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Considerando que, na qualidade de agente do convênio, este autor teve acesso às duas metodologias de intervenção em APL e a de integração entre ambas e, por esta razão se sente estimulado em sugerir o restabelecimento, fortalecido, da figura e atuação do Agente Local, conforme funções descritas no capítulo 3. Sua importância foi reiterada durante toda a experiência prática local e relatada no corpo deste trabalho; pois ele é responsável direto pelas práticas da boa governança no local e o empresário não tem, necessariamente, esse viés articulador e aglutinador. Essa é a principal recomendação desse estudo no sentido de fortalecer o APL na busca de sua perenidade; evitando retardar sua entrada na fase de declínio do ciclo de vida.

Outra sugestão seria fortalecer o processo de aprendizado no aglomerado. Lastres e Cassiolato (2003) explicam que aprendizado refere-se à aquisição e à construção de diferentes tipos de conhecimentos, competências e habilidades, não se limitando a ter acesso a informações. Do ponto de vista epistemológico, a discussão em torno do conceito de aprendizado vincula-se à compreensão sobre a origem e evolução dos hábitos cognitivos e estruturas de compreensão nos indivíduos. Ou seja, envolve uma tentativa de desvendar os mecanismos de funcionamento da mente humana com relação ao processo pelo qual indivíduos adquirem e utilizam seus conhecimentos como base para formar suas opiniões e pautar suas ações e tomadas de decisões.

Na literatura econômica, o conceito de aprendizado pode estar associado a um processo cumulativo através do qual as organizações - através de seus recursos humanos - adquirem e ampliam seus conhecimentos, aperfeiçoam procedimentos de busca e refinam habilidades em desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços. Dentre os impactos do processo do

aprendizado, do ponto de vista da empresa e de conjuntos de empresas, destacam-se o aumento de sua eficiência produtiva e administrativa e, também, o maior dinamismo da inovação (LASTRES e CASSIOLATO, 2003).

Dentre as várias formas de aprendizado, relevantes ao processo de inovação e ao desenvolvimento de capacitações produtivas, tecnológicas e organizacionais, destacam-se aqueles a partir de fontes internas à empresa: aprendizado com experiência própria, no processo de produção (‘learning-by-doing’), comercialização e uso (‘learning-by-using’); na busca de novas soluções em suas unidades de pesquisa e desenvolvimento (‘learning-by-

searching’) ou instâncias; e os a partir de fontes externas à empresa: processo de compra,

cooperação e interação com: fornecedores, concorrentes, licenciadores, licenciados, clientes, usuários, consultores, sócios, prestadores de serviços, organismos de apoio, entre outros (‘learning-by-interacting and cooperating’); e aprendizado por imitação, gerado da reprodução de inovações introduzidas por outras organizações, a partir de: engenharia reversa, contratação de pessoal especializado, etc. (‘learning-by-imitating’); ainda de acordo com Lastres e Cassiolato (2003).

Embora as empresas permaneçam como centro dos processos de aprendizado e de inovação, estes são influenciados pelos contextos mais amplos onde se inserem. Em outras palavras, processos de aprendizado e de inovação não ocorrem num ‘vácuo’ institucional. A natureza e intensidade das interações entre diferentes atores refletem as condições do ambiente econômico e também social, cultural e institucional. Assim, a análise da especificidade e dinâmica institucional de arranjos produtivos constitui-se em elemento crucial para compreensão do processo de capacitação produtiva e inovativa (LASTRES e CASSIOLATO, 2003).

Outra sugestão plausível ao APL é considerar, de fato, a possibilidade de agruparem-se formalmente numa associação para que assim pudessem, de fato, assumir a responsabilidade por ações cooperadas, como a criação de uma central de compra e/ou de venda, como exemplo. Os benefícios associativos poderão ser percebidos através de uma maior integração do grupo e rateio de custos no atingimento de novos mercados. Considerar a substituição da governança via SICOV para a Associação Comercial de Vargem Grande do Sul também é outra sugestão passível de fortalecimento do APL na medida em que possibilita a entrada de novos estabelecimentos – industriais, comerciais e de serviços – interessados no desenvolvimento da localidade e suas conseqüentes externalidades positivas.

Ainda sobre agrupamento com vistas ao desenvolvimento, agora regional, há que se considerar a possibilidade de formalizar uma junção dos APL de Vargem Grande do Sul e Tambaú; complementares que são as produções – embora haja empresas concorrenciais diretas. O maior problema dessa iniciativa é que as respectivas governanças ainda estão em formação; porém do ponto de vista institucional é possível dado que ao MDIC os respectivos APL já são considerados como único e denominados de APL de São João da Boa Vista (BRASIL, 2007). Ademais os dois APL estão, ainda, sob a gestão da FIESP.

Avançando ainda mais nessa sugestão e considerando a legitimidade que uma ADL teria em nascendo de um APL pode-se pensar na institucionalização dos APL sob a égide da já existente ADL de São João da Boa Vista que deveria assumir as funções – e não só a denominação – de uma ADR. O horizonte expansionista seria, assim, alargado enormemente, pois poderia englobar empresas que não estivessem sindicalizadas e nem ligadas a nenhuma associação empresarial.

Relativo ao citado ciclo vicioso da gestão em MPME, conforme estudo de Escrivão Filho e Moraes (2006) e com vistas à sua interrupção, outra sugestão seria estimular a contratação de funcionários qualificados com enfoque na tradicional relação custo / benefício e no conceito de investimento; diferenciando-o de despesa. Aliado a essa sugestão, outra seria a departamentalização das empresas visando uma maior profissionalização dos dirigentes e seus colaboradores.

Ainda no tocante à capacitação da gestão administrativa uma iniciativa positiva seria incentivar a incorporação do Ciclo PDCA1 de Melhoramento Contínuo (Roda de Deming) não só para a área de produção, pois trata da seqüencia de atividades que são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades.