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Registros de incêndios no Estado do Rio Grande do Sul de 1991 a 2012

AtlAsbrAsileirodedesAstresnAturAis – 1991 A 2012 – volumeriogrAndedosul incêndio FlorestAl

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O

incêndio florestal corresponde à classificação dos desastres naturais

relacionados com a intensa redução das precipitações hídricas. É um fenômeno que compõe esse grupo, pois a propagação do fogo está intrinsecamente relacionada com a redução da umidade ambiental e ocorre com maior frequência e intensidade nos períodos de estiagem e seca.

A classificação dos incêndios florestais está relacionada: ao estrato flo- restal, que contribui dominantemente para a manutenção da combustão; ao regime de combustão; e ao substrato combustível (CASTRO, 2003).

Este fenômeno pode ser provocado por: causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, concentração de raios solares por pe- daços de quartzo ou cacos de vidro em forma de lente e outras causas; im- prudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação de pequenas fogueiras, feitas em seus acampamentos; fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automotoras, consumi- doras de carvão ou lenha; perda de controle de queimadas, realizadas para limpeza de campos ou de sub-bosques; além de incendiários e/ou piroma- níacos. Pode iniciar-se de forma espontânea ou em consequência de ações e/ou omissões humanas. Mesmo neste último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los, pois facilitam a sua propaga- ção e dificultam o seu controle (CASTRO, 2003).

Para que um incêndio se inicie e se propague, é necessária a conjunção dos seguintes elementos condicionantes: combustíveis, comburente, calor e reação exotérmica em cadeia. A propagação é influenciada por fatores como: quantidade e qualidade do material combustível; condições climáti- cas, como umidade relativa do ar, temperatura e regime dos ventos; tipo de vegetação e maior ou menor umidade da carga combustível; e topografia da área (CASTRO, 2003).

Os incêndios atingem áreas florestadas e de savanas, como os cerrados e caatingas. De uma maneira geral, queimam mais facilmente: os restos ve- getais; as gramíneas, os líquens e os pequenos ramos e arbustos ressecados. A combustão de galhos grossos, troncos caídos, húmus e de raízes é mais lenta (CASTRO, 2003).

As ocorrências de incêndios florestais no Estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1991 e 2012, totalizaram 1 registro oficial. Para melhor vi-

sualização, o registro foi espacializado no Mapa 10, onde pode ser vista a localização do município afetado e seu respectivo número de registro.

De acordo com o Mapa 10, verifica-se que, dos 497 municípios somen- te 1 deles (0,2%) foi atingido por incêndio florestal, Salvador das Missões, , localizado na Mesorregião Noroeste Rio-Grandense, que teve 1 registro de desastre natural por incêndio decretado durante o período considerado.

Ao analisar o aspecto climático como predominante na deflagração des- se tipo de evento adverso, verifica-se, no Gráfico 29, que janeiro foi o único mês que apresentou ocorrência.

Em relação à frequência anual de incêndios, conforme se pode ob- servar no Gráfico 30, nos onze primeiros anos da pesquisa não foram re- gistrados desastres causados por incêndios florestais em documentos ofi- ciais da Defesa Civil.

Os incêndios, em condições naturais, podem ser iniciados localmen- te como consequência direta de condições meteorológicas propícias, tais como a falta de chuva, altas temperaturas, baixa umidade do ar, déficit hídri- co e ventos fortes (JUSTINO; ANDRADE, 2000).

Gráfico 29: Frequência mensal de registros de incêndios florestais no Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1991 a 2012 14 12 10 8 6 4 2 0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fr

equência Mensal

1

ATLASBRASILEIRODEDESASTRESNATURAIS – 1991 A 2012 – VOLUMERIOGRANDEDOSUL

INCÊNDIO FLORESTAL

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Ao se analisar o Infográfi co 9, o único ano que apresenta registro de incêndio é 1998, com 1 episódio do evento adverso.

Gráfi co 30: Frequência anual de registros de incêndios fl orestais no Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1991 a 2012

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 7 6 5 4 3 2 1 0 1 Fr equência anual Fonte: Brasil (2013)

Infográfi co 9: Síntese das ocorrências de incêndios fl orestais no Estado do Rio Grande do Sul

Incêndios Eventos por ano

Totais por ano 1 1

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total

SALVADOR DAS MISSÕES 1 1

0 0,5 1 1,5 Fonte: Brasil (2013)

Referências

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Banco de dados e registros de desastres: sistema integrado de

informações sobre desastres - S2ID. 2013. Disponível em: <http://s2id. integracao.gov.br/>. Acesso em: 10 mar. 2013.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres

naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p. JUSTINO, F. B.; ANDRADE, K. M. Programa de monitoramento de queimadas e prevenção de controle de incêndios fl orestais no arco do desfl orestamento na Amazônia (PROARCO). In: CONGRESSOS BRASILEIROS DE METEOROLOGIA - CBMET, 11., 2000, Rio de Janeiro.

Anais... Rio de Janeiro: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos,

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entre os fenômenos extremos que ocorrem no Brasil, os tornados são

pouco estudados. Isto se deve, principalmente, à dificuldade de mo- nitoramento e previsibilidade do fenômeno, que por sua vez reflete a súbita natureza dos tornados e a falta de equipamentos necessários para a sua correta identificação. De maneira geral, os tornados estão associados às tempestades severas que se desenvolvem em ambientes instáveis e formam- se na base de sistemas convectivos, também denominados de mesociclones ou supercélulas (MARCELINO; FERREIRA; CONFORTE; 2003).

Huschke (1959 apud DOSWELL; BRUGESS, 1993) define tornado como uma coluna de ar girando violentamente, pendente a uma nuvem cúmulos- -nimbus e quase sempre observado como uma “nuvem funil”. Para serem caracterizados como tornado, os ventos que formam o fenômeno devem causar danos na superfície terrestre.

Segundo a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRA- DE), proposta em 2012, o tornado é caracterizado por uma coluna de ar que gira de forma violenta e muito perigosa, estando em contato com a terra e a base de uma nuvem de grande desenvolvimento vertical. Essa coluna de ar pode percorrer vários quilômetros e deixa um rastro de destruição pelo ca- minho percorrido. Observa-se que esta definição não comenta sobre a “nu- vem funil”, uma das principais características do tornado.

A tromba d´água é um tipo de tornado que ocorre sobre oceanos, gran- de lagos ou lagoas ou, ainda, sobre qualquer superfície aquática ampla o su- ficiente para o seu deslocamento. Contudo, é comum haver o incorreto em- prego do termo tromba d’água para intensas e concentradas precipitações ou para ondas de cheias originadas nas cabeceiras das bacias hidrográficas e que se deslocam rapidamente pelo canal.

Conforme argumentam Brooks e Doswell (2001), os tornados têm sido observados em todos os continentes, exceto na Antártica. No Brasil, os tor- nados eram eventos praticamente desconhecidos para a grande maioria da população há apenas algumas décadas, mas cuja ocorrência tem sido men- cionada com maior frequência. Entre 1960 e 2008, mais de 158 episódios de tornados foram registrados, principalmente nos estados da Região Sul e em alguns das Regiões Sudeste e Centro-Oeste (SILVA DIAS, 2011). Esta tendência é também apresentada por Nascimento (2005), que demonstra

que a região Sul do Brasil é uma das mais favoráveis para a ocorrência de tempestades severas e, consequentemente, de tornados.

Devido à grande dificuldade de inserir equipamentos de medição no interior dos tornados, há uma ampla utilização da estimativa da intensidade do fenômeno, que é realizada através de medições de radares doppler e de avaliação dos danos em campo. Existem diversas escalas para a classifi- cação conforme os danos ocasionados, entretanto a mais utilizada é escala Fujita – Pearson (Tabela 18) (KOBIYAMA et al., 2006; MARCELINO; MARCE- LINO; SUSEN, 2007).

Ressalta-se que, de maneira geral, há uma confusão entre o registro de tornado e o de vendaval. Quando a destruição for ocasionada por uma “nuvem funil” ou “redemoinho” e a destruição seguir uma trajetória linear, tratar-se-á de um tornado. Quando a destruição for causada por ventos abrangendo uma extensa área, tratar-se-á de um vendaval (KOBIYAMA et al., 2006). Como no Brasil o monitoramento de tempestades severas em escala local, bem como os sistemas de alerta para eventos extremamente súbitos, como os tornados, ainda são incipientes, a correta identificação do fenôme- no contribui para a identificação de locais mais susceptíveis à sua ocorrência.

Registros das Ocorrências

O estado do Rio Grande do Sul possui 8 registros oficiais de tornado

entre os anos de 1991 e 2012. O Mapa 11 apresenta a distribuição espacial desses registros no território gaucho, indicando que a maioria dos eventos

Tabela 18: Escala de intensidade Fujita-Pearson

Escala Categoria Intensidade (km/h) Comprimento (km) Largura (m) Danos

F0 Fraco 65-116 0 – 1,6 0 – 16 Leves F1 Fraco 119-177 1,6 – 5 17 – 50 Moderados F2 Forte 180-249 5,1 – 15,9 51 – 160 Consideráveis F3 Forte 252-332 16 – 50 161 – 508 Severos F4 Violento 335-418 51 – 159 540 – 1.400 Devastadores F5 Violento 421-512 161 - 507 1.600 – 5.000 Incríveis

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ocorreu na mesorregião Noroeste Rio-Grandense, com exceção de apenas 2 eventos, registrados nas mesorregiões Metropolitana de Porto Alegre e Nordeste Rio-Grandense.

Dos oito tornados que causaram desastres, 2 ocorrem em Braga e ou- tros 2 em Três de Maio. Os municípios de Canela, Muitos Capões, Seberi e Trindade do Sul registraram 1 evento cada. Diferentemente dos desastres hi- drológicos, como inundações e alagamentos, os fatores antrópicos não con- tribuem de maneira significativa para a deflagração desse tipo de fenômeno. Dessa maneira, a relação entre população e desastres naturais, observada nos demais desastres, não se aplica para as ocorrências de tornado.

O Gráfico 31 apresenta a frequência anual de tornados no Estado do Rio Grande do Sul. Dos quatro tornados registrados em 2003, três o foram na mesma data, nos municípios de Braga, Seberi e Trindade do Sul, que des- creveram os desastres como tromba d’água associada a vendaval e granizo, com intensas chuvas. Como já comentado, a tromba d’água é a ocorrência de um tornado sobre uma superfície aquática. Dessa maneira, os eventos

registrados por esses municípios podem estar mais relacionados a intensas precipitações e/ou vendavais resultantes de tempestades severas.

Como demonstra o Gráfico 32, a maior parte dos desastres ocorreu nos meses de outubro e novembro. Dos quatro eventos ocorridos em 2003, três ocorreram em outubro. Conforme o CPTEC/INPE (2003), no mês de outubro de 2003, a maioria dos sistemas frontais esteve associada à formação de ci- clogêneses que causaram chuvas, ventos fortes e queda de granizo na Re- gião Sul do Brasil, o que pode explicar a formação de tempestades severas e os eventos extremos registrados.

Ressalta-se que a ocorrência de tornados no estado ainda é pouco es- tudada e registrada, o que impede o estabelecimento de uma tendência mensal apenas por meio dos registros oficiais.

Os oito tornados registrados no Rio Grande do Sul durante o período de análise afetaram mais de 17 mil pessoas, deixando 781 pessoas desabri- gadas, 1.045 desalojadas e 3 falecidas (Gráfico 33). A Tabela 19 apresenta to- dos os danos reportados pelos municípios em cada evento. Mais de 50% das pessoas afetadas ao longo dos 22 anos analisados referem-se ao município Gráfico 31: Frequência anual de tornados no Estado do Rio

Grande do Sul, no período de 1991 a 2012

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 7 6 5 4 3 2 1 0 2 1 1 4 Fr equência anual Fonte: Brasil (2013)

Gráfico 32: Frequência mensal de tornados no Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1991 a 2012 5 4 3 2 1 0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fr equência Mensal 1 1 1 3 2 Frequência Fonte: Brasil (2013)

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de Canela. A descrição desse evento demonstra a sua magnitude. Segundo o Jornal do Comércio (TORNADO..., 2013):

O cenário é de destruição. São mais de 200 árvores derrubadas, cente- nas de imóveis destruídos, uma fábrica inteira de móveis arruinada, ruas de- tonadas, esgotos entupidos, postes de luz arrancados. Vamos precisar muito

da ajuda dos governos estadual e federal. É triste ver uma família se abraçar e dizer que em um minuto perdeu tudo que construiu em uma vida inteira.

Em Muitos Capões o tornado percorreu 48 km e, com base na classifi- cação de danos, na sua intensidade máxima foi classificado como F3, prin- cipalmente quando se deslocava pela sede municipal (MARCELINO; MAR- CELINO; SUSEN, 2007). A Figura 18 apresenta as características do tornado. Diferentemente dos vendavais, o tornado segue uma trajetória, geralmente retilínea, como mostra a figura, e os danos ocorrem em uma faixa estreita e adjacente à sua trajetória.

Os danos materiais provocados pelos tornados são apresentados no Gráfico 34. Os oito eventos registrados danificaram mais de 1.000 habita- ções, destruindo outras 126. Na grande parte dos municípios, de maneira geral, o maior número de edificações corresponde àquelas destinadas à ha- Gráfico 33: Danos humanos relacionados aos tornados no

Estado do Rio Grande do Sul (1991-2012)

Mor tos Feridos Enfermos Desabriga - dos Desalojados Afetados 17.208 1.045 3 102 23 781 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Númer o de pessoas a tingidas Fonte: Brasil (2013)

Tabela 19: Danos humanos relacionados aos eventos de tornados (1991-2012)

Ano Município Desabrigados Desalojados Mortos Afetados

2010 Canela 11 200 - 10.000 2009 Três de Maio - 350 1 4.500 2003 Seberi 270 456 - 1.257 2003 Trindade do Sul 500 30 2 1.101 2003 Braga - 9 - 224 2003 Braga - - - 126 2005 Muitos Capões - - - - 2010 Três de Maio - - - - Fonte: Brasil (2013)

Figura 18: Classificação do rastro do tornado em Muitos Capões - RS

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bitação. Dessa maneira, um evento de tornado, que ocorre dentro de uma faixa espacial estreita, pode afetar muitas residências.

Conforme comentado, os tornados são raros no Brasil, principalmente quando comparados com outros tipos de fenômenos extremos. Contudo, com o avanço da tecnologia e a popularização de aparelhos eletrônicos, o seu registro tem melhorado, mesmo que extraofi cialmente. Dessa maneira, muitos eventos que seriam equivocadamente registrados como vendavais têm sido corretamente registrados como tornados.

No Rio Grande do Sul, alguns eventos foram analisados com maior de- talhe, como o de Muitos Capões. Este tipo de estudo auxilia no entendimen- to do fenômeno e na correta caracterização e classifi cação.

O correto registro auxilia no processo de prevenção e em futuros estu- dos sobre os tornados, que ainda são incipientes no Brasil.

O Infográfi co 10 apresenta uma síntese dos registros de tornado no Es- tado do Rio Grande do Sul.

Gráfi co 34: Edifi cações destruídas e danifi cadas por tornados no Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1991 a 2012 1.200 1.000 800 600 400 200 0 Destruídas Edifi cações Saúde Ensino

Comunitários Habitações Infraestrutur

a Danifi cadas 3 1 1 16 126 1.081 Fonte: Brasil (2013)

Infográfi co 10: Municípios atingidos por tornados no período de 1991 a 2012

Tornados Eventos por ano

Totais por ano 4 1 1 2 8

Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total BRAGA 2 2 CANELA 1 1 MUITOS CAPÕES 1 1 SEBERI 1 1 TRÊS DE MAIO 1 1 2 TRINDADE DO SUL 1 1 0 2 4 6 Fonte: Brasil (2013)

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Referências

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Banco de dados e registros de desastres: sistema integrado de

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Cachoeira Paulista: INPE, v. 18, n. 10, out. 2003.

DOSWELL, C. A.; BURGESS, D. W. Tornadoes and tornadic storms: A review of conceptual models. In: CHURCH, C. et al. The tornado: its structure, dynamics, prediction, and hazards. Geophysical Monograph, [S. l.], n. 79, p.

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MARCELINO, I. P. V. O; MARCELINO, E. V.; SUSEN, T. M. Tornado ocorrido em Muitos Capões – RS no dia 29/08/2005. Santa Maria: Centro Regional

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NASCIMENTO, E. L. Previsão de tempestades severas utilizando-se parâmetros convectivos e modelos de mesoescala: uma estratégia

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br/site/noticia.php?codn=34834>. Acesso em: 10 jul. 2013.

SILVA DIAS, M. A. F. An increase in the number of tornado reports in Brazil.

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A

s geadas, de acordo com o COBRADE, compõem o grupo de desas- tres naturais meteorológicos relacionados à ondas de frio.

A geada é formada pelo congelamento direto do vapor d’água existente na atmosfera, sem passagem pela forma líquida, e ocorre quando a temperatura ambiental cai a níveis abaixo de 0 °C (KOBIYAMA et al., 2006). Nessas condições, o orvalho congela-se, transformando-se em geada. Ca- racteriza-se pelo “depósito de gelo cristalino, sobre superfícies expostas ao ar livre, em forma de agulhas ou de prismas, ramificados ou não, de escamas, ou de leque” (VAREJÃO SILVA, 2001).

Conforme Castro (2003), as madrugadas de noites frias, estreladas e cal- mas são mais propensas ao fenômeno, com maior intensidade nos fundos de vales e regiões montanhosas e, menos intensamente, nas encostas mais ensolaradas.

Quanto aos processos de formação, as geadas podem ser divididas em: geada de advecção, provocada por ventos fortes com temperaturas muito baixas em decorrência da passagem de massas polares e capaz de atingir grandes extensões de áreas; e geada de radiação, que ocorre devido ao res- friamento intenso da superfície, que perde energia durante as noites de céu limpo, e sob o domínio de sistemas de alta pressão, sendo essa mais locali- zada (AYOADE, 1998 apud KOBIYAMA et al., 2006). Quanto ao aspecto visual podem ser reconhecidas como geada negra, mais rara e severa, formada em condições de pouca umidade; e geada branca, quando, em condições de maior umidade do ar, existe efetivamente o congelamento de água.

A geada negra significa invariavelmente danos à vegetação e agricultu- ra, enquanto que a geada branca, nem sempre produze danos (MOTA, 1983). Com a baixa temperatura forma-se a geada, provocando o congelamento da seiva das plantas e podendo causar grandes prejuízos às culturas perenes e às culturas de inverno, plantadas nas regiões com climas subtropicais de al- titude (ABREU; RIBEIRO, 2010). No Brasil, os maiores prejuízos ocorrem com as plantações de café, fumo, frutas cítricas e demais frutas de clima tempera- do e produtos hortigranjeiros. A pecuária, principalmente leiteira, é atingida pela interrupção no crescimento das pastagens nativas (CASTRO, 2003).

A ocorrência de geada está associada com massas de ar de origem po- lar, estacionária ou em deslocamento. Tais massas caracterizam-se por baixa temperatura, baixo teor de umidade e ausência de nebulosidade (MONTEI-

RO, 2001). A geada acontece com mais frequência em regiões elevadas e frias, onde as massas polares são mais atuantes. No Brasil, ela ocorre, princi- palmente, nos planaltos da Região Sul e nas áreas montanhosas da Região Sudeste.

Pela localização do estado, o clima do Rio Grande do Sul é caracteriza- do como Subtropical (ou Mesotérmico), dividido, segundo a classificação de Köppen (1948), em mesotérmico úmido com verão quente e geadas menos frequentes (Cfa) e mesotérmico úmido com verão brando e geadas severas e frequentes (Cfb), em regiões mais altas.

Neste sentido, o estado apresentou 14 registros oficiais de desastres

por geadas entre os anos de 1991 e 2012, espacializados no Mapa 12.

Os fatores geográficos como a latitude, continentalidade e o relevo exercem significativa importância na distribuição das geadas no Estado do Rio Grande do Sul. Assim, as geadas localizam-se principalmente em áreas do Planalto Meridional, onde o clima é classificado como Cfb por Köppen (1948). Os municípios afetados foram: Montenegro, Pareci Novo, São José do Sul, localizados na Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre; Água Santa, Charrua, Doutor Maurício Cardoso, Liberato Salzano, Novo Machado, Santa Cecília do Sul, Tapejara, Tucunduva e Vila Lângaro, localizados na Me- sorregião Noroeste Rio-Grandense.

Este tipo de desastre natural é considerado comum no inverno, onde a temperatura fica mais baixa e a penetração de massas polares é maior e mais frequente. A passagem de Sistemas Frontais pode causar quedas bruscas de