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4 EDUCAÇÃO INTEGRAL

8 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

8.3 RECURSOS TECNOLÓGICOS

Este tópico da pesquisa procura apresentar uma discussão crítica sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação como forma de contextualizar o profissional da educação em sua prática diária, buscando entender a forma de interagir no e com o mundo, de modo crítico e interativo, permitindo o entendimento e a análise do uso dos recursos na educação. Busca-se, nesta pesquisa, a discussão sobre a relação do professor com a tecnologia, as novas práticas de comunicação educacional mediatizada pela tecnologia digital, a construção de um conhecimento em rede e a visão da ciência, tecnologia e sociedade, no Ensino Médio da Escola de Tempo Integral.

Em sintonia com a análise da categoria temporalidade (tempo investido pelo professor nas ações educativas no dia a dia da sala de aula), o uso dos recursos tecnológicos dá ênfase à discussão sobre a intervenção do professor como produtor de conteúdo educacional a ser utilizado em sala de aula, assim como articulador de práticas pedagógicas, que incorporem as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) no cotidiano educativo.

As respostas dos sujeitos da entrevista possibilitaram interpretar as potencialidades, as facilidades e as dificuldades que os professores encontram no dia a dia para implementar ações educativas que incorporem o uso das TICs, na pesquisa bibliográfica em meio eletrônico e nas aulas de todas as disciplinas.

Antes de prosseguir na discussão sobre o papel das tecnologias na produção do conteúdo educacional é importante ressaltar que na Escola de Tempo Integral que serviu de campo de estudo para essa pesquisa, existem tecnologias que contribuem para a comunicação com os alunos.

O trabalho docente na Escola de Tempo Integral utiliza a tecnologia comunicacional para interagir com os alunos. Por exemplo, os professores elaboram as agendas dos trabalhos que serão executados na semana e compõem uma síntese da rotina de estudos e das atividades que são apresentadas aos alunos e são fixadas nos ambientes da escola.

Nesse sentido, a tecnologia comunicacional se dá por meio da linguagem, que é expressa por meio do uso de papel e, em alguns casos, os professores se comunicam com os alunos por meio das redes sociais, disseminando informações e prestando apoio aos alunos.

Na Escola de Tempo Integral, que dispõe de uma sala de informática, equipada com internet (banda larga) e um notebook e wireless para conectar dispositivos, o uso das redes sociais também possui a função educativa; os professores as utilizam para atingir fins educativos nas pesquisas bibliográficas que dão suporte aos projetos educativos que são realizados.

Retomando a discussão sobre a intervenção do professor como produtor de conteúdo educacional utilizado em sala de aula, nas práticas diárias, infere-se por meio da fala dos entrevistados que esses sujeitos compreendem que o uso da tecnologia não se reduz à “execução automática“. Os professores entrevistados têm consciência de que o uso das TICs (Tecnologias de Informação e Conhecimento) no cotidiano educativo exige um profundo conhecimento do porquê e de como seus objetivos são alcançados, conforme excerto a seguir.

O projeto é bom, bem estruturado e permite um contato maior com os alunos; nosso contato com os alunos se dá em sala de aula, mas também temos tempo para elaborar instrumentos de comunicação. Por exemplo, as agendas que são apresentadas aos alunos e estão à disposição em todos os cantos da escola. Outro aspecto facilitador é ter uma grande quantidade de computadores, com banda larga, para podermos variar nossas estratégias de ensino. Eu por exemplo participo das redes sociais dos alunos e aproveito para lembrá-los do cumprimento das suas atividades; em minha opinião, isso não deixa de ser uma tutoria acadêmica, além da interação face a face, para dar apoio emocional aos alunos no dia a dia. É lógico que esse contato direto com o aluno é o mais importante, mas as ferramentas tecnológicas ajudam muito na comunicação (PROFESSOR G). Depreende-se, por meio da análise do excerto supracitado, que a tarefa do professor em sua atividade cotidiana, em suas aulas com os alunos, tem a finalidade de apoiar o aluno para "saber fazer" e “aprender a aprender”. A declaração do professor G, quando este fala que o tempo docente é utilizado para tutoria acadêmica e para dar apoio à formação integral do aluno demonstra a consciência no uso da tecnologia com finalidade pedagógica.

Fica evidente nos relatos do professor que ele se sente inseguro quanto a aprender a utilizar de imediato os recursos tecnológicos disponíveis, quando responde sobre os sentimentos experimentados com as mudanças no trabalho docente:

Em toda mudança sempre há tensões e até mesmo conflito interno e externo; às vezes a adaptação ao modelo de escola de tempo integral não é fácil; muitas são as ideias diferentes, desde a organização do espaço físico, recursos didáticos, valores e etc. Vejo isto com muito otimismo, pois a Educação precisa ser mudada, principalmente o modo de transmissão. Nesse caso eu precisei de mais tempo para aprender a usar todos os recursos tecnológicos disponíveis na escola. Aqui na escola existe uma lousa digital que pode estar acoplada à internet, e os alunos reivindicam o seu uso. Assim eu tive que adequar o planejamento das atividades do currículo. Nem sempre é possível aprender tudo da noite para o dia, mas como o tempo que temos para aprender aqui na escola de Tempo Integral é maior eu evolui muito como profissional.

Além disso, não basta usar o computador e a internet só como novidade que distrai os alunos; então tenho aprendido nos estudos junto aos outros professores que é preciso organização, responsabilidade do educador e educando. O momento da aprendizagem tem que ser prazeroso para ambas às partes, sabendo que nunca ocorre 100%. Algumas aulas às vezes funcionam com exposição e depois é usado a ferramentas tecnológica para potencializar a autonomia e o protagonismo do aluno no "aprender a aprender" de modo autônomo. È importante que todos tenham consciência de seus atos e saibam direitos e deveres dentro de uma instituição e na sociedade, que ousa implantar uma política educacional com essas características (PROFESSOR H).

Trazendo os aportes teóricos de Kenski (2013), constata-se a escassez do tempo para a incorporação dessa nova versão da profissão, que prevê o emprego frequente dos meios virtuais e comunicação, conforme excerto a seguir.

O trabalho é enorme para o planejamento, a produção e o oferecimento das atividades educacionais mediadas. O tempo é escasso. Sem compartilhamento, atuação em equipe e colaboração, torna-se impossível o desenvolvimento de ações de qualidade (KENSKI, 2013, p.10).

A declaração do professor “H” deixa entrever que compreende o quanto o papel da tecnologia é fundamental para a formação dos alunos, pois o entrevistado entende que a influência da tecnologia é ampla e significativa, uma vez que ao usar os recursos tecnológicos (internet, lousa digital) potencializa-se a transmissão dos conhecimentos, como afirma o professor.

O entrevistado, ao afirmar que a “transmissão” precisa ser mudada, revela que aprendeu com outros professores a forma de melhor utilizar as ferramentas disponíveis, para ensinar conteúdos, além de ensinar procedimentos

de pesquisa e atitudes que apoiem o desenvolvimento humano integral dos alunos, em suas dimensões afetiva, cognitiva e social.

No fragmento da fala a seguir, entende-se que o professor valoriza as ferramentas tecnológicas, como suporte para a ação pedagógica:

A maior parte dos alunos está neste Programa porque quer estudar; muitos tomaram conhecimento que terão uma oportunidade de desenvolver suas competências, suas habilidades, então é por isso que eu digo, que é muito mais fácil trabalhar com alunos que querem se desenvolver como seres humanos, autônomos e solidários. Desse modo, os Recursos multimídia são ferramentas que ajudam o desenvolvimento humano dos alunos e de todos, inclusive o desenvolvimento dos professores. No contexto da sala de aula possuímos recursos à disposição em qualquer momento e isso contribui para motivar os alunos (PROFESSOR I).

Nesse contexto de análise, quando se selecionam os recursos tecnológicos para as experiências de aprendizagem dos alunos, estas ”experiências” perdem a potencialidade educativa se não estiverem vinculadas aos sentimentos de valorização da autoestima do aluno. Assim, somente os recursos tecnológicos adequados aos conteúdos que devem atender as necessidades dos alunos e que respeitem o tempo de aprendizagem de cada sujeito é que poderão influenciar positivamente o desenvolvimento humano.