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Numa reflexão crítica deste trabalho, analisando a informação obtida, pode-se constatar que a estruturação de um programa de bateria para o ensino secundário, é uma tarefa difícil de consolidar, por vários aspectos. O curso secundário têm vários regimes de frequência, diferentes tipologias de ensino, e, é ainda um curso muito recente, pelo que, a documentação obtida é ainda escassa, e muito personalizada a cada instituição, não tendo sido feita uma reflexão ou avaliação geral em conjunto com vários intervenientes; escolas, docentes e grupos de trabalho. Pode dizer-se que os programas que cada escola implementou, estão ainda num processo experimental, e que não há estudos a comprovar a sua eficácia.

O programa que sugiro no capítulo anterior, foi na minha opinião, a melhor forma de estruturar a informação obtida. O grosso do texto compilado no capítulo segundo, estava bem estruturado em termos de descrição dos objectivos específicos, conteúdos programáticos, conteúdos específicos e dos manuais, e por esse facto, o texto utilizado no terceiro capítulo é muito semelhante ao que foi compilado no capítulo anterior. O que foi modificado, nesta proposta de programa, tem a ver com os objectivos específicos técnicos e de linguagem musical, que diferem um pouco, assim como alguns métodos que a meu ver são pouco eficientes no alcance das competências. Penso que essa reestruturação do 6º, 7º e 8º grau, ao nível das modificações técnicas e musicais, será mais gradual, dando tempo e espaço ao aluno para poder consolidar e ter uma aprendizagem mais sólida das competências de base a adquirir no 6º grau e progressivamente incluir novos conteúdos de grau de dificuldade mais exigente, tento ao nível técnico como ao nível do conhecimento estilístico musical. A alteração efectuada nos métodos também procura ter essa linha crescente e mais eficiente de assimilação de conhecimentos. Foi elaborado um pequeno texto descritivo sobe o título de cada método de forma a clarificar o que pode ser trabalhado e em que contexto.

À parte da disciplina de instrumento, nota-se um falha no planos de estudos ao nível do ensino especializado da Música, no secundário, sobretudo nas escolas do ensino particular e/ou cooperativo. Este tipo de ensino e linguagem musical necessita de um acompanhamento em conjunto da parte das disciplinas científicas, nomeadamente da análise musical, formação musical e classe de conjunto, que não está programado. O ensino está muito direccionado para a formação “clássica” onde é incutido o percurso de solista, a qualquer instrumento, sendo ele possível e realizável. No caso da bateria, da perspectiva do contexto musical que se insere e onde o percurso para os estudos superiores está fomentado, não se enquadra nessa tipologia. Dessa forma, será imprescindível haver uma adaptação do ensino secundário para este tipo de formação. Creio que a inclusão, no curso especializado do ensino secundário, de instrumentos como: contrabaixo Jazz, piano Jazz, baixo eléctrico, guitarra eléctrica/Jazz, e até instrumentos de sopro, tal como já acontece em algumas escolas profissionais, seria uma vantagem para qualquer um dos instrumentos mencionados e sobretudo para a bateria, por se tratar de um instrumento essencialmente rítmico. É imprescindível a Música de grupo e classes de combo, Big Band, para este género musical. Por muito bom que seja um programa para o instrumento, ao nível secundário, sem este tipo de complemento na formação, compromete seriamente o percurso de um aluno que tencione prosseguir os estudos para o ensino superior. É, sem sombra de dúvidas, um estilo musical colectivo, de grupo, em que a formação académica é apenas uma pequena parte no percurso. A experiência performativa é também essencial, mais ainda do que noutros contextos musicais. Como se costuma dizer na gíria, “é uma tipo de Música que não se aprende na escola mas sim na vida, na estrada”.

Conclusão

Uma vez apresentada a dissertação e o resultado esperado desta investigação, é necessário a elaboração de uma conclusão, ainda que se fique sempre com a ideia de que muito mais material poderia ter sido incorporado.

Este trabalho que agora finaliza não se pode dar como fechado e concluído porque a própria natureza de um programa não é estática. É um processo sempre em movimento, em constante evolução a todos os níveis: teórico, prático, técnico e musical. Vai sempre chegar o momento em que irá tornar-se desactualizado e que novos métodos e procedimentos darão lugar aos antigos.

Esta proposta de programa sugere a sua verificação e validação prática, para ser possível retirar os devidos resultados desta pesquisa e a sua comprovação de que os propósitos estabelecidos na escolha do tema e objectivos esperados estão no seu enquadramento. É aconselhável que os professores do instrumento e alunos experimentem e testem a sua aplicação prática no sentido de perceber o envolvimento e aplicação da investigação elaborada. Era também muito vantajoso que a problemática encontrada não se enquadrasse apenas nas aulas de instrumento mas sim em toda a envolvência escolar e a nível programático nas disposições estabelecidas pelos orgãos de planeamento escolar, no sentido de qualificar e optimizar este tipo de ensino e a sua adaptação ao nível artístico e musical.

Creio que este trabalho é bastante ambicioso, no sentido em que, caso se verifique na prática o seu propósito, irá capacitar um estudante de bateria do ensino secundário a ter uma formação sólida, abrangente, versátil, e uma adequada preparação para o prosseguimento dos estudos. Caso não se verifique a sua execução prática, por qualquer falha na sua construção, no mínimo será um ponto de partida para uma pesquisa mais aprofundada neste

tipo de ensino. Apesar de já alguns programas existirem a nível local, em cada instituição, esta proposta foi elabora através de uma pesquisa nacional, estando certo que, desta forma a investigação tem uma grau mais elevado na sua profundidade.

Estou convicto de que este trabalho irá ajudar a qualquer pessoa interessada no tema a ver o instrumento bateria de uma forma mais profunda, séria, e não tanto de caracter lúdico como facilmente se assemelha, possuindo assim o seu próprio espaço e identidade no campo musical e artístico.