Reflexões sobre a Gestão democrática e resultados educacionais

Essa seção visa contemplar o objetivo específico 2, o qual busca relacionar gestão democrática e avaliações externas. No momento em que se pratica, literalmente, a democracia, as decisões são tomadas em conjunto, as práticas pedagógicas são voltadas para o conhecimento do aluno e a autonomia favorece mudanças nos processos de ensino-aprendizagem.

Conforme o Projeto Político Pedagógico da Escola Ativa, a filosofia é:

A escola acredita na educação como direito de todos os cidadãos, sendo esta um processo de formação e desenvolvimento integral do ser humano, construindo coletivamente o conhecimento e instrumento capazes de desvelar a realidade com vistas a transformá-la de forma responsável, comprometida com a busca de uma sociedade justa, igualitária e ambientalmente sustentável, na perspectiva do desenvolvimento social e do exercício consciente da cidadania (ESCOLA ATIVA, 2009, p.02).

E para essa filosofia ser contemplada, a escola adotou a gestão democrática para realizar suas práticas pedagógicas, neste sentido Azevedo (2001) explica que:

[...] a gestão democrática no sistema educacional público abre possibilidades para que se construa uma escola pública de qualidade, que atenda aos interesses da maioria da população brasileira, além de representar uma possibilidade de vivência e aprendizado da democracia, podendo, portanto, tomar um sentido diferenciado. (AZEVEDO, 2001, p. 12)

Por acreditar que na gestão democrática e na forma participativa da comunidade escolar, foi que a escola implantou a metodologia de projetos, para o processo ensino-aprendizagem ter mais significado. Assim, desde o ano passado vem-se trabalhando essa metodologia, em que professores e alunos se relacionam de forma mais próxima e a interação entre ambos é mais significativa, pois se criam situações de aprendizagem de acordo com a realidade dos alunos, o que tem demonstrado resultados positivos.

Sendo assim, a educação com qualidade torna fundamental essa parceria formada entre a comunidade escolar, que ensina a pensar autonomamente, implica em garantia de educação para todos, por meio de políticas públicas, materializadas em ações articuladas. Isso garante a democracia na tomada de decisões, visualizando a melhoria dos processos de organização dos sistemas educacionais.

A gestão democrática é significativa por assegurar a autonomia, transparência, descentralização, valorização dos profissionais, entre outros, com o intuito de fazer com que educação alcance os patamares visualizados. O Brasil demonstra que avançou na consolidação dos sistemas de avaliação, porém, ainda precisa aprender a articular, os resultados das avaliações para melhorar o ensino- aprendizagem e a formação de professores.

As avaliações externas, visam também, responsabilizar toda a comunidade escolar pelos resultados como uma forma de prestação de contas das escolas ao Estado e à sociedade, sendo que o fluxo escolar é repassado para cálculo do IDEB, por meio do censo escolar. Assim, os sistemas de incentivo e de responsabilização almejam melhorar a qualidade educacional e a redução dos índices de repetência e evasão escolar. Dentre os incentivos fornecidos pelo governo, podem ser citados os investimentos em materiais, a formação continuada de professores, além do Programa Mais Educação, garantindo a frequência em tempo integral.

Oliveira (2001) faz uma comparação entre democratização e avaliação, em que a avaliação passou a ser instrumento da gestão, no controle das políticas educacionais e no processo de aprendizagem.

É importante destacar que não há, no Projeto Político Pedagógico da escola, qualquer menção às avaliações externas, somente as ponderações realizadas pelos professores para a aprovação dos alunos: “a avaliação deve ser participativa, investigativa e emancipatória” (ESCOLA ATIVA, 2009, p. 06). Tal visão vai ao encontro da proposta da gestão democrática, uma vez que prevê a participação de todos os envolvidos no processo.

Nesse sentido, o pressuposto democrático da escola está ligado à sua função social, que é a de democratizar o conhecimento produzido. Os mecanismos que façam com que a escola cumpra o seu papel é por meio da elaboração e implantação do Projeto Político Pedagógico, quando necessário à implantação do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), por meio da criação e funcionamento do Conselho Escolar, todos interligados e com o mesmo propósito uma educação de qualidade.

Dentre todas as leituras feitas fica visível que a gestão democrática requer a participação de todos os envolvidos com as práticas educativas, assim como Libâneo, Oliveira e Toschi (2007, p. 330) ressaltam que “a participação é apenas um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem”. Quando a participação é efetiva e não apenas burocrática os resultados do ensino- aprendizagem são positivos e a democracia realmente acontece.

Isso se verifica na escola pesquisada, a partir do momento em que a Diretora propõe a abertura da gestão a toda comunidade escolar. Os professores partilham ideias nas são partilham ideias nas reuniões de planejamento, os alunos participam também dos conselhos de classe, os pais e os funcionários têm encontros próprios, nos quais são ouvidos e participam na tomada de decisões.

Então ao se ofertar uma gestão democrática a escola abre-se na busca de qualidade do ensino e ofertar as melhores condições de se fazer educação, sendo assim as avaliações externas, colaboram, pois a leitura e a interpretação dos resultados das avaliações externas apontam as lacunas que precisam ser sanadas para que a educação seja plena. No que implica em uma interpretação qualitativa e pedagógica dos resultados, evitando apenas comparar números.

Dessa forma, utilizando o fundamento e prática da gestão democrática pode- se também mudar os resultados as avaliações externas, uma vez que com os diagnósticos resultantes, é possível que se realizem ações e estratégias nas práticas educativas para melhorar a aprendizagem.

Na Escola Ativa, apesar da avaliação externa não ser foco de estudo, acredita-se que por ser uma gestão democrática, os estudos são direcionados a formação de futuros cidadãos, críticos e capazes de argumentação frente a problemas relacionados com a vida, indiretamente está preparando para as avaliações, pois a democracia faz o aluno pensar e a ler o mundo a sua volta, selecionar por meio da participação as melhores escolhas, todo esse aprendizado pode ser posto em prática ao se realizar as avaliações externas que são interpretações, leituras, opção de escolhas. É nesse sentido que se acredita a gestão democrática estar relacionada não só com as avaliações externas, mas com o processo de formação dos educandos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término da presente pesquisa e após muitas leituras, tentou-se relacionar, por meio dos dados levantados, a gestão democrática com os resultados das avaliações externas em uma escola estadual do município de Tapera, RS. Diversas reflexões foram feitas acerca do tema e inicialmente, é preciso ressaltar que se cumpriu com o objetivo proposto. Isto possibilitou uma análise crítica dos fatos que rodeiam essa relação no contexto escolar.

Observou-se que, apesar da escola fazer as avaliações externas e dos indicadores e metas serem passados para os professores, de serem realizadas as leituras dos índices e os resultados da Prova Brasil, a Escola Ativa não demonstra que essas informações são retomadas na forma de atividades extras com os alunos. Sentiu-se que a instituição está começando a se preocupar com os índices e com os indicadores, que seus alunos consigam realizar as avaliações externas e obtenham melhores resultados, mas a Escola dentro de seu Projeto Político Pedagógico, deixa claro que o foco fundamental e principal é a formação de cidadãos críticos, autônomos que saibam viver e conviver em sociedade.

O Objetivo da Escola Ativa é o de que, com abertura para o diálogo e na tomada de decisões, os estudantes tenham cada vez mais participação, em sua história escolar, participação essa que tem se mostrado a cada ano como viu-se pelos resultados apontados, melhorarem. Onde a presença da comunidade escolar tem ganhado força. Os gestores da Escola Ativa empenham-se e estão alcançando seu objetivo de formar cidadãos conscientes de seus atos e que desempenham um papel importante na sociedade em que vivem.

Sendo assim, acredita-se que na Escola Ativa com a gestão sendo democrática, as chances dos educandos se relacionam mais significativamente com a sua educação são bem maiores, onde os mesmos se sentem protagonistas de sua história, não importando em qual nível socioeconômico se encontram, e sim em serem cidadãos honestos, que participam da tomada de decisões, apontando caminhos e soluções, sabendo dialogar e objetivando um futuro promissor. A influência da gestão democrática para com seus educandos e educadores, dar a pela liberdade de participação nas escolhas e formas de apoderamento do conhecimento.

Diante destas análises, sobre a gestão democrática e avaliação externa, um possível encaminhamento seria o de retomar com os alunos o significado e a importância de se realizar com seriedade as avaliações, explanar para toda a comunidade escolar quais os benefícios em se obter bons resultados nas avaliações externas e no Ideb, pois só se acredita que algo quem nos faz sentido.

Professores, gestores, pais e alunos, em conjunto, precisam buscar alternativas para melhorar os indicadores apontados, fazendo um trabalho voltado a melhoria da educação como um todo, tendo presente que as avaliações externas, estão interligadas ao ensino-aprendizagem.

Os indicadores das avaliações, da Prova Brasil e os índices do IDEB, confirmam que, apesar de não ser feito um trabalho direcionado para as avaliações externas, os alunos têm se conseguido, na medida do possível, chegar a resultados almejados e que ao longo do período, vêm melhorando.

Em relação aos resultados apontados pelo Ideb, pode-se observar que as mudanças estão começando a aparecer, uma vez que as melhoras são significativas, chegando cada vez mais próxima de atingir as metas propostas. Mesmo assim, a atual forma com que a escola vem trabalhando, democrática e participativamente, possibilita o crescimento dos alunos enquanto cidadãos, refletindo-se no constante crescimento dos indicadores.

Pode-se concluir que atingir as metas propostas pelo Ideb não é tarefa fácil, e que o grande desafio da educação não é o acesso e permanência à escola, mas em aplicar metodologias inovadoras fazendo com que os educandos se mantenham interessados pelo estudo e por seu futuro.

Sendo assim, a pesquisa sobre a relação da gestão democrática e os resultados educacionais, traduzidos nas avaliações externas, se tornam importantes para a área da gestão educacional, já que tem objetivos comuns: fazer com que os educandos aprendam, tenham conhecimento e discernimento de suas atitudes, e que se tornem cidadãos que contribuam para uma sociedade mais justa e igualitária.

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APÊNDICE

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB/ UFSM CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO LATO-SENSU EM GESTÃO EDUCACIONAL

CARTA DE APRESENTAÇÃO

O Curso de Especialização em Gestão Educacional da UAB/ UFSM vem apresentar a acadêmica ELISANDRA ARENHARDT à Direção desta Instituição de Ensino. A referida acadêmica está na fase de elaboração da monografia intitulada GESTÃO DEMOCRÁTICAS E OS RESULTADOS EDUCACIONAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL.

O objetivo da inserção da acadêmica na Instituição, diz respeito à coleta de informações de sua pesquisa de conclusão de Curso, cujo objetivo é relacionar as informações das avaliações externas com a prática da Gestão Democrática.

Ressaltamos que a oportunidade concedida pela Instituição, constituir-se-á em relevantes momentos para a construção do estudo, que resultará na ampliação dos conhecimentos teóricos relacionados com as temáticas pesquisadas.

Agradecemos sua colaboração.

Tapera, setembro de 2015.

____________________________________________ Profa. Ms. Ana Paula da Rosa Cristino Zimmermann