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III.3 As regiões na implementação das ações de divulgação e informação dos fundos

III.3.2 O conceito de rede dos fundos estruturais 91 

III.3.2.1 A rede formal de comunicação 94 

A formalização, no regulamento para o período de programação 2007-2013, de uma rede de comunicação dos fundos estruturais foi uma novidade em comparação com o anterior período de programação. A rede formal incluiria membros permanentes em representação dos diferentes níveis de governação comunitária, nacional e regional. Estava prevista uma dinâmica diferente para os encontros da rede, num âmbito mais geral e com a possibilidade de grupos de trabalho temáticos, onde as questões prioritárias poderiam ser discutidas separadamente. Os Estados Membros tinham como obrigação construir redes de comunicação nos respetivos países. Esta posição era frequentemente reforçada nas reuniões do grupo informal, onde apelavam à importância da criação de redes nacionais que podiam trabalhar e encontrar-se em paralelo com os

      

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“Structural Funds Information Team Meeting”, Directorate-General Regional Policy, Information and Comunication Unit, Bruxelas, 15 de junho de 2006. Fonte: Rede de Comunicação QREN.

encontros da futura rede205. Os encontros deveriam ser utilizados para coordenar e transmitir informação da rede europeia para a nacional e vice-versa. Na perspetiva da Comissão, criar uma rede formal colocava mais pressão nos Estados-membros, no entanto reforçava a importância dos corpos intermédios, as regiões europeias, para transmitir a mensagem de forma eficaz. Contudo, no debate em torno do futuro regulamento comunitário, na reunião do grupo informal, de 30 de junho de 2005, um dos membros afirmava que as redes surgiam espontaneamente dependendo das necessidades das regiões, questionando as vantagens de ter a rede prevista em regulamento? Como resposta, a Comissão afirmou que uma rede estabelecida em regulamento significava o fortalecimento do seu papel, a garantia de um orçamento próprio, e o aumento do reconhecimento das conclusões dos seus encontros206. O “draft” do regulamento foi também apresentado, fora do âmbito da rede de comunicação dos fundos estruturais, durante o encontro do Comité para o Desenvolvimento e Conversão das Regiões, em junho de 2005, tendo as delegações dos Estados-membros comentado e questionado algumas iniciativas, entre elas a inclusão de uma rede de comunicação no regulamento207.

A Comissão, no primeiro encontro da rede formal de comunicação, denominada INFORM - “Community network of Regional Policy communication officers”, afirmava que “comunicar a Política de Coesão era uma responsabilidade conjunta que se tornava muito mais efetiva ao juntar as forças e as redes a nível regional, nacional e       

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“Report from the meeting of the informal working group - Structural Funds Information Team”, Directorate-General Regional Policy, Information and Communication Unit, Bruxelas, 5 de dezembro de 2006. Fonte: Rede de Comunicação QREN.

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“Minutes from the Structural Funds Information Team Meeting”, Directorate-General Regional Policy, Information and Comunication Unit, Bruxelas, 30 de junho de 2005. Fonte: Rede de Comunicação QREN.

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comunitário”208. Esta nova rede tinha regras de funcionamento pré-definidas pela Comissão. Havia um grupo principal, denominado de “Core Group”, composto por um representante por cada Estado-Membro, geralmente do departamento central responsável por coordenar a política do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER/Coesão. O “Core Group” tinha como tarefas transmitir informação sobre as atividades de comunicação nos respetivos Estados-membros para o nível comunitário, partilhar a informação adquirida durante os encontros da rede INFORM com as redes de comunicação dos respetivos Estados-membros, e participar nos grupos temáticos de trabalho organizados dentro da rede INFORM. Para além deste grupo, a rede incluía também um Grupo Geral, formado pelos gabinetes de comunicação dos programas FEDER e Fundo de Coesão que pretendessem participar na rede numa base voluntária, numa perspetiva baseada na experiência anterior, de abertura a todos os responsáveis pela implementação do plano de comunicação dispostos a partilhar as suas experiências209.

Na nota ao COCOF, de 18 de fevereiro de 2008, era referido que deveria ser criada uma rede de comunicação para assegurar a partilha de boas práticas, incluindo os resultados dos planos de comunicação, e a partilha de experiências na implementação das medidas de informação e comunicação210. Eram apresentados como objetivos da rede: a partilha de experiências e a identificação de formas para melhorar a qualidade das atividades de comunicação; a sensibilização para os benefícios da intervenção       

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“Rapport: first meeting of INFORM – Community network of Regional Policy communication officers”, Directorate-General Regional Policy, Information and Comunication Unit, Bruxelas, 17 de junho de 2008. Fonte: Rede de Comunicação QREN.

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COCOF 07/0071/03-EN, Note to the Cocof “European Transparency Initiave: Implementation of the Financial Regulation regarding the publication of data on beneficiaries of Community Funds under the shared management mode”, Bruxelas, 23 de abril de 2008.

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comunitária junto dos potenciais beneficiários e o público em geral; e a melhoria da visibilidade dos projetos financiados pela União Europeia. Os temas de trabalho sugeridos, para o período de programação, englobavam: a transparência e a publicação da lista de beneficiários do apoio comunitário por cada autoridade de gestão; a cooperação entre redes a nível regional, nacional e comunitário; e a divulgação de histórias de sucesso, com o intuito de destacar as conquistas da Política de Coesão.

Propunha-se um conjunto de orientações para o funcionamento da rede de comunicação dos fundos estruturais, centrado no papel da Comissão de monitorizar, através dos Estados-membros, as obrigações regulamentares aplicadas no terreno pelas regiões. A rede INFORM definia a sua agenda em conformidade com as ações previstas no regulamento, imprimindo, na reunião “Core Group”, uma certa dinâmica de atuação junto dos Estados-membros, para que estes coordenassem a nível nacional.

Nas reuniões da rede informal, durante o debate em torno da política de comunicação 2007-2013, a linha de atuação era apontada como “pensar nas pessoas e não em regulamentos”211. Encontramos aqui uma mudança de paradigma do conceito de rede dos fundos estruturais, que, ao incluírem o nível de governação nacional, diminuíram uma participação mais ativa e direta das regiões com a Comissão Europeia. As decisões ao nível da informação eram tomadas à porta fechada no “Core Group”, num encontro entre a Comissão e os Estados-membros sendo, mais tarde, comunicadas as conclusões na reunião do grupo geral. A participação das regiões tornou-se muito limitada, não só pelo número de lugares disponíveis para cada Estado-Membro, como

      

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“Minutes from the Structural Funds Information Team Meeting”, Directorate-General Regional Policy, Information and Comunication Unit, Bruxelas, 12 de dezembro de 2005. Fonte: Rede de Comunicação QREN.

também pela restrição da sua atuação à apresentação de casos de sucesso, previamente selecionados pela Comissão.

As perspetivas futuras da rede formal de comunicação, para o período de programação 2014-2020, no documento apresentado durante a presidência cipriota, em julho de 2012, vêm reforçar a posição dos Estados-membros como interlocutores diretos da Comissão212. No documento de trabalho para o futuro regulamento, a rede é estabelecida oficialmente pela Comissão, e a composição da rede é da responsabilidade dos Estados-membros que designam os membros. A rede de comunicação é considerada como uma forma de assegurar a troca de resultados na implementação das estratégias de comunicação nos Estados-membros, a troca de experiências na implementação das medidas de informação e comunicação e o intercâmbio de boas práticas.