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1 INTRODUÇÃO 25 1.1 Hipóteses

2.3 Reflexos do manejo sobre os processos hidrológicos

As propriedades físicas do solo afetam o crescimento de diferentes espécies vegetais que estão diretamente relacionados ao movimento de água e solutos. Elas estão associadas à qualidade do solo em condições que permitem a infiltração, retenção e a disponibilização de água para as plantas, a qual proporciona trocas de calor e de gases com a atmosfera e raízes das plantas o que possibilita o crescimento das raízes (REICHERT et al., 2003). De acordo com VITTE (2007) as propriedades estruturais interferem na interação entre a precipitação e o solo, que altera a capacidade de infiltração, além de biocanais criados pelas raízes decompostas que possui maior efeito na capacidade de infiltração.

Todo fator que pode influenciar a taxa de infiltração da água no solo também pode interferir no processo de escoamento superficial. A formação do escoamento superficial está relacionada com uma complexa interação entre área acumulada, declividade e características do solo, podendo aumentar com o aumento da área de contribuição ou, ao contrário, onde o aumento da área acumulada reduz o escoamento superficial de acordo com o tipo de solo (SILVA & De MARIA, 2011).

A cobertura e os tipos de uso do solo, além de seus efeitos benéficos sobre as condições de infiltração da água, exercem uma importante influência na interceptação da água proveniente da precipitação. Quanto menor conteúdo de água no solo e maior a cobertura vegetal, a rugosidade da superfície, a evapotranspiração, maior será a taxa de infiltração e menor o seu escoamento superficial. Em contrapartida, quanto maior a declividade da bacia, levando em conta o mesmo solo, maior devera ser a vazão do escoamento superficial que ocorre na seção de desague da bacia. Quando a bacia mais se aproximar do formato circular, mais rápida será a concentração de água no escoamento superficial e consequentemente, maior deverá ser a sua vazão máxima (PRUSKI et al., 2003). Sendo a intensidade de precipitação excede a sua taxa de infiltração de água, temos o inicio do acúmulo superficial, e quando ultrapassado a capacidade de acúmulo de água na superfície, ocorre o início do escoamento superficial.

Essas mudanças promovem variações que são significativas no ambiente, podendo reduzir a proteção da superfície do solo, com alteração das condições de infiltração e de escoamento de água (LANNA, 1997). Esses processos erosivos podem começar a remover os horizontes superficiais do solo modificando paralelamente as formas da vertente a qual ocorre um aumento do volume de água no canal fluvial CHRISTOFOLETTI (1999). Dessa forma o aumento de sedimentos e das taxas de sedimentação, pode alterar o volume das fontes d’água Diante do exposto, fica evidente que uma nova estrutura e dinâmica deve surgir para incorporar e interagir com os novos elementos dessa paisagem.

A formação do selamento superficial ocorre através do impacto das gotas de chuva sobre o solo, associado a esse fator ocorre o escoamento superficial, que transporta sedimentos, a qual pode sofrer deposição quando a velocidade do for reduzida (DERPSCH et al., 1991). As partículas que formam agregados grandes, quando são expostas ao impacto das gotas das chuvas, são cisalhadas com maior facilidade, e os agregados menores são deslocados mais facilmente, alojando-se entre as unidades maiores, o que leva a um rápido selamento superficial e, consequentemente, à maior erosão (LE BISSONNAIS et al.,1989). Além das partículas de solo que estão em suspensão, o escoamento superficial transporta compostos químicos, matéria orgânica, sementes e defensivos agrícolas que podem causar prejuízos diretos e indiretos sobre a produção agropecuária, bem como poluir os cursos d’água (PRUSKI et al. , 2003).

O escoamento superficial corresponde ao segmento do ciclo hidrológico que está relacionado à quantidade de água deslocada sobre a superfície do solo. Para DERPSCH et al. (1991) se toda a água da chuva que cair sobre o solo conseguir infiltrar não haverá escoamento superficial e consequentemente não haverá erosão.

Existem várias possibilidades de se reduzir o volume do escoamento superficial, sendo pelo uso de culturas que promovam maior interceptação da precipitação ou através do aumento da rugosidade do terreno. A elevação da taxa de infiltração básica de água no solo pode ser realizada por métodos de preparo e manejo que possam permitir a manutenção de uma boa estrutura e mesmo assim manter a superfície do solo coberta. LINDSTRON et al. (1981);. PRUSKI et al. (2003) reforçam o argumento em que o sistema plantio direto pode resultar em uma superfície consolidada, com baixa capacidade de infiltração que pode produzir grandes enxurradas durante chuvas intensas. Isso demonstra a necessidade de

estruturas hidráulicas para disciplinar o excesso de água que escoa superficialmente. A partir dessas estruturas que estão presentes no solo, o escoamento superficial da água pode ser manejado de forma correta, evitando a ação erosiva e destrutiva das enxurradas.

A infiltração proporciona uma maior disponibilidade de água próximo da zona das raízes e, por isso que devemos conhecer o processo do fluxo de água no perfil e suas relações com as propriedades do solo, sendo de fundamental importância ter um eficiente manejo do solo e da água (ALVES & CABEDA 1999). Desse modo, os sistemas de manejo do solo têm que visar à proteção da superfície do solo e aumento da infiltração de água.

O tempo de início e do pico enxurrada, o coeficiente de escoamento e o volume de enxurrada são influenciados pelo manejo e cultivo do solo. Sendo que o tempo do pico de enxurrada é menor no sistema de cultivo convencional, e o volume de enxurrada, é menor em semeadura direta, independentemente do tipo de cultura empregada para um mesmo solo (BERTOL et al., 2007). Assim, o volume de enxurrada indica a necessidade de adoção de práticas conservacionistas de suporte para controlá-lo, independentemente do sistema de manejo do solo e de cultura empregada.

Em função do grande volume ou da elevada taxa de escoamento acumulado na superfície do solo, recomenda a utilização de terraços em sistema de plantio direto, especialmente em declividades longas independente da qualidade e tipo de resíduo cultural presente no solo (BERTOL et al., 2000). Em sistemas conservacionistas de preparo do solo, MORAIS & COGO (2001) verificaram que são eficazes na redução das perdas de solo em virtude da permanência da cobertura dos resíduos das culturas anteriores. A mesma eficácia não ocorre na redução das perdas de água por escoamento superficial, as quais em determinadas situações, podem até serem superiores àquelas verificadas nos sistemas convencionais de preparo.