• Nenhum resultado encontrado

Várias são as causas que influenciam o menor a cometer o ato infracional. A delinquência juvenil no mundo de hoje tem crescido a cada dia que passa, e cada vez mais aumenta o índice de fatores que fazem crianças e adolescentes cometer tais atos. Por se tratarem de pessoas em desenvolvimento, sem o total discernimento, acredita-se que a miséria é um desses fatores, bem como a influencia de amigos, colegas, a falta de assistência do Estado, problemas dentro das famílias e etc.

Pereira (2008, p. 931) comenta o assunto:

A violência tem alcançado índices alarmantes não só em nosso país, mas também em todo o mundo. Neste contexto, esta inserida a questão da delinquência juvenil, fruto, quase sempre, da miséria, da concentração de renda, da desagregação familiar e da peculiar condição psíquica de pessoas em fase de desenvolvimento.

Um dos fatores que podemos citar é a falta condições para o desenvolvimento “socioindividual”, conforme explica Paula (2006, p. 27):

[...] parece que, culturalmente, a infração na infância também tem raiz em um Estado de Desvalor Social, na medida em que a falta de condições para o desenvolvimento socioindividual propicia a violação da ordem jurídica, bastando

olhar para as estatísticas que apontam os delitos contra o patrimônio no topo do ranking das infrações cometidas por crianças e jovens.

Outro fator contribuinte para a prática do ato infracional, constitui-se na ausência do Estado, segundo Bandeira (2006, p. 231):

A ausência do Estado e a negação do direito de cidadania implicam o nascimento dos bolsões de miséria e da criminalidade. O traficante acaba assumindo, dissimuladamente, o papel do Estado, dando segurança, dinheiro, gás, alimento, e outros utensílios ao carente, fazendo-o ingressar no mundo das drogas e do crime.

Pereira (2008, p. 932) cita dados de um estudo acerca do ato infracional juvenil: Um estude realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada – IPEA – na tentativa de justificar o fenômeno atual do ato infracional juvenil, concluindo em 2003 que ele esta associado não à pobreza em si, mas, sobretudo, à desigualdade social, ao não-exercício da cidadania e à ausência de políticas sociais básicas supletivas e de proteção implementadas pelo Estado. Afirma, finalmente: „é a convivência em um mesmo espaço social de adolescentes pobres e ricos que avulta a revolta e dificulta sua busca por reconhecimento social na direção da construção de sua identidade‟.

O abandono, a falta de carinho, de amor, de afeição, de segurança por parte dos pais, também podem ser levados em consideração, pois são itens de grande importância para sua formação. Com isso, podemos salientar que a família é um dos fatores que contribui para a prática do ato infracional. Conforme menciona Bandeira (2006, p. 231):

O menor, normalmente filho de pais com problemas, sobrevive num ambiente hostil, no âmbito de uma família desestruturada, sendo atraído, facilmente, para a droga, como forma de fuga inicial da vida difícil. O garoto começa furtando os objetos de casa, depois parte para pequenos furtos na vizinhança, e passa a roubar e a matar para manter o vício da droga. Revela, gradualmente, um comportamento contrário aos padrões exigidos pela sociedade, rebelando-se contra a família e os diversos grupos sociais organizados, partindo firme em direção ao crime, alcoolismo e drogas.

Segundo Pereira (2008), a família brasileira ficou enfraquecida, desestruturada devido às drogas, a violência, ao alcoolismo, à prostituição, ao desprezo dos valores morais, fazendo com que os pais chegassem a ponto de abandonar seus filhos.

Volpi (2011, p. 62-63) Afirma que:

O desconhecimento do ECA, bem como a resistência de alguns setores da sociedade brasileira à sua implantação, tem levado a uma visão criança e adolescentes. Assim, acusa-se o ECA de não prever medidas que caibam a prática de atos infracionais, estimulando o aumento da delinqüência infanto – juvenil.

A sociedade pode ser considerada também como uma das causas que leva o menor a praticar tal ato. Conforme afirma Carride (2006, p. 326):

O problema do menor, sem dúvida, tem origem social. A exclusão social de atinge grande parte da população e de maneira marcante as crianças e os adolescentes. E, „dentro desse contexto o menor deve ser considerado como vítima de uma sociedade de consumo, desumana e muitas vezes cruel e como tal deve ser tratado e não punido, preparando profissionalmente e não marcado pelo rótulo fácil de infrator, pois foi a própria sociedade que infringiu as regras mínimas que deveriam ser oferecidas ao ser humano quando nasce, não podendo, depois, agir com verdadeiro rigor penal contra um menor, na maioria das vezes subproduto de uma situação social anômala. Se o menor é vítima, deverá receber medidas inspiradas na pedagogia corretiva...‟

As sociedades que oferecem ao menor uma alternativa profissional e educacional mais ampla, ajudam a amenizar o alto índice de criminalidade, e assim também de atos infracionais. De acordo com Pereira (2008, p. 932):

Uma revisão dos padrões criminais na população geral de jovens indica que o comportamento delinquente tornou-se uma ocorrência comum durante a adolescência. Esta constatação parece indicar a existência de uma íntima relação entre desenvolvimento do adolescente e comportamentos delinquentes. Estudos comprovam que o adolescente, ao se defrontar com a sociedade, sofre uma crise de identidade, o que leva a buscar pessoas, idéias e modos de vida que despertem fé e, sobretudo, confiança. Assim, esse período será menos tempestuoso, nas sociedades que oferecem a este contingente populacional a preservação das relações familiares e alternativas educacionais e profissionalizantes.

Volpi (2011, p. 7), salienta que: “a prática do ato infracional não é incorporado como inerente a sua identidade, mas vista como uma circunstância de vida que pode ser modificada”.

Por tais razões as causas que fazem levar o jovem ao ato infracional, não está em sua identidade, pois se tratam de pessoas que ainda não possuem sua personalidade totalmente formada, ficando nesse período mais vulneráveis; portanto, o grande problema esta na própria humanidade. Ou seja, um dos problemas esta situado na falta de programas de profissionalização, programas educacionais, sendo que quanto a isso o Estado esta ausente.

Acerca de tal assunto Pereira (2008, p. 932) alude que:

[...] um jovem de um meio que não oferece tais perspectivas terá mais possibilidade de buscar o desvio para uma identidade grupal negativa, que prevalece especialmente nas grandes cidades, onde a marginalidade econômica, étnica e religiosa proporcionam bases muito frágeis para identidades positivas.

A pobreza é um dos vários fatores, pois a vontade de ter as coisas e não poder, faz com que o jovem vá atrás de algo que possa lhe trazer dinheiro e, como não há programas de

profissionalização, o jovem vai buscar refugio nas drogas, no tráfico, abandonando sua família, e vindo a cometer atos infracionais.

Para Segalin; Trzcinski (2006, p. 13):

[...] essa perspectiva de análise não quer afirmar que a pobreza tornara-se sinônimo de violência ou de ocorrência de delito; porém, acredita-se que esse fator aumenta o risco, acrescido ao fato de que a adolescência e a juventude caracterizam um período de intensa vulnerabilidade, isto porque é um período sensível ao perigo, à experimentação, à definição de padrões de personalidade.

Quando esses jovens saem às ruas, estes ainda não são autores de atos infracionais, o que os faz levar muitas vezes a isso é a convivência com outros jovens que já estão no mundo do crime e influenciam estes a entrarem também. Afirma Bandeira (2006, p. 232) que: “O jovem começa a conhecer melhor as ruas, é conhecido pelos outros por um apelido, apreende um linguagem própria e agora tem sua própria identidade. Os seus valores e suas referências estão limitados ao mundo da criminalidade e das drogas”.

Para Pereira (2008, p. 935) destaca-se outro fator, os meios de comunicação: [...] a influência dos meios de comunicação, sobretudo da televisão, ao criar heróis e vilões a partir de atitudes controversas e violentas; por outro lado, o enfoque nos comportamentos positivos através de programas estruturados podem indicar saídas aos jovens e seus familiares, convocando-os a repensar as atitudes individuais e sociais.

Assim, de acordo com Carride (2006, p. 327):

Há necessidade de que as nossas autoridades se compenetrem da importância de se amparar o menor, seja carente, abandonado ou infrator, dando-lhes os necessários meios para que possa integrar-se na coletividade, recebendo comida, educação, instrução adequada para que possa a ser útil a sociedade. Que se destinem verbas suficientes para infância abandonada e que se elabore um programa de atendimento que possa ser executado, tratando-se com seriedade da infância, que, segundo surrada, mas correta afirmação, é o futuro da Pátria.

Há necessidade que o Estado intervenha, e crie novas estruturas para garantir o bem estar do menor. Conforme Bandeira (2006, p. 238):

É necessário e urgente que o Estado ocupe o seu espaço e crie políticas públicas, para evitar que esse jovem caia nas mãos de traficantes. É preciso, também, combater o tráfico de drogas com inteligência e mediante instrumentos e estratégias eficazes. Finalmente, é preciso investir na prevenção mediante a implementação de políticas públicas, que sejam capazes de encaminhar nossas crianças e adolescentes para o caminho da verdadeira cidadania.

Portanto, em razão de tais considerações, podemos enfatizar que o menor não é o principal responsável por praticar atos infracionais, pois há um grupo de fatores que levam o

menor a praticar esses atos. Além da pobreza, das influências, do abandono, dos meios de comunicação, da falta de atenção que deixa a desejar pelos pais, da sociedade que nada contribui para diminuir esse alto índice de crianças e adolescentes praticando atos infracionais, um dos principais responsáveis vem a ser o Estado. Pois é na falta de opção, de emprego, de projetos educacionais, que faz com que esses adolescentes entrem para o mundo do crime, e o Estado pouco faz para tentar reduzir esse índice de delinquência juvenil.

Documentos relacionados