• Nenhum resultado encontrado

Recomposição do transformador TF1 no sistema com falta fora da zona de proteção

6 METODOLOGIA APLICADA PARA AVALIAÇÃO EM LABORATÓRIO DO DESEMPENHO DE UM RELÉ

6.5 TESTES DE EM LABORATÓRIO

6.5.5 Recomposição do transformador TF1 no sistema com falta fora da zona de proteção

Os transformadores de potência estão sujeitos a desligamentos involuntários e voluntários no sistema elétrico. O transformador pode ser retirado de operação para outro equipamento sofrer manutenção preventiva, ou quando o próprio transformador necessita de manutenção. Geralmente não se sabe em qual período da onda de tensão o transformador foi desligado, o que pode armazenar indução magnética residual.

O procedimento de recomposição do transformador envolve uma série de manobras de disjuntores, dependendo da contingência que ocorreu no sistema de potência e no transformador. Quando a contingência envolve a atuação de uma determinada função de proteção, há distintas manobras para recompor o sistema.

O objetivo desta simulação é apresentar o período transitório da situação de recomposição de um transformador no sistema de potência com uma falta no lado de baixa tensão do transformador, externa a zona de proteção do transformador. Há situações em que uma grande corrente de curto circuito fora da zona de proteção do transformador possa causar uma operação indevida da proteção diferencial.

O transformador utilizado neste caso é o TF1 da figura 42, adjacente ao transformador TF3, utilizado nos casos anteriores. A figura 70 apresenta a oscilografia do evento registrado pelo relé digital através

de um sinal de trip quando o elemento de bloqueio fosse ativado. Quando o disjuntor no lado de alta tensão é fechado, as correntes de

inrush são medidas pelos transformadores de corrente, apresentando

magnitude suficiente para ativar o elemento de corrente de operação. A corrente de restrição medida pelo relé digital indica que o transformador está na região de operação da proteção diferencial, mas este não retira o equipamento de operação devido à presença do elemento de bloqueio de harmônicas.

Em 7,375 ciclos ocorre a falta externa, e o elemento de restrição da fase A é alterado para o nível lógico 0 em 7,593 ciclos, ocorrendo a mesma situação para os elementos de restrição das fases B e C em 7,813 ciclos e 7,688 ciclos, respectivamente. De acordo com a figura 70, o elemento de bloqueio perante harmônicas de segunda ordem é retirado em 8,688 ciclos.

Figura 70 - Correntes de entrada do relé, habilitado por proteção diferencial com bloqueio de harmônicas.

No momento da falta externa, a corrente de restrição conduz o ponto de operação para a zona de não operação da proteção diferencial, conforme figura 71. Como as correntes possuem altas magnitudes em ambos os enrolamentos do transformador, a corrente não atinge magnitude para ativar o elemento sem restrição 87U e o elemento com

restrição 87R. Nas fases B e C, a corrente de operação se mantém acima do nível de ajuste da proteção, enquanto a corrente de restrição se eleva, mas não determinante para atuação da proteção diferencial. A concentração de componentes harmônicas de segunda ordem decai para uma taxa de 5% em relação à componente fundamental alguns ciclos após a falta externa, fator determinante para desativar os elementos de bloqueio. As figuras 72, 73 e 74 apresentam a taxa de harmônicas de segunda ordem no final da simulação para as três fases.

Figura 71 – Corrente de operação das três fases durante recomposição do transformador e após falta fora da zona de proteção.

Figura 72 - Concentração de harmônicas de segunda ordem na fase A.

7 CONCLUSÕES

O transformador de potência é um equipamento fundamental para a transmissão de energia elétrica e necessita de um sistema de proteção eficaz para retirar o equipamento o mais breve possível na presença de uma falta dentro de sua zona de proteção. Por outro lado, a proteção do transformador deve evitar desligamentos desnecessários para manter um bom índice de disponibilidade do equipamento no sistema elétrico, com reduzida taxa de falha.

Este trabalho avaliou o desempenho dos relés digitais perante algumas condições de operação considerando o período transitório. A análise do sistema de proteção diferencial do transformador de potência consistiu em estudar o modelo “Saturable” do transformador no

software ATP, e reproduzir o resultado em simulação em teste em nível

de baixa tensão no relé digital. Os sinais de corrente calculados nos transformadores de corrente foram convertidos para o padrão COMTRADE para permitir a inserção destes sinais no relé digital.

As condições de operação avaliadas neste trabalho não ocasionaram operação indevida do relé digital, satisfazendo a aplicação de relés digitais na proteção dos principais equipamentos de subestação, como o transformador. Ressalta-se que o relé digital possui muitas funções de proteção, substituindo diversos relés eletromecânicos em apenas um equipamento.

A lógica de proteção contém o apoio dos elementos de bloqueio de harmônicas de segunda ordem, e podem ser expandidas até a componente harmônica de quinta ordem. A proteção diferencial pode adotar lógicas distintas perante concentração de harmônicas, permitindo bloquear a atuação do relé ou somar estes componentes com a componente fundamental, deslocando o ponto de operação para a região de não operação da proteção diferencial. Foi verificado comportamento distinto entre a proteção diferencial com elemento de bloqueio de harmônicas operando de modo independente ou de modo comum em alguns ensaios realizados em laboratório, onde o modo comum bloqueou a operação do relé diante de uma falta interna.

O elemento de bloqueio perante harmônicas se mostrou um parâmetro que necessita muita atenção em seu ajuste, pois em casos de energização de transformadores a vazio que não há alta concentração de harmônicas de segunda e quarta ordem, o relé pode operar diante situação normal de operação no transformador.

Apesar de o relé digital melhorar a confiabilidade do sistema de proteção, o engenheiro de proteção deve conhecer todas as funções

disponíveis no equipamento para ajustar corretamente a proteção, utilizando uma função ou outra mais aplicável à determinada situação. O desconhecimento de algumas funções específicas de proteção pode atrapalhar na customização do sistema de proteção. Além do ajuste do relé digital, deve-se especificar corretamente a relação de transformação dos transformadores de corrente e a conexão dos enrolamentos dos transformadores de corrente para não ocasionar operação incorreta da proteção diferencial.