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De acordo com o SNUC, os parques estaduais são áreas de domínio público, na categoria de proteção integral e uso indireto. Grande parte das pressões de uso e dificuldades para sua proteção resulta da ocupação de áreas de domínio indefinido ou privado que não foram regularizadas pelo Estado, por meio de ações discriminatórias, expropriatórias, indenizatórias e outras que objetivam arrecadar todas as terras do PESM. A regularização fundiária das unidades de conservação de proteção integral administradas pelo Instituto Florestal é de competência legal da PPI – Procuradoria do Patrimônio Imobiliário, da Procuradoria Geral do Estado, subordinada à Secretaria de Estado da Justiça, que vem trabalhando com o apoio do ITESP – Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo.

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3.6 Avaliação da Proteção

3.6.1 Introdução

A proteção dos recursos naturais e do patrimônio público é a principal missão da Divisão de Reservas e Parques Estaduais nas 26 unidades de conservação sob sua administração, que somam mais de 693.600 ha. É também uma das principais missões do Instituto Florestal, “Guardião da Biodiversidade” no Estado de São Paulo.

É claro que a conservação do meio ambiente depende de uma série de fatores e envolve inúmeras atividades nos mais diversos campos, tais como o conhecimento da biodiversidade e suas aplicações na melhoria do desenvolvimento humano; a conscientização da população sobre a importância do meio ambiente para a melhoria da sua própria qualidade de vida, a disseminação e apoio às alternativas econômicas compatíveis com o desenvolvimento sustentável; o monitoramento da evolução dos remanescentes florestais e qualidade das águas, o aperfeiçoamento da legislação, o licenciamento ambiental e a aplicação dos instrumentos de comando e controle. Este capítulo, no entanto, tem como objetivo tão somente caracterizar e avaliar as ações especificamente voltadas para a fiscalização, prevenção, coibição e penalização dos danos ambientais que ocorrem sobre a biota e o patrimônio público do Parque Estadual da Serra do Mar.

Desta forma, a manutenção do território das unidades de conservação e adjacências como área destinada à conservação da biodiversidade, em cumprimento à legislação ambiental, depende da presença contínua do Poder Executivo em campo, com ações diretas de fiscalização, e também em ações de defesa jurídica e institucional no Poder Judiciário.

3.6.1.1 Ações da Proteção e Fiscalização do Patrimônio Público e Ambiental

As ações de fiscalização, controle e proteção ambiental e do patrimônio público avaliadas neste capítulo, correspondem basicamente a:

ƒ Prevenção e coibição de depredação de bens e terras públicas, por meio da vigilância patrimonial, que pode ser terceirizada, bem como de ações judiciais de reintegração de posse contra invasores ou indenização de benfeitorias contra ocupantes mais antigos;

ƒ Executar a vigilância ambiental – por meio de rondas contínuas ou periódicas pelas divisas, caminhos e trilhas do parque, controle permanente de acessos;

ƒ Coibir a ocorrência de danos – por meio do embargo à realização de atividades irregulares e ilegais, tais como obras, parcelamento do solo e empreendimentos imobiliários, desmatamento ou queimada, retirada de produtos florestais ou minerais, lançamento de efluentes poluidores no solo ou nos cursos d’água; apreensão de instrumentos e armadilhas destinados à captura de animais silvestres, caça e pesca, ou mesmo o próprio produto animal ou vegetal, de materiais de construção, máquinas e instrumentos destinados ao corte de produtos florestais,

162 Avaliação da Proteção ou à retirada de recursos minerais, sinalização de propaganda de comercialização ilegal de imóveis ou empreendimentos etc.;

ƒ Penalizar os infratores – por meio da aplicação de Autos de Infração Ambiental, abertura de Inquérito e/ou Ação Civil Pública por danos ao meio ambiente, e/ou ações criminais com base na legislação existente;

ƒ Neutralizar ou recuperar o dano – por meio de projetos de recuperação ambiental, que podem ser resultado de acordos extrajudiciais como os Termos de Ajuste de Conduta, ou de sentenças judiciais.

3.6.1.2 Instituições Envolvidas nas Ações de Fiscalização e Proteção

Estas ações atualmente dependem da atuação do IF, por meio dos seus vigias, equipes técnicas e gestores das UC’s, técnicos do DEPRN/CPRN/SMA, CETESB, Prefeituras, IBAMA, Polícia Militar, Polícia Militar Ambiental, Polícia Civil, Ministério Público Estadual e Federal, Procuradoria Geral do Estado e Poder Judiciário.

3.6.1.3 A Atuação da SMA e do Instituto Florestal

A competência legal do Instituto Florestal, por meio dos seus vigias, técnicos e gestores, envolve a vigilância, a fiscalização por meio da aplicação de embargos administrativos e apreensão de materiais, equipamentos e instrumentos utilizados pelo infrator, do encaminhamento de infratores à delegacia. Também é importante o trabalho de envolvimento, articulação e assessoria técnica aos outros órgãos intervenientes na ação governamental de proteção ambiental, através do oferecimento de denúncias e a elaboração de Laudos Técnicos que subsidiam a ação da Polícia Militar Ambiental, do Ministério Público e da PGE.

O esforço institucional para alocação de recursos para a proteção do Parque Estadual da Serra do Mar teve um grande impulso a partir de 1994, no âmbito do Projeto de Preservação da Mata Atlântica (PPMA), um contrato de cooperação financeira entre o governo brasileiro, por meio do Estado de São Paulo e a República Federal da Alemanha, com recursos do banco estatal KfW Entwicklungsbank. O PPMA priorizou a alocação de recursos para estruturar e operacionalizar as atividades de proteção e fiscalização. Esses recursos foram aplicados na contratação de obras de infra- estrutura básica, aquisição de equipamentos e contratação de serviços para comunicação, divulgação, capacitação de pessoal e estruturação do Sistema de Gerenciamento da Mata Atlântica (SIGMA), beneficiando a Polícia Militar Ambiental, o DEPRN e o Instituto Florestal na área de abrangência do Projeto.

Para dotação orçamentária e o estabelecimento de diretrizes para a proteção e fiscalização da Mata Atlântica em São Paulo foi elaborado o Plano Operacional de Controle (POC), envolvendo a Polícia Ambiental, o DEPRN e o IF.

Avaliação da Proteção 163 3.6.2 Diagnóstico da Situação Atual

3.6.2.1 O Plano Operacional de Controle

Historicamente, a fiscalização integrada entre o Instituto Florestal e a Polícia Ambiental com a participação do DEPRN, era feita valendo-se de iniciativas individualizadas em determinadas unidades de conservação, com oportunidades de operações conjuntas em determinadas regiões, como experiências realizadas no Litoral Norte e Vale do Ribeira.

O principal avanço do Plano Operacional de Controle foi descrever as metas a serem atingidas para cada cenário de criticidade identificado na unidade de conservação, com base em um trabalho conjunto entre Instituto Florestal, Polícia Ambiental e DEPRN, objetivando a melhoria dos cenários encontrados em áreas de conflitos incidentes nas unidades de conservação. Foi o primeiro trabalho elaborado de forma integrada entre as três instituições, com objetivos, metas e procedimentos para atividades conjuntas, com recursos do PPMA.

a) Objetivos

ƒ Buscar a proteção do patrimônio ambiental e histórico-cultural das unidades de conservação, através do planejamento de ações integradas entre o Instituto Florestal, Polícia Ambiental, Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais e outros órgãos;

ƒ Avaliar a eficiência e eficácia das atividades de fiscalização, corrigindo rumos;

ƒ Aperfeiçoar a “Organização e Métodos” aplicados aos procedimentos de

fiscalização;

ƒ Planejar e coordenar as atividades de monitoramento ambiental, garantindo a avaliação dos resultados e fomentando a elaboração de projetos para recuperação de áreas degradadas, com o acompanhamento da implantação dos projetos.

b) Atividades

As ações de fiscalização são planejadas de forma complementar e integrada aos demais programas de manejo desenvolvidos na unidade de conservação e considerando o contexto regional e local, conflitos incidentes e especificidades de cada núcleo ou setor atingido por ocorrências diferenciadas.

c) Operações Integradas de Fiscalização

ƒ Realizadas periodicamente, com integração dos recursos materiais e humanos do Instituto Florestal, Polícia Ambiental e outros órgãos, antecipadamente planejadas pelos órgãos e sem divulgação prévia;

ƒ Cobrem grandes porções territoriais específicas, por terra, ar e água, internas à unidade de conservação, ou áreas específicas consideradas de risco para a integridade física que desenvolvem trabalhos em campo;

164 Avaliação da Proteção ƒ Tem como resultado autuações, envolvendo apreensões e ações de desmonte de

armadilhas e trepeiros, incluindo apreensão de armas.

Outro resultado é a reunião de um grande número de informações para subsidiar o planejamento estratégico de ações específicas em áreas priorizadas, bem como o estabelecimento de rotinas de fiscalização, marcando a presença da autoridade na área.

d) Patrulhamento Integrado de Fiscalização (Rotinas)

Realizado de acordo com planejamento prévio elaborado pelo responsável pela unidade de conservação, em conjunto com representantes regionais da Polícia Ambiental, considerando:

ƒ A definição pela administração da unidade de conservação, de vários setores para fiscalização, com características específicas de pressões sobre o meio;

ƒ As freqüências de vistorias necessárias para cada setor da unidade de conservação, priorizadas de acordo com cenários apresentados;

ƒ A disponibilização de recursos materiais e humanos de cada uma das instituições; ƒ A definição de procedimentos operacionais em campo;

ƒ A continuidade das ações realizadas e o cumprimento de diretrizes traçadas nas Operações de Fiscalização;

ƒ As demais ações desenvolvidas nos diversos programas de manejo da unidade de conservação, em especial aquelas relacionadas ao Programa de Manejo Interação Socioambiental;

ƒ A obtenção de resultados preventivos e repressivos, contrapondo-se a agressões ambientais com multas, embargos e apreensões;

ƒ A necessidade de sistematização, espacialização e consolidação de informações, que deverão ser integradas a um banco de dados, para o acompanhamento das ocorrências de degradação em cada setor da unidade de conservação, possibilitando o monitoramento com base nos indicadores de desempenho das ações de fiscalização;

ƒ A consolidação da presença freqüente da autoridade polícial na unidade de conservação, como ação preventiva de ocorrências.

e) Atendimento a Denúncias

Operações realizadas em atendimento às denúncias dirigidas a qualquer um dos órgãos, envolvendo operações conjuntas ou não, em função das características das mesmas, com o estabelecimento de uniformização de procedimentos entre Instituto Florestal, DEPRN e Polícia Ambiental, que objetivem a agilidade/eficácia no atendimento, otimização dos recursos humanos e materiais disponibilizados, bem como o fluxo permanente de informações, que deverão ser sistematizadas e incorporadas a um banco de dados interligado em rede pelas três instituições.

Avaliação da Proteção 165

f) Patrulhamento Envolvendo as Equipes de Vigilância do Parque (Rotinas Internas)

Operações realizadas de acordo com o plano de vigilância estabelecido pela administração da unidade de conservação no Programa de Manejo “Proteção/Fiscalização”, considerando:

ƒ A setorização do território da unidade de conservação, de acordo com as características das pressões sobre o meio, os tipos e condição dos acessos e percursos, distâncias e logística das operações de vigilância;

ƒ A caracterização e hierarquização das demandas existentes nos setores da unidade;

ƒ O estabelecimento das freqüências de vistorias a serem realizadas por setores;

ƒ O aperfeiçoamento dos procedimentos dos registros de operações,

sistematizando informações para integração a um banco de dados;

ƒ Os limites da autoridade e investidura institucional dos vigias do Instituto Florestal; ƒ A implantação de programa continuado de treinamento e aperfeiçoamento de

recursos humanos;

ƒ A implantação de rotinas de reuniões da equipe, objetivando a avaliação e aperfeiçoamento permanente dos procedimentos de vigilância;

ƒ O estabelecimento de ações conjuntas e troca permanente de informações entre equipes de vigilância de unidades de conservação próximas ou limítrofes.

A seguinte figura é uma amostragem de dois anos das ocorrências da Polícia Ambiental (auto de infração) e do IF (embargos e apreensão).

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Figura 28. Amostragem das ocorrências da Polícia Ambiental (auto de infração) e do IF (embargos e apreensão) nos anos de 2003 e 2004

3.6.2.2 Quadro de Recursos Humanos a) Polícia Ambiental

Tabela 37. Companhias e Pelotões dos municípios da área de influência do PESM

Nome da Companhia e do Pelotão (3º Batalhão da Polícia Ambiental Municípios

1ºCIA 1ºPEL Guarujá

1ºCIA 2ºPEL Itanhaém

1ºCIA 3ºPEL Peruíbe

1ºCIA 4ºPEL Guarujá

3ºCIA 1ºPEL Caraguatatuba

3ºCIA 2ºPEL Ubatuba

3ºCIA 3ºPEL São Sebastião

3ºCIA 3ºPEL 1ºBOP São Sebastião

3ºCIA 4ºPEL Caraguatatuba

4ºCIA 1ºPEL Taubaté

4ºCIA 1ºPEL 1ºBOP Natividade da Serra

4ºCIA 2ºPEL Cruzeiro

4ºCIA 2ºPEL 1ºBOP Bananal

Avaliação da Proteção 167 Nome da Companhia e do Pelotão (3º Batalhão da Polícia Ambiental Municípios

4ºCIA 3ºPEL São José dos Campos

4ºCIA 3ºPEL 1ºBOP Campos do Jordão

b) Divisão de Reservas e Parques do Instituto Florestal Tabela 38. Recursos humanos envolvidos com a fiscalização

Núcleos Funcionários a

Serviço do IF

Guarda Patrimonial Contratada

Núcleo Itutinga-Pilões 8 44

Núcleo Pedro de Toledo 5 8

Núcleo Curucutu 1 12

Núcleo Picinguaba 5 12

Núcleo Caraguatatuba 10 4

Núcleo São Sebastião 2 4

Núcleo Cunha 9 4

Núcleo Santa Virginia 12 8

Total 52 96

3.6.2.3 Análise Situacional Estratégica

A análise estratégica foi feita com base na identificação dos pontos fracos e fortes (ambiente interno) e das ameaças e oportunidades (ambiente externo), conforme descrito no capítulo sobre procedimentos metodológicos.

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Tabela 39. Análise situacional estratégica da proteção

Ambiente Interno Ambiente Externo

Pontos Fracos Ameaças

Forças Res

tritivas

ƒ Funcionários do IF não aplicam Autos de Infração

ƒ Vigias pouco qualificados e em número insuficiente

ƒ Porte de arma não regularizado, funcionários não utilizam armamento

ƒ Inexistência de sistematização e monitoramento de procedimentos

ƒ Demanda de laudos técnicos maior do que a capacidade operacional dos núcleos

ƒ Dependência da Polícia Ambiental para lavratura de Autos de Infração

ƒ Integração com Ministério Público insuficiente ƒ Limites do Parque não sinalizados e demarcados ƒ Mapa fundiário incompleto e desatualizado ƒ Apoio jurídico insuficiente

ƒ Inexistência de carreira funcional para trabalhadores ligados à gestão dos parques ƒ Equipes desmotivadas pela inexistência de

mecanismos efetivos de fiscalização pelo IF

ƒ Instituições que utilizam serviços ambientais e áreas do PESM para infra-estrutura de base não contribuem para sua proteção

ƒ Limites do PESM não são conhecidos pela população, que desconhece até mesmo a existência do próprio PESM

ƒ Maior parte dos infratores não é penalizada conforme legislação em vigor por brechas jurídicas, falhas de tramitação processual e rotatividade de juízes e promotores nas Comarcas

ƒ Polícia Ambiental não prioriza ações no interior do PESM

ƒ Ministério Público não acompanha ações de dano ambiental decorrentes de denúncias do IF de maneira satisfatória

ƒ Municípios pouco envolvidos com a gestão e proteção do Parque

Pontos Fortes Oportunidades

Forças Impuls

o

ras

ƒ Direção do IF e DRPE motivados a melhorar a proteção do PESM e implementação do SIGMA ƒ Demolição de construções irregulares como

rotina em alguns núcleos do PESM, por meio de ações integradas com Polícia Ambiental, Prefeituras, PGE, MP e IF, sem violência nem repercussão social negativa, com boa divulgação pela imprensa

ƒ Contratação de serviços de vigilância terceirizada

ƒ Núcleos do PESM minimamente estruturados em termos de instalações e equipamentos, contando com gestores qualificados para a função

ƒ Processo de regularização do porte de armas em andamento

ƒ Criação e definição de diretrizes para as Zonas de Ocupação Temporária e Zona Histórico Cultural de forma participativa com gestores e ocupantes que deve diminuir conflitos entre administração do PESM e seus ocupantes

ƒ Existência de farta base legal para a proteção da Mata Atlântica

ƒ Aplicação da legislação ambiental vem ganhando espaço na sociedade como um todo

ƒ Processo de contratação de vigias para o IF, por meio de concurso público, em andamento ƒ Zoneamento Ecológico Econômico do Litoral

Norte é mais um instrumento de controle ƒ Encontros regulares entre IF, CETESB, MP,

DEPRN, prefeituras e outras instâncias ligadas à proteção ambiental no Litoral Norte

ƒ Congelamento de ocupações irregulares por parte da Prefeitura no interior e entorno imediato do PESM no Litoral Norte ƒ Interesse da SABESP em integrar a gestão da

área do Sistema Rio Claro (Salesópolis) como novo núcleo do PESM

ƒ Empenho da PGE de São José dos Campos nas ações de regularização fundiária e proteção do PESM

ƒ Base do PESM em Itanhaém instalada com recursos do FEHIDRO

Avaliação da Proteção 169 3.6.3 Temas de Concentração Estratégica

Os Temas de Concentração Estratégica (TCE’s) para a proteção e fiscalização do PESM estão relacionados aos principais fatores limitantes e potencialidades identificados acima.

TCE 1. Consolidação e Divulgação das Fronteiras do Parque e Controle