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Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP)

Os RCBP's são instituições que coletam, classificam, armazenam, processam e analisam dados de casos novos de câncer, de maneira sistemática e contínua, oriundos de todas as fontes possíveis de notificação e referente a uma área geográfica definida. Produzem informações sobre a incidência, a mortalidade e sobrevida por câncer de uma população específica, em área geográfica delimitada. Os RCBP's têm como finalidade promover a vigilância epidemiológica do câncer e contribuir para o planejamento dos serviços de saúde (LATORRE, 2001; MIRRA, 2005; INCA, 2010).

O desenvolvimento dos RCBP's é antigo. O primeiro relato é datado do século XVIII, na cidade de Londres (Inglaterra), porém, não houve continuidade deste projeto. Somente, no ano de 1899, em Hamburgo (Alemanha), um inquérito populacional foi conduzido por Alexander Katz, seguido de um estudo com médicos de todo o país, a fim de se estabelecer a prevalência do câncer. Tal fato incentivou outros países europeus a realizarem estudos similares (WAGNER, 1991).

No entanto, o primeiro RCBP com coleta de dados contínua foi criado nos Estados Unidos, no Estado de Massachusetts, em 1927 e somente a partir da década de 1940 foram estabelecidos os padrões conhecidos atualmente (WAGNER, 1991).

No Brasil, os primeiros RCBP's foram implantados em Recife (1967) e em São Paulo (1969). Já no fim da década de 1980 havia seis RCBP's ativos (Recife, São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, Goiânia e Belém), cobrindo, aproximadamente, 11% da população do país. Segundo dados do INCA – Instituto Nacional de Câncer (2010), no momento, existem 17 RCBP's em atividade nas cidades de Aracajú,

Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Gioânia, Jaú, João Pessoa, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo (INCA, 2010).

1.5.1 O Registro de Câncer de Base Populacional em São Paulo (RCBP-SP)

A idéia do RCBP-SP surgiu em 1° de janeiro de 1963. Nos três primeiros anos de experiência, após um projeto piloto (1963-1965), o RCBP-SP mostrou-se viável desde que obtivesse um patrocínio oficial. Atualmente, o RCBP-SP mantém convênio com a Prefeitura do Município de São Paulo através da Secretaria Municipal de Saúde e é financiado, também, pelo MS. A Secretaria de Estado da Saúde fornece parte dos dados, através da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) e o Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo sedia o RCBP-SP (RCBP-SP, 2011).

O RCBP-SP é um dos registros mais importantes e antigos do país, localizado na cidade com maior população e de maior poder econômico, concentrando um grande número de casos incidentes de câncer. A cobertura deste registro refere-se ao Município de São Paulo que possui uma área geográfica de 1.522,986 km2, essencialmente urbana (99%), correspondendo a 0,6% da área total do Estado de São Paulo e 0,02% do Brasil. De acordo com o último censo (2010) a população do Município é de 11.244.369 habitantes (IBGE, 2011), o que representa 27,3% da população do Estado e 5,9 % do país.

Atualmente, o RCBP-SP dispõe de 301 fontes de notificação, sendo 168 hospitais, 76 clínicas, 35 laboratórios de anatomia patológica, 2 serviços de verificação de óbitos e 20 Registros de Câncer de Base Hospitalar (RCBH). Os dados provenientes dos RCBH's são fornecidos pela Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP).

A coleta dos casos de câncer é realizada de duas formas: ativa e passiva. A coleta ativa compreende 245 fontes de notificação que são visitadas, periodicamente, por uma equipe de profissionais do RCBP-SP que registra as informações em ficha uma ficha padronizada (Anexo 3). As áreas de coleta de dados são divididas em cinco, a saber, Centro, Norte, Sul, Leste e Oeste (MIRRA et al., 2007).

A equipe deste registro é composta por uma coordenadora, uma vice- coordenadora, uma supervisora de base de dados, uma supervisora das fontes de notificação, cinco digitadores, sete registradores, um analista de sistema e uma comissão de assessoria científica (RCBP-SP, 2011).

Na base de dados do RCBP-SP são registrados os tumores malignos com comportamentos “in situ” e invasivo. Cabe ressaltar que, ao apresentar mais de uma neoplasia maligna primária os pacientes são registrados separadamente, porém com o mesmo número de registro. A classificação da topografia e da morfologia é feita conforme a 3a Classificação Internacional de Doenças para Oncologia – CID-O. Para a confirmação do diagnóstico são utilizados exames clínico, de imagem, macroscópico, observação no ato cirúrgico, histológico e necrópsia (MIRRA et al., 2007; RCBP-SP, 2011).

De acordo com a última publicação do RCBP-SP, as incidências de câncer foram de 283,0 e 304,2 casos novos, respectivamente, por 100.000 homens por

100.000 mulheres. Os coeficientes de mortalidade foram de 116,6 e 99,7 óbitos, respectivamente, por 100.000 homens e por 100.000 mulheres (RCBP-SP, 2011).

Além da incidência e mortalidade, cabe aos RCBP's produzirem informações sobre a sobrevida, e até o momento, esta análise não pode ser realizada neste registro, pois faltam informações sobre o seguimento destes pacientes. Para esta análise seria necessário conhecer o status vital (vivo ou morto) e a data da última informação e este foi o estímulo para desenvolver o presente trabalho.

Fazia-se necessário atualizar estas informações e, dado o volume de casos que deveriam ser constantemente levantados em prontuários, tal trabalho mostrava-se uma tarefa difícil e onerosa. Destaca-se que no período avaliado, de 1997 a 2005, o RCBP-SP apresentava 65% dos registros sem informação de seguimento, 76,4% de valores ignorados para o endereço e o preenchimento de menos de 1% do nome da mãe. Isso porque estas informações passaram a ser coletadas somente nos últimos cinco anos.

Desta maneira, sabendo-se da validade da técnica de linkage na melhora da qualidade da informação e de sua utilidade na completitude de bases de dados de estudos longitudinais com baixo custo operacional, decidiu-se fazer este estudo. Assumiu-se que, o processo de linkage possibilitará a estruturação de uma nova base de dados mais consistente e completa, que contribuirá para a organização de um sistema de informação epidemiológico de câncer no Município de São Paulo.

2. OBJETIVOS

2.1 Investigar a possibilidade de completar/aperfeiçoar as informações da base de dados do RCBP-SP, no período de 1997 a 2005, utilizando o processo de linkage com três outras bases, a saber: PRO-AIM, APAC-SIA/SUS e Fundação SEADE.

2.2 Calcular os coeficientes brutos de incidência e de mortalidade por câncer utilizando a base de dados do RCBP-SP, no período de 1997 a 2005, antes e após o processo de linkage.

2.3 Estimar a probabilidade de sobrevida global acumulada por câncer, segundo sexo, faixa etária e topografia utilizando a base de dados do RCBP-SP, no período de 1997 a 2005, antes e após o processo de linkage.

2.4 Propor pontos de corte nos escores calculados nos processos de linkage probabilístico da base de dados do RCBP-SP versus PRO-AIM e APAC- SIA/SUS, para as diversas topografias de câncer, calculando sua acurácia na detecção de pares verdadeiros.

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