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Rede hidrográfica

No documento HIDROGEOLOGIA do ALGARVE CENTRAL (páginas 57-112)

A. Medeiros de Gouveia (1938), que inclui na sua obra um resumo geológico bem ordenado, pressentiu a unidade primitiva de uma superfície de cimos da Serra e

3.1 Rede hidrográfica

Na Serra Algarvia a rede hidrográfica está, muitas vezes, condicionada por direcções de fractura, sobretudo a direcção NW-SE.

Grandes troços dos vales da Ribeira do Rio Seco, a NE de Salir, Ribeira da Brazieira, a E da Rocha da Pena, Ribeira do Vale da Mata, a NW de Messines e de muitas outras ribeiras seguem aquela direcção. A direcção NE-SW também está amplamente representada, por exemplo em troços do Rio Arade, da Ribeira do Gavião e da Ribeira do Meirinho a N e E de Messines, etc.

No Barrocal os vales seguem nalguns casos as direcções referidas, como por exemplo a Ribeira dos Moinhos, que se continua pela Ribeira da Fonte Benémola, e o troço final da Ribeira de Quarteira que seguem a direcção NW-SE. No entanto, também se orientam com frequência segundo as direcções E-W e N-S.

O estudo quantitativo da rede hidrográfica pode fornecer indicações hidrogeológicas importantes pois, em certas condições, dá uma primeira indicação das zonas potencialmente mais interessantes.

A densidade de drenagem (Dd) é a mais importante de todas as características morfométricas (Hagget e Chorley, 1974, Gregory e Wailing, 1976).

Segundo Horton (1945) a densidade de drenagem é definida pela razão entre o comprimento total das linhas de água existentes em dada região e a área desta:

A L Dd Σ

=

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Obviamente que Dd depende do binário, energia disponível para provocar erosão e resistência dos terrenos a esta. Assim, Dd depende fundamentalmente de factores climáticos, topográficos e geológicos, nomeadamente quantidade e sobretudo a intensidade de precipitação, o declive médio, a cobertura vegetal e a permeabilidade dos solos.

No caso presente, tendo em conta que se trata de uma região com extensas manchas de carácter relativamente homogéneo do ponto de vista climático, é sobretudo a relação existente entre Dd e a capacidade de infiltração dos solos que se procura evidenciar, pois mantendo constantes as outras condições, Dd caracteriza de forma indirecta a capacidade de infiltração dos solos que cobrem uma bacia (Sokolov, 1969).

As variações que se verificam dentro da mesma classe litológica relacionam--se sobretudo com factores de relevo, vegetação e antrópicos.

Com o objectivo de verificar as relações que se acabaram de indicar, Almeida e Romariz (1981 e 1984) elaboraram o Mapa de Densidade de Drenagem do Algarve, utilizando como base de trabalho a Carta Militar de Portugal na escala 1:25 000.

A Figura 3.3 representa a parte desse mapa correspondente à região do Algarve Central estudada neste trabalho.

A fim de eliminar variações introduzidas por mudanças de critério de execução ou por variações do grau de precisão, foram utilizadas naquele trabalho, sempre que possível, cartas editadas na mesma época.

A metodologia seguida foi a seguinte (Almeida e Romariz, 1981):

- em cada quadrícula quilométrica mediu-se, com curvímetro, o comprimento total das linhas de água;

- os valores obtidos foram passados para uma quadrícula quilométrica na escala 1:100 000, escala final do trabalho;

- desenharam-se as curvas separadoras das diferentes classes, considerando o valor de Dd de cada quadrícula referido ao respectivo centro;

- finalmente, as curvas obtidas foram alisadas e corrigidas por inspecção visual da carta na escala 1:25 000.

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A fim de acelerar o trabalho, sobretudo nas zonas de elevada Dd, tentou-se estabelecer uma relação entre aquele parâmetro e o número de confluências por km2. Para tal fez-se a regressão entre os dois parâmetros obtidos numa zona piloto (Bacia hidrográfica da Ribeira de Quarteira). Verificou-se que os dois parâmetros se relacionam através da expressão:

Dd = 1,398 + 0,365 × Nl + 0,0051 × Nl2 onde Nl representa o número de confluências.

A definição das classes adoptadas baseou-se nas frequências observadas na referida bacia.

A análise dos resultados verificados na área estudada, permite concluir que há boa correlação entre as diferentes categorias litológicas e as classes de Dd.

A Serra Algarvia apresenta os valores mais elevados de Dd, geralmente superiores a 3,5 km-1. As variações de Dd dentro desta unidade estão relacionadas sobretudo com factores de relevo. Os valores mais elevados encontram-se na Serra do Caldeirão.

Os calcários e dolomitos jurássicos têm, em geral, Dd baixa, entre 0 e 2 o que concorda com outros indícios de elevada capacidade de infiltração daquelas rochas, nomeadamente a ocorrência de formas superficiais de carsificação.

Os calcários margosos e margas do Malm, arenitos e margas do Trias-Infralias, depósitos detríticos terciários e quaternários, etc. têm Dd entre 2 e 3,5 km-1.

A comparação dos valores obtidos para o Algarve com outros publicados em diversos trabalhos permite constatar que a Dd do Barrocal é inferior à indicada para o Maciço de Garraf (Custodio e Llamas, 1976, p.2280) e superiores às registadas no Maciço Central (FRANÇA) no mesmo tipo de rochas (Rambert, 1973).

José Hernandez e Fernandez-Rubio (1976) obtiveram valores substancialmente mais altos para rochas dolomíticas do Sul de Espanha, mas o contexto climático e estrutural é muito diferente do existente no Algarve.

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Além da Dd, determinou-se, ainda, a razão de confluência (bifurcation ratio) e a razão de comprimentos médios, dois parâmetros morfométricos com interesse.

A razão de confluência é dada pelo quociente entre o número de segmentos de uma dada ordem e o número de segmentos de ordem imediatamente superior:

Rb = Nu / Nu+1

sendo o número de ordem de cada segmento atribuído de acordo com os critérios propostos por Strahler (1952).

Em cada região verifica-se, em geral, uma relação entre o número de ordem e número de segmentos dessa ordem, do tipo:

log Nu = a - b.u

sendo u o número de ordem, a e b coeficientes.

Os pares de pontos u - log Nu definem uma recta cujo pendor b permite calcular a razão de confluência, a partir da expressão:

Rb = 10-b (Strahler, 1964).

Calcularam-se as razões de confluência para algumas bacias tributárias da Bacia da Ribeira de Quarteira (Ribeira do Rio Seco, Ribeira da Carrasqueira, Ribeira da Quinta do Freixo, Ribeira da Brazieira, Ribeira do Vale Álamo, Barroca dos Arrodeiros, Corgo da Fonte e Barranco da Ameijoafra) tendo-se obtido os seguintes resultados:

Nº de ordem (u) Nº de segmentos (Nu)

1 871 2 200 3 47 4 15 5 3

A razão de confluência obtida a partir da recta de regressão u versus log Nu (fig. 3.4), é de 4,03.

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Segundo Strahler (1964) Rb varia geralmente entre 3,0 e 5,0, sendo superior a 5,0 apenas em bacias hidrográficas em que a estrutura condiciona fortemente a rede de drenagem.

A razão dos comprimentos médios Rl é definida pelo quociente entre o comprimento médio dos segmentos de dada ordem Lue o comprimento médio dos segmentos de ordem imediatamente superior:

1 u u l L /L

R = +

Por sua vez, o comprimento médio dos segmentos de ordem u é dado pela razão: u i u, u L /N L =Σ

onde N é o número total de segmentos de ordem u e ΣLu,i a soma dos comprimentos dos mesmos.

Em geral verifica-se a seguinte relação, entre o comprimento médio dos segmentos de dada ordem e o comprimento médio dos segmentos de primeira ordem: 1 -u l 1 u L R L = ⋅

Passando a logarítmos obtém-se uma relação do tipo: u

b a L

log u = + ⋅

sendo b = log Rl e a =logL1−logRl.

Pode-se, portanto, obter Rl a partir do pendor b da recta de regressão de u versus log Lu: Rl = log-1 b.

Para obtenção de Rl usaram-se dados referentes a duas bacias hidrográficas subsidiárias da Ribeira de Quarteira, que abrangem essencialmente terrenos carbónicos (1º grupo) e a bacias subsidiárias da mesma ribeira, instaladas em rochas carbonatadas, margosas e detríticas do Jurássico, do Cretácico e do Terciário (2º grupo), Quadro 3-I. Finalmente fez-se a projecção do conjunto total (Fig. 3.5).

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Fig. 3.4 – Relação entre o número de segmentos (Nu) e número de ordem (u)

Fig. 3.5 – Relação entre comprimentos médios (Lu ) e número de ordem (u). (1) 1º Grupo; (2) 2º Grupo; (3) Conjunto Total

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COMPRIMENTOS MÉDIOS DOS SEGMENTOS Lu DE ORDEM u

Ordem 1º Grupo 2º Grupo

1 0,213 0,405 2 0,444 0,724 3 0,919 1,746 4 1,596

5 5,000

A comparação dos dados obtidos para os dois conjuntos (Quadros 3-I e 3-II) mostra que os comprimentos médios dos segmentos da mesma ordem são muito maiores para as bacias hidrográficas situadas em terrenos mesozóicos.

QUADRO 3-II

Bacias do 1° grupo Rl = 2,136 Bacias do 2° grupo Rl = 2,186 Conjunto total Rl = 1,960 3.2 Morfologia cársica

A morfologia das rochas carbonatadas fornece importantes indicações hidrogeológicas, o que justifica plenamente o espaço que habitualmente lhe é consagrado em trabalhos versando a hidrogeologia cársica.

De facto a densidade e disposição das formas cársicas superficiais dá uma ideia bastante precisa da capacidade de infiltração nos maciços calcários. As formas subterrâneas fornecem indicações úteis sobre as direcções preferenciais de carsificação, existência de ciclos de carsificação, importância da circulação subterrânea, etc.

O Algarve Central é a região onde as formações carbonatadas atingem maior

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expansão, pelo que ali se encontram as formas cársicas mais representativas. No entanto, nem ali, nem no resto do Algarve, as formas atingem o desenvolvimento e a espectacularidade das existentes nos maciços calcários da Estremadura. De facto, as cavidades subterrâneas são pouco profundas e de pequeno desenvolvimento, as formas superficiais menos frequentes e menos bem definidas que as congéneres da Estremadura.

Várias razões podem ser aduzidas para explicar estes factos, entre as quais a menor espessura das séries calcárias, a tendência das rochas dolomíticas para a desagregação, maior dobramento e fracturação, etc.

Os lapiás e as dolinas são mais frequentes e característicos nos Calcários e Dolomitos do Escarpão (Malm) ali se situando igualmente as cavernas mais importantes. Por outro lado, as grandes depressões cársicas são mais frequentes, ou pelo menos, melhor definidas, nos Calcários e Dolomitos da Picavessa (Liássico).

Os calcários margosos não mostram tendências para se dissolverem dando as formas superficiais dai resultantes; pelo contrário têm tendência para se alterarem formando os caliços (Carvalho e Prates, 1983), crostas carbonatadas tão típicas no Algarve.

As formas cársicas subterrâneas foram objecto de inventariação em 1979 (Almeida, 1979). Posteriormente foi feita uma inventariação exaustiva das formas superficiais (Crispim, 1982).

Com base naqueles trabalhos pode-se apresentar um sumário das formas cársicas presentes na área estudada.

3.2.1 Calcários e Dolomitos da Picavessa

Nesta formação os lapiás são geralmente pouco extensos e as formas observadas pouco características.

Os dolomitos originam por vezes, uma forma de lapiás muito vulgar no Algarve, os megalapiás. Estas formas encontram-se na Serra da Picavessa, na Serra Aguda, na Cabeça Gorda (cerca de 5,5 km a WNW de Paderne), no Espargal, etc.

Neste tipo de lapiás são comuns os grandes dorsos de superfícies lisas e arrendondadas, relevos cónicos ou pedunculados, torres, blocos isolados, etc. (Crispim. 1982).

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Quando não existem os megalapiás surgem lapiás residuais (Cerro da Corte), lapiás de arestas vivas ou lapiás semi-enterrado, este último sobretudo nas vertentes (ibidem).

As dolinas estão presentes, embora muitas vezes tenham contornos mal definidos, e estejam muito degradadas ou abertas. Encontram-se, no entanto, alguns dos tipos habitualmente descritos pelos carsologistas.

As dolinas de abatimento estão representadas por algumas cavidades de grande diâmetro, de paredes verticais, como o Algarão da Figueira, o Algarão do Almires, o Algarão do Cerro da Corte, etc. É, no entanto, habitual incluir estas estruturas nas formas endocársicas.

No bordo Leste da Rocha da Pena existe uma dolina de abatimento furada, que dá acesso a uma cavidade, o Poço dos Mouros. Na região de Benaciate-Monte Branco (Sul de S. Bartolomeu de Messines) abrem-se umas três dezenas de dolinas em selha. São geralmente de contorno bem definido, com fundo plano e diâmetro entre 60 m e 100 m.

Nos relevos situados perto do limite norte do mesozóico são comuns as dolinas em concha, muitas vezes com contorno que denuncia controlo estrutural. Na Rocha da Pena são alongadas segundo a direcção E-W, com dimensões que podem chegar aos 90m por 200m.

A SE de Esteval de Mouros (Paderne) existe uma dolina-lagoa de contorno mal definido e fundo preenchido por terra rossa. Dois quilómetros a SW da referida povoação há vários sumidouros activos que devem ser considerados dolinas-sumidouros. Também no lugar de Cabanita, perto da estrada Ferreiras-S.Bartolomeu de Messines, existe uma estrutura do mesmo tipo.

Também estão presentes as grandes depressões, tipo polje. Apenas uma - Nave do Barão - é completamente fechada.

Geralmente as grandes depressões cársicas desenvolvidas nos Calcários e dolomitos da Picavessa denotam acentuado controlo estrutural, alongando-se de preferência segundo a direcção E-W ou NW-SE.

A Nave do Barão, situada a S de Salir, é uma depressão fechada, alongada na direcção E-W, com cerca de 4 km de comprimento e largura variando entre os

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500m e os 1000m. O fundo, bastante plano na extremidade Leste, tem altitude situada entre 150m e 160m. É também nesta extremidade que é maior a espessura de depósitos aluvionares que preenchem o fundo da depressão, cerca de 52m (Crispim, 1982).

Não existem exsurgências nem sumidouros relacionados com esta depressão. As águas das chuvas acumulam-se na extremidade Leste formando uma lagoa, a Lagoa da Nave, que seca geralmente até Abril ou Maio por acção apenas da evaporação.

Os habitantes locais mencionam alguns pontos situados junto ao bordo N, logo abaixo da estrada para a povoação Nave do Barão, onde ocasionalmente a água se some através de fendas. No entanto, estes dispositivos têm fraca capacidade de absorção e funcionam apenas episodicamente sendo rapidamente colmatados pelos sedimentos arrastados pelas águas.

A Nave dos Cordeiros é um polje aberto na extremidade Oeste, que se situa no alinhamento da Nave do Barão.

Na extremidade Leste da Nave dos Cordeiros, o fundo é muito regular, com uma altitude entre 175m e 177m. Para Oeste da povoação Charneca da Nave, onde existem alguns relevos residuais (hums) a depressão estreita e inflete para NW. Uma linha de água, Vala Grande, drena parcialmente, a depressão. No entanto, na época das chuvas o polje fica alagado no extremo Leste chegando as águas a cobrir as vinhas que ai se encontram. Tal como acontece com a Nave do Barão, também aqui não se conhecem sumidouros ou exsurgências. Os habitantes referem a existência de um sumidouro, no bordo Sul, que drenava o polje mas que estaria actualmente obstruído.

O extremo NW desta depressão liga-se a uma outra de contorno bem definido e fundo plano, que igualmente se pode considerar um polje aberto, a depressão do Pomar, a Sul de Alte.

Existem outras áreas deprimidas de fundo mais ou menos plano e contorno irregular que se podem considerar depressões cársicas tipo polje ou uvala, quase sempre degradados ou incipientes. São sobretudo frequentes entre Paderne e Esteval de Mouros e perto das povoações de Benaciate, Mourição, Ferrarias, etc. (a S de S.Bartolomeu de Messines).

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Nos Calcários e Dolomitos da Picavessa existem, também, formas endocársicas com certa importância. No extracto do Mapa Carsológico do Algarve (Crispim, 1982), referente à área estudada neste trabalho, representam-se cerca de duas dezenas de cavidades, de características diversas, que se abrem na referida formação.

Seguidamente referem-se as cavidades mais importantes assinaladas, mencionando o nome, as coordenadas militares e algumas referências.

Caverna do Barranco (M 187,23 P 30,76) Sinonímia: Algarão do Remexido.

Situa-se a 1700 m a SE de S. Bartolomeu de Messines, na margem esquerda do Barranco do Ribeiro. Inicia-se por uma pequena vertical que dá acesso a uma sala de onde parte uma segunda vertical que comunica com andares inferiores.

Algarão de Vale Fernandes (M 191,69 P 31,45)

Situa-se a cerca de 120 m a SW do v.g. Rocha de Messines a NE da povoação Messines de Cima. Inicia-se por uma vertical de 26,5 m.

Igrejinha de Soidos (M 197,99 P 31,42)

Situa-se a cerca de 2,3 km a NE de Alte, perto da povoação Rocha de Soidos. Entrada em rampa que dá acesso a sala de grandes dimensões de onde partem algumas derivações.

Algar da Parreira (M 198,00 P 30,84)

Algar constituído por uma única vertical de 25 m. Obstruído no fundo. Algarão da Várzea do Algar (M 190,90 P 29,10)

Caverna sumidouro que drena uma depressão cársica, a Várzea do Algar. A abertura situa-se no fundo de uma dolina e dá acesso a duas salas que comunicam entre si. As salas encontram-se juncadas de blocos desprendidos do tecto.

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Sumidouro dos Lentiscais (M 195,41 P 27,88) Sinonnnia: Caverna de Lentiscais.

Situado a 1 km a W de Estevais de Mouros (Paderne). Abre-se no fundo de uma depressão e é penetrável numa pequena extensão. Perto situam-se outros sumidouros.

Algarão da Cabanita (M 192,68 P 25,56)

Sinonímia: Sumidouro da Cabanita; Algarão da Ribeira de Alte.

Situa-se à esquerda da estrada Ferreiras - S. Bartolomeu de Messines, cerca de 2 km a N de Purgatório. Actualmente encontra-se obstruído.

Algarão da Cabeça Gorda (M 199,42 P 25,51)

Situado na vertente NW da Cabeça Gorda a uns 150 m de um forno de cal. A entrada é vertical e dá acesso a uma sala de abatimento de onde partem algumas pequenas derivações.

Algarão da Guiné (M 190,77 P 24,11)

Sinonímia: Caverna do Sítio da Ladeira; Algarão de Matos.

Situa-se a 300 m a N da Aldeia de Matos. Essencialmente constituído por uma fenda alargada, atinge uma profundidade superior a 30 m.

Caverna do Poço dos Mouros (M 203,23 P 32,13) Sinonímia: Poço dos Mouros; Buraco dos Mouros.

Situa-se na Rocha da Pena e a sua entrada abre-se no fundo de uma dolina. Algarão de Figueira (Fig. 3.6) (M 203,93 P 25,98)

Algar situado a 1200 m do v.g. Picavessa do lado esquerdo da estrada Loulé-Benafim.

Algarão do Belitão (M 203,15 P 25,48)

Algar situado perto do anterior, para SW, com abertura de grandes dimensões.

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-63- Algarão do Almires (M 205,29 P 26,54)

Situado no Cerro de Picavessa a uns 300 m para leste do v.g. Picavessa. Entrada de grandes dimensões, mas desenvolvimento pequeno.

Algarão de Picavessa (M 206,31 P 27,05)

Situado a cerca de 1400 m para NE do v.g. Picavessa. Entrada grande, mas desenvolvimento pequeno.

Caverna da Solestreira (M 210,85 P 27,25)

Sinonímia: Solestreira (ou Salustreira ou Solustreira Grande); grutas de Querença.

Situada perto da Fonte Benémola, na margem esquerda da Ribeira do mesmo nome.

Constituída por uma galeria pequena, com uma derivação. Tem duas entradas. Perto existe outra caverna de menores dimensões: Solestreira Pequena.

3.2.2 Calcários e Dolomitos do Escarpão (Malm)

Com excepção das grandes depressões cársicas que se situam predominantemente nos calcários e dolomitos do Liássico, é nos Calcários e Dolomitos do Escarpão, sobretudo nos primeiros termos desta formação, que se encontram as formas cársicas, tanto superficiais como subterrâneas, mais características e importantes.

Embora nesta formação existam quase todas as formas de lapiás, o megalapiás é o que ocupa maior extensão e o que apresenta formas mais espectaculares.

As manchas mais extensas situam-se a N e NW de Loulé, em Cerro da Águia, no Barrocal de Vale de Telheiro e na Cabeça Gorda de Clareanes.

Os megalapiás do Cerro da Águia ocupam uma superfície pouco acidentada, com alguns km2, separada do Barrocal pela depressão de Soalheira-Almarjão, alongada segundo a direcção NE-SW.

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No Cerro da Águia e no Barrocal as formas são semelhantes, sendo frequentes os dorsos, as torres, os corredores de lapiás (Bogaz), os blocos residuais e pequenas depressões fechadas (pias).

J. A. Crispim (1982) chama a atenção para o papel dos lapiás na conservação das formas topográficas herdadas (imunidade cársica). Esse papel está bem patente nestas duas zonas onde uma superfície de aplanação situada à cota 260-270 é claramente visível. A presença de formas de absorção difusas e também de numerosos algares (ver formas endocársicas) impede o escoamento superficial evitando assim a degradação das formas herdadas.

Os corredores cársicos têm tendência para se orientarem segundo a direcção N25-N30 sendo frequentemente intersectados por diaclases N120.

Na área estudada neste trabalho existem muitas outras manchas de megalapiás embora com carácter menos espectacular. Mencionam-se, entre outros, o Cabeço da Câmara e Goldra-Nexe.

Nos calcários do Malm são relativamente frequentes as dolinas sendo estas, em geral, de contornos melhor definidos, do que as que existem nos calcários liássicos.

Além de numerosas dolinas dispersas pelas principais manchas calcárias como o Cerro da Águia, Cabeça Gorda, etc., são dignas de menção algumas zonas onde aquelas formas se encontram mais ou menos agrupadas. Estão neste caso as dolinas da depressão da Campina de Galegos (S. Romão), da Quinta do Escarpão, a base da vertente S da colina de cota 354 a S de Amendoeira (N de Loulé), Gorjões, etc.

Muitas destas dolinas podem ser consideradas dolinas-sumidouros. A maior parte situa-se nos calcários com polipeiros siliciosos da base dos Calcários e Dolomitos do Escarpão ou seja perto da base impermeável constituída pelas Margas e Calcários Margosos do Peral. Estas dolinas são geralmente de contorno circular, em forma de concha ou de selha.

Nos calcários do Malm não existe, na região estudada, nenhuma depressão cársica que se possa considerar inequivocamente como polje.

A depressão que mais se aproxima daquele tipo morfológico é a Campina de

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Galegos, entre S. Romão e Alportel. E uma depressão alongada, com cerca de 3 km de comprimento e largura média de 500 m, com fundo bastante plano onde se abrem numerosas dolinas, como já foi referido.

Existem, ainda, outras depressões abertas, de fundo mais ou menos plano e cobertas de terra-rossa que se podem considerar aplanações cársicas. A sua génese é provavelmente mista, correspondendo a antigas superfícies de

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