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Recurso audiovisual e mídia na educação em saúde

O vídeo, do latim video (eu vejo), é uma tecnologia de educação de sinais eletrônicos, analógicos ou digitais, cuja função é representar imagens em movimento, despertando um maior interesse e, consequentemente, um melhor aprendizado de quem o assiste (HOUAISS; VILLAR, 2001).

A produção de imagens sobre saúde e doença e seus efeitos na aprendizagem são antigos. Os vídeos podem ser utilizados em contextos dos serviços de saúde, assim como em áreas de comunicação e educação.

A informação em saúde foi instituída como instrumento de saúde pública desde o início do século XX. No Brasil, a adoção de técnicas de propaganda em saúde intensificou-se em 1920, com a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública que tinha, entre outras atribuições, a de incentivar a educação sanitária. Na década seguinte, o rádio e o cinema tornaram-se instrumentos de campanhas de saúde, assim como da política. Inicia-se, dessa forma, a utilização das imagens em movimento na difusão de informações em saúde (MORAES, 2008).

O uso da imagem para informar é em si um processo estratégico para transferir informações devido ao fascínio exercido por ela sobre os indivíduos e têm como tática à aplicação dos meios disponíveis e exploração das condições favoráveis para se alcançarem objetivos específicos. O objetivo a ser alcançado, em sua maioria, é a transferência da informação (MORAES, 2008).

O vídeo é o meio ideal para criação de circuitos abertos de comunicação, porém, para produzir uma mensagem pedagógica audiovisual é necessário realizar um trabalho sobre a realidade, para transformá-la em imagens e sons que permitam apresentar um conjunto de informações. Ele não existe sozinho, é mais uma ferramenta nas mãos de alguém a serviço de uma proposta (WOHLGEMUTH, 2005).

E com vistas a se desenvolver uma tecnologia de educação considerada emancipatória é necessário que os indivíduos envolvidos tenham consciência de suas ações e, a partir dessa reflexão, tenham o desejo de transformá-la (NIETSCH, 2000).

Na enfermagem, as tecnologias receberam determinadas classificações, que são: tecnologia do cuidado – representadas por técnicas, procedimentos e conhecimentos utilizados pelo enfermeiro no cuidado; tecnologia de concepções – constituídas por desenhos/projetos para a assistência de enfermagem, bem como por uma forma de delimitar a atuação do enfermeiro em relação a outros profissionais; tecnologia interpretativa de situações de clientes – por meio das quais a enfermagem consegue interpretar suas ações; tecnologia de administração – forma de proceder à organização no trabalho de enfermagem; tecnologia de processos de comunicação – centradas na relação terapêutica enfermeiro- cliente; tecnologia de modos de conduta – referentes a protocolos assistenciais; e tecnologia de educação – que consiste nos meios de auxiliar na formação de uma consciência crítica (NIETSCH, 2000).

Apesar do audiovisual não ser uma tecnologia nova em termos de tempo de utilização, atualmente, propõem-se abordagens inovadoras na produção e utilização de vídeos educativos, sendo que os mesmos devem respeitar e dialogar com a cultura, a subjetividade e a cidadania da população a ser assistida. Deve-se ainda, desenvolver estéticas audiovisuais, tanto narrativas quanto imagética, como práxis educativa na saúde (PIMENTA; LEANDRO; SCHALL, 2007).

Alguns questionamentos servem como ponto de partida e podem contribuir na avaliação global das produções audiovisuais existente, como: Os usuários de serviços de saúde assimilam o conteúdo dos materiais educativos que recebem? Qual a eficácia das tecnologias educacionais como instrumentos de comunicação? De que modo compatibilizar os inúmeros interesses que se confrontam e os significados construídos na relação entre os emissores e os receptores dessas mensagens? Os órgãos públicos e privados que financiam a produção de material educativo têm acompanhado o resultado da veiculação e utilização desses recursos? Saberes de quais áreas disciplinares estão, ou deveriam estar, na base da produção e da avaliação desse material?

Quando refletimos sobre audiovisual, mídia e educação e sua interface com o campo da saúde, observamos que “A habilidade de comunicar está na habilidade de contextualizar. Isto quer dizer que o saber comunicar, em qualquer tipo de recurso, está relacionado com a capacidade de conseguir perceber e entrar nos variados contextos que constituem cada situação de comunicação” (MONTEIRO; VARGAS, 2006).

Reflexões teórico-metodológicas, nos últimos anos, têm nos revelado fatos ímpares sobre as implicações para a área de educação em saúde dos produtos comunicativos, sempre com uma perspectiva crítica em relação ao simplismo que reduz a comunicação a um

processo entre emissor e receptor. Observamos uma gama de materiais audiovisuais produzidos na área de DST/Aids, produtos dirigidos ao trabalhador rural, a trajetória e a produção de vídeos do Núcleo de Tecnologia Educacional (Nutes) da UFRJ e da Distribuidora de Vídeos em Saúde da FIOCRUZ, do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, olhares sobre as inserções da antropologia visual na produção de vídeos, além de produções que abordam a saúde da mulher e as relações entre tecnologias da informação e comunicação e a formação de recursos humanos (MONTEIRO; VARGAS, 2006).

Tendo em vista a já tão consolidada crítica no campo da saúde sobre a insuficiência do modelo biomédico para dar conta das ações de educação em saúde, nos perguntamos em como redefinir a relação entre modelos paradigmáticos e suas fontes teórico-conceituais. Assim, se concordamos que o modelo biomédico é insuficiente, como então faremos para recolocá-lo em outras abordagens? Como deslocá-lo de sua questionada posição hegemônica para um campo dialógico com outras falas disciplinares no processo saúde e doença?

Ao voltarmos para estas inquietações, que dizem respeito aos atores da saúde, observamos contribuições de pensadoras engajadas com práticas, muitas vezes pioneiras, de pesquisa, atuação, desenvolvimento e avaliação de tecnologias educacionais no Brasil (MONTEIRO; VARGAS, 2006).

Para se evitar a redução simplista que aborda os recursos educativos de modo tecnicista e enfoca as práticas pela via da transferência de informação para mudanças de hábitos e comportamentos (em geral de abordagem individual e culpabilizante), convidamos a compartilharmos um rico panorama de construção de conhecimentos e de sentidos sociais em grupo, com a produção audiovisual produzida e avaliada.

3.5 Avaliação dos vídeos educativos produzidos no brasil sobre a prevenção do câncer de