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REGRAS RELATIVAS À CONSTITUIÇÃO DOS TIPOS SOCIAIS

No documento As Regras do Método Sociológico (páginas 59-69)

Visto que um fato social só pode ser qualificado de normal ou de anormal em relação a uma espécie social determinada, o que precede implica que um ramo da sociologia é dedicado à constituição dessas espécies e à sua classificação.

Essa noção de espécie social tem, aliás, a grande vantagem de nos fornecer um meio-termo entre as duas concepções contrárias da vida coletiva que por muito tempo dividiram os espíritos: refiro-me ao nominalismo dos historiadores) e ao realismo extremo dos filósofos. Para o historiador, as sociedades constituem individualidades heterogêneas, incomparáveis entre si. Cada povo tem sua fisionomia, sua constituição específica, seu direito, sua moral, sua organização econômica que convêm só a ele, e toda generalização é praticamente impossível. Para o filósofo, ao contrário, todos esses agrupamentos particulares, que chamamos tribos, cidades, nações, não são mais que combinações contingentes e provisórias sem realidade própria. Apenas a humanidade é real e é dos atributos gerais da natureza humana que decorre toda a evolução social. Para os primeiros, portanto, a história não é senão uma seqüência de acontecimentos que se encadeiam sem se reproduzir; para os segundos, esses mesmos acontecimentos só têm valor e interesse como ilustração das leis gerais que estão inscritas na constituição do homem e que dominam todo o desenvolvimento histórico. Para aqueles, o que é bom para uma sociedade não poderia aplicar-se às outras. As condições do estado de saúde variam de um povo a outro e não podem ser determinadas teoricamente; é uma questão de prática, de experiência, de tentativas. Para os outros, essas condições podem ser calculadas de uma vez por todas e para o gênero humano inteiro. Parecia, portanto, que a realidade social ou seria o objeto de uma filosofia abstrata e vaga, ou de monografias puramente descritivas. Mas escapamos a essa alternativa tão logo reconhecemos que, entre a multidão confusa das sociedades históricas e o conceito único, mas ideal, da humanidade, existem intermediários: são as espécies sociais. Na idéia de espécie, com efeito, acham-se reunidas tanto a unidade que toda pesquisa verdadeiramente científica exige, como a diversidade que é dada nos fatos, já que a espécie é a mesma em todos os indivíduos que

dela fazem parte e, por outro lado, as espécies diferem entre si: Continua sendo verdade que as instituições morais, jurídicas, econômicas, etc. são infinitamente variáveis, mas essas variações não são de natureza a não permitir nenhuma apreensão pelo pensamento científico.

Foi por ter desconhecido a existência de, espécies sociais que Comte julgou poder representar o progresso das sociedades humanas como idêntico ao de um povo único "ao qual seriam idealmente referidas todas as modificações consecutivas observadas nas populações distintas". É que, de fato, se existe apenas uma única espécie social, as sociedades particulares não podem diferir entre si a não ser em graus, conforme apresentem mais ou menos completamente os traços constitutivos dessa espécie única, conforme exprimam mais ou menos perfeitamente a humanidade. Se, ao contrário, existem tipos sociais qualitativamente distintos uns dos outros, não se poderá fazer que eles se unam exatamente como as seções homogêneas de uma reta geométrica, por mais que os aproximemos< O desenvolvimento histórico perde deste modo a unidade ideal e simplista que lhe atribuíam; ele se fragmenta, por assim dizer, numa infinidade de pedaços que, por diferirem especificamente uns dos outros, não poderiam ligar- se de maneira contínua. A famosa metáfora de Pascal, retomada depois por Comte, mostra-se assim desprovida de verdade.

Mas como fazer para constituir tais espécies?

À primeira vista, pode parecer que não haja outra maneira de proceder senão estudar cada sociedade em particular, fazer dela uma monografia tão exata e tão completa quanto possível, a seguir comparar todas essas monografias entre si, ver em que ponto elas concordam e em que ponto divergem e, então, conforme a importância relativa dessas similitudes e dessas divergências, classificar os povos em grupos semelhantes ou diferentes. Em apoio a esse método, faz-se notar que ele só é admissível numa ciência de observação. A espécie, com efeito, é o resumo dos indivíduos; portanto, como constituí-Ia se não se começa por descrever cada um deles e por descrevê-lo inteiramente? Acaso não é uma regra a de somente elevarse ao geral após se ter observado o particular e todo 0 particular? Foi por essa razão que se quis às vezes adiar a sociologia até uma

época indefinidamente remota, em que a história, no estudo que realiza das sociedades particulares, terá chegado a resultados suficientemente objetivos e definidos para poderem ser proveitosamente comparados.

Mas, em realidade, essa cautela só aparentemente é científica. É inexato, com efeito, que a ciência só possa instituir leis após ter passado em revista todos os fatos que elas exprimem, ou só formar gêneros após ter descrito, em sua integralidade, os indivíduos que eles compreendem. O verdadeiro método experimental tende, antes, a substituir os fatos vulgares - que só são demonstrativos com a condição de serem numerosos e que, portanto, permitem apenas conclusões sempre suspeitas - por fatos decisivos ou crucíctis, como dizia Bacon3, que, por si mesmos e independentemente de seu número, têm um valor e um interesse científicos. É sobretudo necessário proceder deste modo quando se trata de constituir gêneros e espécies. Pois fazer, o inventário de todas as características de um indivíduo é um problema insolúvel. Todo indivíduo é um infinito e o infinito não pode sei esgotado. Iremos nos ater às propriedades mais essenciais? Mas com base em que princípio faremos a triagem? Para isso é preciso um critério que supere o indivíduo e que as monografias mais bem-feitas não poderiam, portanto, nos fornecer. Mesmo sem levar as coisas a esse rigor, pode-se prever que, quanto mais numerosos os caracteres que servirão de base à classificação, tanto mais difícil será que as diversas maneiras como eles se combinam nos casos particulares apresentem semelhanças bastante claras e diferenças bastante nítidas para permitir a constituição de grupos e subgrupos definidos.

Mas ainda que uma classificação fosse possível com base nesse método, ela teria o grande defeito de não prestar os serviços que são sua razão de ser. Com efeito, ela deve, antes de tudo, ter por objeto abreviar o trabalho científico ao substituir a multiplicidade indefinida dos indivíduos por um número restrito de tipos. Mas ela perde essa vantagem se esses tipos só forem constituídos após todos os indivíduos terem sido passados em revista e analisados inteiramente. Uma tal classificação não facilitará muito a pesquisa, se não fizer mais que resumir as pesquisas já feitas. Ela só será verdadeiramente útil se nos permitir

classificar outros caracteres que não aqueles que lhe servem de base, se nos proporcionar quadros para os fatos futuros. Seu papel é o de nos munir de pontos de referência aos quais possamos relacionar outras observações que não aquelas que nos forneceram esses próprios pontos de referência. Mas, para isso, é preciso que ela seja feita, não a partir de um inventário completo de todos os caracteres individuais mas a partir de um pequeno número deles, cuidadosamente escolhidos. Nessas condições, ela não servirá apenas para pôr um pouco de ordem nos conhecimentos já obtidos; servirá para produzir outros. Ela poupará muitos passos ao observador, porque irá guiá-lo: Assim, uma vez estabelecida a classificação sobre esse princípio, para saber se um fato é geral numa espécie, não será necessário ter observado todas as sociedades dessa espécie; algumas serão suficientes. Inclusive, em muitos casos, bastará somente uma observação bem-feita, assim como uma experiência bem conduzida é suficiente, muitas vezes, para o estabelecimento de uma lei.

Devemos portanto escolher para nossa classificação caracteres particularmente essenciais. É verdade que não se pode conhecê-los a não ser que a explicação dos fatos esteja suficientemente avançada. Essas duas partes da ciência são solidárias e progridem uma através da outra. No entanto, mesmo sem avançar muito no estudo dos fatos, não é difícil conjeturar onde é preciso buscar as propriedades características dos tipos sociais. Sabemos, com efeito, que as sociedades são compostas de partes reunidas umas às outras. Já que a natureza de toda resultante depende necessariamente da natureza, do número dos elementos componentes e de seu modo de combinação, esses caracteres são evidentemente aqueles que devemos tomar por base, e veremos a seguir, com efeito, que é deles que dependem os fatos gerais da vida social. Por outro lado, como eles são de ordem morfológica, poderíamos chamar Morfologia social a parte da sociologia que tem por tarefa constituir e classificar os tipos sociais.

Pode-se inclusive precisar ainda mais o princípio dessa classificação. Sabe- se, com efeito, que as partes constitutivas de que é formada toda sociedade são sociedades mais simples do que ela. Um povo é formado pela reunião de dois ou vários povos que o precederam. Portanto, se conhecêssemos a sociedade mais

simples que até hoje existiu, precisaríamos apenas, para fazer nossa classificação, seguir a maneira como essa sociedade se compõe consigo mesma e como seus compostos se compõem entre si.

Spencer compreendeu muito bem que a classificação metódica dos tipõs sociais não podia ter outro fundamento.

"Vimos, diz ele, que a evolução social começa por pequenos agregados simples; que ela progride pela união de alguns desses agregados em agregados maiores e que, após se consolidarem, esses grupos se unem com outros semelhantes a eles para formar agregados ainda maiores. Nossa classificação deve portanto começar por sociedades da primeira ordem, isto é, da mais simples."

Infelizmente, para pôr esse princípio em prática, seria preciso começar por definir com precisão o que se entende por sociedade simples. Ora, essa definição, não apenas Spencer não a dá, como também a considera mais ou menos impossível5. É que a simplicidade, tal como ele a entende, consiste essencialmente numa certa rudeza de organização. Ora, não é fácil dizer com exatidão em que momento a organização social é suficientemente rudimentar para ser qualificada de simples; é uma questão de apreciação. Assim, a fórmula que ele oferece é tão vaga que convém a todo tipo de sociedades. "Nada de melhor temos a fazer, diz ele, do que considerar como sociedade simples aquela que forma um todo não subordinado a outro e cujas partes cooperam com ou sem centro regulador, tendo em vista certos fins de 'interesse público."6 Mas há muitos povos que satisfazem a essa condição. Disso resulta que ele confunde, um pouco ao acaso, sob essa mesma rubrica, todas as sociedades menos civilizadas. Imagine- se o que pode ser, com semelhante ponto de partida, o resto de sua classificação. Vemos aproximadas nela, na mais espantosa confusão, as sociedades mais diversas: os gregos homéricos postos ao lado dos feudos do século X e abaixo dos bechuanas, dos zulus e dos fijianos, a confederação ateniense ao lado dos feudos da França dó século XIII e abaixo dos iroqueses e dos araucanos.

A palavra simplicidade só tem sentido definido se significar uma ausência completa de partes. Por sociedade simples, portanto, deve-se entender toda

sociedade que não encerra outras, mais simples do que ela; que não apenas está segmentação anterior. A horda, tal como a definimos alhures, corresponde exatamente a essa definição. Tratase de um agregado que não compreende e jamais compreendeu em seu seio nenhum outro agregado mais elementar, mas que se decompõe imediatamente em indivíduos. Estes não formam, no interior do grupo total, grupos especiais e diferentes do precedente; eles se justapõem à maneira de átomos. Concebe-se que não possa haver sociedade mais simples; esse é o protoplasma do reino social e, conseqüentemente, a base natural de toda classificação.

É verdade que talvez não exista sociedade histórica que corresponda exatamente a essa identificação; mas, tal como mostramos no livro já citado, conhecemos uma quantidade delas que são formadas, imediatamente e sem outro intermediário, por uma repetição de hordas. Quando a horda se torna, assim, um segmento social em vez de ser a sociedade inteira, ela chama-se clã; mas conserva os mesmos traços constitutivos. O clã, com efeito, é um agregado social que não se decompõe em nenhum outro, mais restrito. Poderão talvez assinalar que, geralmente, lá onde o observamos hoje, ele encerra uma pluralidade de famílias particulares. Mas, em primeiro lugar, por razões que não podemos desenvolver aqui, cremos que a formação desses pequenos grupos familiares é posterior ao clã; além disso, essas famílias não constituem, para falar com exatidão, segmentos sociais porque elas não são divisões políticas. Onde quer que o encontremos, o clã constitui a última divisão desse gênero. Em conseqüência, ainda que não tivéssemos outros fatos para postular a existência da horda - e eles existem, como teremos a ocasião de expor um dia -, a existência do clã, isto é, de sociedades formadas por uma reunião de hordas, nos autoriza a supor que houve primeiramente sociedades mais simples que se reduziam à horda propriamente dita e a fazer desta o tronco de onde saíram todas as espécies sociais.

Uma vez estabelecida essa noção de horda ou sociedade de segmento único - seja ela concebida como uma realidade histórica ou como um postulado da ciência -, tem-se o ponto de apoio necessário para construir a escala completa dos

tipos sociais. Iremos distinguir tantos tipos fundamentais quantas maneiras houver, para a horda, de se combinar consigo mesma dando origem a sociedades novas, e, para estas, de se combinarem entre si. Encontraremos primeiramente agregados formados por uma simples repetição de hordas ou de clãs (para dar- lhes seu novo nome), sem que esses clãs estejam associados entre si de maneira a formar grupos intermediários entre o grupo total que compreende a todos e cada um deles. Eles estão simplesmente justapostos como os indivíduos da horda. Encontram-se exemplos dessas sociedades, que poderiam ser chamadas polissegmentares simples, em certas tribos iroquesas e australianas. O arch, ou tribo da Cabília, tem o mesmo caráter; trata-se de uma reunião de clãs fixados em forma de aldeias. Muito provavelmente, houve um momento na história em que a cúria romana e a fratria ateniense eram sociedades desse gênero. Acima viriam as sociedades formadas por uma reunião de sociedades da espécie precedente, isto é, as sociedades polissegmentares simplesmente compostas. Tal é o caráter da confederação iroquesa, daquela formada pela reunião das tribos cabilas; o mesmo aconteceu, na origem, com cada uma das três tribos primitivas cuja associação deu origem, mais tarde, à cidade romana. Encontraríamos a seguir as sociedades polissegmentares duplamente compostas, que resultam da justaposição ou da fusão de várias sociedades polissegmentares simplesmente compostas. É o caso da cidade, agregado de tribos, que são elas próprias agregados de cúrias, que, por sua vez, se decompõem em gentes ou clãs, e da tribo germânica, com seus condados, que se subdividem em centenas, os quais, por sua vez, têm por unidade última o clã transformado em aldeia.

Não precisamos desenvolver nem levar mais adiante essas poucas indicações, já que não é o caso de efetuar aqui uma classificação das sociedades. Esse é um problema demasiado complexo para poder ser tratado assim, de passagem; ele supõe, ao contrário, todo um conjunto de longas e especiais pesquisas. Quisemos apenas, por alguns exemplos, precisar as idéias e mostrar como deve ser aplicado o princípio do método. Inclusive não se deveria considerar o que precede como sendo uma classificação completa das sociedades inferiores. Simplificamos um pouco as coisas para maior clareza. Supusemos, com efeito,

que cada tipo superior era formado por uma repetição de sociedades de um mesmo tipo, a saber, do tipo imediatamente inferior. Ora, não é impossível que sociedades de espécies diferentes, situadas em diferentes níveis da árvore genealógica dos tipos sociais, se reúnam de maneira a formar uma espécie nova. Sabe-se de pelo menos um caso: o Império romano, que compreendia em seu interior povos das mais diversas naturezas.

Mas, uma vez constituídos esses tipos, será preciso distinguir em cada um deles variedades diferentes, conforme as sociedades segmentares, que servem para formar a sociedade resultante, conservem uma certa individualidade, ou então, ao contrário, sejam absorvidas na massa total. Compreende-se, com efeito, que os fenômenos sociais devem variar, não apenas segundo a natureza dos elementos componentes, mas segundo seu modo de composição; eles devem sobretudo ser muito diferentes, conforme cada um dos grupos parciais conserve sua vida local ou sejam todos arrastados na vida geral, isto ê, conforme estejam mais ou menos estreitamente concentrados. Deveremos portanto investigar se, num momento qualquer, se produz uma coalescência completa desses segmentos. Reconheceremos que ela ocorre se a composição original da sociedade não mais afetar sua organização administrativa e política. Desse ponto de vista, a cidade distingue-se nitidamente das tribos germânicas. Nestas últimas, a organização à base de clãs se manteve, embora apagada, até o término de sua história, ao passo que, em Roma, em Atenas, as gentes e as Évil deixaram muito cedo de ser divisões políticas para se tornarem agrupamentos privados.

No interior dos lineamentos assim constituídos, poder-se-á buscar introduzir novas distinções a partir dos caracteres morfológicos secundários. Entretanto, por razões que daremos mais adiante, não julgamos muito possível superar com proveito as divisões gerais que acabam de ser indicadas. Além disso, não precisamos entrar nesses detalhes, bastando-nos ter estabelecido o princípio de classificação que pode ser assim enunciado: Começar-se-á por classificar as sociedades de acordo com o grau de composição que elas apresentam, tomando por base a sociedade perfeitamente simples ou de segmento único; no interior dessas classes, distinguir-se-ão variedades diferentes conforme se produza ou

não uma coalescência completa dos segmentos iniciais.

Essas regras respondem implicitamente a uma questão que o leitor talvez se tenha colocado ao nos ver falar de espécies sociais como se elas existissem, sem termos diretamente estabelecido sua existência. Essa prova está contida no princípio mesmo do método que acaba de ser exposto.

Acabamos de ver, com efeito, que as sociedades não eram mais que combinações diferentes de uma mesma e única sociedade original. Ora, um mesmo elemento só pode compor-se consigo mesmo, e os compostos que dele resultam só podem, por sua vez, compor-se entre si, segundo um número de modos limitado, sobretudo quando os elementos componentes são pouco numerosos, como é o caso dos segmentos sociais. A gama de combinações possíveis é portanto finita e, por conseguinte, a maior parte delas, pelo menos, deve se repetir. Do que se conclui que há espécies sociais. É possível, aliás, que algumas dessas combinações se produzam apenas uma vez. Isso não impede que haja espécies. Apenas se dirá, nesse caso, que a espécie tem somente um indivíduo.

Há portanto espécies sociais pela mesma razão que existem espécies em biologia. Estas, com efeito, devem-se ao fato de os organismos não serem senão combinações variadas de uma mesma unidade anatômica. Há todavia, desse ponto de vista, uma grande diferença entre os dois reinos. Pois, entre os animais, um fator especial confere aos caracteres específicos uma força de resistência que os outros não têm: é a geração. Os primeiros, por serem comuns a toda a linhagem dos ascendentes, estão bem mais fortemente enraizados no organismo. Portanto eles não se deixam facilmente afetar pela ação dos meios individuais, mas se mantêm idênticos a si mesmos, apesar da diversidade das circunstâncias exteriores. Há uma força interna que os fixa a despeito das solicitações para variar que podem vir de fora: a força dos hábitos hereditários. Por isso eles são claramente definidos e podem ser determinados com precisão. No reino social, falta-lhes essa causa interna. Os caracteres não podem ser reforçados pela geração, porque duram apenas uma geração. É de regra, com efeito, que as sociedades engendradas sejam de outra espécie que as sociedades geradoras,

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