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Capítulo 2 Sustentabilidade e Ambiente Construído

2.3 Regulamentação em Portugal

Portugal tem acompanhado o esforço quanto às políticas energéticas, evoluindo para isso na aplicação de regulamentos cada vez mais exigentes, indo ao encontro de construções mais sustentáveis e amigas do ambiente. Previamente a 1990, antes da criação do Regulamento das Caraterísticas de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) não existiam, em Portugal, requisitos térmicos para os edifícios. Desde então, a preocupação com a utilização de melhores materiais e técnicas construtivas tem proporcionado uma evolução ao nível de otimização de recursos. A fase de projeto constitui a etapa mais importante porque é nesta que são definidos fatores como a forma e orientação da habitação (melhor aproveitamento solar), dispositivos de sombreamento, localização das janelas, isolamento pelo exterior, etc. Na Figura 2.9 é retratada cronologicamente toda a evolução das políticas energéticas em Portugal.

Figura 2.9 Evolução das Políticas Energéticas em Portugal

Desenvolvimento dos acontecimentos [13]:

 1990, Decreto-Lei n.º 40/90, de 6 de Fevereiro – A introdução desta primeira regulamentação em 1990, patenteou uma alteração notável na prática construtiva, enxerindo um novo projeto de especialidade, até então ausente. Com o RCCTE passou- se a observar o emprego de isolamento térmico na zona corrente da envolvente e apareceram novos cuidados na conceção dos edifícios, sendo dada atenção às pontes térmicas, nomeadamente na configuração da alvenaria de forma a colmatar as pontes térmicas planas e a inércia térmica no comportamento universal do edifício. Estas alterações levaram ao aparecimento de patologias (fissuração) nas fachadas junto aos cunhais, vãos, juntas e de apoio dos panos exteriores de alvenaria. Foram propostas correções simples e duplas, com a aplicação de alvenaria de 4 cm em vigas e de 7 cm em pilares de forma a reduzir as perdas térmicas, o que teve pouca expressão embora que tenham contribuído para a redução parcial do problema da condensação superficial nesses elementos. No primeiro RCCTE (1990), somente eram contabilizadas as necessidades energéticas de inverno e verão, ficando desprezadas as perdas pelos componentes em contato com o solo e não se calculavam as perdas por pontes térmicas lineares.

 1998, Decreto-Lei n.º 118/98, de 7 de Maio – Com este Decreto-Lei foi aprovado o Regulamento dos Sistemas de Climatização em Edifícios (RSECE). Este regulamento saiu voltado para os grandes edifícios de comércio e serviços, em que os sistemas técnicos têm maior impacto. Contudo apenas teve responsabilidade técnica. Foi também neste ano, como já mencionado anteriormente, que surgiu o Protocolo de Quioto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas.

 2002, Diretiva 2002/91/CE, de 16 de Dezembro - É aprovada a Diretiva relativa ao desempenho energético dos edifícios EPDB (Energy Perfomance of Buildings Directive).

Com a diretiva é instituída uma tabela de referência comum para os países da União relativamente ao desempenho energético dos edifícios, quantificação das necessidades energéticas, emissões de CO2 e classificação energética, vincando aqui a importância de mudança na tentativa de tornar os edifícios menos poluentes. Esta diretiva foi transposta para o ordenamento jurídico nacional através de três legislações, o Decreto- Lei n.º 78/2006, de 4 de abril, que aprovou o Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios, o Decreto-Lei n.º 79/2006, de 4 de abril, que aprovou o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios e o Decreto-Lei n.º 80/2006, de 4 de abril, que aprovou o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios.

 2006, são publicados simultaneamente o Decreto-Lei n.º 78/79/80, 2006 de 4 de Abril – Foi criado o SCE, com a finalidade de estruturar a certificação energética e indiretamente a aplicação do RCCTE e do RSECE. O SCE esclarece que os edifícios devem deter uma classe de desempenho energético de fácil perceção sobre a ótica de um utilizador inexperiente e deve ainda reconhecer medidas sobre as quais se podem incidir esforços de modo a melhorar o mesmo. Com a publicação destes DLs o Estado Português difundiu, a eficiência energética dos edifícios, cooperando para o que é atualmente o sistema nacional de certificação energética (SCE).

 2010, Diretiva 2010/31/EU de 19 de Maio, revisão EPBD – Esclarece o quadro geral análogo para a metodologia de cálculo do desempenho energético dos edifícios e fazendo a revisão da Diretiva 2002/91/CE, propondo melhorias de desempenho energético de forma a ir ao encontro dos desafios combinados pelos Estados-Membros para 2020. A diretiva deu um grande passo na introdução de edifícios de elevado desempenho energético (N-ZEB – Near Zero Energy Buildings), cuja função é tornar os edifícios auto sustentáveis, isto é, as necessidades energéticas do edifício devem ser colmatadas por energia renovável produzida no local ou nas proximidades. Pretende- se alcançar o objetivo 20-20-20, ou seja, redução em 20% das emissões dos GEE, 20% de aumento na eficiência energética e 20% de aumento de utilização de energias renováveis.

 2013, Decreto-Lei 118/2013 de 20 de Agosto – Atualização da legislação no qual juntou num só diploma o que antes era retratado em três. O novo regulamento ostenta: o Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE), o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH) e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços (RECS). Existe uma separação do REH em que inclui apenas os edifícios de habitação, com o RECS, em que este inclui os pequenos e os grandes edifícios de comércio e serviços. São introduzidos requisitos mínimos de eficiência energética para os principais tipos de sistemas técnicos dos edifícios, particularmente os sistemas de climatização, de preparação de AQS, de

iluminação e de aproveitamento de energias renováveis. Em relação à política de qualidade do ar interior, passou-se a beneficiar a ventilação natural em detrimento dos equipamentos de ventilação mecânica, com intuito de otimização de recursos, de eficiência energética e de redução de custos.