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3.1.1 Escolha da região de estudo

A região de estudo compreende o Centro-Sul do Espírito Santo (figura 1), abrangendo parte das bacias hidrográficas do rio Doce e Itabapoana, e a totalidade das bacias Riacho, Reis Magos, Santa Maria da Vitória, Jucu, Guarapari, Benevente, Rio Novo e Itapemirim, de acordo com a divisão de bacias da Secretaria Estadual para Assuntos de Meio Ambiente (SEAMA). Nesta região se localizam a maior parte das estações fluviométricas e pluviométricas do estado.

A área estudada inclui as bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que atualmente são os principais mananciais de abastecimento de água da Região Metropolitana da Grande Vitória.

3.1.2 Caracterização da região de estudo

As principais características destas bacias hidrográficas são apresentadas na tabela 1, conforme informações adaptadas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA).

Tabela 1 - Características de bacias hidrográficas da região de estudo

Bacia Domínio Municípios Principais Atividades

Econômicas Principais Problemas na Bacia

Doce (na região de estudo)

Federal (ES, MG)

Brejetuba, Afonso Cláudio, Laranja da Terra, Itarana, Itaguaçu, São Roque do Canaã, e parte de Colatina, Baixo Guandu, Ibiraçu, Ibatiba, Iúna, João Neiva e Linhares.

Siderurgia, indústrias de celulose, agro-indústria, mineração, setor de serviços, e geração de energia elétrica.

Desmatamento; manejo inadequado dos solos; erosão; assoreamento do leito dos rios; redução de vazões durante o período de estiagem; enchentes; contaminação com mercúrio; precariedade no saneamento; e a falta de abastecimento de água potável em diversas aglomerações urbanas e comunidades rurais.

Riacho Estadual

Parte de Aracruz, Ibiraçu, João Neiva, Linhares e Santa Teresa.

Agropecuária, indústrias químicas e de celulose, turismo e silvicultura.

Desmatamento generalizado nas áreas de preservação permanente; Problemas de erosão agravado pelo intenso desmatamento; Assoreamento dos corpos hídricos; Poluição dos recursos hídricos devido à disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento; Deterioração dos recursos hídricos devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos; Pesca predatória.

Reis Magos Estadual

Fundão e parte de Aracruz, Ibiraçu, Santa Leopoldina, Santa Teresa e Serra.

Industrial e agropecuária, destacando nesta a cultura de café, arroz e feijão.

Desmatamento; Assoreamento; Ocupação do solo, de forma desordenada; Poluição dos recursos hídricos devido à disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento.

Santa Maria da

Vitória Estadual

Santa Maria de Jetibá e parte de Cariacica, Santa Leopoldina, Serra, Viana e Vitória.

Agropecuária, turismo, indústrias e usinas hidrelétricas.

Desmatamento em geral e ao longo das Áreas de Preservação Permanente; Assoreamento; Deterioração dos recursos por: uso indiscriminado de defensivos agrícolas, disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes (domésticos e industriais) sem tratamento, e práticas agrícolas

Tabela 1 – Continuação

Bacia Domínio Municípios Principais Atividades

Econômicas Principais Problemas na Bacia

Jucu Estadual

Domingos Martins, Marechal Floriano, e parte de Cariacica, Guarapari, Viana e Vila Velha.

Agropecuária,

hortifrutigranjeiros, industrial, turismo e geração de energia elétrica.

Desmatamento; Assoreamento; Extração desordenada de areia para a construção civil; Poluição dos recursos hídricos: lançamento de resíduos sólidos domésticos, industriais e hospitalares nas margens do rio ou nas imediações em aterros inadequados, lançamento de efluentes de pocilgas, currais e abatedouros de aves, sem tratamento, uso de pesticidas e herbicidas que contribuem para a poluição por meio do escoamento superficial, advindo de áreas cultivadas; conflito entre usuários de água.

Guarapari Estadual Parte de Guarapari, Viana e Vila Velha.

Turismo, industrial, pesca e agropecuária.

Desmatamento generalizado a nas áreas de preservação permanente; Poluição dos recursos hídricos devido à disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento; deterioração dos recursos hídricos devido à evolução desordenada da ocupação urbana, das atividades industriais e do turismo; conflito entre os usuários de água.

Benevente Estadual

Anchieta, Alfredo Chaves e parte de Iconha, Guarapari e Piúma.

Pecuária; agricultura, destacando-se a cultura de café; turismo; industrial; e pesca.

Acelerado processo de ocupação do solo; nascentes e cursos d'água desprovidos de mata ciliar; processos erosivos decorrentes do uso de encostas para plantio; lançamentos de efluentes e resíduos sólidos nos cursos d'água; conflito

entre usuários de água. 5

Tabela 1 – Continuação

Bacia Domínio Municípios Principais Atividades

Econômicas Principais Problemas na Bacia

Rio Novo Estadual

Rio Novo do Sul e parte de Iconha, Itapemirim, Piúma e Vargem Alta.

Pecuária de leite e corte; agricultura, descaque para as culturas de banana e café; turismo; pesca; artesanato e industrial - beneficiamento de mármore, granito e calcário.

Assoreamento; Poluição dos recursos hídricos devido à disposição inadequada de resíduos sólidos e lançamento de efluentes sem tratamento; Desmatamento generalizado e nas Áreas de Preservação Permanente; Deterioração dos recursos hídricos devido à evolução desordenada da ocupação do solo, das atividades agrícolas, e da extração de mármore e granito; Conflitos entre usuários de água.

Itapemirim Federal (ES, MG)

Alegre, Atílio Vivácqua, Castelo, Conceição do Castelo, Cachoeiro do Itapemirim, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire, Venda Nova do Imigrante, Ibitirama, e parte de Ibatiba, Itapemirim, Irupi, Iúna, Marataízes, Muqui, Presidente Kennedy e Vargem Alta.

Agropecuária; mineração de mármore e granito; e indústrias de açúcar e álcool.

Problemas de erosão agravados pelo intenso desmatamento; uso inadequado do solo; assoreamento; expansão urbana desordenada; poluição dos recursos hídricos causada pela disposição inadequada de resíduos sólidos e pelo lançamento de efluentes domésticos e aqueles advindos do beneficiamento de mármore e granito; conflito entre usuários de água.

Itabapoana (na região de estudo)

Federal (ES, MG, RJ)

Apiacá, Bom Jesus do Norte, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Mimoso do Sul, São José do Calçado e parte de Itapemirim, Marataízes, Muqui e Presidente Kennedy.

Agricultura (café, cana-de- açúcar, fruticultura), pecuária leiteira, extrativismo mineral, pesca e industrial.

Alteração da qualidade de água por lançamentos de efluentes e resíduos sólidos diretamente nos cursos d'água; destruição das matas ciliares de rios e nascentes; abastecimento de água; extração de areia sem planejamento.

Fonte: Adaptado de <http:www.meioambiente.es.gov.br>.

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A Região Metropolitana da Grande Vitória, na qual se situa o município de Vitória, concentra mais de 40% da população do estado do Espírito Santo, além de grandes indústrias, como usinas de pelotização e siderúrgica.

No Sul do estado, além de indústrias de grande porte, estão previstos novos e expressivos empreendimentos industriais.

Além disso, o aumento de consumo de água para abastecimento populacional e de áreas de irrigação representam preocupação com relação ao suprimento de água, devido às perspectivas de desenvolvimento sócio-econômico.

Em diversos mananciais e pequenas bacias do Sul do estado, têm sido previstos problemas relacionados com disponibilidade de água para suprimento de demandas requeridas por novas indústrias, e pelo acréscimo populacional. Existe ainda, grande população flutuante em períodos de veraneio, especialmente nas regiões litorâneas. Em Guarapari, por exemplo, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN) visando garantir a normalidade do abastecimento de água no verão de 2010, aumentou a produção de água de 350 litros por segundo para 630 L/s para atendimento da população flutuante, que aumenta de aproximadamente 96 mil para 500 mil, no verão. Para isso, a CESAN, que usualmente abastece o município através de rios da própria bacia de Guarapari, necessitou colocar em operação o sistema complementar de captação de água do rio Benevente (CESAN, 2010a). Não bastasse esta situação, no carnaval deste mesmo ano ainda foi necessário um rodízio do abastecimento de água no município (CESAN, 2010b).

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