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RegIMes vIgentes

No documento [full eBook] (páginas 80-84)

O desenvolvimento dos setores vitais de uma nação tem muitas ve- zes como motor preambular, empresas de capital público, pelo facto de usufruírem de uma prioridade económica capaz de conduzir novas tecno- logias para o país. Este raciocínio foi aplicado desde cedo na Europa, po- demos referir no caso português o aparecimento da televisão pela mão da RTP, da rádio pela RDP, das telecomunicações móveis pela TMN, os ser- vidores de Internet pelo portal Sapo.pt, entre outros inúmeros exemplos. Desta forma, até aos dias de hoje, faz sentido a existência destas organi- zações e possuírem o suporte financeiro do Estado, pelo papel que este desempenha. Porém nem sempre os governos têm meios de sustentarem unilateralmente o seu funcionamento, recorrendo para isso ao mecanismo de financiamento da atividade privada, tornando-se assim empresas de su- porte misto, como foi o caso da Portugal Telecom e da EDP.

Com o decorrer da consolidação do setor, a atividade tem tendência a crescer dando origem a novas oportunidade de negócio, aproveitadas por particulares que no seu conjunto formam o setor privado.

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Uma empresa com a concessão do serviço público apresenta como objetivo primordial a satisfação das necessidades da população que

abrange, colocando sempre à frente a eficácia em detrimento da eficiência. Em temáticas como a comunicação, onde o nível de adesão dos consumi- dores gera a massa de audiência vital para a sobrevivência do projeto em curso, atraindo potenciais clientes para os produtos que são anunciados, vem por vezes originar situações onde o produto radiofónico apresentado, nem sempre corresponda aos níveis de qualidade pretendidos, em prol de espaços de emissão que visam explorar aspetos pouco lúdicos ao conheci- mento (nomeadamente o jornalismo-espetáculo em vez do jornalismo no vetor informação). Este cenário é mais patente em televisão especialmente nos períodos de prime time, no entanto no meio da rádio esta temática tem vindo a crescer devido a abusos relativamente ao incumprimento do n.º 7 do Art. 40º da Lei n.º 54/2010, de 24 de dezembro, nomeadamente pela inobservância, do patrocínio de programas de cariz informativo. As entida- des que sejam detentoras da concessão de serviço público de radiodifusão jamais poderão estar sujeitas a um regime de emissão que seja permeável a situações como a descrita, neste sentido foi aprovado em Assembleia da República um modelo de financiamento que não viesse, em hipótese algu- ma, depender de interesses que versassem sobre a satisfação dos níveis de audiência. Neste sentido foi promulgado o modelo de financiamento do serviço público de radiodifusão através da Lei n.º 30/2003, de 22 de agosto, alterada pelos Decretos-Leis n.os 169 -A/2005, de 3 de outubro, 230/2007, de 14 de junho, e 107/2010, de 13 de outubro, que aprova o modelo de financiamento do serviço público de rádio e de televisão, em que é deno- tado um suporte de custos baseado na Contribuição para o Audiovisual, no valor de 1,60 mensais – estando isentos os consumidores particulares cujo consumo anual fique abaixo de 400 kwh, ficando totalmente excluída a hipótese de emissão de publicidade com fins comerciais. A cobrança desta taxa é realizada através da empresa distribuidora de energia elétrica EDP e obtida juntamente com o preço relativo ao seu fornecimento – Art. 5º.

A legislação nacional concede à RDP o serviço público através do Art. 46º da Lei n.º 33/2003, de 22 de agosto, aprovada na Assembleia da Repú- blica, que propõe um conjunto específico de obrigações à concessionária, nomeadamente no Art. 47º, onde propõe uma programação com uma forte componente educativa, formativa e informativa com elevados padrões de qualidade, principalmente em temas como a expressão dos diferentes inte- resses, de todas as categorias do público, contemplando a satisfação das necessidades culturais das minorias. A sua incorporação na linha editorial tem a finalidade de colmatar as lacunas apresentadas pelo setor privado. O n.º 2 do mesmo artigo refere ainda expressamente a obrigatoriedade

de “incorporar as inovações tecnológicas que contribuam para melhorar a eficiência e a qualidade do serviço de que está incumbida e da atividade de radiodifusão em geral”.

Para Smith (1985, p. 161), o domínio público deve também abarcar o princípio da existência de saldos de exploração positivos. As políticas económicas estatais devem conjuntamente considerar o interesse pelas fi- nanças das suas empresas, pressupondo o fortalecimento da solvabilidade organizacional e também dos cofres estatais. Atualmente a RDP usufrui de um planeamento económico sustentado, que vem possibilitar o suporte de uma elevada capacidade de financiamento para adquirir os novos equipa- mentos, no entanto como prudência, existem um conjunto de rácios finan- ceiros que não permitem um excessivo grau de endividamento financeiro, como foi verificado na década de noventa.

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O serviço privado não se rege pelas mesmas orientações financeiras do serviço público, já que este regime de radiodifusão é financiado fun- damentalmente pelo mercado publicitário. Para López (1996, p. 270), as empresas privadas abordam as suas metas estratégicas definindo direta ou indiretamente em termos de lucros que deverão ser alcançados durante a vigência de um período temporal. Normalmente uma reduzida parte deste excedente tem a finalidade de fazer face aos custos de funcionamento, o restante montante é reservado com vista a constituir um incentivo finan- ceiro correspondente à dedicação e contribuição efetiva dos profissionais para os resultados.

Como já foi referido a adoção de políticas liberais por parte dos Estados favorece a criação de novas empresas, assim como a expansão das atuais, especialmente para regiões onde ainda não atuem. Porém, esta expansão apresenta alguns limites, no sentido de aplicar medidas anti con- centração e anti monopólio. Reportando para a realidade nacional e para fomentar a concorrência, não concentração e pluralismo o Art. 4º da Lei n.º 54/2010, de 24 de dezembro estipula que:

3 - Nenhuma pessoa singular ou coletiva pode deter, direta ou indiretamente, designadamente através de uma relação de domínio, um número de licenças de serviços de pro- gramas radiofónicos de âmbito local superior a 10 % do número total das licenças atribuídas no território nacional. 4 — Nenhuma pessoa singular ou coletiva do sector pri- vado ou cooperativo pode deter, direta ou indiretamente,

designadamente através de uma relação de domínio, um número de serviços de programas de âmbito nacional em frequência modulada igual ou superior a 50 % dos serviços de programas habilitados para a mesma área de cobertura e para a mesma faixa de frequência. 5 — Nenhuma pessoa singular ou coletiva pode deter no mesmo distrito, na mes- ma área metropolitana, no mesmo município ou, nas re- giões autónomas, na mesma ilha, direta ou indiretamente, designadamente através de uma relação de domínio, um número de licenças de serviços de programas radiofónicos de âmbito local superior a 50 % dos serviços de programas com o mesmo âmbito habilitados.

A referida disposição legal visa um equilíbrio entre o crescimento económico e desenvolvimento sustentado do sector, possibilitando assim a ampliação do número de redes de empresas em competição.

O acesso à informação noticiosa é um conteúdo a considerar com relevo para a nação. Neste sentido, o Parlamento Europeu emanou várias linhas de orientação visando a convergência com as políticas a implemen-

tar nos Estados membros. No nosso país foi aprovada em Assembleia da

República, a regulamentação específica para os requisitos mínimos na difu- são deste conteúdo, nomeadamente através do Art. 35º da referida Lei: “Os operadores de rádio que forneçam serviços de programas generalistas ou temáticos informativos devem produzir, e neles difundir, de forma regular e diária, pelo menos três serviços noticiosos, entre as 7 e as 24 horas”. A essência do artigo dirige-se fundamentalmente ao setor privado, devido ao facto deste tender a eliminar ou a reduzir estes conteúdos de elevados custos de funcionamento, existindo portanto normas impostas, que não limitam a sua atividade unicamente à vertente comercial, mas também à “produção e difusão de uma programação, incluindo informativa, destina- da à audiência da respetiva área de cobertura”, em concordância com a alínea e) do Art. 12º da referida Lei – Fins da Radiodifusão.

O suporte financeiro do setor privado advém principalmente do mer- cado publicitário. Este facto, por vezes origina a difusão da mesma de um modo subjetivo, traduzindo uma reação no subconsciente do consumidor levando-o ao consumo excessivo. De acordo com os valores em vigor na União, esta realidade não poderia existir, nesse sentido foi acrescentado em Portugal o Art. 40 à Lei mencionada anteriormente

4– Os espaços de programação patrocinados devem in- cluir, necessariamente no seu início, a menção expressa

desse facto.3 Acresce ainda o n.º 3 “A difusão de materiais

publicitários não deve ocupar, diariamente, mais de 20 % do tempo total da emissão dos serviços de programas licenciados.

Todo o conjunto de disposições legais tem por objetivo dotar o setor de uma estabilidade política indissociada das políticas económicas, com o respetivo enquadramento legal, apresentando como finalidade a proteção do consumidor e proporcionar o desenvolvimento sustentado financeiro da atividade da generalidade das empresas.

No documento [full eBook] (páginas 80-84)