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1. Visto que a ocorrência de espécies e efetividade dos

ecossistemas, não foi foco direto das análises efetuadas, salientam-se aqui demandas urgentes por medidas contra a caça e a coleta de palmito, como destacados fatores de perda de biodiversidade na área de estudo. Estes fatores não são identificados pela metodologia de caracterização da cobertura vegetal utilizada e são graves componentes do processo de constituição da chamada “Floresta Vazia”.

2. As análises caracterizam áreas de preservação permanente em

desacordo com os usos previstos pela legislação, onde a solução destes conflitos passa pela restauração dos ecossistemas degradados. Para tanto se faz necessário a execução de um programa de recomposição vegetal, que priorize as áreas ainda não urbanizadas, destacando-se as formações identificadas como de manguezal alterado, visto sua relação direta com as áreas da ESEC Carijós e as faixas marginais aos cursos d’água (matas ciliares), pelo seu importante papel na conectividade entre os remanescentes e como indutora da recuperação destes.

3. Os dados apresentados foram executados na escala cartográfica

1:10.000 e representam o uso e cobertura do solo em 2002, desta forma há de se ter cautela na sua interpretação para os processos de licenciamento, especialmente de pequenas áreas, onde se deve executar análises de campo criteriosas. Destacam-se as análises de pequenos fragmentos de formações vegetais nativas, inseridos em

contextos mais urbanizadas, especialmente os situados nas áreas urbanizáveis (AURB).

4. Os estudos consideraram a conectividade dos ambientes,

voltados para a diminuição da sua fragmentação, situação que transpassa os limites das bacias hidrográficas, visto que o fluxo biológico, para muitas espécies, não possui relação direta com a drenagem. Dentro deste contexto e de acordo com a pré- disponibilidade da legislação incidente, sugere-se o desenvolvimento de estudos que identifiquem as áreas de preservação permanente contíguas à AIZAC, destacando as áreas dos Distritos da Lagoa da Conceição e do São João do Rio Vermelho, entre outras. Neste mesmo sentido deve-se contribuir com abordagens mais regionais de conservação, através da cooperação com outras áreas protegidas das esferas federal, estadual, municipal e particulares, bem como pela criação de Corredores Ecológicos e Mosaicos de Unidades de Conservação, conforme previsto pelo SNUC.

5. Para a implementação do zoneamento proposto, além de se

utilizar de suas definições no processo de tomada de decisão pelos responsáveis pela ESEC Carijós, se faz premente a maior articulação com outras instituições, de forma a viabilizar o alcance de seus objetivos. Destacam-se aquelas com atuação mais local: Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), por suas funções de planejamento do desenvolvimento da cidade, de forma que os Planos Diretores sejam readequados para a zona de amortecimento, especialmente no que tange à delimitação das APPs; Fundação

Estadual de Meio Ambiente (FATMA), principal responsável pelo licenciamento ambiental na área e; Secretária de Urbanismo e Serviços Públicos de Florianópolis (SUSP), por suas responsabilidades comuns e específicas ao licenciamento.

6. Deve-se levar em consideração também, programas de

desenvolvimento econômico, gestão do território e conservação da natureza, de forma a promover a integração de objetivos e melhor qualificá-los frente ao contexto desta zona de amortecimento. Destaca- se as iniciativas governamentais e privadas de desenvolvimento local e regional, tais como, projetos relacionados com a pesca artesanal, agricultura orgânica, maricultura, turismo e grandes empreendimentos imobiliários. Neste mesmo intuito, cita-se ainda o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro, de iniciativa federal e o Programa MaB (O Homem e a Biosfera) da UNESCO, especificamente quanto à Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, entre outros, conforme suas significativas sobreposições temáticas e espaciais com a AIZAC.

7. Objetivando aumentar a aplicabilidade das normatizações de

uso e ocupação do solo, identificadas e propostas, deve-se procurar a aplicação dos direitos dos proprietários afetados e o desenvolvimento de alternativas mais “amigáveis”. Destacam-se: redução de impostos territoriais sobre as áreas de preservação; criação de RPPNs, as quais além das reduções destes mesmos impostos, devem facilitar o apoio técnico/financeiro para manutenção e recuperação de áreas com significativa importância ecológica; apoio à implantação do ICMS Ecológico, de forma a promover iniciativas municipais para a

conservação da natureza e; divulgar programas e linhas de financiamento para iniciativas de conservação ambiental e para empreendimentos e iniciativas sinérgicas aos objetivos da UC.

8. Como forma de viabilizar a participação social na gestão deste

território, além dos aspectos já citados, deve-se ter encaminhamentos no sentido da melhor organização e empoderamento da sociedade. Para tanto se sugere o direcionamento de esforços em dois sentidos que subsidiam: promover o funcionamento do Conselho Consultivo da ESEC Carijós, destacando seu papel crucial sobre a Zona de Amortecimento desta UC e; analisar a pertinência e eventualmente promover a criação de comitês de bacia hidrográfica.

9. Com base nas similaridades entre as Zonas de Amortecimento e

as Áreas de Proteção Ambiental (APA); especialmente no que tange às características de incidência sobre áreas públicas e privadas, planejamento do uso do solo e conservação da natureza, destacando ainda a pré-disponibilidade de informações e mecanismos de gestão; sugere-se que se procedam iniciativas que promovam a criação de uma APA abrangendo a Zona de Amortecimento da ESEC Carijós. Para tanto, salientando-se as responsabilidades da municipalidade na gestão de seu território e como potencial integradora das diferentes esferas de governo, se faz pertinente que esta UC seja criada no âmbito municipal. Tal recomendação objetiva uma maior integração hierárquica, com o intuito de que as sobreposições de jurisdição representem mais a comunhão de objetivos e esforços do que disputas por maior “autonomia” no processo de tomada de decisão.

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