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2 REDES SOCIAIS DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICO-ACADÊMICA

2.3 Redes Intrainstitucional e Interinstitucional

As relações e ligações que são estabelecidas na dinâmica das redes sociais são efetivadas principalmente pelo processo de comunicação existente dentro e fora da rede que se intensifica com o uso de ferramentas oriundas na modernização tecnológica em consequência do processo de globalização.

A composição das redes demanda a colaboração entre atores mediante relações formais ou informais, sejam eles um departamento, grupo de pesquisa, instituição ou até mesmo indivíduos que cooperam com objetivos e interesses que podem abranger os níveis intra ou interorganizacional.

Os prefixos “inter” e “intra”, respectivamente têm sido adotados para distinguir essas categorias, ressaltando os diferentes níveis de colaboração (indivíduos, grupos, departamentos, instituições e setores, nas mais diferentes combinações dessas unidades, em uma mesma nação ou envolvendo nações diferentes). (BALANCIERI et

al., 2005, p. 68).

As relações nas redes sociais resultantes das ações colaborativas são de amplo alcance. Atingem não apenas o âmbito interno da rede, mas podem estender- se ao ambiente interinstitucional.

Rede intrainstitucional é aquela cujos atores compartilham interesses, objetivos e informações em comum com base em regras já estabelecidas no ambiente que estão inseridos, ou seja, “são as relações dentro de uma mesma instituição; é uma rede interna.” (SILVA, 2012, p. 128). A Rede interinstitucional, por sua vez, se caracteriza por novas conexões que são efetivadas entre atores do ambiente externo a rede.

O Quadro 3 demonstra a distinção entre os diferentes níveis de colaboração quanto às categorias de rede intra e interorganizacional, podendo ser compreendidas também em instituições.

Quadro 3 - Distinção entre diferentes níveis de colaboração quanto às categorias intra e interorganizacionais

Níveis INTRA INTER

INDIVIDUAL - Entre indivíduos

GRUPO Entre indivíduos do mesmo grupo

de pesquisa Entre exemplo, grupos no mesmo (por departamento)

DEPARTAMENTO Entre indivíduos ou grupos no

mesmo departamento Entre departamentos (na mesma instituição)

INSTITUIÇÃO Entre indivíduos ou departamentos

na mesma instituição Entre instituições

SETOR Entre indivíduos no mesmo setor Entre instituições em diferentes setores

NAÇÃO Entre instituições no mesmo país Entre instituições em diferentes países

Fonte: Katz e Martin (1997 apud BALANCIERI, 2004).

Com base nos estudos de Katz e Martin (1997 apud BALANCIERI, 2004), observa-se que os níveis de colaboração acontecem entre indivíduos, grupos, departamentos, instituições, setores ou nação, perpassando pelas relações entre unidades internas ou externas a essas unidades, ampliando as conexões entre atores e permitindo maior visibilidade.

Nas ações colaborativas, por meio dos processos comunicacionais, as relações chegam a atingir atores que não fazem parte da rede e que por terem interesses e características comuns passam a relacionar-se formando grupos e novas redes. Assim, amplia a rede na qual está vinculado inicialmente. “Algumas vezes, a colaboração não pode ser claramente classificada, já que podem pertencer a ambas as categorias [...].” (BALANCIERE, 2004, p. 35).

As relações são um conjunto de laços que respeitam o mesmo critério de relacionamento dado um conjunto de atores em uma rede social (LARA; LIMA, 2009, p. 634).

Atualmente, toda essa interação em rede nas organizações, tanto interna quanto externa, tem como foco principal criar ambientes propícios e mais efetivos de criação, inovação, desenvolvimento, armazenamento, disseminação, compartilhamento e uso da informação e do conhecimento, dentro do que é possível de ser operacionalizado. (SILVA et al., 2014, p. 213).

O que se observa é que as relações em rede sempre fizeram parte da vida dos indivíduos que tem a necessidade de realizar as suas atividades em colaboração e de forma coletiva identificada, sobretudo, quando se analisa a dinâmica e o fluxo informacional nas atividades de produção científica. Isto ocorre uma vez que a ciência não é construída de modo individual, mas por meio do conhecimento coletivo de pesquisadores que precisam executar a prática científica e requer além da construção teórica, a colaboração e a disseminação da informação. Assim sendo, firma-se que “No nível mais básico, são as pessoas que colaboram e não as instituições. Cooperação direta entre dois ou mais pesquisadores é a unidade fundamental de colaboração [...].” (BALANCIERI, 2004, p. 34).

Balancieri (2004) destaca a colaboração intergrupo e apresenta alguns exemplos, como:

 Integração de pesquisadores em mais de um grupo: pesquisadores que promove a produção científica com autores de mais de um grupo;  Interdepartamental: iniciativa de produzir ligações entre dois

departamentos;

 Colaboração interinstitucional: pesquisadores em outra instituição produzem com pesquisadores da instituição que o acolheu provisoriamente;

 Colaboração internacional: pesquisadores de vários países trabalhando juntos.

No que concerne às relações interinstitucionais firmadas nas redes sociais de colaboração científico-acadêmica, identifica-se neste tipo de relação a colaboração internacional entre atores, o que quer dizer que pesquisadores de diferentes países

se encontram inter-relacionados para produção de conhecimento científico, que resulta em um processo denominado internacionalização.

O contexto da noção de internacionalização da pesquisa focaliza-se na cooperação internacional, no intercâmbio de ideias, culturas, conhecimentos e valores. A formalização das relações acadêmicas entre países geralmente é expressa em acordos científicos e culturais bilaterais. No entanto, esses acordos geralmente levam em conta fatores econômicos, comerciais, e políticos, o que representa uma mudança significativa na ideia original de troca acadêmica. (OLIVEIRA, 2018, p. 64).

Para Silva et al. (2014), este processo colaborativo entre os atores de uma rede é potencializado com as tecnologias da informação e comunicação (TICs), por auxiliarem no compartilhamento e nos processos informacionais, por exemplo, na integração entre pesquisadores. É, em alguns casos, difícil compreender o início e o fim das relações inter e intra, devido à dinâmica das relações entre os atores na criação, disseminação e compartilhamento de informação e conhecimento.

Na seção seguinte os procedimentos metodológicos para compreender esse fenômeno das redes sociais de colaboração em bancas de defesa de teses são descritos e embasado metodologicamente.

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