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5. Análise Comparativa de Soluções Estruturais 41

5.4. A NÁLISE C OMPARATIVA DAS S OLUÇÕES E STRUTURAIS E QUACIONADAS 61

5.4.2. T ÚNEL 62

5.4.2.6. Rapidez de execução, manutenção e custo 64

No que concerne à manutenção das várias soluções abordadas, o único aspecto que se posiciona como factor de distinção é o sistema de drenagem considerado. Assim, como já foi referido, existem duas situações distintas que levam à consideração de diferentes sistemas de drenagem – paredes impermeáveis e paredes permeáveis. Nos casos em que as paredes do túnel são impermeáveis, é necessário acautelar apenas a drenagem da precipitação que ocorre nas rampas de acesso e que por gravidade aflui ao túnel. No ponto oposto, encontram-se as soluções de paredes permeáveis. Nestas, para além de se assegurar a drenagem do caudal correspondente às soluções impermeáveis, é também necessário considerar o caudal percolado através do maciço. Uma vez dimensionado o sistema de drenagem, é preciso definir a sua ligação aos colectores da rede pública. Consequência primária da definição de túnel, é o facto de estes se desenvolverem inevitavelmente no subsolo. Desta forma, torna-se muitas vezes inviável que a drenagem aconteça por gravidade, sendo necessário recorrer a sistemas de bombagem. Estes serão tanto mais dispendiosos quanto maior for o caudal a bombear, quer pelo investimento inicial em equipamento, quer pelos custos inerentes ao seu funcionamento e manutenção, sendo por isso preferível a adopção de soluções que minimizem o caudal a bombear, ou seja, soluções de paredes impermeáveis.

Centrando agora a atenção apenas nas soluções em que se recorre a cortinas de estacas moldadas para executar as paredes do túnel, mais concretamente na dicotomia – estacas moldadas espaçadas versus estacas moldadas secantes – começa-se por apontar alguns aspectos que as diferenciam ao nível do processo construtivo.

O processo construtivo das cortinas de estacas moldadas secantes, quando comparado com o das cortinas de estacas moldadas espaçadas, compreende duas fases distintas:

ƒ execução das estacas primárias; ƒ execução das estacas secundárias.

Uma vez implantada no terreno a posição do centro de todas as estacas que constituem a cortina, procede-se à realização das estacas primárias. A sua execução limita-se à furação e à betonagem, sem colocação de armadura. É de notar que este procedimento não se processa de uma forma contínua, mas sim alternada, deixando entre duas estacas primárias o espaço correspondente a uma estaca, para posterior execução da estaca secundária.

Concluída a realização das estacas primárias, procede-se à execução das estacas secundárias. Consequência directa do espaçamento entre estacas ser inferior ao valor do seu diâmetro, o furo para a realização das estacas secundárias irá interceptar necessariamente parte das estacas primárias adjacentes. Assim, a execução das estacas secundárias deverá acontecer antes de o betão das estacas primárias atingir a resistência máxima, facilitando desta forma a furação. O processo construtivo das estacas secundárias, tal como o das primárias, passa pela furação e betonagem, mas agora, após a betonagem, acrescenta-se a armadura. Sintetizando, as cortinas de estacas secantes são constituídas alternadamente por estacas primárias e por estacas secundárias, sem e com armadura, respectivamente. Na Figura 5.54 ilustra-se o processo construtivo.

Figura 5.54 – Fases da construção de uma cortina de estacas moldadas secantes: a) execução das estacas primárias; b) execução das estacas secundárias.

Comparando os dois tipos, é compreensível que as cortinas de estacas moldadas secantes resultem numa solução mais onerosa e morosa. No entanto, e como vantagem decisiva que muitas vezes conduz à sua adopção em detrimento da solução com estacas espaçadas, sobretudo em escavações em que o nível freático é condicionante, aponta-se o facto de serem impermeáveis. Com efeito, se a construção decorrer como previsto, as cortinas de estacas moldadas secantes constituirão uma barreira contínua de betão, impedindo a passagem de água para o interior da escavação. Contudo, para que tal aconteça, é necessário que toda a execução se processe com bastante precisão. O aspecto fulcral a controlar reside em garantir a verticalidade da furação dentro de um intervalo aceitável. Claro que esse intervalo terá de ser mais estreito à medida que se efectuarem escavações mais profundas, sendo, portanto, a probabilidade de insucesso crescente com a profundidade de escavação.

A análise das várias soluções em função do custo, com base na estimativa da quantidade de materiais necessários à sua execução, não constituiria um exercício de particular dificuldade. Contudo, associados a cada opção, surgem aspectos que têm importância não desprezável na definição do custo e que não são contabilizáveis através da quantidade de materiais utilizados, como os que resultam do sistema de drenagem. Assim, uma conjectura credível exigiria a consideração simultânea de vários

a)

factores, e realizada de uma forma quantitativa e não apenas qualitativa, aspecto que ultrapassa largamente o âmbito deste trabalho. Para além disto, existem ainda os aspectos particulares de produção que, como se compreende, são variáveis de empreiteiro para empreiteiro, donde resulta que uma determinada solução pode afigurar-se economicamente mais vantajosa para um e menos para outro.

Se a importância a atribuir ao factor custo, salvo raras excepções, é bastante significativa e transversal a todas as obras, já a importância a atribuir ao factor prazo (duração da obra) é variável, não sendo necessariamente condicionante. Crê-se, no entanto, que sendo esta uma obra urbana, pelo incómodo que inevitavelmente a sua construção causará, seja conveniente que decorra no menor período de tempo possível, devendo-se por isso ter este aspecto em atenção na selecção da solução.

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