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5 APROPRIAÇÃO DAS TIC PELOS MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS DE SALVADOR

6 RECOMENDAÇÕES DO USO DE TICS PARA OS ME

Diante das questões levantadas neste trabalho, acredita-se que grande parte dos Microempreendedores Individuais de Salvador ainda não estão aproveitando as possibilidades das Tecnologias da Informação e Comunicação, em particular postas pela Internet para apoiar e alavancar os seus negócios. As dimensões de compras, vendas, atendimento, relacionamento, publicidade e gestão ainda são pouco exploradas com o uso de TICs para as atividades empresariais desses pequenos negócios, mesmo pelos MEI entrevistados neste trabalho e considerados altamente incluídos digitalmente no conceito de Takahashi (2013). Por outro lado, percebe-se que os órgãos de apoio a MEI podem aprimorar o atendimento prestado a esses pequenos negócios e que as TICs, especialmente a Internet, podem ser grandes aliadas desse processo.

Como recomendações para o uso intensivo de TICs, mais especificamente Internet, pelos MEI, este trabalho propõe primeiramente uma ação em duas frentes: (1) aprimorar o atendimento oferecido pelos órgãos de apoio a MEI através de TICs e (2) capacitar os MEI para entender melhor o potencial de TICs, mais especificamente o potencial da Internet e ainda, em um horizonte de mais longo prazo, (3) produzir (ou simplesmente coletar e organizar) em um site e difundir soluções baseadas em TICs para problemas diversos dos MEI.

Como principais sugestões para o aprimoramento do atendimento oferecido pelos órgãos de apoio a MEI através de TICs, são propostos por este trabalho. Primeiro, desenvolver um canal de comunicação virtual para que o MEI independente digital, aquele que faz todo o processo de cadastramento e geração de boleto pela Internet de forma autônoma, possa se comunicar através da Internet para tratar eventuais dúvidas e problemas. No processo padrão atual, se alguma coisa der errado, não há como recorrer de forma automática a nenhum canal de atendimento através da Internet, que seria adequado para os MEI altamente incluídos digitalmente. Segundo, criar um processo mais simplificado e automatizado para as questões legais referentes ao único funcionário que o MEI pode ter. Este processo poderá trazer maior agilidade e segurança para a decisão de contratação do MEI, além de garantir que os registros legais necessários sejam realizados automaticamente, evitando custos extras com contadores. Usar um software bem estruturado para apoio ao processo de legalização do empregado

do MEI pode incrementar o número de MEI com colaboradores formais e apoiar o seu crescimento. Em terceiro lugar, criar um processo simplificado e automatizado para a participação dos MEI em licitações/aquisições públicas. Nos moldes do processo para registro de MEI do Portal do Empreendedor, desenvolvido pela Receita Federal, os governos federal, estadual e municipal, podem simplificar os processos e as exigências para licitações onde os MEI podem concorrer, isto é quando os valores não ultrapassarem R$ 60 mil por ano. Para o segmento de MEI mais capacitados e ambiciosos de Salvador, será útil desde já iniciar algum esquema de apoio para que ele possa participar de Licitações Eletrônicas. Em quarto lugar, criar capacitações através de vídeo aulas. As capacitações EAD desenvolvidas pelo Sebrae para MEI ainda são bastante textuais, utilizando poucos recursos de som e vídeo, desenhos animados e games, que são grandes facilitadores do processo de aprendizado. As tecnologias atuais de informação e comunicação criam novas possibilidades para o uso desses recursos. Por exemplo, em um Tablet ou celular Smartfone é possível baixar conteúdos e operar som e vídeos de forma "offline". Isso supera eventuais problemas de acesso e velocidade de Internet, permitindo que o conteúdo seja transferido para o aparelho e utilizado quando for mais conveniente para o usuário, independentemente da disponibilidade do acesso à Internet. Tudo isso com uma excelente qualidade de imagem e som que os dispositivos digitais atuais disponibilizam a preços razoáveis. Conteúdos em vídeo para tablets utilizando, por exemplo, a linguagem de programação de conteúdo para Web, HTML5, que tem suporte para as mais recentes tecnologias multimídia e que funciona offline, permite uma alta qualidade de interação com materiais educativos. Há por outro lado uma tendência rumo a simplificação na formatação de conteúdos. Como exemplo, a Khan Academy, de Salman Khan, que produz vídeos de 10 a 12 minutos sobre matemática e outros temas, de maneira bastante simples, com conteúdos abrangentes e exercícios que garantem o aprendizado, tem tido grande aceitação, com milhões de adeptos em todo o mundo, se constituindo numa verdadeira revolução na maneira de ensinar. E em quinto lugar, publicar lembretes de pagamento e o próprio pagamento do boleto mensal através de celular. Como o não pagamento do boleto pode gerar a perda dos benefícios como MEI e atualmente o uso de celular é praticamente universal, como demonstra a pesquisa TIC Domicílios e Empresas 2013 (CGI, 2014), propõe-se usar o celular para reduzir a inadimplência, que

vem alcançando 50%. Para o MEI típico atual, uma campanha pelo Facebook com boletos para pagar as obrigações mensais pode ser muito útil.

As ações acima propostas precisarão ser feitas, por um consorcio de entidades como o Sebrae, BB, Governos Federal, Municípal e Estadual e Receita Federal.

Para que façam maior sentido para os MEI, este trabalho propõe o ensinamento do uso das TICs, mais especificamente da Internet, com foco nas dimensões de compras, vendas, propaganda, atendimento, relacionamento e gestão, através de caminho similar ao da Khan Academy já mencionada, com a criação de vídeos de curta duração, acompanhados por lições para as principais funcionalidades, divididas nos módulos básico, intermediário e avançado, estimulando a evolução do aluno MEI. No curso básico de TIC, com ênfase em Internet, para MEI, propõe-se o ensino das funcionalidades de registro e alterações cadastrais, emissão de boleto, emissão de nota fiscal, envio e recebimento de e-mails, procedimentos para anexar arquivos em e-mails, fazer buscas e aprender a filtrar e interpretar as respostas. A partir desse estágio, o MEI poderá evoluir para o estágio intermediário onde aprenderá a usar redes sociais para criar grupos de clientes e de fornecedores, fazer buscas de produtos, avaliar preços, verificar a reputação das empresas e produtos e comprar pela Internet. Do nível intermediário, o MEI poderá alcançar o nível avançado, onde aprenderá a vender pela Internet, fazer propaganda de seu negócio, fazer gestão e fazer parte de um market place virtual. A passagem por esses níveis pode funcionar como um jogo onde o MEI vai somando pontos a medida que for respondendo perguntas sobre o aprendizado de cada nível. O Sebrae dispõe de algumas ferramentas para apoiar o MEI gratuitamente na evolução desses estágios, entre elas, a capacitação Conecte seu Negócio para ensinar a publicar a loja e vender pela Internet, e o software de gestão para pequenos negócios denominado Market Up. Juntar esses produtos com vídeo-aulas e jogos para evolução do conhecimento, poderá propiciar novas possibilidades de interações digitais para os MEI.

Em relação à produção e difusão de soluções baseadas em TICs, mais especificamente em Internet, para problemas diversos dos MEI, e mirando um esquema mais maduro de apoio a MEI, este trabalho propõe, em médio prazo, a elaboração de um Portal para apoiar os MEI. A proposta é criar um ambiente simples, organizado com as principais atividades de MEI no primeiro nível de consulta. Cada atividade deve ser contemplada com assuntos de interesse da área como notícias, cursos, dicas, tendências,

inovações, produtos correlacionados, vídeos ensinando boas práticas, fóruns de discussão, cases, informações de como fazer etc. O Portal também deverá prover meios e ferramentas para apoiar os MEI com questões relacionadas às necessidades de qualquer empresa, como publicidade (contratar marcas, slogans, jingles, fotos e vídeos), orientação jurídica, administrativa e de gestão, entre outras soluções que possam ser digitalizadas para apoiar os MEI diretamente através da Internet. Ao entrar no Portal, o ambiente do MEI deve ser montado com as suas soluções favoritas, encapsuladas em aplicativos com desenhos (ícones) que poderão ser elaborados por artistas plásticos baianos, estimulando a economia criativa digital local. Cada principal atividade e cada macro função terá um ícone cujo conteúdo estará digitalizado com serviços e informações. Também haverá ícones representando clientes, pedidos, cursos, fóruns, melhores práticas, apoio jurídico e administrativo, licitações de interesse, e publicidade que auxiliará na estética dos negócios, competência fundamental para os entrantes desta era digital. O Portal poderá ser denominado MEI FACE e funcionará como um Facebook com as características de ser simples e ser específico para cada atividade MEI, atrelando-a com pessoas, processos, produtos e relacionamentos de interesse.

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