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REABILITAÇÃO NA PROMOÇÃO DA AUTONOMIA NA PESSOA IDOSA

O enfermeiro especialista é um “enfermeiro com conhecimentos diferenciados e com competências em uma área específica que se apresenta com uma prática diferenciada e especializada inclui: ensino, administração, pesquisa e consultoria” (Internacional Council of Nurses).

O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação é o enfermeiro com um conhecimento aprofundado num domínio específico de enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde, que demonstram níveis elevados de julgamento clínico e tomada de decisão, traduzidos num conjunto de competências especializadas relativas a um campo de intervenção (Regulamento nº 125/2011,2011).

Neste âmbito, as intervenções do enfermeiro de reabilitação visam “promover o diagnóstico precoce e ações preventivas de enfermagem de reabilitação, de forma a assegurar a manutenção das capacidades funcionais dos clientes, prevenir complicações e evitar incapacidades” (OE,2010). Esta intervenção é de facto relevante nos cuidados à pessoa idosa, uma vez que visa a promoção da autonomia dos clientes.

A reabilitação compreende um corpo de conhecimentos, competências e comportamentos especializados e diferenciados, com o objetivo de ajudar toda a pessoa portadora de doença aguda, crónica, com deficiência ou sequelas, a atingir a sua máxima funcionalidade, autonomia e satisfação, preservando a sua autoestima (Regulamento nº 125/2011,2011). Segundo este regulamento podemos verificar que os cuidados de reabilitação englobam os cuidados à pessoa portadora de doença com o intuito de promover a sua autonomia. No presente estudo trata-se de pessoas idosas que perderam a sua autonomia e que necessitam de um enfermeiro de reabili tação capaz de diminuir a incapacidade funcional instalada.

A reabilitação é um processo global, dinâmico e contínuo dirigido à pessoa, ao longo do ciclo vital e aos grupos sociais em que se encontra inserida, que visa corrigir, conservar, melhorar ou recuperar as aptidões e capacidades funcionais, tão

33 rapidamente quanto possível, para o exercício de uma atividade considerada normal no âmbito do seu projeto de vida.

Compete também ao Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação monitorizar a implementação e os resultados dos programas de reabilitação, avaliando e efetuando os ajustamentos necessários no processo de prestação de cuidados, que lhe permitem analisar a eficácia da sua intervenção, para poder transmitir ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação (Ordem dos Enfermeiros – MCEER, 2015 a). Tal como sucede no presente estudo, onde o principal objetivo é demonstrar os ganhos em saúde com os cuidados dos enfermeiros de reabilitação. Neste âmbito, o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação apresenta a competência e o perfil adequado para “ser o profissional capaz de promover e potencializar a capacidade de reabilitação de cada pessoa ou ajudar a lidar com as incapacidades e desvantagens” (APER, 2010). Estes reúnem um conjunto de competências que vão para além da intervenção ao nível funcional. Este conjunto de competências permite-lhes promover a recuperação, a readaptação, o autocontrolo, auxiliando os processos de transição saúde/doença e capacitam a pessoa e o cuidador para a reinserção social. O facto de serem enfermeiros permite-lhes satisfazer as necessidades globais da pessoa.

Os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação procuram ter uma abordagem centrada na aquisição de competências pela pessoa idosa que são necessárias para voltar a desempenhar a atividade que, entretanto, tinha desenvolvido incapacidade. Na defesa dos direitos dos utentes, as intervenções do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação como agente de mudança passam por conceder à pessoa e/ou família conhecimento, estratégias de resolução de problemas e dos comportamentos a adotar para conseguir resultados (Hoeman, 2000).

Sendo assim, o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação elabora programas de reabilitação dirigidos à população idosa com o intuito de reverter a incapacidade funcional dos mesmos.

Alguns estudos de investigação publicados a nível internacional destacam os efeitos positivos de programas de reabilitação na população idosa (Skelton & McLaughlin, 1996; Davies, Ellis & Laker, 2000; Dantas & Vale, 2004). A nível nacional, no que respeita ao papel do enfermeiro de reabilitação, trata-se de um domínio ainda pouco

34 explorado. Contudo encontram-se já alguns estudos de investigação que confirmam e validam o futuro promissor das intervenções desenvolvidas neste âmbito.

Ferreira (2011), num estudo transversal correlativo, testou os efeitos de um programa de reabilitação dirigido a 40 idosos, no domicílio, instituído pelos enfermeiros de reabilitação e concluiu que os idosos no final do programa de reabilitação apresentam maior independência funcional comparando com o momento de admissão ao referido programa, confirmando a relevância atribuída aos cuidados de enfermagem de reabilitação.

Gonçalves (2012) desenvolveu um estudo quase-experimental, no qual inclui 30 idosos e pretendeu avaliar o impacto de um programa que dinamiza as intervenções de enfermagem de reabilitação no domicílio, procurando reduzir o nível de dependência do idoso e sobrecarga do seu cuidador. Os resultados sugeriram que o programa promoveu um ganho nos índices de Barthel dos idosos.

Mendes (2013) realizou um estudo qualitativo no qual procurou verificar as mudanças ocorridas na aptidão física e independência funcional de um grupo de idosos institucionalizados num lar, após o desenvolvimento de um programa de enfermagem de reabilitação. Os resultados obtidos permitiram concluir que o programa conduziu ao aumento da aptidão física dos idosos (força nos membros inferiores e superiores, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade e equilíbrio), com benefícios na realização de atividade de autocuidado.

Os autores mencionados anteriormente organizam a sua intervenção através de programas de reabilitação. Estes pretendem demonstrar a importância destes programas e os seus efeitos na melhoria da capacidade funcional e independência dos idosos. O que mais uma vez reforça que o papel do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação é crucial nos dias de hoje.

Todos os estudos realizados até então demonstram que o enfermeiro de reabilitação é fundamental no aumento da capacidade funcional no idoso. É necessário continuar a investigar e provar através de mais estudos que esta área deve ser reconhecida e valorizada.

Em suma, o envelhecimento da população é uma realidade, cada vez mais presente, pelo que se torna essencial manter o máximo de tempo possível a autonomia e independência no autocuidado, durante o processo de envelhecimento. Esta meta

35 revela-se fundamental, uma vez que apesar dos idosos atualmente terem uma maior esperança média de vida, manifestam uma maior tendência para o aparecimento de doenças crónicas e incapacitantes. Sendo assim, o enfermeiro especialista em reabilitação revê na população idosa um conjunto de necessidades complexas, progressivas que requerem não só o domínio das competências, princípios e técnicas de reabilitação, mas acima de tudo adaptação às especificidades e exigências que o processo de envelhecimento condiciona.

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