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Recomendações numa perspetiva de Educação para a Saúde

CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.3. Recomendações numa perspetiva de Educação para a Saúde

Perante os resultados obtidos, consideramos importante a implementação de medidas e estratégias interventivas, que favoreçam a melhoria do serviço no refeitório escolar em que decorreu a investigação, contribuindo para o desenvolvimento e manutenção de hábitos alimentares saudáveis pelos alunos.

Para que seja eficaz, a intervenção deve envolver a participação ativa de todos os elementos da comunidade escolar, alunos, professores, direção da escola, funcionários, pessoal do serviço de alimentação escolar, mas também as famílias, cuja influência nos hábitos alimentares das crianças e jovens em idade escolar é determinante.

Organizamos as propostas em três campos de intervenção que se influenciam mutuamente: A) funcionamento do refeitório escolar; B) oferta alimentar; C) comportamento alimentar dos alunos. Salientamos que foram tidas em consideração as sugestões efetuadas durante a investigação pelas funcionárias do serviço de alimentação

e pelos alunos, cientes que o aporte de nutrientes é determinado pelas refeições servidas mas também pelas escolhas dos alunos em função da sua maior ou menor aceitação dos alimentos. Sublinha-se ainda que as estratégias sugeridas devem ser implementadas de forma progressiva e que a avaliação da sua eficácia e aceitação são fundamentais.

A) Funcionamento do refeitório escolar

- Criação de um ambiente mais agradável, atrativo e que favoreça o convívio: sugere- se a pintura das paredes com cores mais alegres e imagens sugestivas, integrando a participação dos alunos; colocar música ambiente durante as refeições; modificação das fardas das funcionárias tornando-as mais coloridas.

- Planeamento das ementas tendo em consideração as preferências dos alunos sem esquecer a adequação nutricional das refeições. Sugere-se que as ementas sejam divulgadas às famílias através da página web da escola, para que a alimentação em casa possa complementar de modo adequado a oferta escolar; e que sejam afixadas e apresentadas aos alunos na escola de forma criativa e atrativa.

- Elaboração das fichas técnicas das refeições com indicação de todos os ingredientes a utilizar e respetivas quantidades, das técnicas de confeção e da capitação, tendo em conta as recomendações em vigor para o aporte nutricional e energético adequado às faixas etárias dos alunos a que se destinam as refeições. Desta forma as quantidades a servir estarão mais adequadas aos alunos.

- Criação de processos criativos de comunicar as características nutricionais e valor energético dos pratos, de modo a proporcionar uma forma mais lúdica de aprender. Utilização de círculos coloridos para os alimentos que integram a refeição (por exemplo, como sugerem Arpe e Polanco (2008): verde, para os alimentos reguladores, frutas, vegetais e hortícolas; vermelho, para os proteicos, carne, pescado, ovos e lacticínios; amarelo, para os energéticos fornecedores de lípidos; azul, para os fornecedores de hidratos de carbono, como massas, batatas, arroz) e ícones para o valor energético (por exemplo: ). Esta informação deverá ser colocada num quadro, onde conste a ementa diária, à entrada do refeitório; e poderá ser da responsabilidade das várias turmas de alunos, de forma rotativa.

- Introdução do “Ecoponto da Alimentação escolar”. Seriam colocadas três pequenas caixas coloridas no refeitório escolar: na azul, os alunos poderiam colocar questões; na amarela, sugestões; e na verde, deixariam a sua opinião sobre as ementas/refeições servidas. Estes dados seriam analisados pela “Brigada das Refeições Escolares”, que seria uma equipa constituída por quatro elementos (dois alunos, um do 2.º e outro do 3.º Ciclo,

uma funcionária do refeitório e a professora coordenadora da área da Educação para a Saúde) que apresentaria sugestões à responsável pelo serviço de alimentação.

- Acompanhamento aos alunos durante a refeição, efetuado por um adulto, que os aconselhe e incentive em relação ao seu comportamento alimentar e supervisione o comportamento geral no sentido de proporcionar um ambiente mais tranquilo e com menos barulho.

- Permitir a repetição dos pratos aos alunos que fazem refeição completa para diminuir o número de alunos que fazem refeições incompletas.

- Formação profissional do pessoal do serviço de alimentação no que respeita à planificação, preparação, confeção e distribuição de refeições escolares, segurança alimentar e relações interpessoais.

B) Oferta alimentar

- Sem esquecer as preferências dos alunos, ir apresentando novos pratos de forma atrativa e inovadora para introduzir diferentes alimentos na sua dieta e aumentar a variedade das ementas. Deste modo poderão ser substituídos os pratos de que os alunos menos gostam por outros também equilibrados nutricionalmente.

- Melhorar a qualidade das refeições, nomeadamente as características organoléticas dos pratos, recorrendo a ervas aromáticas e especiarias, respeitando a sazonalidade dos alimentos e o contexto gastronómico local e, dando particular atenção ao seu sabor, cor e apresentação.

- Privilegiar os alimentos fornecedores de hidratos de carbono e fibras, aumentando o valor energético das refeições respeitando as recomendações em vigor.

- Promover os pratos de pescado tornando o seu aspeto visual mais atrativo e colorido, recorrendo, por exemplo, à utilização de hortícolas de cores variadas, e melhorando o seu aroma e sabor com ervas aromáticas e especiarias.

C) Comportamento alimentar dos alunos

- Criação de um “Clube de Degustação”, que seria constituído por alunos e Encarregados de Educação cuja função seria provarem e aprovarem os pratos a servir, em sessões planeadas para o efeito, ao longo do ano letivo.

- Organização de campanhas de promoção de diferentes tipos de alimentos no refeitório, com a participação das famílias.

- Criação da “Caderneta do Utilizador do Refeitório” e promover o concurso do “Tabuleiro Saudável”: seriam pontuados os tabuleiros em função das escolhas alimentares individuais e sempre que os alunos fizessem as refeições completas seria feito o registo na sua caderneta. Após a realização de 20 refeições completas poderiam ter direito a um lanche saudável gratuito no bar da escola, mediante a entrega da caderneta, recebendo uma nova.

- Dinâmicas interpares, com criação dos “Chefes de Mesa”, alunos que de forma rotativa seriam responsáveis pelas várias mesas do refeitório, tornando-as mais apelativas (por exemplo, decorando-as e colocando mensagens nos vários lugares), mantendo a ordem e tranquilidade durante a refeição, supervisionando e aconselhando os colegas em termos de escolhas alimentares, e motivando-os a almoçarem no refeitório escolar.

- Promoção dos “Dias de Menus Temáticos” no refeitório escolar, com pratos típicos de outros países promovendo a diversidade cultural e a interdisciplinaridade, em que as ementas seriam elaboradas pelos alunos e posteriormente aprovadas pelos responsáveis do serviço de alimentação. Isto é cada vez mais importante porque a diversidade em termos de nacionalidade dos alunos evidencia-se cada vez mais nas nossas escolas.

- Promoção de “Oficinas de Culinária”, em que os alunos e os pais poderiam praticar a seleção de alimentos, a sua manipulação, confeção e apresentação de forma original e inovadora, promovendo a capacitação para fazerem escolhas alimentares mais saudáveis.

Importa salientar que intervenções adequadas podem garantir mudanças positivas que reforçam o papel dos refeitórios escolares como modelos de padrões alimentares saudáveis e adequados às crianças e jovens em idade escolar (Sancho et al., 2008), pois a estrutura das ementas e os alimentos servidos constituem uma mensagem em si mesmos (Arpe & Polanco, 2008).

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