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4 METODOLOGIA

4.6 Recursos Humanos

Este trabalho foi elaborado pelas autoras para o desenvolvimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo. A análise dos dados e a redação da dissertação foram realizadas pela pesquisadora pós-graduanda autora, orientada pela Profa. Dra. Angela Regina Maciel Weinmann.

Durante o período da execução, a pesquisadora contou com a colaboração e apoio da equipe de trabalho da UTI Neonatal do HCAA.

5 RESULTADOS

Participaram deste estudo 40 RNPT, 28 com diagnóstico de Síndrome do Desconforto Respiratório por Doença da Membrana Hialina e 12 com diagnóstico de Displasia Broncopulmonar, os quais internaram na UTI Neonatal do HCAA durante os 10 meses de coleta de dados. Levando em conta a diferença de diagnóstico etiológico da causa do desconforto respiratório, as crianças foram analisadas separadamente. Assim, no grupo com diagnóstico de DMH, 15 RNPT receberam a técnica AFEL e 13 a técnica de VB. Dos RNPT diagnosticados com DBP, 7 participantes receberam AFEL e 5 VB.

Na tabela 1 são apresentas as características gerais ao nascer, na introdução da VO, na obtenção da VO plena e na alta hospitalar, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada, dos 28 RNPT que tiveram DMH.

No grupo AFEL a média da IGN foi de 32,49 (±3,75) semanas, o PN de 1912 (±556) gramas e 66,67% dos RNPT eram do sexo masculino. No grupo VB, a IGN foi de 32,1 (±1,84), o PN de 1857 (±445,98) gramas e 61,54% do sexo feminino. A maioria, nos dois grupos, foi adequada em peso para a IGN e todos os RNPT nasceram de parto cesáreo. Nenhum desses resultados apresentou diferença estatística significante. Da mesma forma, não houve diferença em peso e idade gestacional corrigida (IGC) na introdução da VO e na obtenção da VO plena, no entanto, é possível observar, mesmo sem diferença significativa, que no momento da introdução da VO, os RNPT do grupo VB eram uma semana mais novos que os do grupo AFEL. No momento da alta, as crianças que receberam VB, tinham em média uma semana a menos de IGC (35,21 (± 1,12) X 36,49 (± 1,41) semanas, para o grupo VB e AFEL, respectivamente (p<0,01).

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Tabela 1 – Características gerais ao nascer, na liberação da VO, na obtenção da VO plena e na alta hospitalar dos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada.

Variáveis Técnica de Fisioterapia AFEL (n = 15) VB (n = 13) p** Ao nascer IG (semanas)* 32,49 (± 3,75) 32,1 (± 1,84) 0,17 Peso (gramas)* 1912 (± 556) 1857 (± 446) 0,80 Sexo (%) Masculino 66,67 38,46 0,14 Feminino 33,33 61,54 Tipo de Parto (%) Cesariana 100 100 - Vaginal 0 0 Adequação CIU (%) PIG 20 0 0,14 AIG 80 92,31 GIG 0 7,69 Na introdução VO IG (semanas)* 34,37 (± 1,24) 33,6 (± 1,14) 0,14 Peso (gramas)* 1986 (± 425) 1921 (± 282) 0,75 Na VO plena IG (semanas)* 35,41 (± 1,34) 34,66 (± 1,08) 0,05 Peso (gramas)* 2198 (± 474) 2061 (± 204) 0,83 Na alta hospitalar IG (semanas)* 36,49 (± 1,41) 35,21 (± 1,12) 0,01 Peso (gramas)* 2407 (± 467) 2185 (± 203) 0,34

* Valores expressos em média e desvio padrão. IG = idade gestacional; CIU = crescimento intra- uterino; PIG = pequeno para idade gestacional; AIG = adequado para idade gestacional; GIG = grande para idade gestacional; VO = via oral. **p = teste Exato de Fischer.

A tabela 2 apresenta as variáveis correspondentes aos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC e SatO2) no grupo AFEL e VB, nas crianças que tiveram

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diagnóstico de DMH. Essas variáveis foram verificadas em três momentos: 5 minutos antes da aplicação da fisioterapia respiratória, 5 minutos depois de iniciada a primeira oferta alimentar VO, e 5 minutos após o término da primeira VO.

A FR, FC e SatO2, antes da fisioterapia e com 5 minutos de iniciada a primeira

oferta de leite por VO estavam dentro dos valores considerados normais para o período neonatal, em ambos os grupos. No entanto, ao final da primeira oferta oral de leite os RNPT que receberam AFEL mantiveram a FR dentro da normalidade, porém os do grupo VB mostraram elevação significativa, com valor médio acima do limite superior da normalidade (62,77 (±9,04) X 49,47 (±9,9) rpm, para o grupo VB e AFEL, respectivamente. p<0,002).

Tabela 2 – Parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2) antes da fisioterapia, com 5 minutos de iniciada a primeira VO e ao final da VO, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada nos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina. Parâmetros Cardiorrespiratórios Técnica de Fisioterapia AFEL (n=15) VB (n=13) p** Antes da fisioterapia FR (rpm)* 50,33 (± 6,51) 51 (± 8,16) 0,79 FC (bpm)* 149,47 (± 11,19) 146,92 (± 15,91) 0,89 SatO2 (mmHg)* 96,53 (± 2,45) 97,77 (± 1,69) 0,22 5 minutos iniciada VO FR (rpm)* 50,13 (± 5,84) 53 (± 6,89) 0,22 FC (bpm)* 150,47 (± 11,11) 152,54 (± 13,13) 0,69 SatO2 (mmHg)* 98,27 (± 1,75) 97,38 (± 2,79) 0,58 5 minutos após VO FR (rpm)* 49,47 (± 9,90) 62,77 (± 9,04) 0,002 FC (bpm)* 145,93 (± 19,45) 150 (± 17,02) 0,43 SatO2 (mmHg)* 98,27 (± 1,75) 97,77 (± 3,86) 0,72

*Valores expressos em média e desvio padrão. AFEL=Aumento do Fluxo Expiratório Lento; VB=Vibração Manual Torácica; VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação de oxigênio;

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A tabela 3 apresenta o resultado da análise estatística na comparação dos parâmetros cardiorrespiratórios entre os três momentos de avaliação, somente do grupo que recebeu a técnica de VB com diagnóstico de DMH.

Houve aumento significativo da FR em relação o valor médio observado antes da fisioterapia e com 5 minutos de iniciada a VO (51 (±8,16) X 53 (±6,89) X 62,77 (±9,04) rpm, antes da fisioterapia, com 5 minutos da primeira VO e 5 minutos após a oferta da VO, respectivamente. p=0,008). Esse aumento não se acompanhou de alteração na FC e nem na SatO2.

Tabela 3 – Comparação entre os três momentos de avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2), nos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina e receberam a técnica de vibração manual torácica.

Avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios

Parâmetros Cardiorrespiratórios 5 minutos antes da Fisioterapia 5 minutos de iniciada a 1ª VO 5 minutos após final da 1ª VO p** FR (rpm)* 51 (± 8,16) 53 (± 6,89) 62,77 (± 9,04) 0,008 FC (bpm)* 146,92 (± 15,91) 152,54 (± 13,13) 150 (± 17,02) 0,37 Sat O2 (mmHg)* 97,77 (± 1,69) 97,38 (± 2,79) 97,77 (± 3,86) 0,59

*Valores expressos em média e desvio padrão. VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação

de oxigênio; mmHg=milímetros de mercúrio. **Teste de Friedman.

A tabela 4 apresenta o resultado da análise estatística na comparação dos parâmetros cardiorrespiratórios entre os três momentos de avaliação, somente do grupo que recebeu a técnica AFEL, com diagnóstico de DMH.

A FC e a FR mantiveram-se estáveis e dentro da normalidade, nos três momentos avaliados. Observou-se ainda uma elevação significativa na SatO2 após a

AFEL, que se manteve ao final da mamada por VO. Esta elevação foi estatisticamente significante nas crianças que tiveram DMH (p=0,001).

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Tabela 4 – Comparação entre os três momentos de avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2), nos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina e receberam a técnica de Aumento do Fluxo Expiratório Lento (AFEL).

Avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios Parâmetros Cardiorrespiratórios 5 minutos antes da Fisioterapia 5 minutos de iniciada a 1ª VO 5 minutos após final da 1ª VO p** FR (rpm)* 50,33 (± 6,51) 50,13 (± 5,84) 49,47 (± 9,90) 0,53 FC (bpm)* 149,47 (± 11,19) 150,47 (± 12,11) 145,93 (± 19,45) 0,72 Sat O2 (mmHg)* 96,53 (± 2,45) 98,20 (± 1,82) 98,27 (± 1,75) 0,001

*Valores expressos em média e desvio padrão. VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação

de oxigênio; mmHg=milímetros de mercúrio. **Teste de Friedman.

A tabela 5 demonstra os resultados quanto aos sinais de estresse apresentados pelos RNPT que tiveram DMH, durante a primeira oferta de leite por VO. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. O escape extra oral de leite foi o sinal mais comum nos dois grupos, e os RNPT que receberam a técnica VB ainda apresentaram dessaturação de oxigênio e engasgo durante a primeira oferta alimentar oral, sinais estes que podem indicar a falta de resistência para a alimentação oral.

Tabela 5 – Presença de sinais de estresse nos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina, durante a primeira oferta oral de leite, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada (AFEL ou VB).

Sinais de estresse Técnica de Fisioterapia

AFEL VB % N % N p* Dessaturação 0 0 15,38 2 0,11 Apnéia 0 0 0 0 - Bradicardia 0 0 0 0 - Cianose 0 0 0 0 - Palidez/moteamento 0 0 0 0 -

Escape extraoral de leite 46,67 7 30,77 4 0,39

Engasgo 0 0 7,69 1 0,27

Náusea 6,67 1 0 0 0,34

Vômito 6,67 1 0 0 0,34

Soluço 6,67 1 0 0 0,34

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A tabela 6 mostra a comparação das variáveis relativas à performance alimentar dos RNPT com DMH, segundo a técnica de fisioterapia (AFEL ou VB).

Observa-se que os valores da performance alimentar (PRO, TT, DA) dos RN’s do grupo que recebeu AFEL, são mais altos que do grupo que recebeu a técnica VB, embora sem diferença significativa. O tempo que os RN’s necessitaram para realizar a transição da alimentação da sonda para a VO plena e os dias de hospitalização, não diferiram entre os grupos.

Tabela 6 – Performance alimentar dos RNPT que tiveram Doença da Membrana Hialina, de acordo com a técnica de fisioterapia recebida (AFEL ou VB).

Variáveis Técnica de Fisioterapia

AFEL VB p** PRO (%)* 66,54 (± 28,82) 55,92 (± 30,98) 0,32 TT (ml/min)* 3,61 (± 1,70) 3,00 (± 0,96) 0,37 DA (%)* 66,54 (± 29,82) 61,65 (± 31,26) 0,61 Dias de Transição* 8,33 (± 6,45) 8 (± 5,49) 0,89 Dias de Internação* 24,33 (± 10,83) 22,26 (± 8,68) 0,68

* Valores expressos em média e desvio padrão. AFEL = Aumento do Fluxo Expiratório Lento; VB = Vibração Manual Torácica; PRO = Proficiência Alimentar; TT = Taxa de Transferência; DA = Desempenho Alimentar Oral. ** Teste t – Student.

Os resultados a seguir, são referentes aos RNPT com diagnóstico de DBP. Estes serão apresentados da mesma forma que os RNPT com diagnóstico de DMH.

Na Tabela 7 são apresentados os resultados relativos à características gerais, mas das crianças com DBP (AFEL, n=7 e VB, n=5). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, ao nascer, na introdução da VO, na VO plena e na alta hospitalar. Os RNPT dos dois grupos são prematuros extremos, e a maioria nasceu AIG. A introdução da VO iniciou como previsto na literatura, por volta de 34 semanas IGC. Embora sem resultado significativo, os RNPT do grupo VB receberam alta, em média, uma semana antes dos RNPT do grupo AFEL.

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Tabela 7 – Características gerais ao nascer, na liberação da VO, na obtenção da VO plena e na alta hospitalar dos RNPT com Displasia Broncopulmonar, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada.

Variáveis Técnica de Fisioterapia AFEL (n = 7) VB (n = 5) p** Ao nascer IG (semanas)* 27,7 (± 1,81) 28,14 (± 1,40) 0,80 Peso (gramas)* 1060 (± 261) 1125 (± 171) 0,46 Sexo (%) Masculino 71,43 60 0,17 Feminino 28,57 40 Tipo de Parto (%) Cesariana 100 100 - Vaginal 0 0 Adequação CIU (%) PIG 8,33 0 0,38 AIG 85,71 100 GIG 0 0 Na introdução VO IG (semanas)* 34,4 (± 1,07) 34,04 (± 2,29) 0,62 Peso (gramas)* 1881 (± 225) 1871 (± 270) 0,68 Na VO plena IG (semanas)* 36,87 (± 1,23) 35,46 (± 1,91) 0,27 Peso (gramas)* 2222 (± 242) 2200 (± 342) 0,85 Na alta hospitalar IG (semanas)* 39,52 (± 2,09) 38,2 (± 3,14) 0,52 Peso (gramas)* 2946 (±678) 2824 (± 460) 0,71

* Valores expressos em média e desvio padrão. IG=idade gestacional; CIU=crescimento intra-uterino; PIG=pequeno para idade gestacional; AIG=adequado para idade gestacional; GIG=grande para idade gestacional; VO=via oral. **p = teste Exato de Fischer.

A tabela 8 apresenta as variáveis correspondentes aos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC e SatO2) no grupo AFEL e VB, nas crianças que tiveram

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antes da aplicação da fisioterapia respiratória, 5 minutos depois de iniciada a primeira oferta alimentar VO, e 5 minutos após o término da primeira VO.

Os RNPT com diagnóstico de DBP apresentaram resultados semelhantes aos RNPT com DMH, onde é possível observar que a FR também apresentou elevação significativa após a oferta oral de leite, no grupo que recebeu a técnica de VB (65,02 (±12,58) X 49,86 (±8,84) rpm, para o grupo VB e AFEL, respectivamente. p<0,034). Essa elevação da FR foi acompanhada de uma redução na SatO2, embora esta

diferença não tenha sido significante (94,4 (± 5,41) mmHg) X 98,29 (± 2,36) mmHg para o grupo VB e AFEL, respectivamente).

Tabela 8 – Parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2) antes da fisioterapia, com 5 minutos de iniciada a primeira VO e ao final da VO, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada nos RNPT com Displasia Broncopulmonar. Parâmetros Cardiorrespiratórios Técnica de Fisioterapia AFEL (n=7) VB (n=5) p** Antes da fisioterapia FR (rpm)* 55,86 (± 7,29) 57,4 (± 7,40) 0,8062 FC (bpm)* 153,29 (± 11,97) 164 (± 8,06) 0,0735 SatO2 (mmHg)* 95,43 (± 5,26) 99,2 (± 0,84) 0,3535 5 minutos iniciada VO FR (rpm)* 53,71 (± 7,41) 61,2 (± 8,41) 0,1417 FC (bpm)* 154,43 (± 12,15) 161 (± 23,75) 0,4649 SatO2 (mmHg)* 97,86 (± 3,76) 96,6 (± 5,08) 0,5424 5 minutos após VO FR (rpm)* 49,86 (± 8,84) 65,2 (± 12,58) 0,0344 FC (bpm)* 156,57 (± 8,10) 161,2 (± 30,27) 0,3701 SatO2 (mmHg)* 98,29 (± 2,36) 94,4 (± 5,41) 0,0837

*Valores expressos em média e desvio padrão. AFEL=Aumento do Fluxo Expiratório Lento; VB=Vibração Manual Torácica; VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação de oxigênio;

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A tabela 9 apresenta o resultado da análise estatística na comparação dos parâmetros cardiorrespiratórios entre os três momentos de avaliação, somente do grupo que recebeu a técnica de VB.

Nas crianças com DBP e também submetidas à técnica de VB (Tabela 9), a FR mostrou um aumento progressivo, com valores médios acima do limite superior da normalidade já a partir dos 5 minutos de iniciada a alimentação oral (p>0,05). Esse aumento foi acompanhado de uma diminuição na SatO2 (99,2 (± 0,84) X 96,6

(± 5,08) X 94,4 (± 5,41), antes, com 5 minutos de iniciada VO e após a VO, respectivamente. p=0,07), no entanto sem diferença estatística.

Tabela 9 – Comparação entre os três momentos de avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2), nos RNPT que tiveram Displasia Broncopulmonar e receberam a técnica de vibração manual torácica.

Avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios Parâmetros Cardiorrespiratórios 5 minutos antes da Fisioterapia 5 minutos de iniciada a 1ª VO 5 minutos após final da 1ª VO p** FR (rpm)* 57,4 (± 7,40) 61,2 (± 8,41) 65,2 (± 12,58) 0,69 FC (bpm)* 164 (± 8,06) 161 (± 23,75) 161,2 (± 30,27) 0,85 Sat O2 (mmHg)* 99,2 (± 0,84) 96,6 (± 5,08) 94,4 (± 5,41) 0,07

*Valores expressos em média e desvio padrão. VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação

de oxigênio; mmHg=milímetros de mercúrio. **Teste de Friedman.

No grupo de crianças submetidas à AFEL com DBP (Tabela 10), a FC e a FR mantiveram-se estáveis e dentro da normalidade, nos três momentos avaliados. Observou-se ainda uma tendência à diminuição da FR, além da elevação na SatO2

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Tabela 10 – Comparação entre os três momentos de avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios (FR, FC, SatO2), nos RNPT com Displasia Broncopulmonar e que receberam a técnica de Aumento do Fluxo Expiratório Lento (AFEL).

Avaliação dos parâmetros cardiorrespiratórios Parâmetros Cardiorrespiratórios 5 minutos antes da Fisioterapia 5 minutos de iniciada a 1ª VO 5 minutos após final da 1ª VO p** FR (rpm)* 55,86 (± 7,29) 53,71 (± 7,41) 49,86 (± 8,84) 0,6180 FC (bpm)* 153,29 (± 11,97) 154,43 (± 12,15) 156,57 (± 8,10) 0,6980 Sat O2 (mmHg)* 95,43 (± 5,26) 97,86 (± 3,76) 98,29 (± 2,36) 0,8670

*Valores expressos em média e desvio padrão. VO=via oral; FR=frequência respiratória; rpm=respirações por minuto; FC=frequência cardíaca; bpm=batimentos por minuto; SatO2=saturação

de oxigênio; mmHg=milímetros de mercúrio. **Teste de Friedman.

A tabela 11 traz os resultados quanto aos sinais de estresse apresentados pelos RNPT que tiveram DBP, durante a primeira oferta de leite por VO. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos.

Da mesma forma que nos bebês com DMH, o sinal mais evidente nos RNPT com DBP foi o escape oral de leite e o vômito, mas esses resultados não foram significativos, talvez pelo fato do número pequeno de amostra nesse grupo.

Tabela 11 – Presença de sinais de estresse nos RNPT com Displasia Broncopulmonar, durante a primeira oferta oral de leite, de acordo com a técnica de fisioterapia realizada (AFEL ou VB).

Sinais de estresse Técnica de Fisioterapia

AFEL VB % N % N p* Dessaturação 0 0 20 1 0,21 Apnéia 0 0 0 0 - Bradicardia 0 0 0 0 - Cianose 14,29 1 0 0 0,37 Palidez/moteamento 14,29 1 20 1 0,79

Escape extraoral de leite 42,86 3 40 2 0,92

Engasgo 14,29 1 0 0 0,37

Náusea 14,29 1 0 0 0,37

Vômito 0 0 40 2 0,06

Soluço 14,29 1 0 0 0,37

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A tabela 12 mostra a comparação das variáveis relativas à performance alimentar dos RNPT, segundo a técnica de fisioterapia (AFEL ou VB).

As variáveis analisadas, PRO, TT e DA na primeira mamada por VO e os dias de transferência e de internação, não diferiram entre os grupos AFEL e VB nas crianças que tiveram diagnóstico de DBP.

Tabela 12 – Performance alimentar dos RNPT que tiveram Displasia Broncopulmonar, de acordo com a técnica de fisioterapia recebida (AFEL ou VB).

Variáveis Técnica de Fisioterapia

AFEL VB p** PRO (%)* 35,25 (± 35,56) 32,23 (± 8,62) 0,60 TT (ml/min)* 2,59 (± 1,59) 3,81 (± 1,08) 0,30 DA (%)* 36,40 (± 33,57) 37,76 (± 9,73) 0,37 Dias de Transição* 15,14 (±9,74) 9,20(±5,36) 0,12 Dias de Internação* 80,17 (± 19,01) 72 (± 24,77) 0,93

* Valores expressos em média e desvio padrão. AFEL = Aumento do Fluxo Expiratório Lento; VB = Vibração; PRO = Proficiência Alimentar; TT = Taxa de Transferência; DA = Desempenho Alimentar Oral. ** Teste t – Student.

6 DISCUSSÃO

Este estudo, que avaliou o efeito da técnica de AFEL, em comparação com a técnica VB, sobre a estabilidade cardiorrespiratória e a performance alimentar de RNPT com desconforto respiratório no período neonatal, buscou averiguar se uma determinada técnica de fisioterapia proporcionaria melhor estabilidade cardiorrespiratória e, desta forma, contribuiria para um melhor desempenho na alimentação oral, através de uma rápida transição da sonda para a VO e, consequentemente, favorecendo para uma alta hospitalar mais cedo.

A presença de desconforto respiratório é altamente prevalente em uma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, sendo possivelmente a principal causa de internação. No presente estudo, duas foram as causas de desconforto respiratório diagnosticadas nos participantes: DMH e/ou DBP. Considerando que poderia haver influência da doença de base sobre as características gerais dos participantes e as variáveis em estudo, optou-se por realizar a pesquisa separando os participantes segundo a causa do desconforto respiratório.

Considerando as características gerais dos participantes, observou-se homogeneidade entre os grupos constituídos de acordo com a técnica de fisioterapia realizada, AFEL ou VB. Tanto nas crianças com DMH como com DBP, não houve diferença nas variáveis ao nascer. A introdução da VO ocorreu, como previsto, em torno de 34 semanas de IGC. No entanto, as crianças submetidas à técnica de VB receberam alta, em média, aproximadamente uma semana mais cedo, sendo esta diferença estatisticamente significante para as crianças com DMH (p=0,01) (Tabela 1).

Levando em conta a importância do procedimento de fisioterapia, no sentido de proporcionar ao RNPT, além da desobstrução brônquica uma melhor ventilação pulmonar e, por consequência, maior estabilidade cardiorrespiratória e melhor desempenho durante a alimentação oral, foram variáveis desfecho deste estudo os parâmetros cardiorrespiratórios e a performance alimentar.

Tanto nas crianças que tiveram DMH (Tabela 2), como nas com DBP (Tabela 8), houve um significativo aumento da FR nas submetidas à técnica de VB (p=0,002 e p=0,034, respectivamente), sendo este valor acima do limite superior de

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normalidade, isto é, acima de 60 rpm (CLOHERTY, EICHENWALD, STARK, 2005; LANZA, GAZZOTTI, PALAZZIN, 2012). Este aumento da FR, em especial nas crianças com DBP, acompanhou-se de redução na SatO2, passando de 99,2 (±0,84)

mmHg, antes da realização da fisioterapia (VB), para 94,4 (±5,41) mmHg após a oferta oral de leite (p=0,07).

Em contrapartida, nas crianças com DBP, submetidas à técnica AFEL, a FR manteve-se estável, dentro da normalidade, inclusive com uma tendência a diminuição (Tabela 10). Simultaneamente, neste grupo da AFEL, observou-se um aumento na SatO2, tanto nas crianças com DMH (96,53 (±2,45) X 98,20 (±1,82) X

98,27 (±1,75) mmHg, nos três momentos avaliados, respectivamente. p=0,001), como nas com DBP (95,43 (±5,26) X 97,86 (±3,76) X 98,29 (±2,36) mmHg, nos três momentos avaliados, respectivamente. p>0,05). Estes resultados são importantes, indicando, de certa forma, que a aplicação da técnica AFEL, foi benéfica para o RNPT, pois não se acompanhou de aumento na FR, dado que é essencial para uma alimentação oral segura. Uma FR acima do considerado ideal para o período neonatal, que é entre 40-60 rpm (CLOHERTY, EICHENWALD, STARK, 2005; LANZA, GAZZOTTI, PALAZZIN, 2012), pode contra-indicar a alimentação por esta via. A manutenção da FR no grupo AFEL, acompanhada do aumento simultâneo da SatO2 , especialmente após a oferta oral de leite, momento em que o RNPT é

exigido em termos de condicionamento cardiorrespiratório, indica que esta técnica pode ter contribuído para redução da fadiga, nestas crianças.

A segurança e efeitos da AFEL, comparados à fisioterapia convencional, foram avaliados por Antunes et al. (2006) em RNPT de muito baixo peso, no período pós-extubação. Houve melhora na oxigenação com as duas técnicas, no entanto, a AFEL proporcionou melhor estabilidade na FC, quando comparada à fisioterapia convencional. Segundo os autores, além de benéfica, a técnica mostrou-se segura para uso em prematuros de muito baixo peso.

Já Souza e Moran (2013), em estudo semelhante ao presente, que comparou os efeitos das técnicas de VB e AFEL, em RNPT, sobre os sinais vitais e o desconforto respiratório, não evidenciaram diferença entre as mesmas. Considerando que não foram observados efeitos negativos sobre a FC, a FR e a SatO2, já que os valores observados se mantiveram dentro do limite de normalidade,

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Em crianças maiores, com idade entre 3 e 10 anos e diagnóstico de pneumonia, foram também avaliados os efeitos da técnica AFE ativo-assistido sobre a FC, FR e SatO2, em três momentos distintos: antes da aplicação da AFE, após o

primeiro minuto da AFE e após 5 minutos do término da manobra. Neste estudo, os autores constataram que a FC sofreu uma redução significativa ao término da manobra, passando de 108 (± 8,12) para 105,44 (± 8,38) bpm (p<0,001). Da mesma forma, a FR passou de 38,96 (± 10,09) rpm, no primeiro momento, para 30,02 (± 8,52) rpm, após os 5 minutos do término da manobra (p<0,001). Ao analisar a SatO2,

observou-se também melhora significativa, de 94,02 (±1,66) antes da AFE, para 97,38 (±1,42) após 5 minutos (p<0,001). Dessa forma, os autores concluíram que a técnica de AFE ativo-assistido, em crianças com diagnóstico de pneumonia, foi eficaz na melhora da função pulmonar, por aumentar a SatO2, reduzir a FC e FR

(CAMPOS et al., 2007).

De modo geral, considerando que os RNPT, submetidos à VB, apresentaram aumento da FR, e que no grupo AFEL, houve estabilidade da FR com aumento na SatO2, pode-se presumir que AFEL traga maiores benefícios que à VB, por ser uma

técnica que proporcione mais conforto ao RNPT, estabilidade cardiorrespiratória e melhor oxigenação pulmonar.

Fontoura et al. (2005) acreditam que com a aplicação da técnica AFE é

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