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Capítulo III | O contexto de estágio numa Academia de formação profissional

3.3. Reflexões sobre as atividades desenvolvidas

Efetivamente, quando se está no período final do percurso académico e se pretende ingressar no mercado de trabalho, o recurso a um estágio é fundamental. Este pode enriquecer o currículo e abrir portas para outras oportunidades de emprego. Desta forma, o estágio tem um papel crucial para preparar um recém-chegado ao mercado de trabalho, neste caso, na área da Sociologia, para a vida quotidiana sobre a qual se debruça, concedendo-lhe ferramentas práticas que se virão a revelar essenciais no futuro.

O primeiro contacto com um contexto de trabalho permitiu, desde logo, uma aproximação à realidade do exercício profissional na área da Sociologia, e conduziu ao desenvolvimento de competências socioprofissionais, facilitadoras do desempenho e da inserção na vida profissional ativa. Para além disso, o estágio permitiu uma aplicação prática dos conhecimentos e competências adquiridos ao longo dos 5 anos de formação académica em Sociologia, em que as aprendizagens se concretizaram em situações reais do quotidiano. O estágio possibilitou, ainda, a incorporação de saberes obtidos pelo exercício profissional a partir de um contexto em situação real de trabalho, nomeadamente, nos saberes de diagnóstico, de análise, de planeamento, de avaliação e de intervenção e a capacitação para a resolução de problemas emergentes em contextos profissionais específicos. Por outras palavras, o estágio possibilitou a oportunidade de solucionar problemas em contexto real, neste caso, com a supervisão do/a responsável pelo departamento da Academia, que guiou e acompanhou todo o processo de aprendizagem.

Aliada a esta questão, o estágio curricular representou uma oportunidade de interagir diariamente com profissionais experientes, permitindo uma aprendizagem com aqueles que estão na área da formação há mais tempo, constituindo-se, assim, como uma das mais-valias desta experiência.

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A experiência de estágio promoveu, ainda, a inserção na vida profissional, uma vez que proporcionou o conhecimento e a integração na dinâmica do mercado de trabalho, além de

know-how sobre a organização empresarial, e permitiu desenvolver rotinas e hábitos de

trabalho, alcançando-se o sentido da responsabilidade, adaptabilidade e superação e, ao mesmo tempo, desenvolver competências que só as experiências e as vivências em situações reais e específicas de trabalho permitem desenvolver.

Por fim, o estágio curricular veio reforçar a ideia de que durante o processo de formação em Sociologia, os aspirantes a sociólogos são dotados de uma heterogeneidade de competências “competências teóricas, metodológicas, relacionais e operatórias” (Costa, 2004) que, no futuro, lhes permitem exercer Sociologia num amplo conjunto de contextos e papéis profissionais, e empregar os instrumentos próprios da Sociologia, produzindo conhecimento com tradução prática, respondendo às necessidades da profissão.

Em termos globais, as tarefas desempenhadas no contexto de estágio no departamento de formação, foram enriquecedoras quer ao nível do desenvolvimento pessoal e profissional, mas também pelas aprendizagens que lhe estão associadas, pois pretendeu-se dar uma resposta efetiva às necessidades que a Academia tinha no seu departamento. Contudo, a realização de um estágio pode, de igual modo, trazer consigo algumas dificuldades ao longo do seu percurso. Desde logo, é de destacar a dificuldade que se sentiu de imediato na entrevista prévia à realização do estágio curricular e que diz respeito à realização do estudo de mercado. Logo nesse momento foram elencados quais os objetivos que se pretendiam com o estudo, e no primeiro dia de estágio foi dito que o Departamento de Marketing não era responsável por realizar este tipo de estudos e que não havia ninguém que pudesse auxiliar caso fosse necessário. O facto de não haver qualquer tipo de conhecimento acerca de como se estruturava o mercado da formação no distrito do Porto, bem como de não possuir experiência na área do Marketing e contacto prévio com a realização de estudos da concorrência e de posicionamento do mercado, constituiu-se como um dos grandes obstáculos enfrentados durante o percurso. Contudo, este foi ultrapassado através de uma extensa pesquisa quer em plataformas digitais, quer em revistas especializadas na área dos recursos humanos e da formação, que possibilitaram estabelecer o âmbito de análise do estudo, mas também perceber como se fazia um estudo da concorrência. As próprias conversas informais entre os trabalhadores da empresa foram úteis para perceber quem são as empresas que estes veem como seus concorrentes, o que também ajudou no momento de fazer a pesquisa.

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Outra dificuldade diz respeito à difícil apreensão dos serviços prestados pela empresa, devido à falta de conhecimento acerca das áreas em que esta atua e das suas terminologias mais técnicas. Principalmente num departamento de formação, em que é necessário saber explicar aos clientes quais os conteúdos programáticos de um curso, bem como adaptá-los às reais necessidades de cada empresa e respetivos formandos, é importante saber dominar vários conceitos e requisitos normativos. O facto de o estágio ter sido realizado numa empresa cujas áreas de intervenção se distanciam da Sociologia, implicou uma aprendizagem e familiarização com novas áreas, normas e conceitos que até então eram desconhecidos.

Por fim, outros dois aspetos que podiam ter sido melhor conseguidos ao longo do percurso, estão relacionados, tal como já foi referido em momentos anteriores, com o facto de algumas atividades que constavam no protocolo de estágio não terem sido realizadas, mais especificamente, as atividades de apoio à faturação e a realização de pedidos de esclarecimento relativos aos planos de formação. Esta última foi, sem dúvida, uma lacuna grande que se sentiu no decorrer do estágio, pois não houve muitas possibilidades de interação com formadores, formandos e responsáveis pela formação das empresas clientes. O/A responsável pela formação podia ter feito uma integração e envolvimento maior no que toca às tarefas que o/a próprio/a realiza, pois isso permitiria ao estagiário um maior acompanhamento dos processos de cada cliente e também ajudaria na prestação de pedidos de esclarecimentos relativos às ações de formação.

Contudo, apesar destas dificuldades, o percurso foi, de uma forma geral, recompensador, permitindo um crescimento enquanto profissional e pessoa.

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Capítulo IV | Considerações sobre o processo de construção dos