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2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E REFERENCIAIS DE QUALIDADE

2.2.2 Recursos Humanos

Em estudo conduzido por Versuti (2004), concluiu-se que, ao discutir a qualidade em EaD, as questões fundamentais não residem apenas no nível das ferramentas didáticas. È necessário incluir e valorizar a preocupação com as pessoas, com os usuários que estão fazendo o curso, suas especificidades e interesses e, se possível, otimizar o potencial das ferramentas disponíveis para atingir os objetivos. Além da preocupação com os alunos usuários do curso, é preponderante a configuração da (e) Equipe multidisciplinar com funções de planejamento, de implementação e gestão dos cursos a distância, em que as categorias profissionais de docentes, tutores e pessoal técnico-administrativo devem estar em constante qualificação.

A presença do professor/tutor, que interage com seus alunos no sentido de reforçar comportamentos e ações motivadoras em seu aprendizado, é fundamental, pois, ações motivacionais podem contribuir para redução no nível de evasão (GONZALEZ, 2005). Dentre as causas de evasão, o autor destaca: conteúdos confusos, com linguagem inadequada ao nível do aluno; complexas interfaces de recursos; falta de acompanhamento sistemático dos professores/tutores; excesso de atividades socializadas; pouco tempo para cumprimento das atividades; falta de condições financeiras para continuar o curso; e mudança profissional ou pessoal por parte do aluno.

Coelho (2010) complementa que as supostas causas de evasão também podem ser: domínio técnico insuficiente para uso do computador; falta da tradicional relação face-a-face entre professores e acadêmicos; dificuldade para expor ideias numa comunicação escrita a distância; e a falta de agrupamento numa instituição física.

A responsabilidade de permanência no curso a distância é considerada decisão do aluno: depende dele, da sua força de vontade, da sua capacidade de organização e de concentração para manter-se no curso e finalizá-lo (LAPA; PRETTO, 2010). Segundo os autores, o fato de contentar-se em receber instruções e conteúdos não será suficiente para os alunos que irão sair da inércia habitual e assumir o papel de protagonista de sua própria aprendizagem.

Ao conduzir o processo de aprendizagem, torna-se necessário que o docente tenha formação e estudo atualizado para as práticas didáticas da EaD, incentive o desenvolvimento de novas metodologias e aborde temas que permitam independência e interação entre professores, tutores e alunos aliados a maior autonomia do aprendiz (REZEK NETO, 2008).

O docente, que ministra disciplinas a distância, enfrenta novos desafios além daqueles a que estaria sujeito nos moldes do ensino presencial. No ambiente de sala de aula, o professor já se encontra em situação, relativamente, confortável e apresenta maior desenvoltura. O novo estilo educacional permeia a intermediação expressiva do uso das

TIC‟s. (LAPA; PRETTO, 2010).

O papel que o professor absorve na modalidade EaD reflete uma responsabilidade e

um compromisso de “[...] ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a

contextualizá-los” (MORAN, 2006, p. 30). Uma das funções do instrutor consiste em ajudar os alunos a aprender o conteúdo do curso. Entretanto, cabe ao instrutor descobrir quais formas de apoio se enquadram as necessidades de seus alunos, fato subjetivo e dependente da empatia e da capacidade do instrutor em entender as personalidades de seus alunos, mesmo quando filtradas por comunicações transmitidas tecnologicamente (MOORE; KEARSLEY, 2008).

De acordo com Rosini (2007), entre os envolvidos com a difusão do conhecimento no âmbito da EaD estão o professor conteudista, o tutor, o coordenador do curso e a própria instituição provedora, cabendo aos mesmos a devida responsabilidade de aferir qualidade ao processo de educação e o desempenho de seus respectivos papéis com seriedade e comprometimento. Segundo o autor, cabe ao:

 Conteudista: realizar pesquisas voltadas para o processo educacional a distância,

professores colaboradores, participar das atividades assíncronas e síncronas, tirar dúvidas quanto ao conteúdo, acompanhar as aulas e monitorar professores colaboradores e tutores, etc.

 Tutor: apoiar a elaboração do conteúdo, ministrar e monitorar as aulas no

ambiente de aprendizagem, utilizar metodologia de ensino condizendo com as práticas da EaD, motivar os alunos, participar dos chats e fóruns, aprofundar o conteúdo teórico das disciplinas, etc.

 Coordenador do Curso: preparar com o corpo docente o projeto político-

pedagógico do curso, promover reuniões sistemáticas com os docentes para consolidação das ações do curso, atualizar e revisar os conteúdos e as referências bibliográficas, resolver serviços acadêmico-administrativos, acompanhar conteudistas e tutores, implantar critérios de avaliação da aprendizagem, atender alunos, etc.

 Instituição: dar suporte aos docentes, fomentar a qualidade, aproximar os alunos

do mercado de trabalho, investir em tecnologias, promover espaço físico e atendimento aos alunos, instigar a importância da cultura organizacional transparente e ética, etc.

Em princípio, o afastamento físico entre professor e aluno pode ser dirimido por meio de recursos tecnológicos, concomitantemente ao afastamento temporal entre o planejamento e a execução do processo de ensino e aprendizagem, isto é, do pensar e fazer da prática docente (SARAIVA, 1995). Como os materiais devem ser preparados com antecedência, geralmente os professores convidados a produzi-los – denominados professores conteudistas – nem sempre são aqueles que atuarão na oferta do curso ou da disciplina – que são os denominados professores ministrantes. O professor conteudista, também denominado autor-editor, deve elaborar o conteúdo, a ser apresentado, considerando o tempo de instrução disponível por parte do aluno, não agregando quantidades elevadas de material complementar para leitura (MOORE; KEARSLEY, 2008).

A postura dos responsáveis pela difusão do conhecimento, sejam eles professores conteudistas, professores ministrantes e, ou tutores devem agregar ao público receptor do conteúdo, segundo Moran (2006), o intuito de orientação e mediação dividindo-se em:

 Orientador/Mediador Intelectual: auxiliando na escolha de informações,

permitindo a construção de significado pelo aluno, para que este as compreenda, avalie, adapte ao mundo em que vive (seu contexto) e adquira sínteses provisórias.

 Orientador/Mediador Emocional: motivando, estimulando, organizando,

 Orientador/Mediador Gerencial e Comunicacional: responsável pela organização

dos grupos, das atividades de pesquisa, do ritmo, das interações, cuidando do processo avaliativo; mediatizando a instituição, os alunos e a comunicação; organizando o equilíbrio entre o planejamento e a criatividade; atuando como orientador comunicacional e tecnológico; ajudando a desenvolver a interação, a sinergia, a troca de linguagens e conteúdos.

 Orientador Ético: ensinando a assumir e vivenciar valores construtivos, individual

e social, construindo valores, ideias, atitudes baseados na liberdade, cooperação, integração pessoal; trabalha os valores sensorial (intelectual e emocional) ético de cada aluno.

Concernente às atribuições dos tutores, a tutoria pode ser alocada em atividades a distância e presencialmente. A tutoria a distância media o processo pedagógico junto a estudantes, geograficamente, distantes dos polos descentralizados de apoio presencial, priorizando o esclarecimento de dúvidas através fóruns de discussão, participação em videoconferências, etc.

A tutoria presencial atende os estudantes nos polos, em horários preestabelecidos. Este profissional deve conhecer o projeto pedagógico, o material didático e o conteúdo específico sob sua responsabilidade, a fim de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas atividades individuais e em grupo, fomentando o hábito da pesquisa, esclarecendo dúvidas em relação a conteúdos específicos, bem como ao uso das tecnologias disponíveis (MEC, 2007).

A tutoria é determinante para ação de aprendizagem, visando orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação dos alunos a distância. É necessário trabalhar, criando condições para que a oferta de cursos a distância não seja prejudicada mediante deficiências de atendimento e dificuldades ao sanar dúvidas, que naturalmente surgem à medida que os cursos são realizados (MOORE; KEARSLEY, 2008). Espera-se do tutor, além do domínio da política educativa da instituição e do conhecimento atualizado das disciplinas sob sua responsabilidade, o devido domínio das ferramentas de trabalho (GONZALEZ, 2005). Gonzalez (2005) discute sobre a motivação em iniciativas de EaD, ressaltando que o que motiva o aluno a se interessar pelos estudos, pelo cumprimento das tarefas propostas são as recompensas resultantes de suas ações. Ou mesmo o receio de desaprovação, punições e consequências negativas para a própria vida. O autor destaca que ações motivacionais devem ser estabelecidas pelo professor-tutor em seus primeiros contatos com os alunos, uma conversa franca, objetiva e direta sobre os motivos que os levaram a ingressar em determinado curso.

Da mesma forma que a interação professor-estudante, tutor-estudante e professor-tutor deve ser privilegiada e garantida, a relação entre colegas de curso também necessita ser

fomentada. Nos cursos a distância, esta é uma prática valiosa, capaz de contribuir para evitar o isolamento e manter um processo instigante, motivador de aprendizagem, facilitador de interdisciplinaridade e de adoção de atitudes de solidariedade e respeito mútuos, possibilitando, ao estudante, o sentimento de pertencimento ao grupo (MEC, 2003).

Quanto ao pessoal técnico-administrativo, o MEC (2007) arbitra a função de oferecer apoio necessário para a realização dos cursos, atuando na sede da instituição junto a equipe docente responsável pela gestão do curso e nos polos de apoio presencial. As atividades envolvem as dimensões administrativas - funções de secretaria acadêmica, registro e acompanhamento de matrícula, avaliação e certificação dos estudantes no cumprimento de prazos e exigências legais, bem como no apoio ao corpo docente e de tutores nas atividades presenciais e a distância, distribuição e recebimento de material didático, atendimento a estudantes; e dimensões tecnológicas - funções de suporte técnico para laboratórios e bibliotecas como também nos serviços de manutenção e zeladoria de materiais e equipamentos.