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Recolha de dados: técnicas, instrumentos e procedimentos adotados

Capítulo 4 – Procedimentos metodológicos adotados no Pii

4.2. Recolha de dados: técnicas, instrumentos e procedimentos adotados

Nesta secção apresentam-se as técnicas selecionadas para a recolha de dados e os respetivos instrumentos que possibilitaram identificar, recolher e construir informação para responder à questão de investigação. Segundo Bogdan e Biklen (1994) “o termo

dados refere-se aos materiais em bruto que os investigadores recolhem do mundo que se

encontram a estudar” (p. 149). No entanto, para a recolha desses dados é necessário selecionar técnicas e instrumentos adequados. De acordo com Rodrigues (2011), as técnicas de recolha de dados são fundamentais, na medida em que permitem ao investigador “organizar, tratar, descodificar, ler e entender a informação previamente recolhida” (p. 309).

Rodrigues (2011) acrescenta que o recurso a técnicas e instrumentos de recolha de dados diversificados resultam numa mais-valia, uma vez que permite “multiplicar os momentos e formas de observação, reunir o material necessário à compreensão das situações que se observam e recorrer à triangulação metodológica para o confronto e análise dos dados obtidos pelos diferentes métodos sobre o mesmo fenómeno” (p. 310). Neste sentido, para a recolha de dados foram utilizadas técnicas de compilação documental e de observação participante. Quanto aos instrumentos utilizados, recorreu- se à vídeo-gravação, às notas de campo, aos registos realizados pelas crianças, bem como às listas de verificação de mobilização das aprendizagens das aprendizagens.

Na tabela 5 apresentam-se, de forma sistematizada, as técnicas e os instrumentos utilizados no processo de recolha de dados.

Técnica Instrumento Reco lha de da do s Observação participante Vídeo-gravação Notas de campo Compilação documental

Registos das crianças

Listas de verificação de mobilização das aprendizagens das crianças

Aná lis e d e da do s

Análise de conteúdo Sistema de categorias (com suporte WebQDA)

Nas subsecções seguintes explicitam-se as diferentes técnicas selecionadas para a recolha de dados.

4.2.1. | Observação participante

A observação é uma técnica que “permite o conhecimento direto dos fenómenos, tal como eles acontecem num determinado contexto” (Máximo-Esteves, 2008, p.87). A mesma autora acrescenta que esta técnica “ajuda a compreender os contextos, as pessoas que neles se movimentam e as suas interações” (p.87). Por estas razões, a observação é “uma etapa intermédia entre a construção dos conceitos e das hipóteses, por um lado, e o exame dos dados utilizados para as testar, por outro” (Quivy & Campenhoudt, 1998, p.155).

Segundo Vilelas (2009) este processo envolve, pelo menos, três elementos: (i) o observador, ou seja, aquela pessoa que planifica e usa a observação para recolher informação; (ii) o objeto de observação, isto é, aquilo que constitui o que se pretende observar e que se quer obter informação; e, por último, (iii) a perceção, ou seja, o resultado da interação entre o observador e o objeto da observação.

Tendo em consideração a natureza do presente projeto de intervenção-investigação considerou-se pertinente recorrer à observação participante, uma vez que esta permite ao investigador uma absoluta compreensão do estudo (Latorre, 2003).

De acordo com Latorre (2003) e Vilelas (2009), a observação participante é uma técnica de investigação adequada ao investigador, uma vez que esta possibilita a compreensão de um determinado contexto e a participação nas atividades do grupo em estudo.

Neste projeto de intervenção-investigação, a investigadora foi observadora participante, desempenhando o papel de educadora estagiária investigadora juntamente com a sua colega de díade. Este processo de observação participante revelou-se uma mais- valia, uma vez que se obteve uma visão mais ampla do sucedido, evitando determinados erros de perceção e garantindo mais validade, bem como fiabilidade dos dados recolhidos (Rodrigues, 2011; Vilelas, 2009).

Ao definir-se o objeto ou sujeito a observar, é imprescindível determinar como se deve efetuar o seu registo (Máximo-Esteves, 2008). Desta forma, recorreu-se a dois instrumentos, sendo eles: (i) vídeo-gravação de todas as sessões que contemplaram o projeto de intervenção-investigação; e (ii) notas de campo.

No que respeita às vídeo-gravações de todas as sessões, estas mostraram-se fundamentais, uma vez que possibilitou registar acontecimentos que não foram possíveis de observar nem de registar no momento da realização das sessões (Pacheco, 1995). Assim, este instrumento permitiu “a captação da totalidade da conversação” em cada uma das sessões realizadas (Pacheco, 1995, p.91), bem como o registo de informação visual.

Sendo a transcrição definida como a transformação de “um discurso recolhido do modo oral para um texto redigido no modo escrito” (Máximo-Esteves, 2008, p.102), foram, também, realizadas as transcrições das vídeo-gravações de todas as sessões, para que fossem analisadas posteriormente.

Relativamente às notas de campo, estas contêm dados valiosos relativos ao projeto implementado, uma vez que permitem realizar um registo mais detalhado da observação. Além disso, as notas de campo, geralmente, incluem registos detalhados, descritivos e focalizados do contexto, das pessoas, das suas ações e interações e, ainda, notas interpretativas, ideias e impressões que foram surgindo no decorrer da observação (Máximo-Esteves, 2008).

4.2.2. | Compilação documental

A compilação documental foi outra das técnicas de recolha de dados utilizadas neste projeto de intervenção-investigação. Segundo Santos (2013), “é uma técnica que visa a recolha organizada de documentação para ser, posteriormente, alvo de análise” (p.55). Desta forma, compilou-se os registos elaborados pelas crianças no decorrer das atividades realizadas, listas de verificação de mobilização das aprendizagens das crianças e documentos produzidos pela própria investigadora durante o desenvolvimento do projeto de intervenção-investigação.

Segundo Máximo-Esteves (2008), os registos das crianças tornam-se excelentes bases de dados, uma vez que possibilitam verificar algumas das aprendizagens realizadas pelas mesmas ao longo do tempo. Por esta razão, a análise dos documentos dos registos das crianças torna-se fundamental para investigações que se centram nas suas aprendizagens, como é o caso desta.

Neste projeto de intervenção-investigação, os registos elaborados pelas crianças foram arquivados. Esta compilação documental foi operacionalizada, por ordem cronológica.

Durante a implementação das atividades, as crianças realizaram registos individuais e em grupo, onde registaram as suas previsões e verificações, bem como as suas classificações segundo determinados critérios.

No processo de avaliação das aprendizagens das crianças optou-se pela conceção de listas de verificação que integravam as aprendizagens (conhecimentos, capacidades, atitudes e valores) que se pretendia que as crianças desenvolvessem, através da realização de cada uma das atividades que constituem a sequência didática proposta. Estas listas foram preenchidas em cada atividade, tendo por base as observações participantes realizadas, os diálogos com as crianças, a análise dos registos elaborados e a visualização das vídeo-gravações.

Recolheram-se dados de quatro documentos de grupo, de quarenta e quatro documentos individuais elaborados pelas crianças, de doze listas de verificação de mobilização das aprendizagens das crianças e de duas reflexões individuais, ou seja, sessenta e dois documentos na totalidade.