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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS DE

2.3.3 Recuperação Ambiental

No contexto geral da Pesquisa Educação Ambiental como Ferramenta na Preservação dos Recursos Hídricos, intrinsecamente seus resultados devem estar ligados à Recuperação Ambiental. Pois, é a partir da mitigação ou recuperação ambiental que a EA entra como um fator de equilíbrio. Dentro desse contexto, e tratando-se da recuperação ambiental, a Política Nacional do Meio Ambiente, traz no seu Artigo 2º, que: “tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981, p. 2).

A recuperação ambiental envolve diversos aspectos que são considerados importantes para que se alcance resultados satisfatórios, entre eles estão:

− A qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneas, para que possa atender a população. Que assim, garanta as mínimas condições de uso, sem comprometer a saúde dos consumidores;

− As emissões atmosféricas devem ser controladas para manter a qualidade do ar; acordos devem ser firmados e respeitados para manutenção das intenções assinadas;

− O olhar sobre o uso e ocupação do solo; bem como, a manutenção da fauna e flora. A resolução de conflitos deve fazer parte de uma agenda permanente de negociação, com propósito de discutir e resolver problemas.

Para Reis citado por Almeida (2016), a recuperação ambiental passa pela promoção e a sucessão de todos os elementos (solo, microflora, flora e fauna), tornando a área com maior capacidade de resiliência. Assim sendo:

Pesquisas de recuperação de áreas degradadas, é necessário pensar globalmente em termos do ecossistema a ser recuperado, sua estrutura natural e necessidade de reestruturação física (baseado nos conhecimentos obtidos nos diagnósticos) e conhecimento da sucessão, visando acelerar a recomposição de vegetação natural da área... recuperar a floresta o mais próximo possível do original, o que obteremos somente através do conhecimento dos vários compartimentos e suas inter e intrarrelações. (ALMEIDA, 2016. p.3)

A princípio, tratar de Recuperação Ambiental, implica em conhecer a origem do problema estabelecido, ou seja, a “Degradação Ambiental”. Para isso a Lei nº 6.938/81, que trata da Política

Nacional do Meio Ambiente (PNMA), no inciso II e III respectivamente, do Artigo 3º, relata de forma sucinta que Degradação Ambiental, como sendo:

[...]

II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981, p. 2).

A PNMA faz-se entender, portanto, que a degradação ambiental é uma “adversidade” sofrida pelo meio ambiente, de ordem desfavorável aos elementos bióticos e abióticos. Nesta perspectiva, é no meio rural que tem sofrido significativos impactos ambientais de ordem negativa.

Atualmente a degradação ambiental está fortemente ligada a fatores de uso e ocupação do solo, uma vez que as formas de ocupação e manejo ocasionam o tipo e o grau de impacto, o qual atinge de maneira diferente o ambiente, seja o solo, o ar ou a água.

Nesse contexto, estudos relacionados à degradação ambiental, bem como, a recuperação ambiental em bacias hidrográficas, são de vital importância para o entendimento de aspectos da relação sociedade-natureza. Tal análise constitui-se num instrumento, que pode fornecer subsídios para um planejamento que tenha por meta a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental, por exemplo. “Nas bacias hidrográficas é possível avaliar de forma integrada as ações humanas sobre o ambiente e suas consequências sobre o equilíbrio hidrológico, geomorfológico, pedológico e vegetacional” (BOTELHO; SILVA, 2004, p. 155).

O meio rural tem sofrido impactos irreversíveis, sob tudo, com o advento da mecanização agrícola. A sustentabilidade do desenvolvimento rural depende da disponibilidade hídrica e da conservação ambiental (BRASIL, 2006). A consequência da forte degradação imposta ao meio ambiente nas Bacias Hidrográficas tem reflexos fora dos seus limites topográficos. A resposta da natureza com erosões, enchentes, secas prolongadas, contaminação do solo e do lençol freático, tem sido alguns dos danos sofridos, inclusive fora das áreas de abrangências.

Faz-se necessário aqui, apresentar estes conceitos: Preservação e Conservação, como sendo conceitos que embora se se assemelhem nos propósitos, seus objetivos específicos são distintos. Para Araguaia (2011), o Preservacionismo bem como, o Conservacionismo, foi correntes ideológicas que surgiram na América do Norte no final do século XIX. Basicamente movimentos criados para enfrentar ou até mesmo barrar o desenvolvimento que surgira, na época. Essas

correntes de pensamentos, embora tenha em comum a manutenção dos recursos naturais, em determinado momento eles tomam rumo diferentes, sobre como cuidar do meio ambiente.

A PNMA de 1981 traz nos seus objetivos a Conservação do meio ambiente, como sendo elemento essencial na proteção e manutenção dos recursos naturais. Visando assim, a utilização de forma racional e equilibrada dos recursos. Essa corrente tem o propósito de conviver de forma harmoniosa com a natureza, fazendo uso da mesma, como forma de sobrevivência sem impactos significativos. Enquanto que a corrente do Preservacionismo, tende estabelecer uma relação unilateral com o meio ambiente e seus recursos. De forma, a não interagir de forma alguma, buscando a manutenção dos recursos naturais intocáveis.

As formas, técnicas e metodologias, para qualquer tipo de recuperação, ligadas aos recursos do meio ambiente, demandam um esforço de agentes e atores dos mais diversos campos e propósitos. A interdisciplinaridade é item obrigatório em qualquer demanda de propositiva de mudança de comportamento, que resulte principalmente em quebra de paradigma. Acerca dessa participação, que de certa forma integra, as estruturas, objetos e valores que transformam (ZANIRATO citado por RIBEIRO, 2009), insere inclusive aspectos, culturais, sociais, materiais e imateriais, no intuito de alcançar resultados positivos. A inserção da sociedade é narrada por Jacobi (2009, p. 35), como sendo, “um desafio pela conquista de espaços para adquirir mais participação social, Jacobi, ainda ressalta que, essa participação social, é um dos aspectos mais desafiadores para a análise sobre os alcances da democracia”.

Algumas metodologias fazem parte do ensinamento e aprendizado, para a preservação/conservação dos recursos hídricos nos brejos de altitudes, inseridos em regiões Semiáridas:

− Conhecer para preservar - é preciso que o cidadão conheça os elementos naturais que compõem o seu ambiente. Através do conhecimento, o homem é capaz de valorizar suficientemente os recursos naturais que fazem parte do seu ambiente, e que muitas vezes não é por ele observado no cotidiano;

− Uso de tecnologias alternativas - novas oportunidades para experimentar técnicas reconhecidamente exitosas. Demonstrar os resultados do uso de outras técnicas de baixíssimo impacto ao meio ambiente;

− Integração com a escola - é na comunidade escolar que acontece grande parte das transformações que se deseja;

− Intercâmbio de Conhecimento - uso de experiências de sucesso em outras regiões com caraterísticas semelhantes. Onde a própria comunidade é protagonista de transformação, servindo instrumento motivador de transformação;

− Ações locais de mobilização - interação com a comunidade, com ações simples, porém representativas. Com aulas de educação ambiental informal.

− Preservação do patrimônio natural - mostrar a importância da manutenção da vegetação natural, na manutenção e aumento dos recursos hídricos;

− Aprender com os erros - educar através de exemplos maus sucedidos de outras experiências. Evidenciar os danos ambientais causados por ações mal planejadas e mal executadas;

− Atendimento à legislação - conhecer os marcos legais e as restrições que a legislação determina, bem como, os benefícios que ampara aos que seguem as recomendações estabelecidas.

A mudança de comportamento e de atitude é analisada por Ferreira (2013) como: uma necessidade urgente, de pensamento, comportamento, mas, sobretudo, atitude em relação dos nossos atos, em relação ao meio ambiente em que vivemos.

A Educação Ambiental Emancipadora como base que:

− Fundamenta-se no método da Compreensão Crítica de Paulo Freire, que busca auxiliar pessoas a serem mais críticas, criativas, ativas nos processos de construção e decisão para a melhoria de sua qualidade de vida;

− Tem como propósito a promoção de desenvolvimento da autonomia de pessoas, grupos e instituições e da cidadania entrelaçando saber local e conhecimento técnico;

− Apropriação do saber e conhecimento para atuar na sociedade. O fortalecimento do conhecimento através da integração.

Neste sentido, Sobral (2013), afirmou que somente fomentando a participação comunitária de forma articulada e consciente, com programas de educação ambiental bem elaborado e executado atingirão seus objetivos. Para o autor:

Deve prover os conhecimentos necessários à compreensão do seu ambiente, de modo a suscitar uma consciência social que possa gerar atitudes capazes de afetar comportamentos e promover o entendimento das relações do cidadão com a cidade, enfatizando como ele afeta e é afetado pelo sistema urbano, regional e mundial, indo além do estudo dos sintomas ambientais, explorando as raízes da causa da degradação ambiental (SOBRAL, 2013. p. 16).

Ainda com base na proposta metodológica de transformação através da inserção participativa, Bordenave, apresentado por Sotero (2013), diz que existem três dimensões de participação:

− A primeira é fazer parte, tomar parte e ter parte. Onde a primeira é constituída de forma passiva de participação (no qual, o indivíduo apenas integra a realidade).

− A segunda parte é a forma ativa de participação (aqui o indivíduo interage sobre a realidade).

− A última, no ter parte, o indivíduo se apodera do processo através da lealdade e responsabilidade, não abandona as ideais, pois ele próprio é parte de um todo. Solidificando assim luta, mesmo contra as adversidades.

A educação ambiental, mesmo forjada nas bases legais, e revestida das necessidades instrucionais que a cercam, precisa de ferramentas e técnicas mobilizadoras e comunicativa, buscando atender os arranjos e peculiaridades locais, através de ferramentas que possam alcançar os processos educativos, na busca de solução cada vez mais a partir do local para o global. Há ainda, grande necessidade interrelações entre os temas, os danos e suas reais consequências, não só no campo ambiental, como, cultural, social e econômico.

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