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Capítulo 2 Tratamento de Dados e Aplicações Interativas em TV Digital

2.1 Conceitos Gerais de TV Digital

2.1.4 Receptor de TV Digital

Para que o telespectador seja capaz de assistir ao conteúdo de TV Digital e interagir com os recursos que ela oferece, ele deve possuir um aparelho que seja capaz de receber e tratar o sinal digital, fornecendo como saída o conteúdo audiovisual, bem como prover ao telespectador os recursos necessários para a interação. Desta forma, surge o Receptor de TV Digital como sendo um aparelho capaz de satisfazer às necessidades descritas acima. Como exemplos de receptores de TV Digital temos:

• televisor digital integrado: aparelho televisor que recebe sinal digital e já exibe o vídeo na tela;

• receptor portátil (celular): receptor de pequeno tamanho e baixo consumo de potência que recebe sinal digital com menor resolução e menor definição (LDTV);

• terminal de acesso: aparelho que recebe o sinal digital e converte em analógico para a entrada dos televisores convencionais. É também conhecido popularmente como set-top box.

No âmbito deste trabalho, usaremos o termo receptor para designar genericamente qualquer um dos três tipos acima e usaremos Terminal de Acesso para nos referirmos especificamente ao aparelho conversor.

Outra classificação para os receptores de TV Digital diz respeito à forma de transmissão do sinal recebido. Desta forma, temos:

• receptor de satélite: é capaz de receber os sinais transmitidos por satélite. Como exemplo, temos no Brasil os receptores de antena parabólica (sinal DVB analógico) e receptores de TV Digital por assinatura por satélite (SKY).

• Receptor a cabo: receptor de sinais de TV a cabo. No Brasil são utilizados para receber sinais de TV por assinatura (TVA, NET).

• Receptor terrestrial: Recebe sinais transmitidos por antena na faixa de UHF e VHF. No Brasil a recepção de TV analógica é terrestrial. O Decreto no 5.820 determina que a TV Digital aberta seja transmitida de forma terrestrial. Desta forma, a partir deste momento, toda vez que falarmos em TV Digital no Brasil, estaremos falando de transmissão terrestrial.

A arquitetura de referência para terminais de acesso no Brasil, elaborada pelo Laboratório de Sistemas Integráveis no escopo do Projeto TAR-SBTVD (LSI-TEC, 2006), divide os terminais de acesso em três famílias, a saber:

• família básica: são os terminais de acesso mais simples, sem nenhum recurso de interatividade, cuja única funcionalidade é exibir o conteúdo de áudio e vídeo;

• família interativa: são os terminais de acesso que possuem interatividade em algum dos três níveis definidos por (CPQD, 2001);

• família agregação de valor: São os terminais de acesso que possuem funcionalidades avançadas que agregam valor ao produto, como por exemplo gravação de vídeo (PVR – Personal Video Recorder).

O diagrama de blocos de um terminal de acesso mínimo, pertencente à família básica, é apresentado na Figura 8. O front-end é o bloco responsável pela recepção, sintonia, demodulação e decodificação de canal (correção de erros). Ele é composto por um sintonizador (tuner) e um demodulador. O sintonizador tem a função de selecionar o canal escolhido, amplificar, filtrar e converter o sinal recebido para uma freqüência menor (FI). O demodulador tem a função de converter o sinal modulado em sinal banda-base codificado e fazer a detecção e correção de erros.

Modulador

Front end Demultiplexador/Decodificador

Núcleo de Processamento Interface de Comandos do Usuário Saída RF Entrada RF Conversão e codificação de áudio e vídeo Vídeo (PAL-M)

Sinal Banda Base Vídeo Digital Áudio Digital

Figura 8 – Arquitetura básica de um terminal de acesso para o Brasil. Fonte: (LSI-TEC, 2006)

O demultiplexador trata o transport stream separando os sinais de áudio, vídeo e dados, enviando-os aos respectivos processadores. O sinal de áudio e o sinal de vídeo são decodificados, obtendo-se o áudio e vídeo digitais descomprimidos. Estes por sua vez são convertidos para analógico e modulados para PAL-M. Os sinais de áudio e vídeo em PAL-M podem ser disponibilizados para o televisor em banda base por uma interface de vídeo composto ou podem ser modulados para o

canal 3 ou canal 4 e entregues ao televisor por uma interface RF (cabo coaxial). Os dados são enviados para serem tratados pelo núcleo de processamento.

O núcleo de processamento é composto por processadores, memória e dispositivos de entrada e saída e tem a função de coordenar todo o funcionamento do terminal. O terminal de acesso também deve possuir mecanismos para gerenciar as interfaces de comando do telespectador. Para um terminal de acesso mínimo, esta interface se resume ao controle remoto e ao painel frontal.

A arquitetura descrita na Figura 8 é uma referência mínima das partes de um terminal de acesso. Cada solução de terminal de acesso traz suas próprias implementações de cada bloco e alguns terminais mais avançados trazem blocos e interfaces adicionais.

Uma outra abordagem de arquitetura de terminal de acesso diz respeito ao modelo de camadas, apresentado na Figura 9. Neste modelo de camadas, podemos diferenciar os receptores interativos dos não-interativos pela presença da camada de middleware. Nos receptores não-interativos, as únicas aplicações executadas são as aplicações nativas, desenvolvidas sobre a interface do Sistema Operacional e disponibilizadas pelo próprio fabricante. As aplicações residentes podem ser desenvolvidas tanto sobre a interface do sistema operacional, quanto sobre o middleware, sendo transmitidas por radiodifusão.

Plataforma Hardware Sistema Operacional

Interface do SO

Middleware Aplicações

Residentes aplicaçõesOutras

Aplicações Nativas

Com o lançamento oficial da TV digital no Brasil, no dia 2 de Dezembro de 2007, diversos fabricantes lançaram seus receptores no mercado. Alguns fabricantes como a Positivo e a Semp Toshiba optaram por lançar terminais de acesso, enquanto outros como a Samsung e a LG optaram por lançarem a TV integrada.

Estes receptores lançados no final de 2007 ainda não são interativos, ou seja, não possuem middleware e, na sua maioria, são uma implementação mínima da norma de receptores (ABNT NBR 15604, 2007). O site do Estadão fez uma análise comparativa entre estes receptores9. As principais diferenças apontadas dizem respeito à definição da saída de vídeo e aos menus de configuração e funcionalidades. Os receptores analisados estão na Figura 10.

Figura 10 – Primeiros terminais de acesso lançados para o padrão brasileiro. Fonte: Estadão