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Etapa 5 Entrevista final para as professoras

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.2 Prática Pedagógica

5.2.2 Recursos e materiais pedagógicos utilizados na sala comum

A sala de aula onde foi realizada a pesquisa era composta por carteiras adequadas para o tamanho e idade das crianças, painéis nas paredes e uma diversidade de materiais, como jogos de encaixe, jogos de quebra-cabeça, livros, brinquedos, televisão e DVD.

Trecho ilustrativo do diário de Campo, 22/09/2014:

A sala de aula é arejada, possui boa iluminação, a disposição das mesas e cadeiras estava organizada em quatro grupos. Nas paredes há cartazes com numerais, quantidades, calendários, nomes, etc. A sala possui diversos materiais como: uma televisão, livros, jogos e brinquedos. Nos chama atenção a quantidade de jogos e brinquedos que contém na sala estando disponibilizados em baldes como: bonecas, bolas carrinhos e ursos, e jogos como: corpo humano vira letras, alfabeto, soletrar e memória. Os jogos ficam em prateleiras de fácil acesso para as crianças e os brinquedos são guardados em baldes espelhados pela sala.

Figura 9–Cartazes e atividades

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora

Figura 10 – Jogos, brinquedos e TV

101 A disposição das carteiras e o tamanho adequado dos mobiliários facilitava a organização em grupos feita para o trabalho pedagógico e autonomia para as crianças. Foi possível constatar o uso de alguns desses materiais, como jogos, livros e brinquedos pela professora. O uso mais frequente era dos livros que se encontravam acessível e eram manuseados diariamente pelas crianças nos intervalos vagos em sala de aula.

Trecho ilustrativo do diário de Campo, 22/09/2014:

As crianças são acolhidas e ao chegarem vão lendo livros disponibilizados em uma caixa pela professora. Após a cegada das crianças, todos vão para o refeitório lanchar [...].

Muitos livros disponibilizados para as crianças não se encontravam em bom estado para leitura e todos já haviam sido lidos pela professora. Nessas condições, preocupada com a diversidade de materiais, a professora Regina trazia alguns livros que havia adquirido com recursos próprios. Mesmo com a disponibilização de alguns recursos feitos pela Secretaria de Educação e pela escola, estes são insuficientes para o uso diário e para atender a um conhecimento diversificado.

As atividades de leitura diária eram realizadas, em sua maioria, na sala de aula e as crianças sentavam-se no chão em forma de círculo. Em um dos dias de observação, a professora regular levou as crianças até o gramado da escola para a leitura diária.

Trecho ilustrativo do diário de Campo, 22/09/2014:

Depois a professora levou as crianças para grama e contou uma história somente com gravuras, estimulando as crianças falarem o que estavam vendo. A criança com deficiência intelectual ficou sentada no colo da professora regular e ela mostrava o livro para ela e perguntava /estimulava sua fala, mas pouco falava.

Após contar a história, a professora Regina fez relações dos personagens do livro com elementos da natureza e solicitou que as crianças colocassem suas opiniões e refletissem sobre a temática. A realização da atividade demonstrou o uso de um planejamento prévio, a preocupação da professora em que as crianças realizassem uma reflexão e incentivo à comunicação. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), os materiais disponíveis e o espaço escolar devem ser vistos como ativos no processo educacional. Além disso, os espaços escolares devem estar sujeitos a mudanças realizadas pelas ações das crianças e dos professores (BRASIL, 1998b).

Apesar da diversidade de materiais para o uso em sala de aula, observou-se que nem todos foram utilizados pela professora em suas ações pedagógicas. Vale ressaltar que alguns

102 deles estavam sem condições de uso, quebrados e/ou faltando peças. Ainda sobre a disponibilidade dos materiais, a professora da sala comum relatou que isso atrapalha o desempenho de algumas crianças, mas, principalmente, da criança com deficiência intelectual, pois a todo o momento quer ficar brincando ou assistindo aos filmes, como elucidado no trecho:

Ele (José) chega e vai direto nos brinquedos. Tudo o que tem aqui na sala ela tem acesso, tá tudo na mão. A ideia era para ser essa mesmo, só que atrapalha, porque ele quer na hora que ele quer [...](Professora Regina).

Trecho ilustrativo do diário de Campo, 24/09/2014:

A criança com deficiência intelectual se recusa a fazer a atividade e quer brinquedos e assistir DVD. Mesmo insistindo a professora não consegue convencê-la que liga o aparelho de DVD e fica pedindo pelo filme apontado para caixa que contém os filmes e dizendo cachorro, cachorro para a professora. A professora então, pega o filme “Bolt” coloca para a criança assistir e dá continuidade na atividade que tinha programado para as demais crianças.

Mesmo diante do comportamento da criança, a professora Regina relatou que a mesma apresentou melhoras no desempenho das atividades ao decorrer do ano letivo. De acordo com a professora, antes, a criança com deficiência intelectual nem sequer sentava-se à mesa com os colegas e fugia da sala, sendo necessário muitas vezes correr para pegá-la, pois tentava fugir da escola subindo as grades ao redor do espaço.

O uso dos diversos espaços escolares deve garantir a promoção do “[...] desenvolvimento global da criança, autonomia liberdade, socialização, segurança, confiança, contato social e privacidade” (ZAMBERLAN; BASANI; ARALDI, 2007, p.248). Assim, todos os espaços escolares deverão atender as necessidades das crianças, respeitando sua faixa etária e ritmo de aprendizagem, sendo aliados na educação e promovendo aprendizagem, interações e melhorias na qualidade de vida das crianças (ZAMBERLAN; BASANI; ARALDI, 2007).

De acordo com Zabalza (1998), o espaço escolar tem a capacidade de facilitar, limitar e orientar o que se faz no contexto escolar. A forma de organização do espaço e dos recursos utilizados propicia experiências formativas ou outras mais ou menos enriquecedoras, dependendo das características transpassadas pelo ambiente.

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5.3.3 Planejamento e ações colaborativas entre as professoras da sala comum e da Educação