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Parte II – Parte investigativa

3. Reflexão final

Realizando um balanço geral do percurso neste ciclo de estudos, considero que foi uma etapa bastante exigente no meu percurso académico porque foi necessário demonstrar uma atitude de constante persistência e dedicação com a finalidade de alcançar o seu término com sucesso.

No decorrer deste percurso foram várias as circunstâncias que permitiram a aquisição do conhecimento que possuo neste momento. Refiro-me às unidades curriculares frequentadas, cada uma com os seus objetivos, mas todas com a finalidade de formarem profissionais de educação competentes e detentores de saber em várias dinâmicas. Também foram relevantes os workshops, seminários e jornadas com temas de interesse educacional, principalmente sessões onde também detínhamos o papel principal, ou seja, a autoanálise dos estágios realizados, estando perante um público cujas questões colocadas também foram igualmente enriquecedoras para o conhecimento. Destaco as unidades curriculares das práticas de ensino supervisionado por considerar que foram os estágios que permitiram a noção real do trabalho de um docente. É certo que os conhecimentos adquiridos nas diversas unidades curriculares foram fundamentais, mas quando é possível colocar a teoria em prática, é sem dúvida um momento rico em aprendizagens essenciais a esta profissão. Para além disso, ter a oportunidade de lecionar em turmas de diferentes níveis de escolaridade e em várias áreas é algo bastante gratificante, pois é um dos objetivos fundamentais de quem ingressa neste ciclo de estudos. Por isso, procurei mostrar um bom desempenho nos estágios, mesmo com receios e inquietações que surgiam ou já haviam surgido no momento antecedente a cada prática.

Assumi permanentemente uma atitude colaborativa e interessada na organização e dinâmica de cada instituição, percebendo a gestão de cada uma, bem como da restante comunidade educativa. Além disso, foi necessário compreender e respeitar cada professor cooperante, tal como os perfis de cada aluno a quem tive oportunidade de ensinar.

Percebi a importância que o manual escolar detém nesta profissão e compreendi as vantagens e desvantagens da sua utilização. Por isso, devido a esta noção, este instrumento foi utilizado de forma reflexiva, intentando interligar, sempre que oportuno, com outros instrumentos didáticos. Era notório, de um modo geral, que o uso de estratégias diversificadas contribuíam claramente de forma positiva no interesse e participação nos vários momentos da lecionação, que consequentemente levava a resultados positivos comprovados aquando da avaliação dos conhecimentos dos estudantes Porém, reconheço a dificuldade na gestão do uso de materiais

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diversificados, principalmente em níveis de escolaridade mais prematuros. Contudo, considero que o recurso a estratégias adequadas a cada grupo permite recorrer a um ensino com este tipo de metodologia de modo eficaz.

Neste percurso considero também que desempenhei o meu papel com uma atitude profissional, e de acordo com a ética da profissão, respeitando cada individuo, não assumindo somente uma figura de docente rígido e disciplinador, mas sim, adequando a minha postura consoante os vários momentos de cada sessão. Considero que um professor visto pelos alunos como uma figura detentora de saber e não como alguém que apenas transmite os conteúdos naquele espaço de tempo, as aulas são encaradas de outra forma, mesmo por estudantes à partida desinteressados.

No caso da matemática, uma área em que pessoalmente existia algum receio quanto à minha prestação, questionei-me se realmente conseguiria atingir um papel de excelência e colocar em prática um ensino exploratório, um objetivo a cumprir por ter conhecimento à partida do sucesso que este tipo de método possui através de algumas unidades curriculares. Para isso, o estudo intensivo dos conceitos, a preparação com uma planificação bem estruturada, a colaboração dos diversos docentes, tanto da ESE como dos professores cooperantes, foram fulcrais para conseguir atingir o meu objetivo. Relativamente aos conceitos, saliento o facto de ter trabalhado na área de Ciências Naturais, o tema relativo à reprodução no ser humano, não pela dificuldade das noções implícitas nesta temática, mas sim por estar perante numa turma na fase da adolescência, onde existem tabus perante os adultos e principalmente imensas conceções erradas. Contudo, considero que a forma como foi trabalhado, encarando este tema de modo imparcial, desencadeando debates, apresentação de animações, vídeos e imagens que contribuíram para que este assunto, tão importante nestas faixas etárias, fosse abordado de modo significativo, tendo a noção que contribui de modo evidente para uma educação sexual informada e segura. A exploração deste tema fez com que acreditasse que realmente a componente investigativa selecionada é um tema de interesse, especialmente a docentes que lecionam no ensino básico, principalmente por envolver um instrumento essencial da prática letiva, o manual escolar. Considero que após a realização deste estudo encaro este recurso de forma completamente diferente aquando a iniciação da sua exploração para a elaboração das planificações. Neste momento possuo uma visão crítica, percebendo que para além de uma utilização mediadora e das vantagens que possui, que existem igualmente erros graves, por exemplo, ao nível científico ou ainda a evidência, embora por vezes de modo implícito, de estereótipos, em que o professor deve estar atento para este tipo de situações.

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Ressalto o aspeto relativo aos estereótipos presentes nos instrumentos que trabalhei, onde tentei, sempre que possível, assumir uma atitude ética, abordando questões relacionadas com o género e cidadania, tendo a noção que enquanto estivesse presente estaria a contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e não estereotipados.

Não obstante, queria referir que para o desenvolvimento da minha aprendizagem não foram apenas os pontos positivos que a enriqueceram. Existiram igualmente, alguns pontos a melhorar e, que, de certo modo, contribuíram igualmente para a minha formação, nomeadamente a existência de professores cooperantes que não concordavam com a prática sugerida, o que de certa forma limitou a implementação da prática idealizada. Contudo, considero que o trabalho de equipa foi fundamental, não apenas com a minha colega de estágio, onde a existência de um trabalho colaborativo proporcionou estágios com aprendizagens significativas, tanto pessoais como para os alunos, mas também um trabalho em conjunto com os docentes supervisores e ainda com professores cooperantes. Este trabalho de equipa refere-se às sugestões no momento do planeamento e posterior implementação, que apenas foi possível devido à disponibilidade e ao profissionalismo de cada um. Assim, foi-me permitido a aquisição de competências imprescindíveis à prática docente, até ao momento inexistente.

Em suma, considero que a definição de um bom profissional de educação é também um eterno aprendiz, em que o seu saber deve permanecer em constante desenvolvimento, pois “ser professor, hoje, é estar em aprendizagem constante para ultrapassar os diferentes desafios que lhe coloca a complexa função que é ensinar” (Nunes & Ponte, 2010, p.62). Para isso, é necessário assumir uma postura interessada, curiosa e disposta a aprender, pois só desta forma é possível transmitir este interesse aos seus alunos, o que consequentemente proporcionará um ensino profícuo em diversas componentes.

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