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2. Experiências de aprendizagem

2.2. Descrição das experiências de aprendizagem desenvolvidas no âmbito da

2.2.4. Reflexão sobre as experiências de ensino aprendizagem

As experiências de aprendizagem descritas partiram da escuta atenta das crianças, dos seus interesses e das suas vivências. Desta forma, concordamos com Oliveira- Formosinho e Araújo (2008) que entendem a criança “como co-construtora de conhecimento, identidade e cultura (…) possuidora de uma voz própria, que deverá ser seriamente tida em conta, envolvendo-a num diálogo democrático e na tomada de decisão” (p. 16).

Neste contexto as experiências de aprendizagem desenvolvidas surgiram da curiosidade natural das crianças e do interesse em descobrir e explorar o mundo que as rodeia.

Sustentamo-nos na ideia de Sá (2000) quando refere que a “perspectiva de que o tradicional ouvir falar sobre Ciência deve dar lugar ao fazer Ciência” (p.1) para o desenvolvimento de uma prática valorizadora da ação da criança. Como nos elucida Reis (2008) “a ciência no Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico constitui uma forma racional de descobrir o mundo” (p.15), e ao descobrir o mundo a criança descobre múltiplos saberes. É neste sentido que Reis (2008) refere que “a ciência adapta-se naturalmente a qualquer tópico, não originando actividades separadas e artificiais” (p.15). Assim ao longo da prática tivemos como intencionalidade o desenvolvimento de uma ação integradora e articulada entre as diversas áreas de conteúdo.

Relativamente à área de formação pessoal e social desempenhamos o papel de apoiantes da ação e reguladores das interações entre crianças com o intuito de construir “um contexto social e relacional facilitador da educação para os valores” (Silva et al., 1997, p. 52). Tivemos patente o respeito pela criança, ouvindo-a e valorizando as suas escolhas, respeitando a sua tomada de decisões, dando-lhe apoio. A organização de grupos heterogéneos permitiu a participação e responsabilização de cada criança, consciencializando-as da importância de cada uma para o sucesso e

concretização das tarefas uma vez que consideramos que “a participação democrática na vida do grupo é um meio fundamental de formação pessoal e social” (Silva et al., 1997, p.53). Deste modo ao longo da prática, perspetivamos a inclusão da criança em todo o processo educativo e social, incentivando “a sua plena inserção na sociedade como um ser autónomo, livre e solidário” (Silva et al., 1997, p.51).

Relativamente à área de expressão e comunicação que segundo Silva et al., (1997) “engloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simbólico” (p. 56) foram desenvolvidas atividades de jogos simbólicos de expressão dramática, proporcionando à criança momentos de criatividade, recreamos “experiências da vida quotidiana, situações imaginárias” (Silva et al., 1997, p.60). As atividades de expressão plástica foram frequentes ao longo da prática explorando diferentes técnicas, reproduzindo as suas realizações mentais. Para tal as crianças várias vezes se socorreram dos materiais contactando, experimentando e testando as suas possibilidades.

A linguagem oral foi constante ao longo de todo o processo, pelo que procuramos criar condições para que as crianças dialogassem e comunicassem as suas ideias e interesses. Tal como afirma Silva et al. (1997) “é no clima de comunicação criado pelo educador que a criança irá dominando a linguagem alargando o seu vocabulário” (p.67) tendo sido tal fato possível através da abordagem de diversos temas do interesse e do conhecimento das crianças. O recurso aos livros e enciclopédias proporcionaram também o desenvolvimento de diversos assuntos, nomeadamente, assuntos concernentes aos seres vivos, fenómenos naturais e situações vividas pelas crianças diariamente.

Realizaram-se, também, algumas atividades de escrita que surgiram do interesse das crianças em escrever palavras que conheciam tais como nomes de animais e os seus próprios nomes. Entendemos que os educadores devem proporcionar situações que permitam desenvolver as capacidades de escrita nas crianças e “devemos aceitar e acompanhar a emergência destas capacidades em todas as formas que surjam, reconhecendo nelas uma tentativa significativa em usar a escrita como um meio de comunicação” (Hohmann & Weikart, 2011, p. 551). Foram disponibilizados diversos materiais de escrita e de apoio à escrita para que se proporcionassem momentos de imitação e tentativa de escrita pois cabe ao educador criar condições que permitam “tentativas de escrita, mesmo que não conseguidas, deverão ser valorizadas e incentivadas” (Silva et al., 1997, p.69).

Importa ainda salientar a extrema relevância do livro como potenciador de aprendizagens e o uso das novas tecnologias como um meio de obter informação. O contato com livros de literatura infantil e enciclopédias permitiu que as crianças se acautelassem da importância da leitura sendo “participantes activos no processo de construção de sentido implícito na leitura” (Hohmann & Weikart, 2011, p. 557) e que estabelecessem uma relação com a escrita sendo esta “uma forma de ir aprendendo as suas diferentes funções” (Silva et al., 1997, p.70).

O recurso aos meios informáticos permitiram, para além do contato com o código escrito, responder a algumas dúvidas das crianças e recolher novas informações acerca de determinados temas, potenciando o prolongamento das atividades. Concordamos com Silva et al. (1997) quando afirmam que “a utilização dos meios informáticos, a partir da educação pré-escolar, pode ser desencadeadora de variadas situações de aprendizagem” (p.72).

Tendo em conta a importância da matemática e a sua presença em diversas situações do dia a dia, foram desenvolvidas atividades que partiram de situações práticas nomeadamente relatos de como as crianças gerem o tempo na escola e em casa, através de jogos, da manipulação de objetos, formando conjuntos, ordenando acontecimentos, fazendo contagens e formando padrões pois como afirma Silva et al. (1997)

o papel da matemática na estruturação do pensamento, as suas funções na vida corrente e a sua importância para aprendizagens futuras, determina a atençãoque lhe deve ser dada na educação pré-escolar, cujo quotidiano oferece múltiplas possibilidades de aprendizagens matemáticas (p.73).

Por fim, salientamos a importância da realização de visitas de estudo como meio potenciador de aprendizagens significativas e interações com o meio envolvente bem como com a comunidade exterior à instituição.