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Resumo

O alho tem como maior ameaça mundial da sua produção a podridão branca causada por Sclerotium cepivorum, que é altamente específica a plantas do gênero Allium. A podridão branca é encontrada em quase todas as regiões produtoras de alho do mundo, apesar de algumas áreas conviverem com a doença, seu controle é muito difícil, baseado em medidas preventivas. Desta forma, a avaliação da resistência genética em genótipos de alho pode trazer auxílio para melhorar o manejo da doença, sendo então o objetivo desse estudo testar a reação de genótipos de alho (Allium sativum) à podridão branca. Os experimentos foram conduzidos em condição de campo na estação experimental da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba – COOPADAP em Rio Paranaíba/MG no período de maio a setembro de 2016 e 2017 (19° 15’ 39,54” S, 46° 15’ 1,02’’ W e altitude 1.138m). As áreas utilizadas para estes experimentos encontravam-se naturalmente infestadas com microescleródios de S. cepivorum, devido a cultivos anteriores e sucessivos de alho e cebola. Para verificar a diversidade dos genótipos foram selecionados em 2016 vinte genótipos, e em 2017 doze genótipos. Alguns genótipos foram repetidos em ambos os anos. Os experimentos seguiram o delineamento experimental de Blocos Completos Casualizados, com cinco repetições e 80 plantas por parcela. A quantidade e viabilidade dos microescleródios em todas as unidades experimentais foi determinada previamente ao plantio, e ao final do ciclo da cultura, após a colheita. A incidência da doença foi quantificada nas quatro linhas centrais de cada parcela. Realizou-se a análise de correlação entre o inóculo inicial e final do fungo (microescleródios) com incidência da doença. Dentre os genótipos UO 73, DDR 6024 e RAL 127 destacaram-se com sucetibilidade e com a maior produtividade.

Palavras-chave: Alho, Allium sativum, Resistência Genética, Podridão branca, Sclerotium cepivorum.

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Abstract

The most importante biological limiting factor to garlic production worldwide is white rot, caused by Sclerotium cepivorum, a highly specific pathogen that infects only plants of the genus Allium. White rot is found on all garlic growing regions around the world, and, although the main growing areas can live with its presence, control of the disease is challenging, mostly based on preventive measures. Therefore, the evaluation of genetic resistance among garlic genotypes may help in disease management. The objective of this study was to test the field reaction of garlic (Allium sativum) genotypes to white rot. Experiments were carried out for two consecutive growing seasons in the fields of Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba – COOPADAP, Rio Paranaíba/MG from May to September of 2016 e 2017 (19° 15’ 39,54” S, 46° 15’ 1,02’’ W and 1,138 m altitude). The areas used for the experiments were naturally infested with microsclerotia of S. cepivorum, from previous and successive garlic and onion crops. Twenty garlic isolates were planted in 2016 and twelve genotypes were planted in 2017. Some genotypes were repeated in both years. Experiments followed a Randomized Complete Block Design with five replicates and 80 plants per experimental unit. The amount and viability of microsclerotia present in the area was determined previously to planting and after harvest in all experimental plots. Disease incidence was rated in the four central lines of each plot. The correlation beteween the inicial inoculum and the final inoculum, in the form of microsclerotia, with disease incidence was examined. Garlic genotypes the ones that showed lowest degree of successibility and higher yields were UO 73, DDR 6024 and RAL 127.

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Introdução

O alho (Allium sativum L.) é uma planta aromática da família Alliaceae. É a segunda espécie economicamente mais importante cultura do gênero Allium, após a cebola (A. cepa). É componente na maioria dos pratos do universo culinário e teve sua popularização de uso devido aos inúmeros benefícios que traz para a saúde (BREWSTER, 2008). É uma das espécies cultivadas mais antigas e está entre as hortaliças mais importantes comercialmente, com a produção mundial em 2016 de 26,5 milhões de toneladas (t). A produtividade média mundial foi de 18,09 t/ha (FAO, 2018). No Brasil a produção em 2017 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, foi estimada em 132,8 mil toneladas, em uma área total de 11,156 mil ha (hectares), com produtividade estimada em 11,9 t/ha. Os três principais estados produtores são Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina (CONAB, 2018).

Dentre os fatores que afetam a produtividade, estão as doenças, das quais destaca- se a podridão branca causada por Sclerotium cepivorum Berk., é a responsável pelos maiores prejuízos econômica na cultura (KIMATI, 1980). No Brasil, entre os principais estados produtores há relato de abandono de áreas produtivas devido a alta incidência da doença. Em São Marcos-RS, município maior produtor de alho no Rio Grande do Sul, observou-se uma redução na área de cultivo de alho em 2012 de 300 hectares para 200 hectares devido a alta incidência da doença (AVINDIMA, 2018). No estado de Minas Gerais principal produtor da cultura no país, nas regiões onde o clima alcança temperaturas mais baixas, tais como, 10 a 20°C, temperatura ótima para o desenvolmento do fungo (ADAMS, 1987), há relatos de áreas abandonadas devido ao alto índice de instação do solo com os microescleródios de S. cepivorum (PINTO, 1995).

O fungo é altamente específico a plantas do gênero Allium e não apresenta fase sexual conhecida. Se dissemina por meio do transporte de microescleródios juntamente com partículas de solo ou material propagativo. Os microescleródios podem permanecer no solo por até 20 anos (ENTWISTLE & GRANGER ,1978; ENTWISTLE, 1990). Desta forma, inviabilizando a rotação de cultura como método de controle (CROWE et al., 1980; COLEY-SMITH, 1990).

Não existe um método de controle que seja individualmente eficiente contra essa doença, sendo recomendada a adoção de medidas de controle preventivas. Os produtos

50 químicos e biológicos, muitas vezes apresentam eficiência in vitro, porém quando testados em campo apresentam eficiência variada (DOMINGOS, 2015; BONTEMPO, 2016). Não existem cultivares resistentes disponíveis comercialmente (PLANTWISE, 2018), porém muitos estudos foram realizados com o intuito de conhecer a reação de genótipos da podridão branca, mas que segundo Bansal & Broadhurst (1992) muito ainda há que se investigar. Desta forma, a avaliação da reação de genótipos de alho contra a doença pode auxiliar em um melhor manejo da podridão branca (BANSAL & BROADHURST, 1992).

Assim sendo, o objetivo desse estudo foi testar a reação de genótipos de alho a podridão branca em condições de cultivo comercial em campo.

Material e métodos

Os experimentos foram conduzidos em condição de campo na estação experimental da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba – COOPADAP em Rio Paranaíba/MG no período de maio a setembro de 2016 e 2017 (19° 15’ 39,54” S, 46° 15’ 1,02’’ W e altitude 1.138m). As áreas utilizadas para estes experimentos encontravam-se naturalmente infestadas com microescleródios de S. cepivorum, devido a cultivos anteriores e sucessivos de alho e cebola.

O preparo do solo (encanteiramento), o manejo de adubação e o controle de pragas e doenças seguiram o recomendado para a cultura (Tabela 2.1). A irrigação por aspersão foi realizada por meio do sistema pivô central com lâmina média de água de aproximadamente 2 mm a cada dois dias. Com frequência e quantidade variável segundo a demanda da cultura, de forma a manter a umidade no solo em níveis favoráveis para a ocorrência da doença. A umidade do ar e a temperatura média do ar e solo (10 cm de profundidade) foram monitoradas (Figura 2.1), com um aparelho portátil meteorológico (Datta loger HOBO U12).

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições. A dimensão de cada parcela foi de 1,3 x 2,2 m com três linhas duplas de plantio. A área útil da parcela foi constituída por quatro linhas centrais. O plantio dos bulbilhos foi realizado em espaçamento de 0,35 m entre fileiras duplas e 0,12 m entre plantas, totalizando 80

51 bulbilhos por parcela. O plantio dos bulbilhos de alho foi feito manualmente, com o ápice voltado para cima. Na bordadura (duas linhas externas), realizou-se o plantio com alho da cultivar Ito.

Genótipos de Alho

Os genótipos de alho utilizados nestes experimentos foram obtidos da coleção da Embrapa Hortaliças, de onde foram selecionados materiais divergentes, com ciclo variado (precoce, médio e tardio), com a intenção de testar os mais diversos materiais em um campo de produção comercial, naturalmente infestado por microescleródios de Sclerotium cepivorum. Selecionou-se vinte genótipos para a safra 2016 e para a safra 2017, doze genótipos (anexo 2.1). Alguns genótipos foram repetidos em ambos os ensaios.

Os bulbilhos dos genótipos selecionados foram debulhados e classificados nas peneiras de classe sete, seis e cinco na dimensão 56 à 47mm. Os genótipos nobres (Ito, Caçador, Quitéria, Chonan, San Valentim, UO 73, DDR 6024, RAL 127, RAL 159) foram vernalizados em câmara fria a temperatura 3 a 5°C e umidade relativa de 65-70% por 50 dias antes do plantio.

Quantificação e análise da viabilidade dos microescleródios