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4 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

4.1 REFLETINDO A INSERÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

epistemologicamente surgido na própria Matemática. Neste capítulo, também abordará a informática, em especial, o uso computador de forma a comparar o processo de Modelagem com a atividade de programação.

4.1 REFLETINDO A INSERÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

O debate sobre a inserção de computadores e outros aparatos tecnológicos na educação acirrou-se principalmente a partir do ano de 1990. Porém, a sua utilização no ensino-aprendizagem da Matemática já acontece à pelo menos cinco décadas.

Ponte e Canavarro (1997, p. 95), afirmam que, “as primeiras experiências da utilização das novas tecnologias da informação no processo ensino-aprendizagem da Matemática remontam à década de 60, numa fase em que os computadores eram muitos raros, dispendiosos e complicados de operar”.

O processo de ensino-aprendizagem da Matemática, auxiliada por novas tecnologias (computador, calculadora) é ainda nos dias atuais, motivo de controvérsias e discussões entre os professores. No início dessa inserção tecnológica as dificuldades na manipulação da ferramenta, entre outros fatores, inviabilizavam seu uso e isso era motivo suficiente para a resistência por parte do professor e consequentemente sua rejeição.

Silva (2003, p. 31) afirma que,

A resistência dos professores em utilizar tecnologias advém de diversos fatores, como a insegurança – se domina o seu conteúdo, deve dominar

também o computador, para não “desestabilizar sua autoridade” frente aos alunos; o medo de danificar equipamentos; a dualidade entre as condições da escola e as condições socioeconômicas do professor, que na maioria das vezes, só tem acesso ao computador na própria escola.

A resistência dos professores como colocado na citação acima é fato, e com ela os posicionamentos e comentários que surgiram para justificar a não utilização da informática na educação, entre eles destacamos: “se os alunos utilizarem o computador ou a calculadora para realizar suas atividades, o que iremos lhes ensinar”, “se os alunos dominarem apenas a técnica de manipulação dessas tecnologias não desenvolverão o raciocínio lógico-matemático”, “o professor será substituído pelo computador como ocorreram nas indústrias”, este último foi de grande relevância em outros tempos e quase não se ouve mais na escola, porem Silva (2003, p. 78) afirma que “persistem o medo, a resistência e a insegurança de muitos professores”. Della Nina (2005, p. 51), se posicionando contra os comentários que versavam contra o uso do computador e calculadoras na sala, afirma que,

O uso das calculadoras e dos computadores na escola, além de liberar o aluno de tarefas mais técnicas, auxilia no processo de investigação de problemas matemáticos e permite um melhor gerenciamento do tempo e das ações de ensino e aprendizagem.

Borba e Penteado (2001, p. 45) afirmam que,

Essa dicotomia entre seres humanos e técnicas parece ter aguçado em sociedade como a nossa, onde, na década de 70, havia grades discursos sobre o perigo das máquinas dominarem os humanos e, em particular, dos computadores e calculadoras “emburrecerem” nossas crianças. Dessa forma, deveríamos evitar que nossos alunos fossem contagiados pelos processos mecânicos das mídias informatizadas.

A discussão sobre a inserção da tecnologia informática representada principalmente pelo computador avançou significativamente, mas precisamos ainda refleti-la no processo ensino-aprendizagem da Matemática.

O Parâmetro Curricular Nacional (1998, p.41) de Matemática, afirma que é preciso,

Uma rápida reflexão sobre a relação entre Matemática e Tecnologia. Embora seja comum, quando nos referimos às tecnologias ligadas à Matemática, tomarmos por base a informática e o uso de calculadoras,

estes instrumentos, não obstante sua importância, de maneira alguma constituem o centro da questão.

O impacto da tecnologia, cujo instrumento mais relevante é hoje o computador, exigirá do ensino de Matemática um redirecionamento sob uma perspectiva curricular que favoreça o desenvolvimento de habilidades e procedimentos com os quais o indivíduo possa se reconhecer e se orientar nesse mundo do conhecimento em constante movimento.

Concordamos que o uso de tecnologias não deve ser o centro da questão, todavia acreditamos que a reflexão precise ser profunda e não rápida como colocada na citação anterior, pois a inserção e apropriação das tecnologias informáticas na educação em especial na Matemática do ensino médio são desejáveis e indispensáveis à formação de qualquer cidadão, o que inclui o próprio professor.

Segundo Borba e Penteado (2001, p. 8), “a informática se constituiu em uma das principais tendências da Educação Matemática”. E neste contexto Miranda e Laudares (2007, p. 73) afirmam que

A Educação Matemática não se realiza sem a Educação Tecnológica. A escola é uma instituição social. Daí, “sofre” intervenção do contexto no qual se insere e, se a sociedade moderna está definida e estruturada pela tecnologia, todas as suas instituições passam a ser delineadas com parâmetros tecnológicos.

Com base nas citações dos autores questiona-se: por que a prática docente de parte dos professores de Matemática continua ainda dissociada do uso de novas tecnologias como o computador e a calculadora?

A questão ora levantada é bastante relevante e diversos fatores implicam em dificuldades. Investimentos em formação tecnológica para o professor de Matemática, adoção de novas estratégias de ensino que apontem para possibilidades de utilização das novas tecnologias e fundamentalmente reflexão crítica tanto da inserção das novas tecnologias no ambiente escolar como da própria prática docente.

Para Silva (2003, p. 32),

“a introdução desses equipamentos sem uma prévia reflexão sobre o porquê, como e para que utilizá-los provoca o abandono do computador, pois o seu uso depende do contexto no qual se opera, da capacidade criativa do professor, do software disponível e, sobretudo dos objetivos que se desejam alcançar.

A dimensão reflexiva é apontada neste trabalho como uma possibilidade de desenvolver a inserção consciente da informática na educação Matemática. Mas para que de fato possa acontecer deve vir acompanhada de formação continuada para o professor de Matemática, tanto em sentido de habilidades técnicas como pedagógicas.

Os investimentos em projetos de qualificação profissional são fundamentais, mas infelizmente, como afirmam Rosalen e Mazzilli (2005, p. 1),

Não tem sido priorizado tanto quanto a compra de computadores de última geração e de programas educativos pelas escolas, transparecendo a idéia de que os equipamentos sozinhos podem melhorar a qualidade das práticas educativas.

O processo de ensino-aprendizagem da Matemática, por meio da utilização do computador deve ter o professor como elemento fundamental e indispensável.

Segundo Valente (1993, grifo nosso)

A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isto significa que o professor deve deixar de ser o repassador do conhecimento e passar a ser o criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno.

Pesquisas, como as de Borba e Penteado (2001), Ponte e Canavarro (1997), Papert (1988, 1994), e Levy (1993) entre outras, apontam que a inserção das novas tecnologias em e especial a utilização do computador no processo de ensino- aprendizagem da Matemática pode potencializar o desenvolvimento de atividades em sala de aula e a construção de conhecimentos em parcerias com os alunos.

4.2 A INSERÇÃO DO USO DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO