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PARTE II – AÇÃO EDUCATIVA

3. Descrição e análise da ação educativa

3.3. Reflexão da ação educativa

Como reflexão do trabalho desenvolvido ao longo da PES, quero evidenciar, que, na planificação, tive em consideração as caraterísticas das crianças dos grupos em que me integrava, procurando criar oportunidades educativas que desafiassem as crianças a envolver-se na sua concretização, atendendo ao que as crianças já sabiam e favorecendo a sua progressão. Nesta linha, procurei conhecê-las, dando especial atenção às suas diferentes formas de comunicação e expressão e valorizar as situações emergentes enquanto oportunidades importantes de aprendizagem. Tentei igualmente planear com as

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educadoras, de forma a promover uma ação educativa com continuidade e atender ao projeto das instituições/grupos. As atividades foram organizadas de forma a proporcionar às crianças novas situações de aprendizagem e desenvolvimento, numa perspetiva de abordagem holística, bem como a permitir-lhes que estabelecessem interações, em grande grupo, pequeno grupo, adulto-criança e criança-criança.

Dando especial atenção à Lpi, com o objetivo de promover o gosto pelo livro e a entrada no mundo da literacia, as experiências de aprendizagem partiram, geralmente, da exploração de uma história. Desenvolvi um conjunto de atividades/experiências variadas, criando oportunidades para a realização de aprendizagens diversificadas e significativas do ponto de vista da aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Neste processo, procurei abranger as diferentes áreas e domínios de conteúdo, entendo que, como referem as OCEPE (Silva, et. al., 2016,) logo desde o pré-escolar “o desenvolvimento e a aprendizagem processam-se de forma holística” (p.12).

Os dados recolhidos, através da observação e escuta ativa do grupo, permitiram-me perceber que as atividades educativas tinham suscitado interesse e entusiasmo, manifestando as crianças curiosidade pela novidade, pela exploração e manipulação e questionando sobre as temáticas exploradas. Em relação ao contacto com o livro observei que tanto o grupo da creche como o do JI foram recetivos à introdução de novas obras, na área da biblioteca, revelando grande interesse em manuseá-las, em observar o seu conteúdo e em dialogar com os colegas e adultos sobre os mesmos. Por vezes, procuraram mesmo representá-los através de técnicas diversas de expressão (plástica e dramática).

Nas intervenções preocupei-me com a adequação das atividades à faixa etária e ao desenvolvimento das crianças, aos seus interesses, mas também articulá-las com os temas que estavam a ser abordados na sala, dando-lhes, assim, continuidade pedagógica, no sentido de uma construção de aprendizagens significativas e situadas. Procurei escolher criteriosamente os recursos materiais e didáticos adequados às intervenções propostas. Observei e registei o que me permitiu uma análise reflexiva a posteriori. Compreendi que a flexibilidade é indispensável e que, por vezes, é necessária uma dose de criatividade e de espontaneidade para manter as crianças interessadas e motivadas.

A PES, como já referido, foi realizada em contextos que defendem uma aprendizagem ativa, com base no empenhamento do adulto que, intervindo com sensibilidade e atenção, proporciona ambientes de bem-estar, nutridos de afetos, sinceridade e empatia. Foi através da criação de um clima de apoio que se fortaleceram as interações com as crianças. Procurei estabelecer com elas uma relação de confiança e

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autenticidade, apoiando-as e encorajando-as nas suas brincadeiras, proporcionando momentos de interação e apoio de modo a que estas se sentissem escutadas e valorizadas. Procurei que as atividades fossem criativas e participadas por todos, para que as crianças sentissem que aquele espaço também é delas e que têm controlo sobre ele. Se tal acontecer, sentem-se mais motivadas e envolvem-se mais ativamente nas atividades e brincadeiras que desenvolvem. Procurei também, durante a intervenção, estimular as crianças num processo de aprendizagem pela descoberta, nunca esquecendo a importância de dar oportunidades de escolha e de expressão. Assim sendo, e no decorrer de toda a intervenção procurei ter tudo isto em conta e observar, desafiar, encorajar e apoiar as crianças durante as atividades para que os seus interesses fossem escutados e lhes proporcionasse oportunidade de construção de aprendizagens significativas. Ou seja, no decorrer da intervenção o principal objetivo foi proporcionar às crianças um ambiente em que elas sentissem que tinham o papel principal, em que os adultos as apoiavam e as incentivavam nas suas tarefas e descobertas. Assim, assumindo uma perspetiva socioconstrutivista, espero que a junção da teoria com a prática tenha sido o início de uma caminhada “que se faz andando”, em que irei sempre construir e consolidar a profissão de educadora de infância, adquirindo uma atitude ativa em relação às crianças e garantindo uma atitude de crescimento pessoal e profissional pela vontade de aderir a ações de formação contínua. Todo este percurso fez-me comprovar, mais uma vez, a importância de ser educadora e de que, quando é realizado um trabalho com qualidade, as crianças podem adquirir uma “bagagem” cultural, pessoal e social bastante rica.

Para terminar, sinto-me bastante satisfeita com a intervenção, pois queria que esta fosse sempre direcionada para os verdadeiros interesses e necessidades das crianças. Por este motivo, sinto que adquiri grandes ganhos e competências. Assim, acredito e sinto que fui capaz de dar voz aos interesses das crianças e valorizar e respeitar esses mesmos interesses e necessidades. As crianças são seres extremamente competentes e o educador não deve simplificar, antes complexificar a sua ação e o seu pensamento. Acima de tudo, o educador deve ser capaz de compreender as crianças e o que as motiva, para que lhes possa proporcionar oportunidades de aprendizagem relevantes. Gostava de referir, que no JI, essencialmente por limitações de tempo, não me foi possível levar por diante um projeto que tinha pensado, e que se referia à criação de uma forte interação entre a instituição e as famílias no âmbito da educação para a leitura literária. Mas, assim espero, outras oportunidades hão de surgir.

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