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É importante que a questão de investigação seja muito bem definida, não só para que se estabeleça um plano de pesquisa firme, mas também porque é através dela que se definem os métodos, se escolhe o acesso ao campo e o que irá fazer parte do estudo (quem - pessoas, grupos, instituições; e o quê - actividades, estilos de vida, processos) (Flick, 2005).

Na investigação qualitativa é muito importante definir qual o campo em estudo, que normalmente pode ser uma instituição, uma família, uma subcultura, uma comunidade, um grupo específico, entre outros. Esta investigação decorreu numa organização hospitalar entidade pública empresarial (pessoa colectiva de direito público, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, com capital estatutário detido pelo estado nos termos do decreto-lei n.º 558/99, de 17 de Dezembro entretanto alterado pelo decreto-lei n.º 300/2007 de 23 de Agosto e do artigo 18º do anexo da lei n.º 27/2002 de 8 de Novembro, constituída de acordo com o decreto-lei n.º 233/2005 de 29 de Dezembro).

Tem como missão prestar cuidados diferenciados de saúde de qualidade à população, assegurando simultaneamente, o desenvolvimento profissional dos seus colaboradores, num quadro de eficiência e eficácia através da participação em actividades de investigação, formação e ensino. Acolhe e presta cuidados respeitando a dignidade, em tempo útil, com eficácia, qualidade e a custos socialmente comportáveis, os utentes que necessitam de cuidados hospitalares, garantindo um desempenho técnico- científico avançado. Dedica-se a promoção da saúde na comunidade que serve e satisfazer as necessidades, em saúde, de cada utente que o procuram. Os cuidados de enfermagem baseiam-se num quadro de referência cujo seu objectivo é cuidar da pessoa na totalidade das suas dimensões, através de uma relação de ajuda, coadjuvando a pessoa a restabelecer o equilíbrio, a saúde, a qualidade de vida e o sentido de vida e como finalidade ajudar a pessoa a ser autónoma e a promover o bem-estar na sua plenitude – a qualidade de vida na perspectiva do utente (http://www.hevora.min- saude.pt).

negociação, as estratégias de referência para fazer bola de neve, e acima de tudo as competências relacionais. A questão do acesso ao terreno, às pessoas e processos que nele são de particular interesse, merece especial atenção. Neste contexto, para obter o acesso à informação que possibilitou desenvolver esta investigação foi necessário desenvolver alguns procedimentos que apresento de seguida:

 Envio de carta ao Presidente do Conselho de Administração do Hospital a solicitar a autorização para a realização de entrevistas aos profissionais de enfermagem da UCI e a realização de um período de observação não participante de cinco meses (de Maio a Setembro de 2010) no referido serviço, de modo a observar o comportamento dos profissionais junto dos familiares dos doentes (Anexo A). Foi garantido o não interferir com os ritmos de trabalho das equipas, os rigorosos critérios de sigilo e o anonimato sobre as informações recolhidas e a prévia informação a todos os profissionais convidados a participar acerca de todos os procedimentos inerentes.

 Estabelecimento de contactos privilegiados na busca da informação necessária para atingir os objectivos traçados. Contacto com os enfermeiros do referido serviço, onde foi apresentado o estudo assim como a sua orientação científica. Foi solicitado à enfermeira chefe que identificasse os enfermeiros do seu serviço de acordo com o número de anos de exercício profissional e de trabalho na UCI.

 Delimitação do melhor horário para realizar a observação não participante tendo em conta a opinião da Enf.ª chefe, os objectivos do estudo, as características do serviço, as normas e rotinas de modo a não causar nenhum transtorno à prática diária do serviço e obter o maior número de dados possíveis. Após ter conhecido o espaço físico desta unidade e tendo em conta os factores acima mencionados optou-se por realizar a observação no período do horário das visitas: 15-15.30 h e 19-19.30 h. Foram seleccionados apenas estes períodos pois neste serviço existem normas e procedimentos instituídos que apenas permitem aos enfermeiros fornecer informações aos familiares e comunicar com os mesmos durante este horário. Qualquer informação pedida fora deste horário é direccionada para os médicos que se encontram de serviço e, salvo raras excepções, o enfermeiro fornece informações pelo telefone ou fora do horário da visita.

 Após ter tido conhecimento de quais eram os enfermeiros que cumpriam os critérios de inclusão para serem entrevistados, foi pedido verbalmente o seu consentimento e solicitada a permissão para a gravação das entrevistas.

 Foi de seguida elaborado o agendamento faseado das entrevistas, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados e do serviço (e entrevistador) para a realização das entrevistas em local determinado pelos informantes. Segundo Flick (2005), após o acesso às pessoas que irão ser entrevistadas, um dos principais problemas com que o investigador se defronta é o da disponibilidade. Todas as entrevistas foram realizadas pelo investigador e, no início das mesmas eram retiradas possíveis dúvidas sobre os objectivos desta. A fase de recolha de dados decorreu de 1 de Julho a 9 de Setembro de 2009. As decisões de amostragem segundo Flick (2005) oscilam sempre entre o objectivo de abarcar o campo o mais vasto possível e o de realizar as análises o mais profundamente possível. A minha escolha recaiu na segunda hipótese. Ao procurar estudar se a partilha de informação entre enfermeiros e família é valorizada e colocada em prática pelos enfermeiros, numa UCI, a amostragem dos informantes recaiu sobre os responsáveis do processo isto é, informantes que tenham experiência no fenómeno de interesse. Assim optámos por uma amostra intencional constituída por enfermeiros que desempenham funções na UCI há pelo menos dois anos e com uma experiência profissional também superior a dois anos.

Morse citado por Flick (2005) define o “bom informante” como aquele que possui os necessários conhecimentos e experiência do assunto para responder às perguntas da entrevista, devendo ter capacidade de reflexão e articulação, tempo para ser interrogado e disposição para participar no estudo. Desta forma, foram realizadas doze entrevistas aos enfermeiros da UCI de um Hospital EPE, em que duas destas entrevistas foram pré- testes. No tipo de amostra total, nenhuma das entrevistas realizadas é excluída uma vez que a recolha e análise de dados tem como objectivo “manter e integrar todos os casos disponíveis na amostra.” (Flick, 2005,65).

Sendo, assim foram entrevistados 12 enfermeiros (Anexo B) cuja caracterização se apresenta no quadro n.º1.

• Idades compreendidas entre os 28-47 anos;

• Habilitações profissionais: licenciatura em enfermagem e pós-graduação; • Anos de exercício profissional: 2-22 anos, perfazendo uma média de 13,3;

• Anos de exercício profissional em UCI: 2- 15 anos, perfazendo uma média de 7,8.

Quadro n.º1

Caracterização dos enfermeiros entrevistados Idade

Habilitações profissionais Anos de exercício profissional Anos de exercício em UCI 40 Licenciatura em enfermagem 16 12 38 Licenciatura em enfermagem 14 9 35 Licenciatura em enfermagem 12 12 37 Licenciatura em enfermagem 16 14 36 Licenciatura em enfermagem 13 12 47 Licenciatura em enfermagem 22 15 36 Licenciatura em enfermagem 15 2 30 Pós-graduação 9 2 42 Licenciatura em enfermagem 20 6 33 Licenciatura em enfermagem 11 4 28 Licenciatura em enfermagem 2 2 30 Licenciatura em enfermagem 10 4 Média = 13,3 Média = 7,8