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Como já mencionado neste relatório, cada vez é mais urgente investir nas áreas de prevenção e reabilitação cardíaca, de forma a complementar as restantes intervenções. Porém, para criar um programa desse calibre é necessário garantir diversas condições, assegurando a segurança dos pacientes com doenças cardiovasculares (Abreu et al., 2018).

Desta forma, para considerar os recursos necessários, é crucial partir de questões-chave que orientem a sua implementação, tais como a existência de necessidade de um programa, a população alvo com que se vai intervir, o local da implementação, se a reabilitação é aconselhada pelo médico e se é fazível, tendo em conta os recursos financeiros que são necessários (Abreu et al., 2018).

31 De acordo com estes autores, são definidas as componentes centrais para um programa de reabilitação cardíaca. A avaliação médica deve ser considerada, nomeadamente a avaliação da capacidade funcional e estratificação do risco cardiovascular. Seguidamente, os exercícios de treino e o aconselhamento sobre a prática de atividade física devem ser considerados. Neste âmbito, os recursos humanos que devem ser garantidos são o cardiologista, especialista em medicina física e para prescrever e supervisionar o treino físico, são imprescindíveis o fisiologista do exercício, o fisioterapeuta ou até um enfermeiro especialista em reabilitação (Abreu et al., 2018).

Ato contínuo, para a identificação e controlo dos fatores de risco associados, as consultas com um médio cardiologista devem ser garantidas, bem como consultas de especialidade em co-morbilidades existentes. Outros dos aspetos também importantes são o aconselhamento nutricional, avaliação e intervenção psicológica ou psiquiátrica, daí a necessidade de especialistas nestas áreas, nutricionista, psicólogo e psiquiatra. Já para algum suporte dos pacientes, caso exista necessidade, deve ser considerado o apoio social e financeiro de uma assistente social, por exemplo, em casos de transporte (Abreu et al., 2018).

De uma forma resumida, um PRC deve ser constituído por uma equipa multidisciplinar com todos os elementos referidos. Claramente que as verbas são imprescindíveis, ainda assim, com reduzidas verbas ou poucos participantes, deve ser garantida e assegurada a existência de todos estes profissionais. Todos eles devem ter conhecimento e experiência em DCV, de forma a serem capazes de avaliar, educar e determinar qual a intervenção mais adequada para cada doente (AACVPR, 2013; Lawson, 2007).

De acordo comAbreu et al. (2018), em condições ideais, deveria existir um banco de dados local e um banco nacional, de forma a reunir dados de centros nacionais. Devem também ser garantidos recursos materiais relacionados com a avaliação interna, nomeadamente questionários que avaliem a satisfação do doente, os ganhos individuais e grupais. Também a avaliação externa é importante para a melhoria e manutenção da qualidade de um PRC, devendo, para isto, serem chamadas entidades independentes responsáveis por verificar os centros e realizar esta mesma avaliação.

Sabe-se, ainda, que a equipa de RC pode variar de programa para programa, de acordo com cada ideologia e, mais importante ainda, de acordo com a fase em que os doentes se encontram (Abreu et al., 2018).

32 Na fase intra-hospitalar, é obrigatória a inclusão de um cardiologista, especialista em medicina física, enfermeiro, fisioterapeuta de reabilitação, nutricionista, psicólogo e/ou psiquiatra. Todavia, a equipa pode solicitar, quando necessário, o suporte de outros médicos especialistas, tais como internistas, endocrinologistas ou pneumologistas (Abreu et al., 2018; Lawson, 2007).

Certamente, esta equipa deverá ter um coordenador. Normalmente é eleito um cardiologista ou outro médico habilitado em reabilitação cardíaca, reconhecido pela Ordem dos Médicos. Numa outra medida, os equipamentos e espaços imprescindíveis à concretização das medidas passam por unidades de terapia intensivas, enfermarias ou áreas próximas. Ainda assim, em alguns programas, existe a divisão desta fase em duas distintas. Na primeira fase, as medidas são concretizadas nas unidades de terapia intensivas, enquanto na segunda fase já são realizadas na enfermaria (AACVPR, 2013; Lawson, 2007).

Não obstante, de acordo com Abreu et al. (2018), deverão ser consideradas salas ou locais para reuniões e atividades educacionais individuais ou em grupo, embora não seja obrigatório. Por outro lado, é obrigatório e essencial existir o seguinte equipamento: monitor de frequência cardíaca ou eletrocardiógrafo, esfigmomanómetro, escalas e oxímetro.

Na fase extra-hospitalar precoce a equipa deve incluir um cardiologista, especialista em medicina física, fisioterapeuta, fisiologista do exercício ou enfermeira de reabilitação, nutricionista, psiquiatra e/ou psicólogo e técnico cardiopulmonar. Tal como na fase 1, o coordenador deve ser um cardiologista ou outro médico certificado com competências específicas em reabilitação cardíaca. Este tem por objetivos garantir que o programa é seguro, compreensivo, eficaz em termos de custos e apropriado para cada paciente. É responsável, também, por supervisionar a seleção das pessoas e acompanhar a sua evolução no programa, garantindo que estão a cumprir os objetivos definidos. Também tem a função de fortalecer e promover a interação entre todos os membros envolvidos na equipa (AACVPR, 2013; Lawson, 2007).

De uma forma geral, deve ser considerado um fisiologista ou especialista em exercício físico para 5-10 pacientes de baixo ou médio risco por sessão. Para alto risco, a proporção deverá ser maior, nomeadamente 1 para cada 2-3 pacientes, de acordo com a gravidade da sua patologia, não necessitando o cardiologista de estar presente. Em condições ideais, deverão ser 3 a 4 pacientes por sessão. Os espaços e equipamentos necessários são uma área mínima de 6 metros quadrados para cicloergómetros ou passadeiras, um vestiário, sala de espera e sala de

33 educação. Devem ainda ser oferecidas outras condições, embora não obrigatórias, como equipamentos de treino funcional (AACVPR, 2013).

Porém, no mínimo, devem ser garantidos os aparelhos ergómetros, como as passadeiras e cicloergómetros, elásticos, pesos, esfigmomanómetros, cronómetros, oxímeros, equipamento de ressuscitação cardiorrespiratória e plano de evacuação. Para pacientes de médio e alto risco, deve haver uma monitorização contínua por ECG (AACVPR, 2013).

Por fim, na fase extra-hospitalar a longo prazo os elementos da equipa necessários são um cardiologista, especialista em medicina física ou outro médico com competências em RC reconhecido pela Ordem dos Médicos. Também um fisiologista ou fisioterapeuta certificados em suporte básico de vida são cruciais para implementar as sessões. O tamanho do espaço, tipo e estrutura do local devem ser considerados em função das atividades desempenhadas (AACVPR, 2013).

Por fim, nesta última fase, os equipamentos devem corresponder a uma variedade de opções adequadas a cada programa, cada paciente, cada local ou espaço, atendendo sempre aos padrões de segurança. Dessa forma, equipamento para ressuscitação cardiopulmonar, instalações que permitam monitorizar pacientes de alto risco, ergómetros, equipamento de treino de força muscular e de treino funcional, bem como materiais pertencentes a atividades desportivas e recreativas desempenhadas(AACVPR, 2013).

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