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Para a composição dos grupos participantes da pesquisa, realizamos uma breve pesquisa on-line sobre as redes privadas de ensino em Uberlândia e percebemos que existem mais de cem escolas, as quais possuem dinâmicas muito variadas de trabalhos.

Em uma breve leitura dos projetos pedagógicos disponibilizados nos sites das escolas, percebemos que apresentam características diversificadas, desde objetivos de ensino, metodologias e oferta de anos de ensino, pois algumas atuam com crianças desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Assim, de acordo com a quantidade de escolas e a diversidade de metodologias de trabalho oferecidas, decidimos não considerar a rede privada como público desta pesquisa.

Já a rede federal de ensino conta com um colégio de aplicação da Universidade Federal de Uberlândia, local de estudos, inovações pedagógicas, pesquisas acadêmicas constantes, e conta com muitos estagiários de diversos níveis e modalidades. Também excluímos essa opção, pois a pesquisadora atua na escola como docente efetiva e o fato de estar diretamente envolvida poderia afetar os resultados da pesquisa.

Quanto à rede estadual de ensino, pesquisamos no site da Secretaria do Estado de Minas Gerais e encontramos um volume de 69 escolas distribuídas na cidade. Essas escolas apresentam uma gama diferenciada de características, algumas atendem ao Ensino Integral, outras ao Ensino Fundamental I, até o quinto ano; outras apenas o Ensino Fundamental II, ainda outras atendem somente ao Ensino Médio. Por depender de análise específica de cada escola e a quantidade delas ser maior do que a rede municipal, também excluímos essa opção.

Na pesquisa sobre a rede municipal de ensino, encontramos uma quantidade de 137 escolas, organizadas em Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II. Dessas, apenas 53 atendem ao Ensino Fundamental. Desse modo, com um número menor de opção para disseminar nosso convite para participar desta pesquisa, optamos pelo público da rede municipal de Ensino Fundamental da cidade de Uberlândia.

Procuramos a Secretaria Municipal de Educação a fim de solicitar a autorização e convidar os/as docentes da rede para participar da pesquisa. Entramos em contato com a Diretora do Cemepe – Centro de Formação, Estudos e Pesquisas Educacionais –, Julieta Diniz, que solicitou o projeto de pesquisa para a autorização (Apêndice B). Após um período de mais ou menos trinta dias, obtivemos o documento de autorização para a realização de nossa pesquisa.

Depois dessa etapa, organizamos e planejamos os procedimentos para a realização da coleta de dados por meio do grupo focal. Os/as docentes foram convidados/as por meio de materiais impressos e chamadas públicas em redes sociais (Apêndice C). Encontramos no Facebook um grupo com o nome “100% Educação”, dos quais fazem parte docentes da rede municipal, e publicamos nesse grupo o convite, nos dias 15 e 16 de abril de 2019.

Para completar essa etapa, divulgamos o convite também pelo WhatsApp, entre alguns contatos pessoais, a fim de disseminar o convite em diferentes escolas. Optamos, ainda, por colocar um convite impresso no escaninho de cada escola localizado na Secretaria Municipal de Educação. (SME/PMU).

Organizamos um número limitado de inscrições para cada grupo focal, por isso os/as participantes interessados/as foram inscritos a partir da ordem de contato, pelo interesse nos horários disponíveis e de acordo com a quantidade de vagas em cada grupo.

Assim, optamos por promover três grupos focais, sendo um pela manhã, outros dois no turno vespertino, com no máximo doze pessoas por grupo. Segundo Gatti (2005), a quantidade entre sete e doze participantes por grupo é um número razoável que permite a participação no momento das sessões do grupo focal e, ao mesmo tempo, contribui para o aprofundamento teórico do assunto tratado.

Durante o período de inscrição, aproveitamos para organizar os detalhes de condução das sessões do grupo focal com a intenção de coletar dados a partir de uma discussão teórica e das experiências práticas do grupo de docentes matriculados.

Para isso, aprofundamos os estudos sobre a técnica e a condução, mediação e aplicação da sessão de grupo focal. Segundo Gondin (2003):

Os grupos focais podem ser utilizados para gerar conhecimento necessário para a construção de instrumentos de medidas, assim como para a avaliação experimental do impacto de produtos (conhecimentos) em desenvolvimento e de futuros programas a serem implantados em organizações. (GONDIN, 2003, p. 153).

As inscrições foram gratuitas e várias pessoas entraram em contato para efetuá-las. Houve a necessidade de explicar para os/as interessadas/os do que se tratava a pesquisa e qual era o público esperado, pois alguns/mas estudantes de graduações também procuraram o grupo focal na intenção de aprender mais sobre o assunto discutido.

Portanto, explicamos a cada pessoa interessada o objetivo do trabalho e informamos sobre os critérios para participação: ser docente da rede municipal; atuar no Ensino Fundamental; ter experiência em sala de aula regular com crianças com deficiências e ter disponibilidade e compromisso de presença no dia e horário indicados. A inscrição foi realizada priorizando os critérios indicados, a ordem de solicitação e o horário mais conveniente para o/a voluntário/a.

Os critérios para a seleção dos participantes de uma sessão do grupo focal (por exemplo, idade, sexo, nível de escolaridade, local de residência, ocupação) são determinados pelo objetivo do estudo (amostra intencional). Apesar da composição de um grupo específico ser usualmente homogênea, o delineamento do estudo geralmente prevê que os dados sejam obtidos por mais de um grupo, com características diferentes [...]. (WESTPHAL; BOGUS; FARIA, 1996, p. 473).

O fato de serem professoras do Ensino Fundamental na rede municipal e terem experiências no ensino regular com crianças com deficiências, requisitos solicitados no ato da inscrição, garantiu a homogeneidade entre as participantes e as informações obtidas se articulam com os objetivos da pesquisa.

Os/as docentes interessados/as tiveram como opção se inscreverem via aplicativo de WhatsApp, por meio de mensagens de texto ou áudio, por ligação telefônica e/ou pelo e- mail. Cada docente poderia escolher apenas um dos grupos focais para participar, dentre os horários disponibilizados.

Os/as docentes inscritos/as que aceitaram participar tomaram essa decisão voluntariamente, sem qualquer constrangimento ou imposição. Essa ação está de acordo com o que Aschidamini e Saupe (2004) afirmam:

A decisão em participar de um Grupo Focal deve ser individual e livre de qualquer coação, daí a importância de uma cuidadosa seleção das pessoas a serem convidadas, bem como a necessidade de clareza quanto à explicitação do projeto e dos cuidados éticos incluídos no processo e informados aos selecionados. (ASCHIDAMINI; SAUPE, 2004, p. 10). Reservamos e organizamos previamente o local em que aconteceram as reuniões do grupo focal. Utilizamos salas de aula na Universidade Federal de Uberlândia, instituição de ensino superior à qual esta pesquisa está vinculada.

Assim sendo, realizamos os grupos focais com um total de 24 docentes. A proposta inicial seria de até 36 participantes, no entanto, com as ausências de algumas pessoas, não foi possível chegar à quantidade total pretendida. Consideramos, porém, que essas ausências não comprometeram as análises pretendidas.

No primeiro grupo, que chamaremos de grupo A, houve participação de onze pessoas dos doze inscritos, todos/as professores/as da rede Municipal de Uberlândia. Este grupo se reuniu no dia 29 de abril de 2019, no horário das 8h00min às 10h30min.

Iniciamos com um café, oportunizando tempo para os/as participantes se socializarem e responderem ao questionário organizado pela pesquisadora. Este grupo finalizou as discussões por volta das 11h00min.

No segundo grupo, que chamaremos de grupo B, houve a participação de dez pessoas, sendo nove professores/as da rede Municipal e uma estudante de pedagogia. No caso deste grupo, houve a inscrição de 11 pessoas, contudo um dos inscritos não compareceu.

Além disso, os dados coletados referentes à estudante de Pedagogia não foram considerados na pesquisa. Devido à solicitação da estudante, permitimos sua participação, porém apenas como ouvinte. Este grupo se reuniu no dia 29 de abril de 2019, no horário das 13h30m às 16h00min.

O questionário foi entregue no início, com um tempo definido de trinta minutos para o preenchimento. Logo após, iniciamos as discussões do grupo focal. O café para este grupo foi servido no intervalo entre a segunda e a terceira sessão de grupo focal.

No terceiro grupo, que chamaremos de grupo C, houve participação de apenas quatro pessoas das doze inscritas, todas professoras da rede Municipal de Uberlândia. Este grupo se reuniu no dia 29 de abril de 2019, no horário das 16h30m às 19h00min.

Para o grupo C, o café foi servido logo no início, antes da sessão. Esses momentos permitiram que as pessoas se socializassem e, ao mesmo tempo, respondessem ao questionário. Essa ação organizada possibilitou que tivéssemos 100% das respostas dos questionários.

Como nós tínhamos o número telefônico dos participantes que não compareceram aos encontros, entramos em contato para saber o motivo de suas ausências. Algumas justificaram imprevistos, tais como reuniões na escola, doença de filhos e dificuldades para chegar em tempo, entre outros problemas, que impossibilitaram a participação; outras pessoas que se ausentaram não responderam. Mesmo com um número pequeno de pessoas, decidimos manter o grupo em respeito às participantes presentes.

Uma quantidade reduzida de pessoas no terceiro grupo não impediu ou causou prejuízo para a pesquisa, visto que a intenção é conhecer possíveis propostas de trabalho pedagógico que atendam à concepção de avaliação formativa, ou mesmo que se aproximem e possam contribuir com o processo educacional das crianças com deficiências.

Organizamos um roteiro (Apêndice D) para conduzir as sessões dos grupos focais e utilizamos algumas perguntas para guiar as discussões. Questionamos sobre as concepções de avaliação prevalentes na escola, as propostas de atividades avaliativas realizadas para as crianças com deficiência em sala de aula e as experiências particulares com avaliação de crianças com deficiência de cada docente.

Para os registros de cada uma das reuniões dos grupos focais, contratamos o serviço de uma empresa que atua no registro de eventos. Solicitamos que fossem realizadas

gravações em áudio e em vídeo, de modo digital, das conversas nas três reuniões de grupo focal.

Com a utilização de equipamentos em alta resolução para gravar o áudio e as imagens dos grupos focais que aconteceram, garantimos qualidade nos áudios, além de podermos perceber os gestos, os movimentos e as expressões das pessoas participantes pelas imagens, material importante para o tratamento dos dados coletados e na análise desse material. Importante salientar que este material é reservado à utilização da pesquisadora, sendo utilizado única e exclusivamente nesta pesquisa.

A moderadora dos grupos focais foi a própria pesquisadora, e contamos com apoio de uma bolsista da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd/UFU)6 para atuar neste dia como relatora dos acontecimentos e das discussões que aconteceram nos grupos focais. Essa relatora já desenvolvia outro projeto de pesquisa junto à pesquisadora e muitas vezes desempenhou o papel de relatora em reuniões ou roda de conversa no grupo de pesquisa. Esse apoio da relatora foi de fundamental importância, pois ela sintetizou os pontos fortes das discussões que aconteceram nos grupos focais, o que favoreceu a organização e a classificação dos assuntos para análise dos dados.

Ao apresentar as perguntas às participantes durante as sessões do grupo focal, evitamos interferir no debate e nas falas individuais, deixando que as discussões ocorressem até obter o máximo possível de informações das participantes. Houve algumas intervenções no sentido de retomar a discussão quando essa se concentrava em apenas uma participante, ou quando havia dispersão de foco para a pergunta lançada.

Percebemos que, durante a realização dos grupos focais, de forma geral, a participação oportunizou discussões e debates entre as docentes, possibilitando o envolvimento com as questões, promovendo vivências com a reflexão dos assuntos sugeridos e também uma troca de experiências com os outros.

As participantes responderam ao questionário, e, posteriormente, iniciamos as discussões propostas para o grupo focal. No início do grupo focal, realizamos uma explicação sobre os objetivos da pesquisa e divulgamos os/as principais autores/as utilizados/as como

6 Prograd – Pró-Reitoria de Graduação –, que disponibiliza um Programa de Bolsas de Graduação A bolsista atuava em um projeto institucional envolvendo estudantes com deficiências na Escola de Educação Básica da UFU, juntamente com a pesquisadora, que é professora dessa instituição. Ao comentar com a estudante sobre a pesquisa, a técnica utilizada e as demandas do mestrado na coleta de dados, a bolsista ficou interessada em participar das sessões do grupo focal. Perguntei-lhe se poderia me auxiliar sem remuneração e fora do horário de atuação já organizado para o desenvolvimento do projeto na escola. Ela concordou em auxiliar na coleta de dados da pesquisa. Acreditamos que para uma estudante de graduação essas participações podem ampliar os seus conhecimentos de modo significativo.

referências teóricas estudadas até aquele momento. Por fim, também solicitamos às participantes a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, conforme estabelecido pelo Comitê de Ética da Universidade (Anexo A).