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RECID E MOVIMENTO AMBIENTALISTA – CONSIDERAÇÕES SELVINO

(INFORMAÇÃO PESSOAL)17

1. SOBRE OS ITENS 1 E 2 1.1. BEM VIVER

Falta fazer alguma referência sobre o tema do BEM VIVER, até porque a RECID, por tuas próprias observações e questionários, fez vários debates tendo como referência o Bem Viver – ver páginas 62, 77, 132. E o Bem Viver, como sonho e utopia, tem ganho espaços crescentes nas reflexões e práticas ambientalistas.

O Movimento Fé e Política, do qual faço parte, há vários Encontros Nacionais, e em textos e análises, tem como referência o Bem Viver. O próximo Encontro Nacional, que vai ser em Natal/RN, 12 a 14 de julho [2019], de novo.

Tem diferentes textos e análises, inclusive meus, em www.fepolitica.org.br, de Pedro Ribeiro de Oliveira, meus, Frei Betto, entre outros.

A ABONG e o ISER ASSESSORIA promoveram no último período, inclusive nos últimos FSM, um programa chamado de ‘Novos Paradigmas para um outro mundo possível’, com referência no Bem Viver. Tem um livro lançado recentemente com este título, organizado por Ivo Lesbaupin e Mauri Cruz, com textos de Leonardo Boff, Ladislau Dowbor, Marcos Arruda, entre outros.

2. ECOSSOCIALISMO

Da mesma forma, falta fazer uma referência ao Ecossocialismo, cujo principal proponente é Michel Löwy. O Movimento Fé e Política fez um debate com ele em São Paulo ano passado a respeito. Ver em www.fepolitica.org.br

O Bem Viver e o Ecossocialismo são as duas linhas mais contemporâneas que refletem sobre a questão ambiental, apontando uma nova utopia

.

3. JOSÉ LUTZENBERGER, SEBASTIÃO PINHEIRO, GISELDA CASTRO E MAGDA RENNER

Também não citas em nenhum momento o Lutzenberger, falecido, Giselda Castro e Magda Renner, falecidas (recentemente foi lançado um Documentário sobre elas, chamado

17 HECK, S. TESE ESTELA – RECID E MOVIMENTO AMBIENTALISTA – CONSIDERAÇÕES SELVINO. Mensagem recebida por <selvinoheck@terra.com.br> em 17 abr. 2019.

‘Substantivo Feminino’), e o Sebastião Pinheiro, ainda vivo, todos gaúchos, grandes referências na questão ambiental, agrotóxicos, etc.

4. PAPA FRANCISCO E A ECOLOGIA INTEGRAL

Também valeria alguma referência à Encíclica Laudato Sì, do Papa Francisco, e sua proposta de ecologia integral, que tem pautado os debates nos últimos anos, em pastorais, movimentos ambientalistas, e também na RECID.

5. RECID E MOVIMENTOS SOCIAIS

Nos itens 2.6, 2.7, Movimentos Ambientalista e Movimentos Sociais no Brasil, talvez coubesse uma ênfase maior na presença, participação e articulação entre a RECID, o MAB, MST e MMC e outros movimentos do campo. Especialmente no Norte e Nordeste, foram parceiros permanentes. As questões ambientais entraram muito nos debates e ações por causa destes movimentos sociais, entre outros.

Assim como, com a criação da CNAPO e CIAPO – Política e Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – houve uma grande articulação e diálogo com a ANA – Articulação Nacional de Agroecologia – e a ABA – Articulação Brasileira de Agroecologia. Até porque eu e [...], que vinha do MST, e não por acaso, como escrevi na entrevista que fizeste comigo, que éramos do TALHER e da RECID, assumimos a Secretaria Executiva da CNAPO. Assim os temas da educação popular e a questão ambiental e agroecológica conectaram-se mais fortemente.

No mais, as referências à Ilse Scherer-Warren – convidamos ela em alguns momentos para debates em Brasília -, a Leonardo Boff, nosso parceiro permanente na RECID, Moema Viézzer, Maria da Glória Gohn, Moacir Gadotti – o IPF foi parceiro no primeiro convênio com a RECID, depois o CAMP -, Brandão – estive em debates com ele em Goiânia e outros lugares -, dois grandes parceiros da RECID, são mais que justas.

6. ITENS 3, 4 , 5

6.1. Minha observação sobre estes Capítulos.

Tenho mais dificuldade de falar a respeito destes Capítulos finais, os mais importantes, até partem de entrevistas e observações diretas tuas, e precisam de reflexões e análises a partir do objetivo da tua tese. O levantamento geral de atividades é muito bom. Mas, talvez, pudesses avançar mais, especialmente no Capítulo 5, sobre os resultados, com análises sobre as práticas da RECID na sua relação com a questão ambiental.

O que trouxeram, por exemplo, de positivo para a Economia Solidária, nas ações concretas nas comunidades, na formação de educadores/as e na qualificação política e técnica das experiências, na melhoria de vida das pessoas, na conscientização ambiental, etc.

Parece que se fica quase só no levantamento de ações e opiniões, e pouco na sua análise. Afinal, o objetivo da tese é ver como a RECID e a educação popular se ligaram à questão ambiental, como educadoras e educadores populares lidaram com o tema e que consequências, boas, positivas, ou negativas, trouxeram para as pessoas envolvidas, para as comunidades, para os movimentos sociais.

6.2. Sobre o gráfico da página 55 e outros elementos da página 55 e seguintes

Antes de existir o MDS, havia o MESA, Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar, Ministro Graziano, que está hoje na FAO. Daí, MESA, COPO, PRATO, SAL, TALHER. Os primeiros recursos públicos, orçamentários para o TALHER e a mobilização social, vieram via MESA, em 2004 transferidos para o então criado MDS.

Falta também fazer uma referência no gráfico aos Comitês Gestores do Fome Zero. Era o Cartão Alimentação, antes de existir o Bolsa Família, que era gerido pelos Comitês Gestores, eleitos diretamente pela população em Assembleias municipais. A equipe do TALHER viajou por todo Brasil em 2003 para ajudar na convocação e realização das Assembleias. Isso está descrito no livro ‘Calendário do Poder’, de Frei Betto, com suas polêmicas e divergências, não poucas. Nós querendo manter os Comitês Gestores e o governo acabou extinguindo-os, criando os Conselhos do Bolsa Família.

Também não há referência às Conferências de SAN e seu papel, especialmente a segunda, acontecida em Olinda em 2004, com grande participação do TALHER e da RECID, esta ainda em fase inicial.

Ainda: o CONSEA era um órgão consultivo, mas com duas coisas muito importantes. Uma: tinha dois terços da sociedade civil e um terço dos seus membros do governo, o que não acontecia com todos os Conselhos. Outra: estava locado diretamente na Presidência da República, ao contrário dos outros Conselhos, decidido diretamente pelo próprio presidente Lula, o que lhe dava muito mais força política, e às suas propostas, porque falava diretamente em nome do Presidente da República e não em nome de um ministro. Assim conseguia articular melhor todas as políticas do Fome Zero no conjunto do governo e no diálogo com o governo, organizações sociais e movimentos populares.

FINALMENTE:

A tese ajuda muito, não a RECID ou os governos Lula e Dilma, mas no resgate e compreensão de um momento histórico e inédito, quando governo e sociedade uniram-se para combater a fome, construir políticas públicas com ampla relevância social e preocupação com temas que antes não estavam no centro da preocupação de governos e sociedade.

Há um resgate das ideias e práticas pedagógicas libertadores de Paulo Freire.

Por último, se me decidir, será um elemento e contribuição importantes para que eu escreva a história da RECID, como vive insistindo comigo Frei Betto.

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