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2. Síntese dos principais aspectos da aplicação da DQA no Plano de Gestão da

2.5. Redes de Monitorização

Para o conhecimento do estado ecológico e químico das massas de água e das pressões a que estão sujeitas, para uma gestão coerente dos recursos hídricos, é necessário um programa de monitorização bem estabelecido e eficaz que obtenha de forma sistemática as variáveis físicas, químicas e biológicas em vários pontos de amostragem da região hidrográfica. Portanto, com uma eficiente rede de monitorização será possível a implementação de um programa de medidas, a fim de cumprir os objetivos ambientais.

A DQA define três tipos de redes de monitorização, vigilância, operacional e investigação, as mesmas foram caracterizadas no capítulo 1 deste trabalho. As massas de água superficiais monitorizadas por tipo de rede de monitorização e número de estações são apresentadas no Quadro 7. É importante notar que há estações que monitorizam a mesma massa de água superficial.

Quadro 7: Massas de água superficiais monitorizadas por tipo de rede de monitorização e número de estações

Categoria de massa de água N.º massas de água

Monitorização de vigilância Monitorização Operacional N.º estações N.º massas de água N.º estações N.º massas de água Rios 359 59 56 68 63 Lagos -albufeiras 17 4 4 15 11 Transição 3 0 0 0 0 Costeiras 2 0 0 0 0 Adaptado (PGRH-Norte, 2012c)

De acordo com a análise do quadro existem 303 massas de água na categoria rio que não se encontram monitorizadas a partir da monitorização de vigilância. Neste tipo de monitorização os tipos de rios menos monitorizados são os rios do norte de pequena dimensão, 89% destes não estão sendo monitorizados. Das seis massas de água da categoria rios que estão fortemente modificadas, nenhuma está sendo monitorizada por estações de vigilância. Na categoria lagos-albufeiras de 17 apenas quatro são monitorizadas neste tipo de monitorização.

As estações da rede operacional abrangem 63 massas de água rios, sendo que 296 não estão monitorizadas desta categoria. O tipo de rio Alto Douro de pequena dimensão apresenta maiores lacunas de monitorização, cerca de 90%. Das seis massas de água que estão fortemente modificadas na categoria rios, duas estão sendo monitorizadas por estações operacionais. Dos lagos-albufeiras, 11 massas de água estão monitorizadas.

A Figura 4 apresenta a representação geográfica das redes de monitorização das águas de superfície.

Figura 4: Redes de monitorização das águas de superfície (Fonte: PGRH-Norte, 2011a)

Outro fator importante é que até o momento da publicação do PGRH-Douro, não existem redes de monitorização oficiais de nenhum dos três tipos estabelecidas pela ARH do Norte, I.P. para as massas de água de transição e costeiras.

As estações da rede de investigação não estão presentes na RH3 para nenhuma das categorias de massas de água.

Na RH3 há um conjunto de outras redes de monitorização complementares, que são nomeadamente, meteorológica, hidrométrica e sedimentológica. Segundo o PGRH-Douro, a rede meteorológica é constituída por oito estações climatológicas (duas ativas) e 152 estações udométricas (117 ativas). A rede hidrométrica possui 110 estações instaladas em 58 massas de água da categoria rios (92 ativas), 32 estações instaladas em oito massas de água da categoria lagos – albufeiras (16 ativas) e seis estações em duas massas de água de transição (todas ativas). As estações de rede sedimentológicas são 12, mas todas estão desativadas.

2.5.1. Avaliação da representatividade e adequabilidade da rede de monitorização

2.5.1.1. Avaliação da representatividade

Segundo o PGRH-Douro os objetivos da monitorização, de forma geral, correspondem a que as estações de monitorização das redes devem ser instaladas em um número de massas de água suficiente para fornecer uma avaliação do estado geral das águas superficiais (rede de vigilância), em todas as massas de água identificadas como estando em risco de não cumprimento dos objetivos ambientais (rede operacional) e em pontos de captação de água potável e zonas de proteção de habitats e espécies aquáticas de interesse económico, para avaliação da magnitude e impacto de todas as pressões significativas e das alterações registradas no estado destas massas de água em resultado da aplicação dos programas de medidas (zonas protegidas).

Para avaliar a representatividade das redes de monitorização, confrontou-se o total de massas de água existentes na região hidrográfica do Douro (RH3) com as massas de água efetivamente monitorizadas, verificando-se se as massas de água identificadas como estando em risco, ou cujo risco ainda está por determinar pelo Artigo 13.º da DQA estão efetivamente a ser monitorizadas (PGRH-Norte, 2012c).

Verifica-se que apenas cerca de 38% das massas de água em risco, na categoria rios, estão a ser monitorizadas, das 163 apenas 63 estão monitorizadas. Das 48 massas de água com risco por determinar, 34 estão monitorizadas (cerca de 71%).

A avaliação da representatividade complementou-se com a análise das pressões significativas a que as massas de água estão sujeitas e com a avaliação do seu estado.

Das 17 massas de água da categoria lagos-albufeiras, todas estão classificadas como em risco, sendo que todas deveriam ser monitorizadas com estações de redes operacional. Segundo o PGRH-Douro das treze massas de água com estado inferior a bom, duas não estão monitorizadas e três são monitorizadas por estações da rede de vigilância.

A rede de monitorização atual não é representativa, para cumprir os requisitos, pois as massas de água mais afetadas pelas pressões significativas e que foram classificadas com um estado inferior a razoável deveriam ser monitorizadas pela rede operacional, que deve incluir também todas as massas de água classificadas como em risco.

Nota-se ausência de redes de monitorização em massas de água para melhor avaliar o seu estado, inclusive em algumas massas de água com pressões significativas.

Como já foi referido anteriormente não há redes de monitorização das massas de água de transição e costeiras. Estas massas de água foram monitorizadas no âmbito do projeto EEMA (Avaliação do Estado Ecológico das Massas de Água Costeiras e de Transição e do Potencial Ecológico das Massas de Água Fortemente Modificadas) coordenado pelo INAG, I.P.Segundo o PGRH-Douro a rede de pontos da EEMA é representativa.

2.5.1.2. Avaliação da Adequabilidade

Segundo o PGRH-Douro, a avaliação da adequabilidade das redes de monitorização consiste na verificação da sua capacidade de cumprir as frequências de monitorização e os parâmetros a monitorizar, sendo que estes são definidos no anexo V da DQA.

Na categoria rio, verificam-se lacunas na monitorização de parâmetros biológicos, que apenas foram monitorizados no período 2004-2006 e em 2010 e num conjunto reduzido de pontos. Dos 59 pontos da rede de vigilância, 19 pertencem à rede DQA, que monitoriza elementos biológicos, dez pertencem à rede RQA, que monitoriza elementos físico-químicos, poluentes específicos e substâncias prioritárias, 29 são novos e um ponto pertence à rede hidrométrica, que monitoriza caudais. Das 68 estações da rede operacional, nove pertencem à rede DQA, 43 são estações novas, 15 pertencem à RQA e uma estação pertence à rede hidrométrica (PGRH- Norte, 2012c).

No que diz respeito à categoria lagos-albufeiras também existem lacunas na monitorização de parâmetros biológicos, não existem pontos de rede DQA. A maior parte das estações pertence à rede RQA, que somente monitoriza parâmetros físico- químicos.

Segundo o PGRH-Douro, no que diz respeito à representatividade e adequabilidade das redes complementares, a rede climatológica é parcialmente representativa, por não monitorizar o clima litoral, mas é adequada, pois monitoriza parâmetros suficientes para a caracterização climatológica da região. A rede sedimentológica foi considerada não representativa, pois funcionou apenas nos anos 80. As redes udométricas e hidrométricas foram consideradas representativas e adequadas, pois os pontos de amostragem destas redes estão bem distribuídos na

RH3 segundo o recomendado, e a frequência de amostragem e parâmetros monitorizados são adequados.