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3.2 Parte 2 Os Principais Instrumentos de Gestão do PAC

3.2.5 Regime Diferenciado de Contratações – RDC

O Regime Diferenciado de Contratação - RDC (Lei 12.462/2011) é outro exemplo que surge como dispositivo inovador utilizado na gestão do PAC. Instituído para servir como regime de contratação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas – sendo estendido a outras

17 Dentre as condições podem-se citar a regularidade com: contas do exercício, Relatório de execução

orçamentária, Relatório de gestão fiscal, limites de gasto com pessoal, regularidade na gestão fiscal, adimplência com a União, adimplência com outros convênios, limites constitucionais de aplicação em educação e saúde dentre outros.

ações18 –, o RDC é um instrumento que surgiu como resposta a já ultrapassada Lei de

Licitações (Lei 8.666/93), pois representa um avanço no modelo tradicional de licitações ao encurtar o tempo do processo e o custo dos projetos por adotar o critério de inversão de fases, dentre outras vantagens. Sobre isso, Correia e Neto (2015, p.6) afirmam que:

“[...] o RDC pode ser visto não como um ponto de inflexão, mas de convergência de várias inovações efetuadas desde a Lei n. 8.666/1993, num processo de modernização do processo de contratações que, também aqui, tem perpassado vários períodos nos últimos 20 anos.

Conforme informações do Ministério do Planejamento19, o sistema tradicional de

licitações é considerado longo, lento e complexo devido ao excesso de burocracia, que ainda dificulta o controle e favorece práticas ilícitas. Nesse sistema, as empresas que se candidatam para vender produtos ou serviços para o governo precisam ter toda a documentação analisada, mesmo que ela não seja anunciada como vencedora, e isso gera ainda mais atraso. Esta modalidade também não possibilita a contratação integrada de obras e permite que a empresa apresente recursos judiciais para cada etapa do processo.

Em conformidade com os ensinamentos e prática disseminada nos pregões, nas concessões e nas parcerias público-privadas, o RDC amplia o uso de licitações eletrônicas, põe fim ao excesso burocrático da habilitação dos concorrentes, amplia a competição com leilões e unifica a fase de recursos. Sintonizado com mecanismos modernos de gestão, acolhe também experiências internacionais de seguros-garantia para obras de infraestrutura, remuneração variável baseada em desempenho, contratos de eficiência para reduzir despesas e a contratação integrada de projetos e obras para estimular métodos diversos de execução e para concentrar a entrega em um único responsável (CORREIA e NETO, 2015).

O sítio oficial do PAC na internet20 informa que uma licitação no Departamento

Nacional e Trânsito (DNIT) dura, em média, cerca de 250 dias de concorrência no modelo tradicional (Lei 8.666/93). Com o uso do RDC em algumas contratações o prazo foi encurtado entre 60 e 90 dias da data da publicação do edital até a homologação. A mudança no processo representou uma economia média de 9% nos custos e de 15% de deságio do orçamento básico.

18Atualmente há um projeto de lei no Congresso Nacional que objetiva reformular a Lei de Licitações e adequá-la conforme as recentes experiências do RDC.

19Informações obtidas no endereço: http://www.pac.gov.br/noticia/564012c0 , em 01/03/2016. 20Informações obtidas no endereço: http://www.pac.gov.br/noticia/564012c0 , em 01/03/2016.

Conforme Correia e Neto (2015) a possibilidade de extensão do RDC ao PAC garantiu sua utilização em várias ações integrantes do programa, como: estudos de viabilidade e ambientais, projetos e supervisão, o que, ainda de acordo com os autores, de fato vem ocorrendo em licitações do DNIT, da Infraero e da Empresa de Planejamento e Logística – EPL, por exemplo.

Embora o RDC ainda seja um regime de contratação pública de aplicação recente e âmbito limitado a alguns setores apenas, o instrumento se caracteriza pelo seu processo de inovação, mas também pelo processo coletivo de aprendizagem, não obstante algumas críticas oriundas dos órgãos de controle quanto à ampliação de seu uso. Fiuza e Medeiros (2014, p. 14-15) ressaltam o papel transformador do RDC:

O RDC já introduz uma mudança de mentalidade na formulação dos objetivos da licitação. (...) Embora a redação atual da Lei 8.666/1993, dada pelo Plano Brasil Maior, já fale em utilização das licitações para a promoção do desenvolvimento sustentável, o RDC é o primeiro a enumerar claramente os vetores de desenvolvimento a nortearem o processo e a falar em eficiência e competitividade. Essa recente diferença de mentalidade, por si só, já é revolucionária.

A ênfase da legislação de compras sempre se ateve aos procedimentos de formulação de editais, à contratação e ao objeto contratado. Os focos deveriam ser outros: resultados esperados com a contratação; objetivos do comprador; e condições de mercado para se comprar o que se pretende. Ora, isso requer que eficiência, inovação, competição e melhor relação custo-benefício para o setor público brasileiro façam parte da lista de princípios da nova lei de licitações.

De fato, o RDC já é um instrumento importante porque permite maior celeridade na entrega das obras; diminui os riscos inerentes a contratações públicas; geralmente promove diminuição dos custos totais; prevê compartilhamento de riscos com a iniciativa privada; promove a absorção de novas tecnologias disponíveis no mercado e, por fim, permite formas de contratação mais eficazes. Nesses termos, é possível comprovar o seu impacto positivo no que tange ao tempo de elaboração de projetos, tempo de licitação e tempo de início das obras contratadas, conforme quadro abaixo.

RDC x Lei 8.666

Tempo de elaboração dos projetos

(dia)

Tempo de licitação das obras

(dia)

Tempo para início das obras

(dia)

Lei 8.666/93 240 174 774

RDC global 240 47 647

RDC integrado 120 79 379

Quadro 6 - Comparativo geral entre RDC (Lei no 12.462/2011) e Lei no 8.666/1993 Fonte: DNIT e SEPAC-MP.

Por fim, sabe-se que o processo de discussão sobre contratações públicas envolve vários atores com interesses conflitantes e, por isso, não é fácil de ser conduzido, muito menos de se chegar a um consenso. Assumindo-se esse contexto, conclui-se que, apesar da relevância técnica e dos seus efeitos sobre a ação pública, os instrumentos atuam como facilitadores na condução da política, mas a todo instante são influenciados (e influenciam) por mudanças comportamentais da sociedade, e por isso exigem releituras constantes, como é o caso do RDC.

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