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Segundo Barros10 o posto de maior relevância dentre as muitas prioridades de um sistema securitário, depende de um cuidadoso manejo dos valores arrecadados e de uma boa administração contábil-financeira. Uma vez que estes sistemas securitários foram concebidos incialmente sob o “modelo bismarkiano”, possuindo uma característica de contribuição para a concessão das prestações securitárias, principalmente em relação aos benefícios, de modo que aqueles que não possuíam capacidade para contribuir com o sistema previdenciário ficavam sem receber o benefício das aposentadorias.

Logo após, surge o “modelo beveridgiano”, possuindo uma importante característica principalmente pela cobertura universal, concedendo prestações básicas sem a obrigação de contribuição individual, onde o financiamento ocorre mediante tributos gerais. Alguns benefícios são concedidos simplesmente pelo fato da pessoa nascer ou possuir a cidadania daquele país já lhe é concedido o direito à proteção social.

Nos modelos contributivos, os valores arrecadados ficam a cargo dos segurados, mediante o estabelecimento de tributação específica, cujos valores arrecadados serão revertidos exclusivamente para os fins securitários. Já os modelos não contributivos caracterizam-se pela universalidade da proteção securitária, alcançando os mais diversos riscos sociais. A princípio não existe um modelo não contributivo, no entanto todos precisam de uma fonte de custeio das prestações

10 BARROS, Clemilton da Silva. O modelo de proteção social brasileiro. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3246, 21 maio 2012. Disponível em:

securitárias. No que diz “não contributivo”, significa dizer que não existe uma tributação específica para o sistema securitário, sendo custeado por recursos advindos de outros tributos convencionais.

A previdência tem como finalidade cobrir o risco social, tal como a velhice, a morte, a invalidez e outros eventos que afetam a capacidade de um indivíduo manter o seu sustento e da sua família. Os regimes financeiros são métodos de financiamento elaborados para cumprir as obrigações assumidos por plano de benefício de previdência, ou seja, é uma ferramenta de distribuição do custo atuarial do plano previdenciário ao longo do tempo. Um dos principais pontos dentro de um modelo contributivo é a sua organização financeira, mediante a observância de princípios e critérios capazes de manter o equilíbrio financeiro e atuarial, ou seja, são os meios que possibilitam o sucesso do sistema, garantindo o controle dos recursos e da concessão das prestações, estabelecendo um equilíbrio entre ambos.

Entende-se por equilíbrio financeiro, justa relação entre os valores arrecadados e os valores gastos com os custos securitários, ou seja, considerando os valores arrecadados e os valores gastos a título de pagamento de prestações previdenciárias, de modo que resulte próximo do zero.

O equilíbrio atuarial é a relação entre os riscos protegidos e os recursos disponíveis sob as perspectivas do presente e do futuro. Esta busca estabelecer uma constante na previdência, sob o ponto de vista estatístico, protegendo o sistema contra possíveis desajustes futuros em face da modificação do perfil dos contribuintes, dos segurados e beneficiários, como por exemplo, aumento da expectativa de vida.

Existem várias formas de plano previdenciário, visando alcançar tal objetivo. Impossibilitando-se escolher uma única forma ideal para a sociedade. As principais características para definição de um plano são a sua forma de custeio e a modalidade como os benefícios estão estruturados. A forma de custeio diz respeito à maneira como os benefícios previdenciários serão financiados, ou seja, saber de onde virão os recursos para pagar os benefícios.

Através do regime ou sistema de financiamento adotado pode-se visualizar quantos e quais serão as prestações a serem concedidas, como também as pessoas que serão beneficiadas. Dessa maneira, um sistema securitário jamais poderá ignorar dados oriundos das ciências afins. Segundo Zambitte11, os dois regimes básicos de

financiamento mais usuais, dizem respeito ao custeio por repartição simples e ao regime de capitalização. Os dois principais regimes, de acordo com a combinação dos elementos, surgem de inúmeras variações, dando origem a outros regimes.

4.1. Regime de Repartição Simples

O Regime de Repartição Simples, parte do princípio da solidariedade, onde as contribuições recolhidas são utilizadas para o pagamento dos benefícios concedidos, não existindo assim uma reserva matemática ao longo do tempo, sendo este o regime utilizado atualmente no Brasil.

O maior exemplo é o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) administrado pelo INSS, uma vez que a geração de trabalhadores em atividade custeia o pagamento dos benefícios da geração de trabalhadores inativos, assim, as contribuições mensais destinadas ao INSS são utilizadas para pagar os benefícios devidos.

Quando os contribuintes do presente se tornarem inativos, seus benefícios serão custeados pelas contribuições das futuras gerações de segurados, tornando-se imprescindível a manutenção do equilíbrio entre o número de contribuintes e beneficiários. Como tal regime é financiado por descontos nas rendas dos ativos do mesmo período, três fatores ameaçam o seu funcionamento: a evolução da estrutura demográfica, crise do emprego e a concorrência dos fundos de pensão. O aumento da expectativa de vida é um dos fatores que influenciam na evolução da estrutura demográfica, provocando uma elevação na proporção do número de idoso em relação aos ativos.

4.2. Regime de Capitalização

O Regime de capitalização tem um princípio ideológico baseado na “poupança”, onde as contribuições são acumuladas em fundos de pensões ou em contas específicas e aplicados nos mercados financeiros e outros ativos, ao longo da vida ativa do segurado, sendo que o capital gerado será utilizado para custear as prestações previdenciárias. Assim que o segurado ficar inativo, terá de volta o que contribuiu acrescido dos rendimentos do capital, mediante regras estabelecidas pelo

mercado financeiro. A ideia do regime de capitalização é formar uma reserva de capital que garantirá as prestações aos segurados futuramente, onde os valores variarão de acordo com os rendimentos obtidos com os investimentos feitos pelos administradores do fundo, geralmente o regime é adotado pelos regimes privados de previdência social.

4.3. Regime Complexo ou Misto

O próprio nome já dá ideia da combinação de elementos dos sistemas de repartição simples e do regime de capitalização. O regime estabelece um teto para o cálculo das contribuições, que limita o valor máximo do benefício, organizado de acordo com as regras de um sistema de repartição simples, em que os ativos contribuem para os inativos se beneficiarem.

Segundo Barros12, para os trabalhadores que contribuírem acima do limite estabelecido, haverá uma previdência complementar obrigatória, estruturada num sistema de capitalização, ou seja, baseada numa espécie de poupança individual. Acrescenta-se ao teto do sistema de repartição simples uma espécie de previdência complementar obrigatória, sob a forma de capitalização, para os contribuintes com rendimentos superiores ao valor do teto. Englobando, duas espécies de regimes previdenciários, uma obrigatória para todos os que receberem renda, até o teto estabelecido; e a outra também obrigatória, mas apenas para aqueles que receberam renda acima do teto, participando nos dois regimes previdenciários. Os países que adotam tal tipo de regime é a Argentina e o Uruguai.

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