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1º Rio de Janeiro 36,9 2º São Paulo 18,5 3º Salvador 15,8 4º Fortaleza 8,5 5º Recife 7,5 6º Foz do Iguaçu 7,4 7º Porto Alegre 5,9 8º Florianópolis 5,3 9º Belo Horizonte 5,2 10º Natal 4,3

Tabela 01: Fluxo Internacional de Turistas segundo principais

Cidades Receptoras, Brasil – 2003

Fonte: EMBRATUR em Salvador em Dados 2006, site da SEPLAM/PMS.

Estas particularidades construíram a imagem exótica da cidade, servindo de ímã economicamente satisfatório:

Esta Terra de todos os credos, de todos os tons, de muitos sabores e infinitos amores, onde a natureza faz seu reinado, majestosa e grandiosa, te convida a passear pelo encanto de todos os seus cantos e celebrar o melhor da vida! (BAHIATURSA., s/d)

Na sua constituição cultural, a cidade apresenta como um dos carros-chefe o sincretismo religioso, a “Terra de Todos os Santos e de Todos os Ritos” (BAHIATURSA,s/d). As 365 igrejas de Caymmi apresentam todos os seus santos cristãos católicos somados à fé da religião originária da África, dos orixás, patuás e entidades sagradas do Candomblé. Algumas das principais festas populares religiosas reúnem católicos, filhas e filhos de

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Refere-se à música “365 Igrejas”, composta pelo compositor baiano Dorival Caymmi em 1946.

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santo, padres, babalorixás e ilalorixás, em um mesmo solo sagrado, a exemplo da Procissão do Nosso Senhor do Bonfim e a Festa de São Lázaro, em janeiro, a Festa de Santa Bárbara, em dezembro, comungando e celebrando em um mesmo culto apesar das crenças diferenciadas.

Esta democracia religiosa vai além das celebrações sendo possível verificar na cidade algumas manifestações de arte urbana, que carimbam espaços da cidade demonstrando a liberdade religiosa existente na cultura soteropolitana, como, por exemplo, os orixás encontrados no Dique de Tororó, de Tati Moreno, ou a escultura da “Cruz Caída”, de Mário Cravo Junior, na Praça da Sé, simbolizando um marco católico.

A terra do sincretismo religioso também é a terra da música. Esta ganhou grande destaque nas últimas décadas que vão além dos grandes representantes da MPB, que marcaram história no cenário nacional e internacional23. As manifestações musicais como parte do “pacote” dos fetiches culturais vão desde a revalorização do Samba de Roda do Recôncavo ao Axé dos trios elétricos.

Em meados da década de 1980, artistas e grupos como Luiz Caldas, Gerônimo, Olodum e outros deram início, através de sucessos como “Fricote” (1986), “Eu sou Negão” (1987) e “Faraó” (1987), respectivamente, ao que se estabeleceu como marca da musicalidade contemporânea baiana. A Axé Music integrou-se de forma satisfatória ao carnaval baiano, definindo uma indústria que atrai milhões de pessoas nos dias de festa de momo tendo uma continuidade, sob o mesmo formato, nas micaretas24.

Além dos sons e cores, Salvador se apresenta ao mercado como a terra dos sabores. O tempero do dendê e da pimenta baiana também aguça os paladares externos em busca desta culinária exótica provocando um sentimento de curiosidade no conhecimento de acepipes como acarajés e abarás, e pratos como moquecas, vatapás, carurus e mariscadas. Os pratos seduzem tanto a partir dos seus ingredientes típicos quanto pelas cores resultantes da mistura desses. E, também, não menos importante, a partir desta arte apresenta-se e divulga-se toda a influência africana na cultura baiana.

Todos esses fatores somados transformam-se em um grande chamariz que conta ainda com um outro elemento extremamente relevante: trata-se do “exótico” do baiano que é a anunciada alegria de seu povo. A contagiante expressão de felicidade do povo baiano estampada nas peças publicitárias turísticas se apresenta como um dos fatores de atração do consumidor confortando-o com a certeza de uma receptividade que

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Refere-se a nomes como Dorival Caymmi, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.

24 Carnavais fora de época, em várias cidades brasileiras e também acontecendo no cenário internacional

encontrará ao visitar a cidade. E não é para menos: onde o turista chega há sempre uma “baiana”25 sorridente distribuindo fitas do Senhor do Bonfim ou posando para fotos – “uma lembrança da Bahia”26 –, ou mesmo em folders informativos.

A figura da baiana, por exemplo, não é utilizada apenas no âmbito do turismo, mas também se revelou como grande “objeto” de comunicação em massa para a população local, que a identifica como personagem de suas próprias histórias individuais. A exemplo disso, em março de 2006, foram expostos outdoors pela cidade divulgando a campanha de vacinação contra a febre aftosa que estampavam ao lado de um bovino a figura da baiana, como se desejando facilitar o entendimento da informação – visto que a imagem da baiana é muito bem aceita pela população como algo formador de sua própria identidade – para uma fácil e inevitável comunicação visual.

Todo esse arsenal de ações, representações, simulações, criações, vem direcionando a cidade de Salvador para um posicionamento de destaque no mercado de cidades. Longe ainda de atingir graus de excelência dos grandes centros mundiais, Salvador é transformada com o objetivo de se destacar cada vez mais neste cenário competitivo, onde a cidade tem buscado dentro de suas maiores referências culturais a sua marca identitária.

Sob este aspecto, pode se afirmar que a cidade já elegeu seus grandes ícones representativos bem como seus importantes cartões-postais. Ao se referir a Salvador, as imagens urbanas recorrentes são aquelas já incutidas no imaginário coletivo e consolidadas pela mídia: o casario do Pelourinho, o Elevador Lacerda, o Farol da Barra, o Porto da Barra, o Mercado Modelo, além de personagens e atividades, como a baiana, o carnaval, a capoeira, dentre outros. As imagens urbanas são como rótulos que podem facilmente ser absorvidos e adquiridos pelo consumidor sem que este precise ter um conhecimento mais aprofundado, afinal “imagem é tudo”27.

25

Nem sempre uma baiana autêntica, mas sim uma estilização da figura da baiana.

26

Expressão comum entre as “baianas” ao se oferecerem para posar para uma foto – pela qual cobram, naturalmente – juntamente com o turista.

27

Inversão de um slogan publicitário de uma marca de refrigerantes que pode muito bem ser aplicado ao marketing urbano (VIEIRA, 2000).

Figura 13: Imagens veiculadas no site oficial da

Prefeitura Municipal de Salvador, tendo ao fundo imagens símbolo da cidade. (Fonte: PMS, s/d)