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Capítulo 3 Metodologia

3.3. Recolha de dados

A recolha de dados empíricos é essencial em qualquer tipo de investigação sobre a prática. Para o efeito, no estudo realizado foram utilizadas as seguintes técnicas: observação, entrevistas clínicas a dois alunos caso e recolha documental.

3.3.1.Observação participante

A observação é uma técnica fundamental em qualquer tipo de investigação, uma

vez que “permite o conhecimento directo dos fenómenos tal como eles acontecem num determinado contexto (…). A observação ajuda a compreender os contextos, as pessoas que nele se movimentam e as suas interacções” (Máximo-Esteves, 2008, p. 87).

Carmo e Ferreira (1998) destacam três tipos de observação: a observação participante, observação não participante e observação participante despercebida pelos observados. A observação participante, nos últimos anos, tem sido utilizada em diversos

trabalhos, “quer como ferramenta exploratória quer como técnica principal de recolha de dados, quer ainda como instrumento auxiliar de pesquisas” (Carmo & Ferreira, 1998, p.

108) e é através desta que o investigador estabelece um contacto mais direto com a população em estudo. Em relação, à observação não-participante, “o observador não interage de forma alguma com o objecto de estudo no momento em que realiza a

observação” (Carmo & Ferreira, 1998, p. 106). Por último, a observação participante despercebida pelos observados, diz respeito ao facto de o investigador procurar não ser notado pela população em estudo.

No estudo desenvolvido recorri à observação participante, na medida em que fui, simultaneamente, professora e investigadora numa turma de 5.º ano de escolaridade tendo, deste modo, um contacto direto com os alunos desta turma.

Como forma de registar o que foi observado, utilizei notas de campo que “são os

instrumentos metodológicos que os professores utilizam com mais frequência para

registar os dados de observação” (Máximo-Esteves, 2008, p. 88). As notas de campo numa investigação qualitativa, tendem a ser “detalhadas, precisas e extensivas” (Bogdan

& Biklen, 1994, p. 150). As notas de campo constam de uma descrição ou reflexão do que o investigador observa durante a sua investigação e podem ser redigidas tanto no momento da observação, como posteriormente. Ao longo do estudo elaborei notas de

campo, tanto sobre as aulas lecionadas durante a intervenção pedagógica, como sobre as entrevistas realizadas.

3.3.2.Entrevistas

As entrevistas também são “uma das estratégias mais utilizadas na investigação educacional” (Máximo-Esteves, 2008, p. 92). É possível definir entrevista como “um acto

de conversação intencional e orientado, que implica uma relação pessoal, durante a qual os participantes desempenham papéis fixos: o entrevistador pergunta e o entrevistado

responde” (Máximo-Esteves, 2008, pp. 92-93).

No estudo que apresento, foram realizadas três entrevistas clínicas a cada um dos dois alunos caso, ou seja, seis entrevistas que foram gravadas em suporte áudio. Estas entrevistas clínicas ocorreram após a conclusão do Estágio no 2.º ciclo e tiveram como propósito recolher informação sobre a aprendizagem das áreas e dos perímetros de figuras planas, mais precisamente em compreender de que modo os alunos resolvem problemas que envolvem os conceitos de área e de perímetro de figuras geométricas planas. Para me apoiar durante a sua realização, elaborei guiões de entrevista (Anexo 2).

Quanto ao tipo de entrevista optei por entrevistas clínicas. Estas entrevistas têm como principal objetivo contribuir para entender o modo como os alunos pensam e, por esta via, para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido, as entrevistas

clínicas na área da Matemática “são um meio pelo qual os professores podem observar e interpretar, ou seja, avaliar o comportamento matemático dos alunos” (Hunting, 1997, p.

162).

Para a realização destas entrevistas o professor, pode adotar ou adaptar tarefas concebidas para efeitos de investigação ou outras tarefas. O importante é que as use para

criar oportunidades de os alunos pensarem “em voz alta” sobre as tarefas propostas. Com

este propósito, no decurso da entrevista pode colocar, por exemplo, questões do tipo:

Podes dizer-me o que estás a pensar? (…) Podes dizer-me como é que trabalhas isso?

(…) Sabes uma maneira de verificar se estás certo? (…) Finje que és o professor.

Podes explicar o que tu pensas a uma criança mais jovem? (…) Como é que explicas?. (Hunting, 1997, pp. 153-154)

Hunting (1997) refere que entre as entrevistas clínicas há as que visam a resolução de problemas. Nestas são apresentados problemas aos alunos pedindo-se-lhe que os resolvam por escrito e, simultaneamente, que vão explicando como estão a pensar.

A Tabela 3 ilustra como foram organizadas as três entrevistas clínicas.

Tabela 3- Tarefas propostas nas entrevistas e sua organização

Data da entrevista Tarefa proposta Duração

2 de junho de 2015 Ficha de diagnóstico 34 min

3 de junho de 2015 32 min 8 de junho de 2015 Tarefa Área de figuras compostas Tarefa Frente da casa 32 min 30 min 9 de junho de 2015 Tarefa Área do jardim Tarea Moinho de vento 36 min 30 min

Observando a Tabela 3 constata-se que numa das entrevistas foram revisitadas as tarefas da Ficha de diagnóstico. Nas restantes apresentei quatro problemas: Área de figuras compostas, Frente da casa, Área do jardim e Moinho de vento. Assim, optei por entrevistas clínicas por resolução de problemas.

Com efeito, pretendi compreender como é que os alunos resolvem problemas que envolvem os conceitos de área e de perímetro de figuras geométricas. Foram propostos aos alunos caso vários problemas sobre áreas e perímetros e foi-lhes pedido que os resolvessem e explicassem o modo de resolução.

3.3.3.Recolha documental

A recolha documental “visa seleccionar, tratar e interpretar informação bruta existente em suportes estáveis (…) com vista a delas extrair algum sentido” (Carmo &

Ferreira, 1998, p. 59). Assim sendo, a recolha documental poderá ser feita através de informação documental existente nas bibliotecas, repositórios universitários e livros e também, incidir em trabalhos dos alunos. Face ao objetivo do estudo e tendo em conta

elaborados pelos alunos, para compreenderem como é que as crianças processam a informação, resolvem problemas e lidam com tópicos e questões complexas” (Máximo- Esteves, 2008, p. 92), no estudo que apresento a recolha documental incidiu sobre produções dos alunos e, mais concretamente, sobre a sua resolução de tarefas que lhes propus na sala de aula (Ficha de diagnóstico) e durante as entrevistas clínicas. Com efeito,

a “análise dos artefactos produzidos pelas crianças é indispensável quando o foco da investigação se centra na aprendizagem dos alunos” (Máximo-Esteves, 2008, p. 92).