcançar o pleno desenvolvimento pessoal e social.

(NASCIMENTO, 2003, p.135).

O art. 68 do ECA traz o conceito do que é o trabalho educativo, mas há a necessidade de uma regulamentação, a qual veio com a Lei n°. 10.097/2000. Esta lei incluiu o trabalho educativo como uma modalidade de aprendizagem,

solucionando, assim, a falta de previsão constitucional para esta modalidade de trabalho.

A CLT também faz menção ao trabalho educativo em seu artigo 430, onde afirma que, na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta incapacidade poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica, as quais serão: Escolas Técnicas de Educação e entidades sem fins lucrativos, as quais deverão ser registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (redação dada pela lei n.

10.097/00). O Ministério do Trabalho e Emprego baixou a Portaria nº. 702, de 18 de dezembro de 2001, que estabelece as normas para avaliação da competência das entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a educação profissional e que se proponham a desenvolver programas de aprendizagem, nos termos do artigo 430 da CLT.

4.4 Estatísticas do trabalho infantil

O mapa de indicativos do trabalho da criança e do adolescente, publicado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, é uma ação do governo no sentido de oferecer a sociedade informações que podem auxiliar no melhor conhecimento da questão do trabalho infantil, contribuindo, para o aperfeiçoamento das políticas

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