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Capítulo II – Farmácia Hospitalar 1 Introdução

2. Organização e gestão dos SFH

2.3. Receção dos produtos farmacêuticos

No CHCB, a receção dos medicamentos por parte dos SFH realiza-se em local específico e apropriado para o efeito. Numa primeira fase, apenas pelo SLH e, de seguida, conjuntamente com técnico de diagnóstico e terapêutica (TDT), realiza-se a conferência qualitativa e quantitativa dos produtos rececionados, com verificação da informação contida nas guias de receção que acompanham as encomendas (lotes e prazos de validades), enviadas em duplicado pelo fornecedor (2,6,7). Para além disso, são verificadas as condições em que os artigos chegaram aos SF (7). No final da verificação, a guia de receção é assinada pelo TDT, o original é enviado para o SLH e a cópia é arquivada no armazém 10 (armazém central). Por último, os produtos rececionados são enviados para o armazém 10, onde são armazenados tendo em conta critérios técnicos, como condições especiais de armazenamento e segurança; e é da responsabilidade do SLH introduzir no sistema informático as encomendas rececionadas, havendo uma posterior validação pela assistente técnica (AT) dos SF (7). No entanto, existem casos particulares na receção, nomeadamente o dos derivados do plasma, interferons e matérias-primas, que devem vir acompanhados dos respetivos boletins de análise para que se possa proceder à sua receção (7). Neste contexto, os citotóxicos apresentam procedimento próprio, pois devem ser rececionados em separado e as suas caixas devidamente analisadas, de modo a averiguar a possibilidade de derrame. Caso este ocorra, recorre-se ao kit de emergência que se encontra presente na área de receção (7).

Durante o meu período de estágio, acompanhei a receção das encomendas, tendo a oportunidade de auxiliar na verificação das quantidades, lotes e prazos de validade em conjunto com o TDT e o representante da SLH.

2.4. Armazenamento

Nos SFH do CHCB existem diversos armazéns, de tamanho e localização variável. Neste contexto, o armazém 10 articula-se com os restantes, sendo estes: o da dose unitária (armazém 12), da farmacotecnia (armazém 13), do ambulatório (armazém 20), de quarentena (armazém 18), o armazém do Hospital do Fundão (armazém 11) e os sistemas de distribuição semiautomática do medicamento PyxisTM. O armazenamento dos medicamentos é feito pelo assistente operacional (AO) sob orientação do TDT, com exceção para os MEP que são da responsabilidade do TDT (8).

O armazenamento de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos deve ser feito, de forma a garantir condições apropriadas de espaço, luz, temperatura, humidade e segurança. Para tal, o armazém 10 está dividido em várias secções: geral, antisséticos e desinfetantes, inflamáveis, duas salas para injetáveis de grande volume e duas câmaras frigoríficas. Deste modo, todos estes produtos são posteriormente organizados por ordem

alfabética de denominação comum internacional (DCI), de acordo com o seu prazo de validade segundo o princípio first expire – first out (FEFO) (2,7). Na secção geral do armazém é possível encontrar em estantes deslizantes: uso geral, colírios, anestésicos, material de penso, antibióticos, tuberculostáticos, ambulatório, estomatologia, hemoderivados, leites e contracetivos. Adicionalmente, também se encontram nesta área armários para a alimentação entérica e parentérica, citotóxicos (em prateleiras invertidas, minimizando o risco de queda e possível extravasão), MEP (em cofre de dupla fechadura), medicamentos usados em ensaios clínicos (em armário fechado com temperatura controlada) e estantes com reservas.

Adicionalmente, e sempre que se justifique, os medicamentos que não contenham toda a informação necessária à distribuição individual diária em dose unitária (DIDDU) devem ser previamente rotulados, constando o DCI, dosagem, prazo de validade e lote.

No sentido de garantir as adequadas condições de conservação e segurança exigidas, aplicam- se permanentemente algumas medidas, nomeadamente: a existência de um kit de emergência para uso em caso de derrame de citotóxicos; para os produtos que requerem condições de refrigeração, a temperatura nas câmaras frigoríficas é continuamente monitorizada e registada, sendo acionado um alarme quando a temperatura supera os 8 oC. Para além disso, as condições gerais de conservação são monitorizadas através de termohigrómetros que controlam permanentemente a temperatura (< 25 ºC) e humidade (< 60%). Por último, os inflamáveis estão armazenados em local isolado do restante armazém, com sinalética apropriada; chão impermeável e inclinado; paredes interiores reforçadas e resistentes ao fogo, assim como uma porta corta-fogo de fecho automático, a abrir para fora; e um sistema de ventilação e deteção de fumos e instalação elétrica do tipo antideflagrante (2,6).

Por último, em todo o armazém foram adotadas várias estratégias de minimização de erro no circuito do medicamento, mais especificamente, na forma de sinalética que alerta para a existência de dosagens idênticas de um medicamento com a mesma DCI (verde para a dosagem inferior, amarelo para a intermédia e vermelho para a superior), embalagens idênticas, eletrólitos ou medicamentos potencialmente perigosos e, por último, nos fármacos

look-alike, sound-alike (LASA) cujo nome apresenta grafia e fonética semelhantes, a porção

do nome que difere é enfatizada em letras maiúsculas.

No CHCB, de forma a controlar os prazos de validade, mensalmente, faz-se o levantamento dos medicamentos cuja validade expire num prazo máximo de 4 meses. Assim, quando existem produtos que cumprem este critério é avaliada a melhor alternativa de escoamento dos mesmos. Em último caso, os produtos são encaminhados para o armazém 18, para que sejam posteriormente destruídos. Mensalmente também se verificam as validades do stock de

Para além disso, realiza-se diariamente a conferência dos produtos existentes em stock nos armazéns 10 e 12, confrontando-se a informação obtida com aquela que consta no sistema informático. Esta verificação permite analisar não-conformidades e, por conseguinte, proceder à sua correção. Para os medicamentos existentes nos serviços clínicos (SC) o controlo do stock deve ser feito de 3 em 3 meses (8).

Durante o estágio, colaborei no processo de rotulagem, colocando e registando os rótulos, bem como no armazenamento das encomendas rececionadas. Para além disso, fiz a contagem dos stocks, verifiquei prazos de validade e atualizei a sinalização de minimização do risco referente a medicamentos perigosos e a dosagens e embalagens idênticas.

3. Distribuição

A distribuição de medicamentos é a atividade dos SFH com maior visibilidade no circuito hospitalar do medicamento e através da qual se contacta com os SC do hospital. Os SFH do CHCB possuem diversos tipos de distribuição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos que, com metodologia e circuitos próprios, tornam disponível o medicamento correto, para cumprimento da prescrição médica proposta (6).