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4.1 A criação do “UDI Cello”

4.1.3 Razões para criação do grupo

Ao ser perguntado do porquê o grupo foi criado, o professor Kayami (Entrevista dia 07/08/2018, p. 6) disse que “precisava ter um coletivo de violoncelos para que desse coletivo

22 O caixinha do grupo era onde ficava guardado o dinheiro que o “UDI Cello” recebia dos cachês das apresentações ou até mesmo o valor recebido das vendas da lojinha. Esse “caixinha” normalmente ficava com determinados integrantes do grupo, porém, mais recentemente, a empresa “Art Cello” passou a administrar o financeiro do grupo e tudo aquilo que é relacionado a dinheiro no “UDI Cello”.

ele pudesse criar uma demanda de alunos para o próprio Curso de Violoncelo da Universidade”. Acreditava que o grupo “tinha de ter uma constante, funcionar o ano inteiro para que o projeto tivesse mais atrelado com o plano pedagógico” porque “poderia fazer uma crescente de repertórios com vários níveis de dificuldade das músicas” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 7).

O professor Kayami (Entrevista dia 07/08/2018, p. 7) conta que o seu objetivo com o grupo era estar em contato com violoncelistas que não estavam na universidade, “e de certa forma, colocar alguns pontos de exigência que se fariam necessários para quando eles viessem para a universidade”.

Outro objetivo do grupo, segundo ele, era tocar um pouco mais de músicas que estavam engavetadas ou compositores pouco conhecidos, pois, como os ensaios eram ao menos uma vez na semana, haveria disponibilidade de tempo para ver essas partituras. Com isso, “os compositores tiveram vontade de escrever sabendo que as peças não iriam direto para uma gaveta” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 8). Ele ainda acrescentou que “a música brasileira estava na ata da primeira reunião. A gente queria fazer música brasileira e de compositores vivos”. Ele ainda diz que:

queria mostrar que o violoncelo pode ser protagonista, ou seja, o violoncelo das sonatas, dos concertos, das grandes obras solos. Então, que ele chegou e desenvolveu tanto quanto o violino e que poderia ter o seu papel protagonista. A questão é que para ele ter esse papel protagonista a gente tem que excluir o violino. A partir desse momento que a gente faz um ensemble de violoncelos todas as vozes importantes, todos os solos vão para os violoncelos (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 8).

O professor ainda observa que:

o objetivo principal do “UDI Cello” se tornou um projeto que a gente intitulou de “UFU Cellos” 23, que é o de receber qualquer aluno, indiferente

do nível que está, mas que tem interesse em violoncelo, de fomentar o seu estudo, de encontrar com coletivo de violoncelistas. Esse objetivo hoje fica para o “UFU Cellos” e o “UDI Cello” tem um papel de um grupo de performance, de alta performance, com destaque nacional e com alguma incursão internacional, alguma projeção internacional, vide os vídeos do grupo que são amplamente escutados mundialmente e que criaram de certa forma patamares (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 9).

23 O “UFU Cellos” é um grupo criado pelo professor Kayami Satomi dentro da Universidade Federal de Uberlândia com o intuito de receber alunos que toquem violoncelo, independente do nível técnico. Normalmente participam do grupo alunos de violoncelo do Conservatório ou até mesmo alunos dos discentes da UFU.

Já hoje o grupo “UDI Cello” mudou seus objetivos e, segundo o professor Kayami, o que está em questão “já não é mais a conexão com o aluno externo”. Os integrantes do grupo são alunos da Universidade, e o objetivo “do grupo ser vitrine do instrumento ficou mais evidente” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 8). Ressalta ainda que “o violoncelo não é um instrumento amplamente conhecido, ele é um instrumento que fica muito à sombra do violino e do piano, por exemplo, que são instrumentos realmente populares” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 8).

No cenário internacional da música, o professor Kayami destaca que o objetivo do grupo é “mostrar o que a gente tem de melhor e a marca [do grupo] é o jeito de tocar música brasileira, não só a popular, mas a erudita também” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 10). Ele ressalta que a música brasileira tem uma maneira de se tocar, de se pesquisar e que gostaria muito de expandir para a música latino-americana por se tratar de um grupo que mantém uma rotina de ensaios semanais e com um calendário anual de atividades.

Já no patamar nacional da música, o objetivo do grupo é “fomentar o violoncelo, fomentar a imagem do violoncelo, estimular a imagem, o aprendizado, o consumo do violoncelo, tanto nacionalmente como regionalmente” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p.10). Acrescenta ainda que outro objetivo do grupo é mostrar que o violoncelo, “pode tocar com swing, pode ser virtuoso tanto quanto o violino ou piano” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 10).

Para o professor Kayami, hoje o objetivo do grupo é:

ter uma visão mais internacional da música, um patamar mais internacional, não só regional. Estimular a região a ter mais violoncelistas, e buscar mais violoncelos, o que de certa forma retroalimenta a máquina toda porque mais interesse cresce, mais número de alunos, e alunos com qualidade também. Com o crescimento do movimento os alunos integrantes que vem para a região eles podem trabalhar, pois cria-se empregos, criam-se novas possibilidades. E eu acredito muito nisso, a gente não pode esquecer nunca que os cargos que estão sendo criados na região são fomentados pelo “UDI Cello” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 9).

Ao falar sobre seus objetivos pessoais para o grupo, o professor Kayami diz que espera que o “UDI Cello” “seja um grupo profissional, que seja um grupo que inspire bons hábitos de grupos, que seja um grupo de referência internacional e que também chame atenção internacionalmente de outros compositores” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 13). Ele gostaria também que o grupo chamasse mais atenção e interagisse mais

internacionalmente, sendo um grupo “de carreira e que não fosse um grupo só de estudantes universitários” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 13). Ele ainda diz que:

no momento que isso acontecer, que eu vejo pro “UDI Cello” daqui a 10 anos, outro grupo vai ter que suplantar o “UDI Cello”, ou seja, tem que ter um grupo de estudantes, não sei se ensaiando semanalmente, mas que fomente o nível para levar esses alunos para o “UDI Cello” no futuro. Esse é o plano de internacionalização, e profissionalização, e teria que ainda haver outro grupo como o “UFU Cello”, porque cada um desses espaços que a gente deu, cada um desses objetivos é importante para o processo (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 13).

Ele conclui dizendo que “tem que ter um grupo dentro da Universidade que seja uma vitrine, que esteja se apresentando regionalmente, nacionalmente e outro grupo de ponta que possa sair fazendo performances o tempo todo, e cada grupo desses tem seu objetivo bem definido” (Kayami, entrevista dia 07/08/2018, p. 13).

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