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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4 RESÍDUOS DE BORRACHA DE PNEU

2.4.2 Reciclagem do pneu

A geração excessiva e o descarte inadequado de pneus vêm causando sérios problemas ao meio ambiente e a sociedade (Figura 17). Algumas formas de minimizar este passivo ambiental no setor da construção civil é justamente a incorporação de resíduos de pneus à massa de concreto na etapa da mistura.

A Resolução n°416, de 30 de setembro de 2009 do CONAMA, que dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, considera que:

• os pneus dispostos inadequadamente constituem passivo ambiental, e podem resultar em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública;

• esse passivo deve ser destinado o mais próximo possível de seu local de geração, de forma ambientalmente adequada e segura;

• a importação de pneumáticos usados é proibida pelas Resoluções CONAMA nº 23, de 12 de dezembro de 1996, e nº 235, de 7 de janeiro de 1998;

• os pneus usados devem ser preferencialmente reutilizados, reformados e reciclados antes de sua destinação final adequada;

• o Art. 70 do Decreto Federal n° 6.514, de 22 de julho 2008, impõe pena de multa por unidade de pneu usado ou reformado importado;

• a liberdade do comércio internacional e de importação de matéria-prima não devem representar mecanismo de transferência de passivos ambientais de um país para outro.

Figura 17 – Depósito de pneus inservíveis.

Fonte: http://bempublico.com.br/noticias/12/sustentabilidade/6214/fabricantes-vao-reusar-pneus-descartados- no-parana. Acesso em: 04/04/2019.

E, resolve em seu Art. 7º que os fabricantes e os importadores de pneus novos, devem elaborar um plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus inservíveis (PGP). Neste plano consta que nos municípios acima de 100.000 habitantes, deve existir pelo menos um ponto de coleta.

Visando atender a Resolução 416/09 do CONAMA, em 1999, a ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), entidade que representa os fabricantes de pneus novos no Brasil, implantou o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. Este Programa foi ampliado e, em 2007, foi criada a Reciclanip que realiza o trabalho de logística reversa como a coleta e destinação de pneus inservíveis no Brasil.

Segundo a Reciclanip, os fabricantes nacionais de pneus destinaram de forma ambientalmente correta 458 toneladas de pneus inservíveis em 2017. De 1999 a 2017 foram recolhidos e destinados adequadamente 4,5 milhões de toneladas de pneus inservíveis.

Segundo o Relatório de Pneumáticos do IBAMA (2018), em 2017 foram cadastrados 1.718 pontos de coleta, sendo 925 localizados em municípios com população acima de 100 mil habitantes. Ainda existem 12 municípios, com população acima de 100 mil habitantes, sem nenhum ponto de coleta declarado.

Na Tabela 6 estão os números totais de vendas de pneus de 2006 a 2018 no Brasil, onde o recorde foi alcançado no ano de 2013, onde chegou a 74 milhões de unidades vendidas.

Tabela 6 – Vendas anuais de pneus no Brasil. Total de vendas (milhões de unidades)

Ano 2006 57,20 2007 63,10 2008 54,30 2009 60,20 2010 73,00 2011 72,90 2012 67,90 2013 74,30 2014 72,80 2015 71,90 2016 70,70 2017 59,25 2018 59,38

Fonte: http://www.anip.org.br/, adaptado. Acesso em: 10/07/2019.

De acordo com a ANIP, a Indústria Nacional de Pneumáticos fechou o primeiro semestre de 2019 com ligeira alta de 1% em relação ao mesmo período de 2018 (Tabela 7).

Tabela 7 – Total de vendas de pneus no 1º semestre de 2018 e 2019, no Brasil. 1º SEMESTRE

Total de vendas (unidades)

Mês 2018 2019 Janeiro 4.761.843 4.469.081 Fevereiro 4.530.362 4.781.370 Março 5.311.308 5.067.000 Abril 4.980.791 4.743.504 Maio 3.754.612 5.116.638 Junho 5.530.200 4.985.294 TOTAL 28.869.116 29.162.887 Fonte: http://www.anip.org.br/, adaptado. Acesso em: 10/07/2019.

No Brasil, uma das formas mais comuns de reaproveitamento dos pneus inservíveis é como combustível alternativo para as indústrias de cimento. Outros usos dos pneus são na fabricação de solados de sapatos, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais, além de tapetes para automóveis. Mais recentemente, surgiram estudos para utilização dos pneus inservíveis como componentes para a fabricação de manta asfáltica e asfalto-borracha, processo que tem sido acompanhado e aprovado pela indústria de pneumáticos. No processo de coleta, a entidade é responsável pelo transporte de

pneus a partir dos Pontos de Coleta até as empresas de trituração, quando necessário, de onde os pneus são encaminhados para destinação final (http://www.reciclanip.org.br/v3/formas-de- destinacao-para-onde-vao).

Segundo a Resolução 416/09 do CONAMA o pneu usado pode ser reformado, para aumentar sua vida útil, pelos seguintes processos:

a) recapagem: o pneu usado é reformado pela substituição de sua banda de rodagem; b) recauchutagem: o pneu usado é reformado pela substituição de sua banda de rodagem e dos ombros;

c) remoldagem: o pneu usado é reformado pela substituição de sua banda de rodagem, ombros e toda a superfície de seus flancos.

A reforma de pneu não é considerada pela Resolução 416/09 do CONAMA como destinação ambientalmente adequada de pneus inservíveis. Esta Resolução considera que os pneus devem ser descaracterizados de sua forma inicial, e que seus componentes devem ser reaproveitados, reciclados ou processados observando a legislação vigente afim de evitar riscos à saúde pública e à segurança. Segundo a Reciclanip as principais formas de destinação dos pneus inservíveis no Brasil são:

• co-processamento: os pneus inservíveis possuem alto poder calorífico e são empregados como combustível alternativo em fornos de cimenteiras, em substituição ao coque de petróleo;

• artefatos de borracha: os pneus são utilizados na fabricação de tapetes para automóveis, pisos industriais e pisos para quadras poliesportivas;

• asfalto-borracha: o pneu triturado em forma de pó é adicionado a massa asfáltica;

• laminação: os pneus são empregados, na forma de lâminas, na produção de percintas (indústrias moveleiras), solas de calçados, dutos de águas pluviais etc.

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