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Reflexão sobre as três semanas de intervenção

No âmbito da unidade curricular Prática Pedagógica em Educação de Infância referente à prática em Creche, que decorreu num período de cinco semanas e que corresponde ao 1.º semestre do 1.º ano do curso de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico foi solicitado a realização de uma reflexão sobre as três semanas de intervenção que foram realizadas na Creche e Jardim de Infância “Canto dos Rolitas”, na Associação e Bem-estar dos Parceiros. As intervenções foram realizadas sala dos caracóis, com dezasseis crianças com idades compreendidas entre os 22 e os 32 meses de idade.

Esta curta passagem pela Creche, mais propriamente pela sala dos caracóis foi um momento que recordo com muita satisfação. Para além de todas as dificuldades sentidas foram muitas as aprendizagens que vivenciei nesta sala.

Antes de mais é importante referir que sem as duas semanas de observação dificilmente conseguiríamos planificar de acordo com as necessidades da criança, pois para planificar temos que conhecer o grupo em si. Segundo Parente, (s.d):

“Realizar observações significativas e escutar as crianças torna possível aos adultos conhecerem e aprenderem mais sobre cada crianças e assegurar que estão bem colocados para planear, para estimular e responder aos interesses e necessidades individuais da criança e da sua família” (Parente, s.d., p.6).

Desde o início e sempre, que o grupo planificou mas tendo sempre uma palavra e a opinião da educadora cooperante o que foi muito bom para a mim e para a minha colega de estágio, uma vez que era a primeira vez que contactávamos com esta realidade.

Ao longo de todas estas três semanas de intervenção percebi que para além de existirem dificuldades foi com elas que eu aprendi. Aprendi que errar faz-nos crescer e aprender para que voltemos a repetir novamente e fazer melhor. Para além disso também foi bastante importante ter a oportunidade de intervir visto que só assim, em contacto com a realidade em si, é que percebemos o papel do educador e como lidar com uma pluralidade de situações que aparecem no dia-a-dia.

Nas primeiras semanas de intervenção, uma das dificuldades encontradas por mim e pela minha colega de estágio, foi o desfasamento e discrepância entre a planificação e a proposta educativa em si, ou seja, aquilo que apresentávamos na planificação não era o que realmente mostrávamos na prática. Contudo, foi um problema que tentámos resolver e que com o desenrolar do tempo foi melhorando. Assim como também percebi que a planificação pode ser flexível, uma vez que devemos dar oportunidade a que a criança tenha tempo de explorar a proposta educativa, não sendo totalmente obrigatório que todas as crianças façam naquele momento ou até mesmo naquele dia. Deste modo, segundo Damião (1986) cit. por Cardoso (2010), a flexibilidade é “Possibilidade de alterar a planificação, sempre que surjam factores significativos, que a sustentem e justifiquem, no seio do grupo turma” (Cardoso, 2010:49).

No que concerne à escolha dos materiais, não encarei como sendo só um problema mas também como uma experiência com a qual aprendemos pois sem experimentar dificilmente iriamos saber se funciona ou não. Ao longo de algumas atividades, a escolha dos materiais não surtiram o efeito desejado, uma vez que, por exemplo, na atividade do vestir os bonecos poderiam ter sido apresentado em três dimensões e não em duas dimensões, bem como a escolha das várias peças de roupa, e na atividade das bolas de sabão antes de realizar o movimento com a palha poderíamos ter utilizado um pequeno utensílio de arame. Contudo, e como já referi anteriormente, são estes pequenos detalhes com os quais aprendemos, e na perspetiva de para uma próxima ocasião fazer melhor e de uma outra forma. Outro aspeto que eu acho que também não correu tão bem mas que é fundamental que saibamos trabalhar com isto diária e futuramente nas nossas salas foi o contar histórias, sendo que é algo a que as crianças pedem frequentemente e que proporciona a um momento de concentração. Segundo o Plano Nacional de Leitura:

“Ouvir contar histórias na infância leva a interiorização de um mundo de enredos, personagens, situações, problemas e soluções, que proporciona às crianças um enorme enriquecimento pessoal e contribui para a formação de estruturas mentais que lhes permitirão compreender melhor e mais rapidamente não só as histórias escritas como acontecimentos do seu quotidiano” (Plano Nacional de Leitura, 2012:5).

E acima de tudo se esta for abordada de forma correta e eficaz, pois um bom contador de histórias tem que se adaptar ao público e contar sobretudo histórias que conheça e de que goste (Plano Nacional de Leitura, 2012).

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O grupo teve sempre a preocupação de planificar de acordo com atividades que levem o envolvimento das crianças, o que se evidenciou mais de certa forma, na atividade das lanternas e na atividade das bolas de sabão, proporcionando interação entre as crianças e entre nós, enquanto grupo de estágio. Pois “…a aprendizagem é vista como uma experiência social envolvendo interações significativas entre crianças e adultos” (Hohmann & Weikart, 1997:20). É deveras importante esta interação entre a criança e o educador, pois o educador assume-se aqui como um ponto de referência para ela. “Cabe ao educador planear situações de aprendizagens que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a interessar e a estimular cada criança” (Ministério da Educação, 1997:26). Para além disso tentámos sempre que o início das atividades não aparecessem sem algum efeito surpresa, mas que tivessem alguma criatividade no início para que despertasse um maior interesse e atenção por parte das crianças, como por exemplo a caixinha de surpresa na atividade dos instrumentos musicais e as bolas de sabão que apareceram de repente na sala. A criatividade é fundamental pois “Ser criativo é também possuir, ou ser possuído por, uma elevada motivação” (Morais, 2011:4).

Com a realização das propostas educativas que foram proporcionadas ao longo destas três semanas de intervenção percebi, em conjunto com a minha colega de estágio, que existem determinadas atividades que devem ser adequadas para realizar em grande grupo e outras que devem ser em pequeno grupo ou até mesmo individualmente. E graças a essas mesmas atividades de pequeno grupo ou individualmente é que percecionei a dificuldade que é coordenar uma atividade onde uma está a realizar a atividade em si e outra está a vigiar e a participar nas atividades livres, nas brincadeiras das crianças, uma vez que as que não estão a realizar a atividade em si têm sempre curiosidade em ver, como é perfeitamente compreensível. Contudo, é essencial vincar sempre bem as regras e eles têm que perceber que têm de saber esperar pela sua vez, uma vez que essa regra é bastantes vezes relembrada pela Educadora Cooperante na sala.

Segundo Hohmann & Weikart, “…viver experiências diretas e imediatas e retirar delas significado através da reflexão – as crianças pequenas constroem o conhecimento que as ajuda a dar sentido ao mundo” (Hohmann & Weikart, 1997:5). De uma certa forma e ao longo de todas as atividades proporcionadas pelo grupo, tentámos de alguma forma que fosse a própria criança a experienciar as atividades, a realizar os trabalhos, ter autonomia, ainda que com o auxílio do adulto, visto que é importante o papel ativo da mesma pois só assim aprende e interioriza. Devemos sim ajudar a criança mas nunca substituir a realização da atividade. Por outro lado,

“O educador alarga as oportunidades educativas, ao favorecer uma aprendizagem cooperada em que a criança se desenvolve e aprende, contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagem de outras” (Ministério da Educação, 1997:36).

Apesar de todas as dificuldades sentidas ao longo destas três semanas foram muitas as aprendizagens que vivenciei e com os erros que aprendi. Foi com as conversas com a Educadora Cooperante, a Professora Supervisora e a minha colega de estágio que percebi tudo isto. Os momentos de reflexão proporcionados, vejo-os como momentos importantes e imprescindíveis pois foram momentos nos quais vi os erros que cometi e também tive sugestões de uma outra oportunidade para poder mudar e é assim que se aprende, errando

É importante ter em conta que eu e a minha colega de estágio idealizámos e planeámos todas as propostas educativas de modo a ir ao encontro do projeto pedagógico de sala designado como “Descobrir a brincar”. Algumas das atividades foram novidades para as crianças e isso é importante e muito significativo para mim, ver o envolvimento e a atenção por parte destas e os sorrisos nas suas caras ao descobrirem e contactarem com as atividades propostas.

Em suma, foram semanas de aprendizagens com a realização de propostas educativas que de um modo geral correram bem. Algumas poderiam ter decorrido de uma forma melhor, no que diz respeito a vários aspetos que fui relembrando ao longo desta reflexão. Todavia, só ao experimentar e ao contactar com estes momentos é que se aprende. Sendo que tudo isto foi um processo que decorreu ao longo de várias semanas, fomos e vamos aprendendo para se melhorar naquilo que ainda não está totalmente bem.

Referências Bibliográficas:

Cardoso, L. (2010). A planificação do Ensino. Análise de planificações do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Coimbra: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, acedido a 20, outubro, 2012 em https://estudogeral.sib.uc.pt/jspui/bitstream/10316/15640/1/Tese%20definitiva%20-%20Leonilde.pdf.

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Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação.

Morais, M. (2011). Criatividade: Desafios ao conceito. Braga: Universidade do Minho, acedido a 27, outubro,

2012 em

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/15332/1/congresso%20inova%c3%a7%c3%a3o2011.pdf. Parente, C. (s.d.). Observar e escutar na Creche: para aprender sobre a criança. Braga: Universidade do

Minho, acedido a 26, outubro, 2012 em

http://novo.cnis.pt/images_ok/Finalidades%20e%20Pr%C3%A1ticas%20Educativas%20em%20Creche%202.pd f.

Plano Nacional de Leitura. (2012). Orientações para atividades de leitura – Está na hora dos Livros. Lisboa:

Ministério da Educação. Acedido a 13, outubro, 2012, em

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